Apresentação oficial do primeiro Gripen E brasileiro

No primeiro dia o destaque não foi no ar, mas nos trilhos

por Guilherme Poggio

Passava das 16h30 quando o Boeing 737-900 da KLM tocou a pista do aeroporto internacional de Arlanda, na Suécia. O clima de fim de verão, naquela tarde de 8 de setembro de 2019, era agradável. Bastava um simples moletom para cortar o frio. Começava assim uma curta e intensiva “Press Trip”, promovida pela empresa sueca Saab, para um seleto grupo de jornalistas brasileiros que foram cobrir a entrega oficial do primeiro caça Gripen E brasileiro.

Estes primeiros parágrafos não tratam, ainda, das centenas de aspectos técnicos e de mercado que cercaram as atenções dos profissionais da imprensa durante a viagem. Por enquanto, estou ambientando os leitores do Poder Aéreo com a chegada à Suécia, para que se sintam, mesmo que virtualmente, como se estivessem lá com a gente.

Arlanda é o principal aeroporto do condado de Estocolmo. Ele dista aproximadamente 37 km da capital sueca e cerca de 40 km para noroeste está a Base Aérea de Uppsala. Ali, durante a Guerra Fria, estava sediada a Ala F 16 da Força aérea Sueca com seus imponentes caças JA 37 Viggen. Com a diminuição das tensões geopolíticas a partir do final do século XX, diversas bases suecas deixaram de sediar esquadrões ativos, e foi este o caso de Uppsala, em 2003. No entanto, recentes ameaças vindas do Leste estão alterando a estrutura militar do país – daremos mais detalhes sobre este tema numa próxima matéria.

Para os padrões europeus, Arlanda é um aeroporto internacional de médio porte e não aparece entre os vinte mais movimentados da Europa. O que surpreende um passageiro sul-americano é a sua infraestrutura. Bastou uma curta caminhada para se chegar a um elevador que transporta os passageiros diretamente para uma estação de trem subterrânea. Aliás, na Suécia muita coisa está no subterrâneo, incluindo bases militares e fábricas de aeronaves – assunto que também exploraremos em breve. Apenas para comparar a diferença no conceito de mobilidade, o recente terminal ferroviário que liga a capital paulista ao Aeroporto Internacional de Guarulhos, o segundo mais movimentado do Brasil, só chega próximo ao menor dos terminais, sendo necessário pegar um ônibus para completar o trajeto para os outros dois mais movimentados.

No subsolo da Aeroporto de Arlanda (Suécia) existe uma estação de trem. Os suecos sabem usar muito bem o espaço subterrâneo, tanto para fins civis como militares.

Após uma viagem de vinte minutos pela via férrea do Arlanda Express (com velocidades que superavam os 180 km/h) chegamos à estação central de Estocolmo. O hotel onde nos hospedamos ficava praticamente em frente a uma das saídas da estação. Mal deu tempo de desarrumar as malas e todos os jornalistas partiram para o jantar de boas-vindas, para um encontro com executivos da Saab. No retorno ao hotel, encontrei uma bela maquete do Gripen E, já com as cores da Força Aérea Brasileira.

Maquete do Gripen E já com as cores da Força Aérea Brasileira.

No segundo dia, a diversão veio antes da obrigação

No nosso segundo dia na Suécia a Saab não havia programado atividades formais para a parte da manhã. Esta era uma ótima oportunidade para alguns jornalistas se recuperarem da longa viagem do dia anterior. No entanto, como ir até a Suécia não é uma atividade corriqueira para um grupo de jornalistas da mídia especializada (incluindo este que vos escreve) aproveitamos para conhecer a região central da cidade.

Usando um aplicativo, encontramos uma loja especializada em livros militares e modelos em escala (os famosos “kits”) para plastimodelistas. A loja possuía diversos livros sobre a Força Aérea Sueca e suas aeronaves, mas a barreira linguística era um problema, pois eram todos escritos em sueco. Dentre os diversos modelos de aeronaves para montar, alguns eram bem raros e de origem local. Havia, por exemplo, um fantástico JA 37 Viggen na escala 1:48. Uma das peças de decoração chamou a atenção do grupo: uma bomba da Segunda Guerra Mundial que ornamentava a entrada da loja.

Na parte da tarde o grupo de jornalistas brasileiros, que recebeu o reforço de outros dois colombianos, seguiu para o escritório da Saab em Estocolmo. A Saab ocupa alguns andares de um prédio na região central da cidade. Tivemos acesso ao Show Room da empresa, onde fomos recebidos por executivos da companhia.

Sebastian Carlsson, vice-presidente da área de comunicação da Saab, nos forneceu um tour pelo Show Room apresentado o histórico da empresa (esse tema será abordado em detalhes numa futura matéria) suas grandes áreas de atuação e os principais produtos desenvolvidos e comercializados pela empresa.

Na sequência, Fredrik Gustafsson (presidente da Saab na América Latina) e Richard Smith (Head de marketing e vendas na Saab Aeronautics) realizaram duas palestras sobre as áreas onde eles atuam.

Gustafsson detalhou o atual estágio do programa de cooperação Brasil – Suécia, dando especial atenção à parceria industrial entre os dois países. Por outro lado, Smith forneceu uma visão ampla sobre a situação atual do Gripen no mercado mundial, fazendo comentários sobre as diferentes concorrências onde o Gripen está participando.

Ao final da tarte partimos num trem rumo à bucólica e pitoresca cidade de Linköping, local onde está instalada a fábrica de aeronaves da Saab. Assim que chegamos fomos surpreendidos por uma placa colocada num poste em frente à estação de trem (ver foto abaixo). De certa forma isto nos mostrou um pouco do clima atualmente vivido pela pequena cidade sueca. Pequena, devo frisar, para os padrões brasileiros: embora tenha pouco mais de 150 mil habitantes, é a sétima maior cidade do país. A placa também mostra como o intercâmbio entre brasileiros e suecos tem alterado a rotina desta pacata região urbana.

Nas próximas partes, os detalhes do Show Room da Saab em Estocolmo e sobre as duas primeiras palestras dos executivos da empresa.

O editor Guilherme Poggio viajou à Suécia a convite da Saab

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13 Comentários
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GripenBR

To sentindo falta do sensor IRST.

Manuel Flávio

O protótipo -9 já está voando com o IRST. Vale ressaltar que a versão demonstradora já era usada para testes deste sistema.

Rafael Soares Cordeiro

Notar que na maquete tem o IRST!

Hugo Vigneron

Na maquete diz que já está nas cores da FAB
então os Gripens daqui vão ser mesmo numa pintura cinza ?

Jeck Chan

a Pintura Cinza pra quem não Sabe é uma Pintura Furtiva como se chama, é uma Pintura que não Rebate os Raios do Radar, tornando o Caça Invisível ao Radar, entra no Espaço Aéreo Inimigo sem Ele perceber. o Caça 22 Raptor Americano tem essa mesma Pintura. mais estar Aposentado por ter um Custo caro, sua decolagem custa 1 Milhão de dólares.

Filipe Prestes

Sorteia essa maquete aqui no PA pra nóix, Poggio! Hahaha

Leandro Costa

Opa! HEhehehe

Filipe Prestes

Pede duas porque eu mereço uma por dar a idéia! Kkkk

Francisco Vital

Quero saber quando vai voar o primeiro gripem pela FAB …..porque o último com certeza não vou estar mais aqui…porque vai levar mais uns 50 anos………

Leandro Costa

O contraste em relação à infra-estrutura deve ser grotescamente grande.