Eurofighter Typhoon com dois mísseis Storm Shadow sob as asas

Eurofighter Typhoon com dois mísseis Storm Shadow sob as asas

OTTAWA (Reuters) – A Airbus SE (AIR.PA) desistiu na sexta-feira (30.08) de uma competição de bilhões de dólares para abastecer o Canadá com 88 novos caças, decisão que aumenta as chances da rival Lockheed Martin.

O braço de defesa da Airbus, que indicou a retirada no mês passado, citou requisitos onerosos de segurança e uma decisão tardia de Ottawa de afrouxar as regras de quanto os licitantes teriam que investir no Canadá.

A Airbus e outros concorrentes já reclamaram que o governo parecia estar inclinando a concorrência a favor do avião F-35 da Lockheed Martin, que a Royal Canadian Air Force deseja. O Canadá faz parte do consórcio que desenvolveu o avião.

O Canadá lançou a competição há muito adiada no mês passado e disse estar confiante de que nenhum favoritismo foi mostrado. Ottawa diz que o contrato vale entre C$ 15 bilhões (US$11,30 bilhões) e C$ 19 bilhões.

O Partido Conservador da oposição oficial do Canadá, que está tentando derrotar o Primeiro Ministro Liberal Justin Trudeau nas eleições de outubro, acusou o governo de má administração.

A Reuters revelou em julho que a Airbus e a Boeing escreveram para Ottawa para dizer que poderiam desistir.

As empresas estão descontentes com o fato de que, no final de maio, o governo diminuiu a demanda que os licitantes devem garantir para oferecer às empresas canadenses 100% do valor do negócio em benefícios econômicos.

Tais compromissos legalmente estanques, que a Boeing, a Airbus e a Saab AB da Suécia já haviam concordado, contradizem as regras do consórcio F-35. A mudança de Ottawa permitiu à Lockheed Martin permanecer na competição.

Mockup do F-35 com as cores do Canadá

“Um dos pontos mais fortes de nossa oferta foi o fato de estarmos dispostos a assumir compromissos vinculativos”, disse uma fonte da Airbus, que solicitou o anonimato, dada a sensibilidade da situação.

“Uma vez que isso foi afrouxado até um ponto em que esses compromissos não eram mais avaliados da mesma maneira”, a empresa decidiu que “isso é demais”, acrescentou a fonte, que também citou desafios de segurança.

Os jatos europeus devem mostrar que podem atender aos rigorosos padrões exigidos pelos Estados Unidos, que com o Canadá operam o Comando de Defesa Aeroespacial da América do Norte.

“Os requisitos de segurança do NORAD continuam a ter um custo muito significativo em plataformas cujas cadeias de fabricação e reparo ficam fora dos Estados Unidos (e) do Canadá”, afirmou a Airbus em comunicado.

A ministra canadense de aquisições, Carla Qualtrough, disse que respeitava a decisão da Airbus, acrescentando que Ottawa determinou que deveria haver condições equitativas.

“Isso incluiu a adaptação da abordagem de benefícios econômicos para garantir o mais alto nível de participação entre os fornecedores”, afirmou ela em comentários enviados por email.

O Canadá tenta sem sucesso há quase uma década comprar substitutos para seus caças F-18 antigos. O ex-governo conservador disse em 2010 que compraria 65 jatos F-35, mas depois descartou a decisão, provocando anos de atrasos e revisões.

Os liberais de Trudeau assumiram o poder em 2015 prometendo não comprar o F-35, alegando que era muito caro, mas desde então abrandaram sua linha.

“Justin Trudeau passou os últimos quatro anos atrasando e hesitando em novos jatos de combate para o Canadá apenas para gerir mal completamente o processo de concorrência”, disse o porta-voz da defesa conservadora James Bezan.

A Lockheed Martin se recusou a comentar, enquanto a Boeing e a Saab não responderam aos pedidos de comentário.

Boeing F/A-18E/F Super Hornet Block III
Saab Gripen E

FONTE: Reuters

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