Venda para Portugal coloca mercado militar da OTAN na mira da Embraer
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A confirmação da primeira exportação do avião de transporte KC-390 abre um mercado estratégico para o maior modelo já produzido pela Embraer: as frotas da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).
Mais do que um negócio alentador para a empresa brasileira, que precisa reposicionar sua marca após sua linha de jatos regionais ter tido o controle comprado pela Boeing, a exportação significa o primeiro ataque bem-sucedido do KC-390 ao seu concorrente direto, o C-130 Hércules.
Os portugueses pagarão € 827 milhões (R$ 3,5 bilhões no câmbio de sexta, 12) por cinco aviões, um simulador de voo e suporte técnico por 12 anos. Com isso, irão aposentar seus seis antigos Hércules, modelo da norte-americana Lockheed Martin.
É preciso, claro, ressaltar a vantagem competitiva específica da Embraer nesse caso: partes da fuselagem do avião são feitas por sua subsidiária em Évora, o que significa empregos portugueses.
Além disso, o KC-390 tem capacidade de ser usado para combater incêndios, um problema sério em Portugal.
É também reabastecedor aéreo e pode executar outras missões, como resgate.
Isso dito, Portugal é um país integrantes da Otan, aliança militar liderada pelos EUA que preza o conceito de interoperabilidade. Ou seja, suas Forças Armadas têm de usar equipamentos padronizados, que “conversem” entre si.
Hoje, há nos membros europeus da Otan 137 Hércules, a maioria aviões com mais de 30 anos de uso. Itália, França e Grécia operam frotas maiores do modelo mais recente do aparelho, o J, mas o ponto de venda da Embraer é o fato de que o KC-390 é um avião do século 21.
O Hércules é uma lenda introduzida na Força Aérea americana em 1956. É também seu ativo ser um produto testado pelo tempo, que passou por inúmeras atualizações, mas também é um projeto com seis décadas nas costas.
Os estudos da Embraer sobre o mercado indicavam que 2.700 C-130 ou análogas estão em operação no mundo, com uma idade média de 30 anos de uso. Só para a próxima década, seriam US$ 60 bilhões em negócios potenciais.
Começar por um país da Otan é auspicioso para as pretensões da fabricante paulista.
O mercado europeu está em reformulação, e, desde 2011, 11 países do continente participam de um programa de uso conjunto de aviões de transporte, bastante vantajoso para os membros com menor capacidade de sustentar uma frota própria dos modelos.
O jato de dois motores KC-390 tem capacidade para até 26 toneladas de carga, ante 19 toneladas do quadrimotor turboélice Hércules.
Há a questão do custo: uma unidade de prateleira do avião da Embraer sai por US$ 85 milhões (R$ 315 milhões).
Já um C-130 não sai por menos que US$ 100 milhões (R$ 370 milhões).
Na Europa, um rival potencial é o também quadrimotor a hélice Airbus A400M, que leva até 37 toneladas e está numa outra categoria de tamanho e preço (R$ 650 milhões).
É preciso ressaltar que esses valores são referenciais apenas, já que cada compra embute ganhos de escala e outros produtos, tornando impossível determinar um preço fixo para aviões militares.
Já o mercado de transporte pesado é dominado pelo Boeing C-17, um gigante que leva até 75 toneladas.
A venda para Portugal é a última a ser feita puramente pela Embraer remanescente do acordo com a Boeing –a primeira foi a encomenda de lançamento, de 28 unidades por R$ 7,2 bilhões pela FAB (Força Aérea Brasileira).
A partir de agora, o negócio será tocado pela joint venture estabelecida entre Embraer e Boeing para produzir e vender o avião, na qual os brasileiros detêm 51% de controle.
Com isso, a linha de produção do KC-390 poderá ser transferida totalmente ou em parte para os EUA, para facilitar o objetivo de seduzir o maior mercado militar do mundo –e país líder da Otan.
Os americanos operam cerca de 500 C-130 em suas diversas versões, e a Boeing almeja há anos atacar sua maior rival.
Além disso, o KC-390 mira mercados secundários, em que o Hércules e antigos aviões de transporte soviéticos imperam. São vendas a conta-gotas, contudo, e mesmo neles a Lockheed já se mostrou competitiva: no ano passado, a Nova Zelândia preferiu o C-130J ao KC-390.
A FAB, dona da encomenda original do KC-390, fica na torcida: ela investiu cerca de R$ 5 bilhões no desenvolvimento do projeto, que serão reembolsados na forma de pagamento de royalties de exportação.
FONTE: Mix Vale/ Folhapress
São poucas as chances de grandes potências da OTAN adquirirem o KC-390 (ou se adquirirem, uma pequena quantidades para atender determinadas necessidades) mas as nações menores ou com capacidades menores na OTAN podem vir a adquirir.
Certamente o KC-390 vai precisar ter horas de voo, assim como o Super Tucano, para ser bem reconhecido e aumentar os interesses de outras nações.
Mas fica a minha torcida para que mais nações decidam utilizar o KC-390 e, por consequência, beneficiar a nossa economia.
É isso ai João !!!!! Nem sempre o produto de melhor desempenho e mais barato ganha a concorrência…..
Eu que o diga…
Caro Joao, minha visão é inversa a sua, mas para que ele tenha alguma chance de ser certa e necessário conseguir as vendas com o FMS.
Para isso contamos com a ajuda da Boeing.
Acredito que com a Boing pode haver mais pedidos mas, como já li em uma notícia aqui, a Boing tem um KC-390 que ela vende. Isso pode dificultar …
João não existe isso de ‘um KC-390 que ela vende’, o que ocorre é que ela tinha cargueiro bem maior ( C-17 ) e que já saiu de produção. O acordo é vender c/ apoio desta em mercados que os EUA tem grande influência e eventualmente, se houver demanda, montá-lo lá p/ poder se beneficiar do programa FMS ( que exige isso ), a partir de partes fornecidas na Embraer Defesa e nos países parceiros no projeto.
Eu penso que o importante é que não haja incidentes, acidentes ou problemas com o KC-390 durante uns longo anos, afim de ser comprovado , como sendo robusto, fiável e com boa sustentação logística, afim dos atuais ou potenciais clientes se sentirem seguros na utilização ou futura utilização desta aeronave. Sim temos que ser realista, a parceria com a Boeing, tb têm riscos de deslocalização da sua linha de fabrico para o EUA A Boeing não iria fazer uma parceria se não tivesse vantagens a médio ou longo prazo. Ai o papel dos acionistas ou do estado é muito importante.… Read more »
Não é só isso. Há que se considerar fatores geopolíticos em se tratando de venda de produtos militares. Nem sempre o melhor ou mais barato leva.
Sim, são extremamente importantes.
Esse é o ponto “decidam utilizar” … qual outro avião concorrente do KC…e bem sabemos tem muito lobby “neste” mercado.
Acho que a única vantagem significativa do Hercules, são os motores turbohelices, que o qualifica a pousar em qquer pista improvisada. Situação comum numa guerra !
Se eu fosse comprar um avião destes… É a única coisa que me faria coçar a cabeça… Em relação ao KC-390 !!
Mas com o dedo da Boeing, se tiver acesso ao FMS e operando num país da OTAN… Quem sabe, né ?
Opa! O KC-390 está qualificado e certificado para pouso e decolagem em qualquer tipo de pista igualmente ao Hércules 130 J
Bom, as grandes potências jamais comprarão mesmo, porque elas próprias produzem seus aviões. É o que todo país sonha: a independência tecnológica da sua defesa. Porém, as chances de países menores da OTAN comprarem, devido ao custo benefício do KC-390, são muito altas, uma vez que muitas destas economias secundárias da OTAN estão estagnadas. E a estratégia de vendas do KC busca justamente esse pessoal de segundo escalão.
Bem que a República Tcheca poderia adquirir um ou dois, não só para transporte mas para reabastecimento de seus Gripens. Creio que estão sem nada atualmente.
Os thecos operam os Casa C-295 inclusive aumentaram a Frota para 04 aparelhos com uma nova encomenda,creio que enquanto eles não quitarem essa aquisição não vai haver novas aviões de transporte por la, só se os thecos precisarem de aviões para transportar veículos pesados para missões como a do Mali eles comprariam os dois KC-390 para transportar dentro da Europa ou vai de trem ou os Casa-295 servem muito bem.
Goste-se ou não da Boeing, nessas horas é necessário ter a cobertura de um cachorro grande.
Quem vai oferecer será a Boeing, aí a pegada é outra, e que os naçionalistas tomem ciência que este mercado não é para os fracos.
Vai entrar na OTAN com maior velocidade que a gente imagina, Portugal abriu as postas… Seis (6) letrinhas mágicas vão ajudar e muito! Adivinhem qual é:
Considerando apenas o produto, o KC-390 leva vantagem. Porém, há a questão financeira e política, nas quais somos fracos. A joint venture Embraer-Boeing; não a compra da linha comercial; terá poder de alavancar muitas vendas, principalmente se a aeronave for montada nos EUA.
Ter um produto que possa vender é melhor do que ter o melhor produto…
“Com isso, a linha de produção do KC-390 poderá ser transferida totalmente ou em parte para os EUA, para facilitar o objetivo de seduzir o maior mercado militar do mundo –e país líder da Otan.”
Adeus Embraer
Veja bem, entendo o receio de perdermos a Embraer, mas o fato é que ela já há muito tempo se tornou uma multinacional, que não pode perder a oportunidade de vender para o maior mercado mundial (EUA). Se for interessante produzir o KC-390 nos EUA, como ocorre com o ST, está ótimo. Nada indica que a empresa vai transferir para os EUA toda a sua operação. Tem muita gente boa lá dentro da Embraer que vai continuar aqui gerando novos produtos e serviços. Embraer e FAB já deveriam estar pensando em novos desafios, juntos, pra não deixar a peteca cair.… Read more »
Adriano, se houvesse dinheiro sobrando, acho que seria interessante a Embraer tentar comprar a Danel com todos os seus projetos, já que esta está com problemas financeiros. Sonhando ainda mais, acho que a Embraer poderia investir, num futuro próximo, em um VLS. Isso tudo, claro, dependeria de muito interesse do governo.
Como diz meu pai: “ah, se eu pudesse e o dinheiro desse!”
No anúncio da compra de parte da Embraer pela Boeing, foi divulgado que US$ 1 bilhão iria para o caixa da empresas para ser usado para investimentos (o restante iria para o bolso dos acionistas). Duvido que a Denel valha tudo isso. Mas não sei se a África do Sul está disposta a autorizar a venda.
Qual o problema em querer vender seu produto em escala internacional?
Livre mercado é isso amigo, ou você se adapta ou morre.
Não existe “ajudinha” do governo, a não ser que voce queira que a mesma vire uma FaDeA.
Muitos choram agora o “fim” da embraer. Se esperassemos mais 20 anos sem uma associação, daí sim todos chorariamos o fim da embraer.
Esse mercado provavelmente se restringirá aos membros periféricos da OTAN, como Rep. Tcheca, Bulgária e Hungria (nesse facilita a aproximação do Orbán com o Bolsonaro). Os mais ricos já tem seus pedidos firmes do A-400M e algumas inclusive já contam com o C-17 em seu inventário.
Eu acredito que na Polônia a Embraer tenha uma chance ,a Força aérea polonesa, absorveu aeronaves da Lot Emb-170 no lugar dos Tupolev Tu-154 e eles estavam bem satisfeitos .
Oq já é um mercado bastante importante p produto.
Off Topic importante:
Policia italiana encontra um míssil Matra Super 530F em residência de grupo terrorista:
https://www.thedrive.com/the-war-zone/28976/italian-cops-raid-neo-fascists-and-find-air-to-air-missile-that-france-had-sold-to-qatar
A esperança é a ultima que morre, mas vai ser dificil. Portugal apesar de ser da OTAN tem a presença da linha de montagem da Embraer lá. Mas a Airbus tem a montagem em 3 ou 4 paises da OTAN, a Boeing esta em um pais também da OTAN e manutenções secundarias pela Europa. Restam os membros mais recentes da OTAN. Acho que melhor seria investir em vendas do mercado dos pequenos, Belgica, Croácia, Bulgaria, Eslovaquia, Eslovenia, Grecia, Hungria, Polonia, etc. E a Suécia com uma possivel compra tão falada anos atras em troca dos Gripen. Se o tio SAM… Read more »
Quanto à Suécia, os C-130 deles ainda tem alguns anos de vida útil. Eles não vão “jogar fora” os Hércules antes do prazo só para agradar o Brasil (que demorou mais de uma década para comprar o Gripen).
Acredito que o KC-390 será comprado pelos suecos e é forte candidato na Finlândia, mas só em meados da década de 20.
Talvez o Reino Unido também venha a comprar, mas acho mais difícil. E países do Oriente Médio e do Sudeste asiático também são clientes em potencial.
“Com isso, a linha de produção do KC-390 poderá ser transferida totalmente ou em parte para os EUA”
Quem foi o “jenio” que escreveu um negócio desses? Pelos mais diversos motivos isso não faz o menor sentido e não aconteceria nem nos sonhos mais molhados da Boeing/Trump.
Qualquer alavancagem de vendas dependera muito mais da capacidade de financiamento do vendedor do que questoes ideologicas (embora o lobby Americano pese muito junto a mercados cativos). Assim, visando o financiamento junto ao FMS, o KC-390 ira sim ter uma linha de montagem nos EUA (como o EMB-314 ja tem). E, paixoes a parte, baseando-se nas projecoes de vendas diretas vs via FMS, a linha americana sera a principal.
Nao sei porque a ironia acima, este assunto ja foi deveras explanado aqui em diversas materias.
Na verdade questões ideológicas e política BEM comumente são mais pesadas que o financiamento. Explico: alguns países vizinhos, por exemplo, tendem a comprar equipamentos brasileiros vez ou outra pra dar aquela equilibrada na balança econômica e não nos fazer rever políticas alfandegárias. O mesmo pra nós não só em questões militares, mas, por exemplo, quanto ao gás boliviano. Compraríamos independentemente de precisarmos muito ou não.
“Mais do que um negócio alentador para a empresa brasileira, que precisa reposicionar sua marca após sua linha de jatos regionais ter tido o controle comprado pela Boeing”.
Interessante como antes a imprensa chamava de joint-venture e agora, após o negócio aprovado, chama de compra pura e simples.
Se por um lado estar sob o guarda chuva da Boeing pode ajudar a alavancar as vendas, por outro pode implicar de as aeronaves terem de ser construídas nos EUA.
De qualquer forma, não será fácil derrotar a Lobbyheed.
Só digo uma coisa: a Boeing, que como dito na matéria, está há anos tentando roubar o mercado da Lockheed Matin, não entrou nessa joint ventre com a Embraer por 49% atoa. Podem esperar um lobby gigantesco junto só governo americano para substituir esses C-130. Agora, a produção será lá.
A possibilidade de vendas dependerá diretamente da capacidade de finaciamento do vendedor para eventuais compradores
Com certeza está aeronave irá vender igual aos super tucano.
Ela completa as capacidades do A400, e devido a falta de confiança no A400
O Kc 390 irá vender muito
Ué. Acabou o Paris Air Show e nada de ser definida a data de entrega do primeiro KC de série para a FAB??
Amigos,
“Lockheed já se mostrou competitiva: no ano passado, a Nova Zelândia preferiu o C-130J ao KC-390.”
Sobre o assunto, na comunicação do resultado, as autoridades atribuíram a escolha ao fato de o C-130J já estar certificado e ter menor risco.
No meu entender, isso é quase uma admissão de que seu competidor tem melhor capacidade operacional. Se C-130J fosse mais capaz, esse teria sido o motivo declarado da escolha.
Abraços,
Justin
Concordo, principalmente nesse ramo, é preciso saber nas entrelinhas.
Eu não sabia que é possível transportar 1 helicóptero Blackhawk !!, Legal
KC-390 vai vender igual a pãozinho quente na padaria !!
Vai ser hoje assinado em evora, a compra de 5 KC-390, pelo estado portugues