Bombardeiros B-52 e B-2

Bombardeiros B-52 e B-2 da Força Aérea dos EUA

Decisão dividiu assessores do presidente; aviões e navios já estavam posicionados para bombardeios a alvos iranianos

WASHINGTON – O presidente americano, Donald Trump , aprovou bombardeios ao Irã em retaliação à derrubada de um drone de espionagem americano pela defesa antiaérea de Teerã na quinta-feira, mas desistiu de última hora, informou o jornal The New York Times.

Segundo o jornal, até 19h em Washington (20h no Brasil), militares e diplomatas americanos estavam esperando os ataques, depois de intensas discussões entre autoridades da Casa Branca e congressistas. Trump havia aprovado bombardeios a uma série de alvos iranianos, que incluíam radares e baterias de mísseis. A operação estava prevista para a madrugada desta sexta-feira no Irã, noite de quinta em Washington.

O ataque estava em andamento, com os aviões militares no ar e navios posicionados, quando foi cancelada pelo presidente americano, disse o NYT, citando altos funcionários do governo como fonte. A reviravolta, lembrou o jornal, interrompeu o que teria sido a terceira ação militar de Trump no Oriente Médio, que bombardeou duas vezes alvos na Síria, em 2017 e 2018.

A diferença, segundo analistas, é que, enquanto a Síria é um país devastado pela guerra civil de oito anos, sem capacidade de reação, o Irã é um dos países mais populosos e com um dos maiores contingentes militares no Oriente Médio, calculado em 500 mil homens. Segundo o New York Times, não estava claro se Trump mudou de ideia sobre os bombardeios ou se a estratégia da Casa Branca mudou. Também não há certeza sobre se os planos de ataque poderão ser retomados posteriormente.

Na manhã de quinta-feira, o Irã anunciou ter derrubado um veículo não tripulado americano que, segundo afirmou, invadiu o seu espaço aéreo. O governo americano disse que o drone estava em águas internacionais sobre o Golfo de Omã, contíguo ao Golfo Pérsico, quando foi alvejado. Os dois países divulgaram coordenadas diferentes para o local do incidente.

A tensão entre Estados Unidos e Irã vem crescendo desde que Washington deixou o acordo nuclear assinado com Teerã em 2015, e voltou a impor sanções econômicas ao país persa. Com as sanções, as exportações de petróleo iranianas foram reduzidas ao mínimo, e o país deixou de colher os benefícios econômicos que esperava quando abriu mão de produzir armas nucleares.

Nos últimos dias, a tensão cresceu com o ataque com explosivos sofrido por dois petroleiros no Golfo de Omã, pelos quais Trump culpou o Irã, que negou, sugerindo que as ações foram realizadas por “inimigos da diplomacia”, em uma referência a aliados americanos na região, como a Arábia Saudita.

Ainda de acordo com o NYT, os principais assessores de Trump se dividiram sobre um ataque, que teria sido defendido pelo secretário de Estado, Mike Pompeo, o conselheiro de Segurança Nacional, John Bolton, e a diretora da CIA, Gina Haspel. Dirigentes do Pentágono teriam se posicionado contra os bombardeios, temendo uma reação iraniana que poderia levar a situação a ficar fora de controle.

FONTE: O Globo

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