Um motor futurista para o Future Combat Air System – FCAS
No início de 2019, a Safran e a MTU Aero Engines assinaram uma parceria industrial para projetar e produzir um motor para o SCAF ou FCAS, o jato de combate do futuro. Stéphane Cueille, diretor de R&T e Inovação da Safran, explica suas características e os desafios do projeto.
O que é o programa SCAF?
Em francês, o SCAF significa Système de Combat Aaérien du Futur (Sistema de Combate Aéreo do Futuro). É um programa que foi lançado pela França e Alemanha em 6 de fevereiro de 2019. O objetivo é projetar um jato de combate que irá substituir o Rafale e o Eurofighter até 2035.
A Dassault e a Airbus estão encarregadas de produzir a arquitetura e o design da aeronave, cujo motor será desenvolvido em conjunto pela Safran e pela MTU Aero Engines.
A divisão de papéis entre os dois fabricantes de motores baseou-se no princípio do “melhor atleta”: o objetivo é que cada um trabalhe em seu campo de atuação. A Safran é, portanto, responsável pelo desenvolvimento das partes quentes e da integração do motor, e a MTU Aero Engines é responsável pelas peças frias e pelos serviços de MRO (manutenção, reparo e revisão geral).
Outros fabricantes europeus podem participar do programa, dependendo dos níveis de disposição dos diferentes países.
Quais inovações aprimorarão esse mecanismo?
Este jato de combate de nova geração deve ser capaz de produzir um empuxo supersônico forte e cruzar a baixa velocidade por longos períodos. Seu motor deve, portanto, ser versátil. Também será mais compacto para ser mais leve, e seu empuxo – muito mais poderoso que o do Rafale – tornará possível para o SCAF carregar mais armas. Por último, deve contribuir para a furtividade da aeronave.
Muitas inovações serão, portanto, necessárias. A turbina, por exemplo, atingirá temperaturas em torno de 2.100 °C, uma temperatura fora do alcance dos materiais e tecnologias atuais das palhetas.
A Safran deu a si mesma uma plataforma de pesquisa para palhetas de turbinas avançadas para desenvolver tecnologia sofisticada e materiais que possam suportar essas temperaturas. O motor também deve ter um ciclo variável – em outras palavras, deve ser capaz de ajustar a relação entre os fluxos de ar primário e secundário – e ter um bocal ajustável para facilitar o manuseio da aeronave.
Outra área de inovação que será explorada é a de tornar o motor híbrido para gerenciar problemas de energia a bordo.
Quais são os desafios da Safran neste programa?
O Grupo terá que mostrar sua capacidade de inovar desenvolvendo – para o ano de 2025 – um mecanismo derivado do motor M88 para propulsar a primeira aeronave de demonstração SCAF. O motor de demonstração está planejado para 2027.
Os trabalhos de R&T realizados para o SCAF também são essenciais para os nossos outros programas: eles darão origem a soluções tecnológicas que, quando aplicadas aos nossos motores civis de futura geração, nos ajudarão a permanecer competitivos.
Melhorias em vista para o motor M88
O motor a jato do Rafale se beneficiará dos trabalhos realizados no motor dos jatos de combate do futuro. Foi a esse respeito que a agência de aquisições de defesa da França confiou a Safran um programa de pesquisas, no valor de 115 milhões de euros em cinco anos, para aumentar o empuxo do motor e, ao mesmo tempo, melhorar sua vida útil.
FONTE: Safran
Se isso vai dar certo, só o futuro dirá ( espero, sinceramente, quem sim ), mas pela quantidade de objetivos e metas ambiciosos que só a turbina terá que cumprir, haja cheques em branco pra isso…
Lembro que ate hj motores do A400 estão em processo aprimoramento, e são teoricamente bem mais simples que turbina, vão levar muito tempo e dinheiro em pesquisa, porem nada vem de graça e a vantagem sera repassada aos motores civis, que sera muito bom também.
“115 milhões de euros em cinco anos“
AAAAAAAAAAAAAHAHAHAHAHHAHAHAHAHAHAHA….
Acho que você não entendeu bem sobre o que se tratam os 115 milhões de euros.
Essa verba é destinada só para as melhorias do M88, a motorização do Rafale.
Vão mandar cromar? Pq o orçamento acaba aí, 150 milhões em cinco anos não é dinheiro meu amigo, não quando vc está falando de tecnologia de turbinas que vislumbra disrupção!
Admiro a iniciativa mas uma soma desta (co)relacionada ao que está sendo proposto não deveria nem ser notícia, parece que engenharia de ponta virou pastel.
Na pior das hipóteses o resultados será proporcional ao dinheiro despendido, uma mixórdia!
Vai se gastar rios de dinheiro numa turbina dessas.
O Ricardo Barbosa, tem um artigo interessante no seu site sobre aeronaves de 6° geração que aborda os motores.
https://tecnomilitar.wordpress.com/2019/02/12/sexta-geracao-mais-do-que-um-caca-uma-arquitetura-sistema-de-sistemas/
Este blog é muito bom, li um artigo sobre radar que pqp, excelente, da pra entender bem as peculiaridades do F-35!
É a tecnologia de materiais resistentes ao calor que faz pouquíssimos países possuírem a capacidade de desenvolver motores a jato, não é?
Sim. Os materiais devem não só resistir ao calor mas manter sua resistência mecânica e suas dimensões.
Eu diria que é isso e um pouco mais, além de muito dinheiro disponível. Um fabricante tradicional como a Rolls Royce ou General Electric possuem muita experiência (know how), já sabem o que funciona e o que não. E isso só se ganha com o tempo, fazendo e aprendendo. Os chineses estão penando num motor de caça supersônico não por falta de dinheiro, mas simplesmente porque eles estão começando agora. Se o investimento continuar no ritmo atual, não duvido nada que em 10 ou 20 anos eles possam desenvolver 100% de um caça dentro de casa, sem depender de ninguém.… Read more »
Uma coisa que vem sendo ventilada como um objetivo desses novos motores europeus, é a vetoração de empuxo “fluídica”, onde o direcionamento dos gases se daria não por um bocal mecânico, mas por gases da turbina.
A Rolls Royce quer com o novo motor dela para o Tempest, um alternador integrado na turbina (do mesmo diâmetro da mesma), ao invés de uma peça separada, como é hoje. A vantagem seria maior geração de energia e um menor diâmetro do motor mais acessórios na fuselagem.
Este M88 é compacto e aparentemente simples na foto. É menos potente que o F-414 mas é menor e mais leve, na mesma proporção.
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Além de tungstênio e cerâmica, não imagino outro material a ser usado em turbinas com temperaturas tão elevadas quanto 2100 graus Celsius.
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Para quem torcia que o SCAF não iria adiante por causa de divergências entre franceses e germânicos, ficou feio.
O fato concreto é que esse projeto joga por água abaixo qualquer pretensão americana com relação aos dois maiores países da Europa Ocidental, principalmente a Alemanha.
E será certo que outros países europeus se unirão ao projeto.
E isso não é nada bom para os EUA.
os EUA não contavam com vendas para França mas Alemanha era algo a se ver, porém os números de venda F35 continuam altíssimos, que outro país Europeu de uniria a esse caça? Esp? Port? Hungria?
Vc está correto.
O problema da França seria se não conseguissem desenvolver nada e tivessem de ‘apelar’ para um projeto americano.
Agora, com relação a outros países no projeto europeu, se não me engano, a Espanha já mostrou interesse em participar.
Os outros dois citados são muito pequenos e creio sem muita capacidade técnica/financeira de contribuir.
Aguardemos.
a grande pergunta é: se comprar de prateleira é tão bom, se na dificuldade de produzir algo internamente, vale muito mais a pena comprar pronto… por que os países desenvolvidos insistem em fabricar quase tudo internamente? não seria melhor comprar tudo dos EUA e que se dane?
Será que alguém já deu essa dica para o Putin e para o Xi Jinping?
Eles querem justamente não ficar dependentes de outras nações.
Só se colhe os frutos da tecnologia se você investe nela antes. Esse pensamento é o que distingue países como Reino Unido, França, Itália e Alemanha, do resto da Europa. Veja que o investimento em um motor de caça não fica só na área militar. A General Electric usou o núcleo do motor F101 do Rockwell B-1, na sua linha de motores turbofan de médio porte, o CFM56, que vendeu milhares de unidades, usadas em Boeings 737 e AIrbus A320. Imagine todo o lucro que veio junto. Então quem pode e pensa à frente, investe e colhe os frutos amanhã.… Read more »
Uma nação dependente tecnologicamente, principalmente na area militar, nao tem futuro. A história mostra. Estao simplesmente tentando ser responsáveis com a história.
Sei que beleza não diz praticamente nada no tocante a material belico, mais esse conceito de 6° G da Dassalt ficou horrivel.
Uma material que resista a fluência nessa temperatura é realmente um desafio.
Eu pensando que os caras iriam dar inicio ao motor da star trek.
só vão dar uma mão de tinta em um motor de mesmo conceito.
kkkkkkkk
Com esse orçamento se sobrar dinheiro pro café tá bom demais!
Grafeno e Aerogel são o futuro. O compósito desses dois materiais fará a colonização do espaço. Esse projeto de turbina é o aquecimento para algo transformador que virá em 10-20 anos.
O grafeno não consegue escalar… já desisti a curto prazo!
“O motor também deve ter um ciclo variável – em outras palavras, deve ser capaz de ajustar a relação entre os fluxos de ar primário e secundário”…… …em se tratando de motores a explosão (aqueles que usamos em nossos veículos) este “ajuste da relação” se consegue através de algumas modificações como cabeçote variável e alguns ajustes na central de ignição dando ao motor torque em baixas e altas rotações….. ….mas em motores a gás (turbinas) e de fluxo axial eles provavelmente vão mexer nas distâncias axiais entre as paletas. Ou seja. As seções entre os discos de paletas devem variar… Read more »
Estão bastante atrasados em relação a General Electric que tem o Adaptive Cycle Engine (ACE) em avançado estagio de desenvolvimento. A solução da GE é um turbofan de 3 fluxos. Na pagina da GE tem um simulador do motor muito interessante. Mais detalhes Google + GE Adaptive Cycle Engine
Legal mesmo cara !!!
Parece que, no caso da GE, foi usado muito cerâmica e um terceiro fluxo de ar visto que os motores”convencionais” usam dois fluxos…além de monitoramento térmico…
Veja:
https://www.aviationtoday.com/2019/03/01/detailed-design-complete-for-ges-revolutionary-adaptive-cycle-fighter-engine/