FAB: Projeto do Míssil Antirradiação MAR-1 está supenso
Durante a LAAD 2019 foi noticiado que o míssil anti-radar (ou antirradiação) MAR-1 em desenvolvimento pela Força Aérea Brasileira tinha sido cancelado.
Para tirar a dúvida, o Poder Aéreo entrou em contato com o Centro de Comunicação Social da Aeronáutica (CECOMSAER) que assim respondeu:
“O projeto do Míssil Antirradiação (MAR-1) está suspenso no âmbito da COPAC (Comissão Coordenadora do Programa Aeronave de Combate) em decorrência da rescisão do contrato com a empresa Mectron.”
O MAR-1 é um míssil ar-superfície tático antirradiação de médio alcance, com guiagem passiva por radar com múltipla opção de banda para ataque a sistemas de defesa antiaérea.
O desenvolvimento do MAR-1 começou em 1998 para um míssil antirradiação destinado a equipar as aeronaves A-1 (AMX) da FAB, com sua primeira exportação para o Paquistão finalizada em 2011 para equipar os caças JF-17 e Mirage III daquele país.
Desde o início o programa foi conduzido pelo DCTA (Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial), juntamente com a empresa Mectron, também de São José dos Campos.
Chegaram a ser feitos testes de separação com a aeronave A-1B do IPEV (Instituto de Pesquisa e Ensaios em Voo) DCTA durante os ensaios em voo.
Uma análise em cenário simulado mostrou que a cabeça de busca do MAR-1 tem condições de detectar um radar de baixa potência (no caso um diretor de tiro Skyguard) a distâncias maiores que 50 km.
Uma das maiores dificuldades encontradas no desenvolvimento foi o desenvolvimento da plataforma giroscópica ou inercial. Tal tecnologia é suscetível a embargos por razões políticas e estratégicas pelos países que dominam.
Para isso foi necessário um projeto, começando praticamente do zero, de um bloco girométrico miniaturizado a fibra óptica com três eixos ortogonais que fornecessem ao computador de bordo as informações necessárias junto aos acelerômetros, garantindo precisão ao míssil.
O projeto deste subsistema foi financiado pelo FINEP e conduzido pelo IEAv (Instituto de Estudos Avançados do DCTA) e Mectron. Aparentemente foi concluído.
Um outro obstáculo surgiu em 1999 quando o governo brasileiro tentou efetuar uma compra de antenas espirais e alguns outros sistemas para o desenvolvimento da cabeça de busca do MAR-1 em um fabricante de Las Vegas, porém o governo americano vetou a compra alegando que “a tecnologia anti-radar não é liberada por razões de segurança nacional. Esta tecnologia excede o nível de capacidade aprovada para o Brasil”.
Diante deste obstáculo, o DCTA teve que desenvolver localmente a cabeça de busca.