Por Natália Boere

Um robusto veterano de 11 metros de comprimento, 12,4 metros de envergadura, 4,5 toneladas e capacidade para atingir uma velocidade de 704 quilômetros vai passar por uma recauchutagem. Um grupo de amantes da aviação conseguiu arrecadar R$ 43 mil, por meio de financiamento coletivo, para restaurar o motor do P-47D Thunderbolt B4, aeronave utilizada pela Força Aéra Brasileira (FAB) durante a Segunda Guerra Mundial e que está em exposição no Museu Aeroespacial (Musal), no Campo dos Afonsos.

Os trabalhos começaram este mês. Baterias e juntas, além de manuais, comprados nos Estados Unidos, já chegaram ao museu, e mecânicos da instituição começaram a preparar a aeronave.

As peças serão trocadas por mecânicos especializados, cedidos pela empresa de serviços aéreos Helisul. Mês que vem, será feita a pintura, para deixá-la o mais próximo possível do original. O motor deverá de ser acionado no 22 de abril, Dia da Aviação de Caça. “Esse avião é icônico, muito conhecido no meio aeronáutico e com um forte apelo emocional entre os amantes da aviação. Nossa vontade de ver esse motor girar novamente é muito grande”, diz Gilson Campos fundador da World Aviation Friends (WAF) e funcionário da seção de comunicação social do Musal.

Ele pensou na campanha junto com o piloto e cartunista Fernando Cresceisti, autor da mascote do projeto, o avião Quatro Setinho. Em pouco tempo, a dupla ganhou adesão de outros amantes da aviação, que ajudaram a fazer e a divulgara vaquinha online. A ideia não demorou a decolar. “Para os aficionados da aviação, ouvir o ronco do motor de um avião é a coisa mais linda que tem. Além do barulho sai fumaça e uma lingueta de fogo, algo que é emocionante! (…) barato também é recordar um momento que a nossa geração não viveu”, explica Pedro Ferraz. Presidente da Associação dos Amigos do Museu Aeroespacial e um dos parceiros do projeto.

Voltar a voar ainda é um projeto distante

O Thunderbolt foi o caça americano mais numeroso produzido, teve mais de 15 mil exemplares espalhados pelo mundo. A Força Aérea Brasileira recebeu 117 aeronaves P-47D e as operou por 14 anos, entre 1944 e 1958, inclusive na campanha da Itália junto aos países Aliados (chefiados por EUA, Reino Unido e União Soviética) na Segunda Guerra Mundial. Se parte do dinheiro arrecadado sobrar, os organizadores do projeto planejam investir na revisão de amortecedores, trem de pouso, rodas e na compra de pneus, para que ele possa também taxiar no pátio do Museu Aeroespacial.

Mas fazer a aeronave voltar a voar é um sonho ainda distante. O diretor do Musal, brigadeiro Luiz Carlos Lebeis, conta que ela chegou a ser preparada para decolarem 1995, mas o voo não aconteceu por questões políticas: O comandante da Aeronáutica na época proibiu os aviões do museu de voar. O B4 tem condições, mas precisaria passar, por inspeção minuciosa de motor, sistema de alimentação de combustível, hidráulica, freio… E o comandante da Aeronáutica tem que autorizar. É vontade minha. Mas, com um pouco de pé no chão, vejo que não é coisa para agora, ressaltou o Diretor.

FONTE: Jornal Extra

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