Conheça a história do desenvolvimento do C-130J Super Hercules e as dificuldades enfrentadas pelo projeto

por Guilherme Poggio

O principal concorrente do jato de transporte KC-390 da Embraer tem nome e número: C-130 Super Hercules. Não há novidade nisso e mesmo cidadãos brasileiros sem familiaridade com o setor aeronáutico conhecem ou já ouviram falar dele. O que poucos conhecem é a história do projeto do C-130J, objeto do presente texto.

Designado para ser uma atualização do lendário C-130 Hercules, o desenvolvimento do programa sofreu em função do excessivo otimismo, das limitações da célula anterior e de inesperadas surpresas que poderiam ter sido previstas. Por se tratar de uma iniciativa privada, o programa foi totalmente custeado pela fabricante em seu início e algumas etapas do processo foram encurtadas para se economizar tempo e dinheiro.

O que se viu posteriormente foi uma sequência de atrasos e duplicidade de testes e ensaios. Felizmente (para a companhia) o que salvou o programa foi a reputação do projeto original e a ausência de outra aeronave no mercado Ocidental com características semelhantes.

Um C-130J da USAF aproximando-se para pouso. Na parte inferior da foto um C-130H aguarda a liberação da pista para decolar. As semelhanças e as diferenças entre as aeronaves ficam evidentes nessa foto. FOTO: USAF

ATUALIZAÇÃO

No início da década de 1990 o C-130H Hercules vendia bem, a Lockheed Martin tinha uma boa carteira de encomendas e a concorrência era praticamente nula no Ocidente. A linha de produção entregava cerca de três aeronaves por mês (o que dá uma fantástica produção anual de 36 aeronaves!).

Mesmo diante de uma posição confortável no mercado, os executivos da Lockheed Martin sabiam que o mundo estava em transformação e a tecnologia aeronáutica evoluía a passos largos.

Com o fim da divisão dos países em dois blocos geopolíticos, aeronaves que anteriormente eram exclusividade das nações alinhadas com a União Soviética passaram a ser oferecidas ao Ocidente. Dentre estas aeronaves estavam aquelas que ocupavam o mesmo nicho de mercado do C-130.

Além disso, naquela época o mundo dava os seus primeiros passos rumo à navegação por satélite de forma generalizada e os painéis “glass cockpit” começavam a permear as cabines de muitos aviões (civis e militares).

Painéis tipo “glass cockpit” na aviação de transporte começaram a virar realidade no início da década de 1990. FOTO: USAF

Como base nas informações coletadas junto aos usuários do C-130, a fabricante da aeronave entendeu que deveria manter a robustez da estrutura, atualizar o grupo propulsor e reprojetar um novo cockpit com painéis e sistemas (principalmente de navegação e comunicação) de última geração.

Por mais que a iniciativa de atualização da aeronave pela empresa tenha sido muito bem recebida pelos operadores de C-130, nenhum deles se levantou para bancar o projeto. Mas a empresa acreditava na ideia e resolveu, por conta própria, financiar o projeto de atualização do Hercules.

CONTINUA…

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