AT-26 Xavante

Por Dante Accioly

O Comando da Aeronáutica estendeu a vida útil dos xavantes da Força Aérea Brasileira (FAB) além do limite determinado pela fabricante italiana Aermacchi. Um relatório de engenharia elaborado pelo Centro Técnico Aeroespacial (CTA) de São José dos Campos (SP), ao qual O POVO teve acesso com exclusividade, alerta para o crescimento de trincas nas aeronaves e sugere um novo plano de inspeções para ampliar a durabilidade dos caças. Produzidos a partir de 1971, os aviões AT-26 só foram aposentados em dezembro de 2010.

O objetivo do relatório, segundo os próprios engenheiros da Aeronáutica, é “permitir a utilização da frota além dos limites impostos pelo fabricante”. Quando foram projetados pela Aermacchi no final da década de 1950, os caças tinham uma expectativa de vida estimada em 5 mil horas de voo. Um xavante aposentado em 2010 (FAB 4560) ultrapassou a marca das 6 mil horas em atividade.

O documento do CTA foi editado em dezembro de 1999. Sete meses depois, um xavante que realizava treinamento militar no litoral cearense perdeu a asa esquerda em pleno voo e provocou a morte do piloto, tenente Alexandre Prado. O relatório de engenharia foi incluído como prova no Inquérito Policial Militar (IPM) instaurado pela Base Aérea de Fortaleza para apurar as causas do desastre com o caça 4626.

Classificado como “reservado”, o estudo do CTA alerta para o crescimento de trincas nos xavantes e recomenda inspeções especiais em quinze “pontos críticos em fadiga”. Oito desses pontos envolvem justamente a asa da aeronave, componente que entrou em colapso no Xavante do tenente Alexandro Prado.

A maior preocupação do CTA é com trincas na mesa da longarina. A longarina é a principal barra de sustentação da asa, e a mesa é uma espécie de reforço rebitado para evitar torções. Os engenheiros afirmam que a peça deve receber “atenção especial” e sofrer inspeções a cada 350 horas de voo.

O relatório adverte para o risco de trincas em outros pontos da asa, como o pivô de fixação, o revestimento inferior, o pino de junção com a fuselagem e o parafuso do trem de pouso. O Xavante também estava sujeito a problemas na cabine, na fuselagem e nos estabilizadores. Os engenheiros detalham métodos de inspeção para cada componente e o intervalo em que as vistorias devem ocorrer “para que a aeronave tenha seu limite de vida estendido”.

O CTA avalia que “a integridade estrutural está garantida” com o novo plano de inspeções dos Xavantes. Mas o próprio órgão reconhece: outros pontos da aeronave podem apresentar problemas. Os engenheiros recomendam inspeções nas “áreas adjacentes” e nos “suportes de fixação” dos “pontos críticos”. Eles afirmam ainda que o documento apresenta apenas “resultados preliminares”. A emissão do relatório final estava prevista para junho de 2001, quase um ano depois do acidente com o Xavante 4626 no litoral cearense.

FONTE: O POVO online

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Vaniro

Que tenhamos transparência na futura gestão com os caças F39-Gripen. A pior coisa não são criticas e punições, mas a perda de vida por futilidades-jeitinhos. Tenho certeza que a FAB cada vez mais esta melhorando a sua logística. Os familiares tem todo direito de recorrer e querer mais esclarecimentos. Pois a culpa sempre acaba colocada no aviador morto.

Vaniro

Gostaria de ver novos projetos surgindo e sendo discutidos, mesmo se for de compra apenas. Sair do Fla-Flu. O que poderíamos ter em nossas forças? Temos falado muito em criar coisas novas, aproveitar doações, compras de ocasião, importar pronto ou montar por aqui. Que aeronaves poderiam estar ao alcance? Principalmente material novo! Na fronteira, No litoral, Na formação de novos pilotos. No resgate. etc.

Guilherme Poggio

Na guerra essas certificações/inspeções/validades vão para o saco.

A-4 argentinos voaram com os cartuchos do assento ejetor vencidos. Vai “groudear” a aeronave por causa disso?

Manual do F-15 recomenda não voar a aeronave por mais de 10 horas seguidas com combustível sem anti-corrosivos. Numa guerra vai deixar de combater por causa disso?

Ivanstop

Como diria meu avô, no meio da guerra nao se cobra barba feita ou coturno engraxado.

Tiago Jeronimo ☠ (@TiagoJL)

O Brasil estava em guerra na época do acidente? Seria essa a explicação que você daria ao familiares do aviador morto?

André Gomide

Concordo com o Tiago. Estávamos em guerra para justificar isso?

BILL27

Sua comparação não se aplica ao caso do Xavante

Mattos

è mas não estamos em guerra. Portanto é moralmente obrigatório seguir as regras ditadas pelo fabricante. Ninguém quer viajar num avião em que a companhia aérea burlou as inspeções de manutenção. Quando acontece, os resultados acabam sendo catastróficos. Além disso, que acaba tendo prejuizo somo nós os contribuintes.

Guilherme Poggio

Ninguém quer viajar num avião em que a companhia aérea burlou as inspeções de manutenção.

Essa é a diferença básica entre o meio militar e o meio civil. Os propósitos de um caça não são os mesmos de um jato comercial. Se uma companhia aérea possui um voo regular e der pane na aeronave, ela não decola. Numa guerra se vc não decolar o inimigo decola e acaba com vc. Veja quantas vezes Rudel levantou voo com o seu Stuka com pane para todos os lados.

diegolatm

Exatamente Poggio, lembrei do post do PN sobre a Guerra da Lagosta que muitos dos Navios naquela época foram designados com problemas sérios nos meios; a maioria com o mínimo só para navegar.

André Gomide

Sinceramente não consegui entender o Poggio hj….abduziram vc?

Gabriel

Acho que está na hora de abrir uma licitação para a aquisição de treinadores novos
existem opções baratas no mercado que poderiam fazer esse papel

Walfrido Strobel

E pelos A-1 em Santa Maria.

elton

Os “superiores “tao nem ai para eles o importante e ter numeros para justificar unidades ,cargos e postos nao se importam se algo voa ou esta encostado no hangar ou ate mesmo se e seguro voar

diegolatm

Não vou apontar nenhum dedo para ninguém mas já vimos peças caindo de F-5 aqui viu, inclusive canopsys!!!!

Tiago Jeronimo ☠ (@TiagoJL)

Parabéns aos envolvidos, uma vida foi perdida graças a vocês.

Billy

Mas pilotos de caça não são profissionais de longa e cara formação? Qualquer perda de vida por falta de manutenção ou prazo vencido de uma aeronave seria difícil de explicar, quer na paz ou na guerra, ao menos em qualquer cultura que valorize a vida de seus soldados, não?

Carlos Crispim

Xavante é para estar num museu, é um belo e super-útil avião, mas deu o que tinha que dar há décadas, voar com essas latas-velhas é correr risco de matar muitas pessoas e, pior, matar os nossos escassos e bem treinados pilotos, isso é que dá negligenciar nossas forças de defesa por tanto tempo, só restaram tranqueiras e muito ferro-velho obsoleto que deviam estar em museus.

Marcelo Andrade

Carlos, em que ano você está, meu caro? Os Xavantes já saíram de serviço há mais de 8 anos. Muitos estão espetados em praças por aí!

Gustavo B

Creio que esse tipo de ação seja comum em forças armadas com orçamentos tão minguados quanto a nossa. Usa-se o equipamento até o osso por conta da simples falta de substitutos.

Marcelo Andrade

Gente, o Poggio hoje não está bem não! To com meda!!

carvalho2008

Em tempos de paz isto não se justifica.
.
A FAB perdeu otima oportunidade para de forma transparente dar a baixa naquele ativo ou qualquer outro em situação similar.
.
Se excedeu….então excedeu….não pode mais ser utilizado face risco de vida.
.
Deixa guardado até o substituto (se existir)….
.
em caso de guerra pode até usar, pesando os pros e contras, mas ai é outro cenario…

Aerococus

Não importa se é tempo de guerra ou não. A operação militar difere da operação civil.

Ela se baseia na avaliação, quantificação e mitigação de riscos. Veja a norma MIL-STD-882.

https://www.system-safety.org/Documents/MIL-STD-882E.pdf

Abaixo um extrato do processo de avaliação de risco.
https://msquair.files.wordpress.com/2014/07/mil-std-882-modified-hazard-risk-matrix.pdf

No caso do acidente em Natal, infelizmente, o risco de evento Catastrófico se concretizou. As responsabilidades devem ser apuradas.

De resto, puro sensacionalismo.

Walfrido Strobel

Qual a novidade, os T-6 também foram usados até ter que parar com rachaduras nas asas, os P-3AM e os C-130M estão sendo monitorados com problemas estruturais, e assim segue a vida em uma Força sul americana com sua natural falta de recursos.
Este Xavante escapou a inspeção do PAMA-RF que tinha muitos aviões encostados com problemas, quando passava do limite eles eram encostados, eu trabalhava na BARF e via a quantidade de Xavantes enfileirados no tempo por não terem mais condições de sorer revisões.

LucianoSR71

Infelizmente o histórico de ‘empurrar c/ a barriga’ os problemas é bem velho, nos anos 1950 os P-47 sofreram vários acidentes devido a alguém achar que os tubos dos gases quentes e alta pressão que ligavam o motor ao supercompressor que exigiam ser reparados c/ uma técnica especial de solda ( que a FAB não dominava ), podiam ser reparados utilizando as técnicas correntes nas oficinas. O resultado foram canos estourando em pleno voo, c/ o agravante que eles passavam por baixo do assento do piloto ( e só p/ lembrar os gases eram em alta temperatura e pressão, imaginem… Read more »

Daglian

Primeiramente: chamar a Força Aérea Brasileira de “aeronáutica” me causa repulsa, pois para mim é um termo que diminui a envergadura da força (ainda que seja usada como sinônimo). Tenho consciência que esse termo não foi usado pelos editores, já que esta notícia é do “O POVO online”. Além disso, se a FAB for criticada por utilizar aeronaves além da sua suposta vida útil, então ela deve ter meios e orçamento adequados para que isso não ocorra. Não se pode, simultaneamente, exigir que a Força Aérea proteja o espaço aéreo brasileiro e, sem providenciar os recursos suficientes, reclamar que ela… Read more »

Daglian

Perdão pelos erros ortográficos. Leia-se
“… ainda que seja usado* como sinônimo…”;
“… com revisões periódicas e acompanhamento que garantam* que os meios…”;

Walfrido Strobel

Qual o problema em chamar de “Aeronautica” se era o “Ministério da Aeronautica” e hoje é o Comando da Aeronautica?
Nas viaturas de toda a Aeronautica está escrito COMAER bem claro em destaque.

Rafael Oliveira

Na Constituição existe apenas Aeronáutica, então esse termo está correto.

Manock

Qualquer semelhança com o caso da perda do submarino argentino não é mera coincidência. Pelo menos lá, um “comandante” caiu, e aqui, o que vai acontecer?

Tiago Jeronimo ☠ (@TiagoJL)

O Brasil é o país da impunidade, nada vai acontecer. Aqui, infelizmente, uma vida vale ainda menos do que na China.

Flanker

Não quero aqui acusar nem defender ninguém. Mas, face a onipresente falta de recursos para reequipamento, a FAB se viu forçada a manter um número mínimo de células de AT-26 voando. Tinha grana para fazer essas revisões, e substituições dessas peças, qdo necessário? Com certeza, não! O AT-26 era o cavalo de batalha da FAB…..fazia desde treinamento até ataque e reconhecimento. Se tivesse sido aposentado antes do que foi, a FAB não teria aeronaves suficientes para o mínimo que necessitava. E não estou sizendo aqui que a FAB tem, ou não, culpa no caso desse acidente. O lhem o caso… Read more »

Fábio Mayer

E eu, que pensava que os Xavantes já não eram mais utilizados para nada desde 2010?

Rinaldo Nery

E não são.

Fábio Mayer

Na matéria anterior, explicou-se melhor… como eu leio da mais recente para trás, tive a falsa impressão.

Luiz Floriano Alves

Aviões são maquinas sujeitas a reparos. Essa de vencer a vida util é muito discutivel. como no caso dos F-5 comprados da Jordania. Será que eles ainda tem vida util? Ou a reforma consegue sanar as partes trincadas que requerem manutenção? Quando estagiei nas oficinas da VARIG os compinentes das asas que apresentavam sinais de fadiga eram trocados, com remoção de longarinas e reforços internos e tb troca das chapas externas das asas. Isso com DC3, que vooavam muitas horas diáriamente.

Salomon

Mas…mas…onde estão voando os Xavantes, além da memória?

Barbosa_Flávio Alves

Uma notícia como esta serve para mostrar o quanto é importante as atividades de manutenção preventiva de qualquer equipamento. Em uma guerra, até poderia acontecer isto por falta de opção. Agora, em época de paz, é uma coisa absurda de se ouvir. Aliás, nas duas situações, o melhor seria seguir as recomendações de manutenção, pois a perda de um piloto adequadamente treinado não se repõe assim de uma hora para outra. Mais fácil sempre é substituir o equipamento do que o operador da máquina. Lamentável!

Delfim

“Oh, o POVO revelou com exclusividade um documento produzido em 1999 e classificado como reservado…”
Me dá um tempo.
De acordo com a legislação, documentos sigilosos classificados como “reservados” possuem prazo de guarda de 5 anos.
Ou seja, o documento produzido pelo CTA em 1999 está disponível para acesso público desde 2004. Só virou notícia “exclusiva” 14 anos depois.
Merece o prêmio Pestalozzi.
.
Só vejo uma “utilidade” em tal reportagem : denegrir a FAB.

Nilson

Entendo que cabe à imprensa trazer à tona fatos desconhecidos do público, doa a quem doer, mesmo muito tempo depois. Nenhuma instituição pode ser imune à liberdade de imprensa, nem mesmo as Forças Armadas. Todos os dias saem notícias negativas sobre todo tipo de instituição, isso é normal no nosso regime. A utilidade da divulgação (além de vender jornal) é permitir o aprendizado sobre a a história e, no mínimo, evitar a repetição de erros que porventura tenham sido cometidos.

carlos ribeiro

coitados, deixa os velhinhos descansarem.

Alfredo C S

Em nossa FAB ainda voa o PRIMEIRO F-5 produzido no mundo…

LucianoSR71

O 1º F-5E entregue (1972 ), o 1º realmente ( F-5A ) voou em 1959.
http://www.aereo.jor.br/2015/08/11/43-anos-do-primeiro-f-5e-e-ele-esta-aqui-totalmente-operacional/

Luiz Floriano Alves

Essa de prolongar a “vida” dos aviões me traz à memória o caso do F-106, caça americano, produzido pela Convair, para embarcar o novo radar Hughes e seu sistema de controle de tiro, MXII79. Era para ser um simples substituto do F-102, como interceptador. Tornou-se um dos melhores caças da época, terminando seus dias nas esquadrilhas da National Air Guard, com mais de 10000 horas de voo, o triplo das horas estimadas no projeto original. (Top Gun – Ed. Globo, pg. 206).