O JF-17 nunca pára de mudar! 2º protótipo do biposto traz mais novidades

12

JF-17B

Segundo protótipo do JF-17B decolando

Por Roberto Lopes
Especial para o Poder Aéreo

As fotos do 2º protótipo do jato sino-paquistanês JF-17B Thunder – de treinamento – que recentemente alcançaram o Ocidente, mostram uma aeronave em voos de teste na China que, ainda uma vez, traz modificações em relação ao projeto original do avião.

Na vitrine há mais de quatro anos, o Thunder nunca conseguiu se desvencilhar da polêmica.

Embora a Aviação de Caça do Paquistão tenha adotado o aparelho sem se importar com o fato dele ter sido lançado desprovido da versão de dois lugares (treinando os seus pilotos somente em simuladores), e também sem uma sonda de reabastecimento em voo, o mercado não reagiu bem a essas “lacunas” – e, em abril de 2016, o consórcio Chengdu Aerospace Corporation (CAC)/Pakistani Aeronautical Complex (PAC), fabricante do modelo, precisou iniciar, em ritmo acelerado, a produção da versão B, de adestramento.

O modelo fez seu voo inaugural em abril deste ano, e agora ganha a companhia de um segundo protótipo, que apresenta mudanças ainda mais significativas em relação ao jato monoposto: estabilizador vertical modificado, coluna dorsal ampliada – para armazenar combustível compensando o espaço perdido na inclusão do assento adicional –, nariz alargado e sistema de controle de voo tipo “fly by wire” (FBP) estabilizado em três eixos.

Três protótipos JF-17B estão, nesse momento, em desenvolvimento – dois dos quais receberão as marcas da Força Aérea do Paquistão (PAF).

Outras mudanças – Um documento técnico da Aviation Industry Corporation da China (guarda-chuva empresarial da indústria aeronáutica chinesa) manejado nos círculos aeronáuticos do Ocidente, revela que o JF-17B também possui uma envergadura 0,5 m mais longa, o que pode indicar carga de asa inferior, de forma a permitir decolagens em pistas mais curtas e, sobretudo, maior manobrabilidade.

Outro dado: aparentemente, o JF-17B usa mais materiais compostos (mais leves) em maior proporção que o JF-17 de assento único.

Dada a amplitude das mudanças estruturais no JF-17B, será interessante comparar o comportamento desse jato de treinamento com o modelo Block III (mais moderno) do Thunder monoplace.

Um dos pontos a serem observados é se o sistema FBW de três eixos do JF-17B irá se revelar superior ao controle de voo híbrido (mecânico/eletrônico) projetado para o Thunder Block III.

Na Força Aérea do Paquistão, o JF-17 Thunder vem substituindo os caças Chengdu F-7P (versão chinesa do MiG-21). Como a última unidade aérea de jatos F-7P – de número 18 – é, precisamente, a que faz a conversão dos aviadores paquistaneses em pilotos de aeronaves de alta performance, é possível que as autoridades paquistanesas a reestruturem com um misto de aeronaves JF-17 Block II (monoplaces) e JF-17B (biplaces), o que representaria uma solução, no mínimo, inusitada.

Interceptação – A aceitação internacional do Thunder é, por enquanto, muito pequena.

O avião só foi vendido para a Aviação Militar de Myanmar (16 unidades da versão Block II), e uma operação comercial com a Força Aérea do Sri Lanka foi interceptada e “abatida” por um pacote de promessas (400 milhões de dólares) do governo da Índia.

A Arábia Saudita, importante aliada dos paquistaneses, chegou a perguntar se a aeronave poderia receber motores Rolls-Royce, mas foi só.

Nesse momento o Pakistani Aeronautical Complex – parceiro da Chengdu Aerospace – concentra seus esforços na viabilização de uma venda de JF-17 Block II (ou Block III) para a Força Aérea do Azerbaijão.

Subscribe
Notify of
guest

12 Comentários
oldest
newest most voted
Inline Feedbacks
View all comments
Clésio Luiz

Acho que um dos problemas mercadológicos do JF-17 é o motor. A China não controla a fabricação deles, e com a fama do pós venda russo, fica difícil convencer potenciais compradores em adquirir ele ao invés de opções de fornecedores mais tradicionais no mercado, como caças motorizados com o F404 (Gripen C ou o FA-50).

Walfrido Strobel

Mesmo que ele evolua o Paquistão está certo em o colocar na ativa mesmo só nas versões monoplace e sem sonda REVO, pois precisam de caças para substituir os Mirage e F-7G mais antigos nas missões de patrulha de fronteiras, o que nós fazemos com os A-29 dos terceiros. Os pilotos atualmente são formados nos SAAB MFI-17 de produção local licenciada depois T-37/K-8 e na sequencia FT-7(JJ-7) nas unidades de fronteira, depois com simuladores aprendem a voar os JF-17. . Como ja postei aqui antes, quando eles receberam os K-8 anunciaram que aposentariam os T-37, mas os Procuradores paquistaneses advertiram… Read more »

donitz123

Clésio Luiz 16 de dezembro de 2017 at 13:36 . De fato o problema é o motor pois os chineses são incapazes de criar um motor confiável para o mesmo. O próprio Paquistão, tradicional operador de aeronaves chineses optou pelo motor russo em lugar de qualquer coisa parecida que os chineses possam oferecer. . Na verdade a RD-33 é um ponto que pode favorecer a venda do jato chinês pois ela agrega a confiabilidade que um motor chinês não oferece. . Foi cogitado equipar um JF-17 com a M-88 francesa o que por si so inviabiliza o mesmo para o… Read more »

Walfrido Strobel

Clésio, ele é uma opção para clientes de produtos chineses e russos que não tem nada contra o motor Klimov RD-93 turbofan, uma variante do RD-33, mas os chineses anunciaram a uns que ja estão testando o JF-17 com motor Guizhou WS-13 de produção local e agora ja está aprovado, é o mesmo motor do J-31.

Filipe Siqueira

Prevejo a FAA manifestando interesse em 3,2,1…

Jota

Boa noite à todos.
Notei que o diametro do bocal na entrada da turbina é relativamente modesto em relação à outros caças, tais como o F16, F35, Gripen , Mirage , etc , e outros monomotores. Porque essa diferença?
Ou é só impressão minha?

Ivanmc

Bem que a FAB poderia adquirir uns JF-17.

JT8D

Ivanmc 16 de dezembro de 2017 at 21:34
Nossa, que ideia genial !!!!!

Wagner

Jota, também achei muito estreita a tomada de ar da turbina.
Muito esquisito esse avião.

Rodrigo M

César A. Ferreira 17 de dezembro de 2017 at 2:20
“Eu vou morrer e ainda verei as colunas de comentários com os dizeres sobre o “terrível pós-venda russo”; isto com a indústria bélica russa vendendo cada vez mais…”
.
Eu também.
Acredito que o que aconteça aqui seja aquela mítica: “Uma mentira repetida mil vezes se torna uma verdade..”
.
É a cultura “ocidentalizada” por décadas de Hollywood, qualquer coisa que não seja made in USA não presta.

André Luiz.'.

Rodrigo M 17 de dezembro de 2017 at 8:56
É a cultura “ocidentalizada” por décadas de Hollywood, qualquer coisa que não seja made in USA não presta.
— O 1º GAV operou por bem uns trinta anos caças ‘Made in France’, e em breve vai operar vetores ‘Made in Sweden’…!

Walfrido Strobel

Estão achando a entrada de ar para a turbina aeronáutica muito pequena, mas vejam de frente, não é pequena.
. https://encrypted-tbn3.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcRpsHL2Vkeqjef9RPO9E4g1wM2QhqeSIOfNiQW5Sjw71GbiQfR_Z2f83Hf9cQ