Concorrência belga de caças: Lockheed F-35 ou Dassault Rafale?
Por Giovanni de Briganti
PARIS — A decisão da França de fazer uma oferta não solicitada de última hora à Bélgica de uma parceria estratégica baseada no avião de combate Rafale é uma aposta, empurrando a questão para a arena política e longe de considerações puramente técnicas.
Embora o governo belga tenha tentado garantir uma concorrência justa ao lidar com os governos, em vez de diretamente com as empresas concorrentes, suas Solicitações de Propostas de Governo não poderiam esconder o fato de que os requisitos operacionais foram escritos por sua Força Aérea, onde muitos consideram o F-35 uma aeronave desejável, apesar da sua longa história de custos crescentes e problemas técnicos.
Os políticos geralmente tendem a confiar em seus militares e, portanto, apoiam suas recomendações porque não têm o conhecimento para dar palpite ou perceber se as especificações são tendenciosas.
Esta inclinação pró-F-35 é o motivo da retirada da Boeing da competição belga, enquanto a Suécia saiu em junho porque não estava preparada para apoiar caças belgas em operações no exterior.
Os requisitos tendenciosos também são a razão pela qual a Dassault não competiu com o Rafale na Dinamarca, onde a competição foi tão parcial que a Boeing agora está processando o governo dinamarquês.
A verdadeira pergunta: holandês ou francês?
Mas se a concorrência belga é justa ou não é irrelevante. Desde o início, a única questão é se a Bélgica quer que a Força Aérea seja holandesa ou francesa.
Ao longo da última década ou duas, a Bélgica fundiu sua Marinha com a da Holanda, seu vizinho do norte, e os dois lançaram recentemente um programa conjunto naval de construção naval.
Quanto ao Exército, a Bélgica, em junho, escolheu comprar os mesmos veículos blindados de nova geração que a França está desenvolvendo no âmbito do programa Scorpion e disse que iria investir bilhões de euros para comprá-los e operá-los em estreita cooperação com o Exército Francês.
Agora, chegou o tempo de decisão para sua Força Aérea.
A Bélgica atualmente opera caças F-16 como a Holanda, Dinamarca e Noruega, com as quais adquiriu os aviões em uma compra conjunta; todos os três já optaram pelo F-35.
Se a Bélgica quiser que sua Força Aérea coopere de perto ou se integre mais de perto com o Armée de l’Air da França, ela comprará o Rafale. Isso permitiria acesso ao espaço aéreo francês, treinamento, operações conjuntas, além de permitir que a Bélgica compartilhe a definição da próxima variante do Rafale. A indústria aeroespacial também teria acesso à cadeia de abastecimento do Rafale e possivelmente mais.
Se quiser ser holandesa — e metade da Bélgica fala holandês, enquanto a outra metade fala francês – então ela escolherá o F-35 e prolongará seu relacionamento com o F-16. Mas não teria acesso a muitos dos benefícios oferecidos pela França.
Também não se beneficiaria com a manutenção e o trabalho de revisão em seus próprios F-35, já que este trabalho foi atribuído por Washington aos Países Baixos, Reino Unido e Noruega.
No entanto, existe um outro fator significativo.
Alguns dos F-16 da Bélgica recebem um papel de ataque nuclear pela OTAN, usando bombas táticas de queda livre B-61 fornecidas pelos Estados Unidos. O atual governo planeja continuar com essa capacidade, embora a opinião pública se oponha, e somente o F-35 poderia levar a B-61 e sua sucessora, a B-61-12 modernizada que os EUA estão desenvolvendo.
A probabilidade de uma aeronave transportando uma bomba de queda livre alcançar seu objetivo é extremamente remota, e esta missão poderia ser eliminada gradualmente em meados da década de 2020, sugeriu um funcionário da OTAN há alguns meses. Mas a Bélgica, aparentemente, quer manter suas opções abertas, mesmo que isso não seja um requisito formal.
A política supera as capacidades
Mas, qualquer aeronave que vença, o fato triste é que a decisão final da Bélgica será pouco influenciada por aspectos operacionais e ainda menos se a aeronave que ela vai comprar é adequada às suas necessidades e capacidades.
Então, por que se preocupar em realizar longas concorrências, dispendiosas e incômodas?
FONTE: Defense-Aerospace.com
O governo belga lançou um certame no intuito de obter sua próxima geração de caças, licitação essa a qual submeteram suas propostas a Lockheed Martin e a BAe Systems. Já a França preferiu repetir o mesmo modus operandi ao qual se acostumou ao negociar com brasileiros e indianos ou seja, por fora, por debaixo dos panos.
Ou seja, temos dois fabricantes seguindo as regras do jogo e uma se achando mais especial que as outras…..
Ademais o F-35 é bem mais capacitado para atender aos requisitos belgas sem falar que foi escolhido pela imensa maioria dos membros da OTAN.
Vai dar Relâmpago!
HMS TIRELESS, coloque na sua conta a concorrência para as fragatas canadenses em que junto com os Italianos, tentaram apresentar uma proposta fora da concorrência, obviamente o Canada não aceitou
Acho que vai dar Rafale , a decisão será mais politica do que tecnica.
A Bélgica é uma França mais metida ainda.
E o Trump anda vacilando com os europeus.
Rafale é azarão de última hora mas pode ganhar.
O que vai prevalcer é money o resto é mimimi
Acho também que dará RAFALE, porque o peso da história é muito lastreado e o novo presidente francês EMANOEL MACRON , CHEGOU PARA BRIGAR, SEM TITUBIAR!!! Neste jogo não tem espasso para ezitação.
A Bélgica é mesmo metade flamenga (holandesa) e metade francesa e o ponto de união maior é a monarquia.
Eu também acredito que o que decidirá a escolha será o valor a ser gasto e o benefício a ser recebido.
Muita discussão e definição estratégica interna, como deve ser em qualquer país.
“Então, por que se preocupar em realizar longas concorrências, dispendiosas e incômodas?”
Ora, porque em uma democracia é assim que se faz.
O Rafale é mais confiável.
Lembrando que a Jaca caiu de preço, inicial e de hora-vôo.
Tass informa : Su-57 em produção ano que vem.
http://tass.ru/armiya-i-opk/4808309
O Eurofighter também saiu da concorrência Belga?
“Os requisitos tendenciosos também são a razão pela qual a Dassault não competiu com o Rafale na Dinamarca, onde a competição foi tão parcial que a Boeing agora está processando o governo dinamarquês.´”
Processando pq? A Dinamarca escolhe o caça que quiser do jeito que bem entender.
Ricardo, o Eurofighter Typhoon está no certame representado pela BAe Systems
Bem lembrado Jr da tentativa francesa de atravessar a concorrência canadense para obtenção de escoltas. Felizmente o Canadá aviu corretamente, o que espero que façam os belgas.
Para piorar ainda tem o fato de o Le Jaquê usar armas apenas francesas. Caso cometam a burrada de escolher o Rafale os belgas ainda terão de comprar todas as armas da França. Basta ver a foto do Viper belga da matéria. Nenhuma das armas que ele exibe na foto (AIM-120, JDAM e AIM-9) é levada pelo caça francês.
E ainda tem quem o ache o “mais confiável”….
Tireless, acho que os belgas não vão sentir falta:
Galante, quero ver explicar para o contribuinte belga o fato de pagar mais caro pelo aparelho menos capaz e ainda por cima gastar mais grana para trocar o arsenal.
Vai ser mais difícil explicar ao contribuinte que vão comprar um avião que tem mais de 200 protótipos e ainda está cheio de defeitos.
Alexandre Galante 13 de dezembro de 2017 at 20:34.
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É isso aí mesmo.
“Isso permitiria acesso ao espaço aéreo francês, treinamento, operações conjuntas, além de permitir que a Bélgica compartilhe a definição da próxima variante do Rafale. A indústria aeroespacial também teria acesso à cadeia de abastecimento do Rafale e possivelmente mais.”
Isso tem um valor enorme na negociação.
Lembrando que foram fatores desse tipo que pesaram na escolha do F-39 pela FAB.
“Também não se beneficiaria com a manutenção e o trabalho de revisão em seus próprios F-35, já que este trabalho foi atribuído por Washington aos Países Baixos, Reino Unido e Noruega.”
Peraí… mesmo usuários mais fortes como Espanha e Itália não manterão seus próprios F-35 ?
Galante, o F-35 foi declarado apto para combate pela força aérea mais capaz do mundo, a Heyl Ha’Avir e você ainda insistindo nessa de que o aparelho tem “200 protótipos cheios de problemas”? Por favor!
Enquanto isso meu questionamento permanece. A jaca francesa é mais cara e apenas usa armas francesas ou seja, terror logístico
Delfim, a Itália tem uma linha de montagem final e um centro de manutenção do aparelho.
Eu escolheria o Rafale! Sem mais comentários
Os belgas vão de rafale e não de 200 protótipos que até hoje não se sabe se presta ou não!
Outro fator que aos poucos vai se contemplando, uma europa unificada, econômica e militar, isso é uma forma de consolidar-se independência em relação à América do Norte, então, é com razão que a tendência européia é comprar armamentos europeu. Vejo por esta ótica
E pagar mais caro por um aparelho uma geração atrás? Ademais os belgas têm-se obedecer o procedimento licitatório que eles mesmos lançaram. Então ou compram F-35 ou o Typhoon. Caso contrário se nivelarão por baixo, no mesmo nível de cleptocracias como Brasil e Índia.
O problema é que os europeus permitiram-se ser ultrapassados tecnologicamente por todos as demais potências. Os EUA já têm caças de 5ª geração há anos, a Rússia deve começar a produzir os Su-57, os chineses já têm o J-20… todos de 5ª geração. E onde está o caça de 5ª geração europeu? Em vez disso eles ainda estão produzindo os de 4ª geração (Typhoon, Rafale, Gripen) que foram projetados antes do aumento exponencial da capacidade dos radares decorrentes da popularização da tecnologia AESA + processamento de dados. O fato é que com a combinação Su-57 + S-400 os russos hoje… Read more »
Existem uma série de questões numa decisão iguais a esta que são (e devem) sempre ser levadas em consideração, a contemplação dos requisitos operacionais é apenas uma destas. Tem gente que até hoje, apesar de tantos anos discutindo temas iguais a estes, ainda não aprendeu. “Ah, mas a Bélgica quer ter a capacidade de ataque nuclear com bombas “burras”, por isto deve optar pelo F-35″. Se a Bélgica quer, realmente, manter esta capacidade de lançar armamento nuclear, que tal evoluir neste quesito também?! O Rafale tem essa capacidade com o míssil AMSP e, por conta disso (como se sabe a… Read more »
Queria entender como HMS Tireless definiu de forma papal em bula específica que o Rafael é mais caro que o F35A; além de ser ‘inferior’. Não há necessidade de defender esse ou aquele, mas defender argumentos. Estes do Tireless servem apenas para ocupar espaço e evidenciar a tendência humana a defender o que lhe apraz em detrimento ao que “não é espelho”. No mais: Galante, a quantidade de pombo enxadristas no Fórum é resultado de curva casada da falta de cuidado dos Editores da Trilogia na escolha e divulgação de artigos de opinião restritiva, limitados intelectualmente mas que atendiam egos… Read more »
Hum, não adianta divagar sobre qual é melhor ou pior já que a escolha será ao que tudo indica política. Aposto que o governo belga seguirá a escolha do holandês já que são parceiros de longa data.
Sds
Paulo Jorge, se tiverem juízo vão fazer exatamente isso até porque o caça escolhido pela Holanda está habilitado no processo licitatório ao contrário do avião francês.
Os números estão aí!
Gastou-se uma fortuna para depois o criador dizer que é limitado!?!?!
Um rafale ou thyfoon encara qualquer coisa que voa durante uns 20 anos e para resolver o problema do Canadá estão de bom tamanho!
HMS TIRELESS 13 de dezembro de 2017 at 21:41,
Mas o F-35″I” da não tem “recheio local”?
A aviônica não é quase toda israelense ?
Não é, por assim dizer, um avião israelense ?
Ricardo Da Silva 14 de dezembro de 2017 at 8:03
Esses primeiros F-35I ainda não possuem recheio local Ricardo. Tal previsão segundo contrato está prevista para os lotes subsequentes sendo que a Heyl Ha’Avir inclusive receberá uma célula instrumentada que será usada justamente nessa tarefa. Assim o que pode ter acontecido é que os EUA liberaram para os Israelenses o Software 3F (previsto para ser adotado a partir de 2018) ou então liberaram o acesso aos códigos-fonte da aeronave.
Eu creio que o interesse de Israel é mais comercial, além de conseguir um conhecimento maior sobre as características stealth. A compra de 33 unidades é muito pequena. Mas com a sua participação, a IAI – Israel Aerospace Industries é responsável pela fabricação das asas do F-35.
Possivelmente Israel intenciona utilizar as 33 unidades do Adir como aeronave de ataque e no futuro um projeto de caça de quinta geração totalmente israelense (caso não haja restrição americana, como na época do Lavi).
Comentário meu retido
Marcov, o pedido inicial de F-35I pela Heyl Ha’Avir é de 50 unidades e o planejamento é que sejam comprados 100 aparelhos para substituir a maioria dos F-16 em serviço, sendo que ficariam apenas os F-16I em serviço por mais tempo.
Eu tenho que verificar, mas, de memória, Israel tem uns quase 360 f-16 e uns 40, ou mais, F-15.
Mesmo que sejam 100 unidades no futuro, não substituiriam a espinha dorsal da defesa israelense.
Correção (não sei se confiável), pela internet:
Frota atual:
F-16 – 224 unidades
F-15 – 58 unidades
F-15 SE – 25 unidades
360 ( esse número não é preciso) foi a quantidade total de caças F-16 que Israel recebeu. Desses os F-16A/B (um lote de 75 aeronaves + um segundo lote de 50 aviões recebido em 1994 dos estoques da USAF/ANG) foram retirados de serviço esse ano. Sobram 150 F-16C/D Block 40 recebidos em função do cancelamento do Lavi e 100 F-16I recebidos mais recentemente.
Ademais é sempre bom lembrar que o número de F-35I pode acabar excedendo 100 aeronaves
Israel não é padrão de confiabilidade no caso do projeto F-35. Quem recebe de graça mais de US$ 3 bilhões de dólares dos EUA, para comprar equipamentos militares do próprio EUA, não pode reclamar e, por conseguinte, não deixar de comprar nada que o doador determine. Assim até eu gostaria de ver o F-35 na FAB.
Só uma zebra interna muito grande tira o efinho dessa bocada, mas penso que deve realmente papar. Entretanto nota-se o surgimento de um grande questionamento dos governos sérios (aqueles que vão ter que pagar as contas) sobre o futuro da aeronave – pode ser que se concretize uma reviravolta até na Alemanha, muito mais dentro de uma hipotética linha de frente que a Bélgica. Israel não é dono da verdade e lembro que desde a sua fundação, para sermos honestos, nunca lutou contra algum oponente que estivesse em igualdade de capacidade técnica/treinamento, sempre contra árabes/sírios/egípcios, toscos analfabetos em sua maioria… Read more »
Wellington Góes 14 de dezembro de 2017 at 0:13 Amigo Wellington vamos aos fatos: – A capacidade nuclear que alguns países da OTAN possuem por meio de armas cedidas pelos EUA se restringe a elas. E a França não exporta o ASMP (tanto que não o exportou para a Índia). Ou seja, o Rafale teria de ter a B-61 integrada a ele. E a gente sabe que integrar armas de outra procedência ao Rafale é complicado (especialmente se nesse caso os EUA não quiserem) – A “espionagem” do F-35 supostamente detectada pelos noruegueses é apenas manchete sensacionalista de jornal querendo… Read more »
Leonardo Pessoa Dias 14 de dezembro de 2017 at 5:54
Concordo com você! De fato há muitos “pombos enxadristas” aqui e eles costumam chamar os outros daquilo que realmente são ou seja, pombos enxadristas….rs!