Airbus A400M

A400M

PARIS / SEVILHA (Reuters) – A Airbus e as autoridades europeias de segurança foram avisadas no final de 2014 de uma vulnerabilidade de software no avião militar A400M que era semelhante a uma falha que contribuiu para um acidente fatal sete meses depois, descobriram pesquisadores espanhóis.

O transportador de carga e tropa, construído pela Airbus, caiu perto de Sevilha durante um voo de teste em maio de 2015, matando quatro dos seis tripulantes, depois que três dos quatro motores congelaram em potência mínima minutos após a decolagem.

Os dados necessários para o funcionamento dos motores foram apagados acidentalmente quando os funcionários da Airbus instalaram o software no avião ainda no solo, e os pilotos não tiveram nenhum aviso de que havia um problema até que os motores falharam, a Reuters informou semanas após o desastre, citando várias fontes com conhecimento do assunto.

Um relatório confidencial dos investigadores militares espanhóis do acidente, concluído neste verão, abre novas luzes sobre a má coordenação e os erros de julgamento que têm afetado o maior projeto militar da Europa.

Os resultados confirmaram que os motores foram comprometidos por dados apagados, de acordo com extratos do relatório visto pela Reuters e três pessoas familiarizadas com o inquérito.

O relatório também disse que os fabricantes de motores alertaram a Airbus e à Agência Europeia de Segurança da Aviação (EASA), em outubro de 2014, que erros de instalação de software poderiam levar à perda de dados do motor e que os técnicos podem não receber nenhum aviso antes da decolagem de que o ocorreu um problema.

Quando foi contatada pela Reuters, a Airbus disse que o acidente foi o resultado de “múltiplos, fatores diferentes e causas contributivas”, mas recusou comentários detalhados sobre as descobertas dos investigadores porque eles não são públicos.

O fabricante revisou todos os sistemas e atuou para “garantir que a cadeia de causas identificadas não ocorra mais”, acrescentou um porta-voz.

Os potenciais problemas sinalizados para a Airbus pelo fabricante dos motores em outubro de 2014 envolveram a possibilidade de erro humano no processo de instalação, de acordo com os investigadores.

O problema que ocorreu antes do acidente foi de natureza técnica, acrescentaram. Os dados para três motores foram apagados quando a instalação do software falhou inicialmente e esses arquivos nunca foram restaurados no processo de upload subseqüente.

Uma vez que o avião estava no ar, a cadeia fatal de eventos acelerou.

Incapaz de entender como executar os motores por falta de dados, o avião congelou a potência no máximo, fazendo o enorme cargueiro ir mais alto e mais rápido, de acordo com as três fontes familiares ao inquérito.

Mas os controladores de voo solicitaram que a tripulação ficasse na altitude de 1.500 pés. Tentando obedecer, a tripulação reduziu a potência, desconhecendo que os motores defeituosos só poderiam oferecer tudo ou nada, disseram as fontes. Os motores foram então bloqueados em potência mínima, deixando apenas um motor funcionando.

Segundos depois, o avião caiu em um campo.

FONTE: Reuters

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