IAI Nesher

IAI Nesher

A impressionante carga de bombas do Mirage 5

O Mirage III, apesar de uma excelente plataforma, tinha uma série de falhas em seu sistema de motor e radar. Além disso, no céu claro sobre o Oriente Médio, não havia utilidade para todo o pacote de aviônica fornecido pelo fabricante francês. Após contatos com Israel, a Dassault concordou em desenvolver uma nova aeronave, com base no Mirage III, mas seguindo as diretrizes e os requisitos israelenses. Esta aeronave não tinha radar, mas, mas continha mais combustível e mais armamento do que o antecessor. O primeiro voo do Mirage 5 ocorreu em 19 de maio de 1967 e Israel encomendou 50 aeronaves do tipo.

No final da década de 1960, os estreitos laços entre a França e Israel começaram a esfriar, primeiro com o embargo de armas francês durante a Guerra dos Seis Dias (os árabes foram armados pelos soviéticos, então o embargo prejudicou principalmente Israel) e, finalmente, após o ataque israelense de comandos no aeroporto de Beirute em dezembro de 1968 (em seguida a um ataque de terroristas palestinos em uma aeronave da El Al). A França se recusou a entregar as 50 aeronaves já encomendadas por Israel e ao invés disso as incorporou em sua própria força aérea.

Mirage 5F do Armée de l’Air, Mirage 5J que foi embargado a Israel e incorporado ao servíço francês

A necessidade em Israel de substituir mais de 60 aeronaves perdidas durante a Guerra dos Seis Dias e na Guerra de Atrito em curso, levou Israel a adquirir os planos do Mirage 5 de forma privada e garantir os planos do motor através de espionagem.

Sob o nome de código “Nesher” (Vulture), a Israel Aircraft Industries (IAI) iniciou a construção secreta do novo caça em suas instalações do aeroporto de Ben Gurion. Em 21 de março de 1971, a primeira aeronave levantou voo e os suprimentos para a IAF começaram em maio do mesmo ano. No início, foi expressada uma decepção com as características ar-ar do avião, mas esta foi gradualmente silenciada e, finalmente, desapareceu após o excelente desempenho da aeronave durante a guerra do Yom-Kippur de 1973.

No total, 51 monopostos Nesher A e mais 10 bipostos B foram fabricados antes da produção ser terminada em 1974. O tipo equipou 4 esquadrões de combate — “First Fighter”, “First Jet”, “Hornet” e “Guardians of the Arava”.

A primeira vitória aérea de um Nesher ocorreu no dia 8 de janeiro de 1973, quando 4 Neshers do esquadrão do “First Fighter” escoltaram F-4 Phantoms na Síria para atacar uma base terrorista. Em um engajamento com MiG-21 sírios, 6 MiGs foram abatidos, dois pelos Neshers.

O Nesher teve grande sucesso na Guerra do Yom Kippur com dezenas de aviões egípcios, sírios e líbios derrubados, com o esquadrão “First Fighter” sozinho marcando 59 vitórias com perda de apenas 4 aviões.

Os triângulos amarelos pintados nas asas e cauda dos Mirage e Neshers israelenses serviam para diferenciá-los dos Mirage 5 líbios

Quando caças Mirage 5 líbios entraram na luta, todos os Mirage israelenses e Neshers foram marcados com grandes triângulos amarelos delimitados por uma grossa moldura preta nas asas e na cauda para evitar identificação equivocada. Pelo menos dois Mirage 5 líbios foram abatidos por Neshers, assim como um Phantom israelense foi derrubado por engano, o navegador e o piloto, um ex-comandante de esquadrão de Nesher, ejetando em segurança. No final da guerra, o Nesher número 510 derrubou 13 aeronaves inimigas, enquanto o número 561 derrubou 12.

Entre 1978 e 1981, o Nesher foi retirado do serviço, substituído pelo próximo caça de construção local de Israel, o Kfir. Exportados como “Dagger”, 35 exemplares monopostos foram vendidos para a Argentina, juntamente com 4 bipostos. Estes participaram da Guerra das Malvinas de 1982, atacando a força-tarefa britânica enviada para recuperar as ilhas, enfrentando os jatos Sea Harrier durante o desembarque em na baía de San Carlos.

 Especificação Israel Aircraft Industries Nesher
 Tipo Caça de ataque ao solo multifunção
 Propulsão Um turbojato SNECMA Atar 9C com pós-combustão
 Desempenho Velocidade máxima: Mach 2.1 a 39.370 pés; taxa de subida: 10.000 pés por minuto; teto de serviço: 55.775 pés; alcance: 1.300km
 Pesos Vazio: 6.600 kg; máximo de decolagem: 13.500 kg
 Dimensões Comprimento: 15,55m; envergadura: 8,22m; altura: 4,25m
 Armamento 2 canhões DEFA 30 mm e até 4.200 kg de armamentos  transportados sob a fuselagem e 6 pontos duros nas asas

 

FONTE: IAF Inventory

Subscribe
Notify of
guest

9 Comentários
oldest
newest most voted
Inline Feedbacks
View all comments
Clésio Luiz

A decepção inicial dos pilotos israelenses, era que a plataforma do Mirage V era mais pesada que os Mirage IIIC que Israel usava, com um motor que gerava apenas 200 kgf de empuxo a mais. Some-se a isso o fato deles terem removido o radar do IIIC, deixando-o ainda mais leve, apesar do lastro usado para manter o centro de gravidade dentro dos limites.

Poggio, a anos eu procurava essa foto da abertura em resolução descente, obrigado. Tem como identificar as bombas mostradas e seus respectivos pesos?

Guilherme Poggio

Agradeça ao Galante, Clésio. Ele que conseguiu.
.
Essa foto é clássica. Ela mostra os tanques RPK com quatro bombas de 500 libras cada. Nas estações três e sete estão outras bombas de 500 libras. No cabide central (Nafgan – mencionado no texto sobre as bombas nas Malvinas) estão duas bombas de 1000 libras. Nos cabides externos, que não aguentam muito peso, estão duas bombas de 250 libras.

Guilherme Poggio

Só mais um detalhe. Esse Mirage 5 da foto era o protótipo. Ele se arrebentou pouco tempo depois do primeiro voo. Fez um pouso forçado em Le Bourget e estava com essa mesma configuração de armas. Sorte que não eram bombas de verdade.

Clésio Luiz

Então as bombas das estações laterais traseiras (3 e 7 como você disse) são de 500 libras? Elas parecem maiores que as fixadas nos tanques RPK e que teriam o mesmo peso.
.
A FAB tinha esses tanques, mas não conseguir confirmar se eles foram comprados junto das aeronaves do primeiro lote em 1970 ou posteriormente. Acho que foi depois, afinal não lembro de fotos com eles antes da década de 1990.

Guilherme Poggio

Nos pontos 3 e 7 são de 500 libras, mas são de baixa arrasto (mais compridas).
.
O exemplar do MUSAL está com essa configuração tanque/bomba. Também não tenho certeza, mas acho que essa capacidade não era original dos nossos caças (eles só faziam superioridade aérea no início).

Jota

Srs. , boa tarde.
Se a França boicotou o fornecimento à Israel e eles conseguiram os projetos, como foi que conseguiram comprar as turbinas Atar?

Alexandre Galante

Apesar do embargo, os israelenses encontraram simpatizantes na indústria aeroespacial francesa para auxiliar na produção do Nesher.

A Dassault forneceu gabaritos de fabricação e ferramentas e até mesmo subconjuntos de fuselagem inteiras, apesar do embargo total. Curiosamente, as peças sobressalentes para a frota Mirage IIICJ estavam isentas do embargo e com o Nesher sendo um derivado do 5J que era um derivado do IIICJ, muitas peças sobressalentes acabaram sendo empregadas nos Nesher.

Os motores teriam sido copiados por engenharia reversa, com os 200.000 desenhos obtidos na Suíça.

Guilherme Poggio

Se a França boicotou o fornecimento à Israel e eles conseguiram os projetos, como foi que conseguiram comprar as turbinas Atar?
.
Jota, a resposta à sua pergunta é o tema do post publicado hoje (link abaixo)
.
http://www.aereo.jor.br/2017/06/08/mirage-5/

Marco

Interessante que em um programa antigo um As Israelense falava.que adorava o Nesher, mas era fundamental no Ar-ar manter a energia evitando manobras muito fechadas, tinha que se manter veloz em entradas e saidas verticais sobre o alvo, os Argentinos tentaram isso nas Malvinas mas os Harriers conseguiam evitar seus quase inuteis misseis Shafir e algumas vezes ainda despachavam um Sidewinder na recuperacao dos Daggers para a altitude. O fato eh que cada engajamento, mesmo com sucesso em recuperar a altitude sem receber.um Sidewinder, custava os preciosos tanques externos, enquanto isso acontecia, quase no nivel do solo passavam mais 3… Read more »