Um plano de voo para 2017
O engenheiro Ozires Silva, fundador da Embraer, em seu livro Cartas a um jovem empreendedor: realize seu sonho, vale a pena, trata da importância do sonho e das qualidades que permitem ao empreendedor passar do sonho para a realidade.
Leia a seguir um trecho do livro que compartilhamos com os amigos do Poder Aéreo e da Trilogia Forças de Defesa para servir de inspiração para os desafios de 2017:
“Na nossa visão de jovens, meu amigo Zico e eu não conseguíamos entender por que um país das dimensões do Brasil, com enormes carências na infraestrutura de transportes, não produzia máquinas que facilitariam a integração de todo o território. Era assim que enxergávamos o meio que nos rodeava naquela época. Nas nossas cabeças, esses dois sonhos se confundiam de tal maneira se tornaram um só. Queríamos voar. Hoje percebo com clareza que o sonho de voar é um elemento imprescindível na vida de qualquer empreendedor, a ignição que permite dar o arranque necessário para a criação de um negócio.
Grosso modo, a trajetória de um empreendedor pode ser dividida em cinco etapas. A primeira é o próprio e real “Sonho de Voar”. É quando o empreendedor imagina a obra que pretende construir, e se indaga sobre a capacidade dessa obra manter-se de pé no futuro. Que produtos a empresa fabricará? Que serviços prestará? Como comercializará suas mercadorias? É nesse momento do sonho que todas as respostas para estas perguntas devem ser buscadas. E não se acanhe: quanto mais alto sonhar, melhor.
O segundo momento é o do “Plano de Voo”. Aqui o sonho começa a ganhar forma. É aí que se analisam as possibilidades de se alcançar um determinado destino, ou seja, de transformar o sonho em algo concreto. É preciso avaliar com cuidado as dificuldades prováveis à frente, as condições meteorológicas da rota, as possíveis vantagens a serem exploradas e a quantidade de combustível necessária para vencer as etapas do voo. Tudo deve ser analisado com atenção redobrada. Assim como o voo precisa de um bom plano para chegar com segurança ao seu destino, uma empresa precisa de um planejamento detalhado para se manter de pé.
Com o plano na mão, é hora da terceira etapa, a “Decolagem”. É essa a última oportunidade para abortar a operação se isso se fizer necessário. Com o avião na cabeceira da pista, ainda é possível desistir. Mas no momento em que ele começa a se mover e atinge uma determinada velocidade, a única providência que o piloto pode tomar é seguir em frente. Assim também é a empresa. A partir do instante em que ela sai do papel e ganha forma real – seja ela a de um galpão cheio de máquinas, um depósito de mercadorias ou mesmo uma sala com mesas, cadeiras, computadores e telefones –, qualquer tentativa de abortar a operação pode se revelar extremamente arriscada. Portanto, se não tem certeza de sua intenção de voar, não decole.
Mas eu sei que, você é mesmo um empreendedor, nada fará com que desista de seu sonho. Portanto, já o imagino na quarta etapa: o “Voo de cruzeiro”. É nessa hora que você verificará se o plano traçado estava correto, ou se, ao contrário, terá de enfrentar imprevistos semelhantes aos que enfrentamos em qualquer momento de nossas vidas. É nesse instante que as turbulências surgem. É a hora de analisar as possibilidades. É quando caminhos alternativos precisam ser buscados e sua atenção e dedicação são mais exigidas, até o momento em que, finalmente, as condições perfeitas de um céu de brigadeiro permitam que você aviste a pista à frente.
A quinta e última etapa é o “Pouso”. Apenas nesse momento você terá certeza de que seus objetivos foram alcançados e estará pronto para novos sonhos e traçar novos planos, que possibilitarão voos ainda mais altos. Mas lembre-se: não queira pular etapas. Costumo dizer que a melhor maneira de chegar ao cume de uma montanha é subindo um nível de cada vez. Mais um aviso: em todas as etapas, esteja preparado para ouvir críticas. Elas virão de todas as partes, pois o mundo está repleto de engenheiros de obras prontas e de advogados de causas ganhas. Não permita que esses críticos o façam desistir. Ao contrário, procure extrair de cada crítica a melhor lição possível.”