Entenda a ‘designação de ensaio’ dos Mirage 2000
O programa de desenvolvimento do Mirage 2000 recebeu diferentes designações conforme o projeto evoluía. Estas eram conhecidas como “designação de ensaios”, sendo identificadas por um traço seguido de um número. Geralmente essas designações de ensaios sofriam alterações quando ocorria uma evolução significativa na aviônica (principalmente troca de radar e mudança no layout do cokpit), na motorização ou no armamento.
Inicialmente nem o fabricante e nem a Força Aérea Francesa utilizaram esta terminologia para identificar os exemplares das gerações iniciais, mas o que seria a primeira geração (Mirage 2000-1) foi representada pelos Mirage 2000 com radar RDM e motor M53-5. Já a segunda geração (Mirage 2000-2) foi representada pelos caças com radar RDI e motor M53-P2.
A partir da década de 1990 o sistema de designação empregado nos ensaios passou a ter conotação comercial e desde o desenvolvimento da variante 2000-5 os Mirage não seriam mais identificados por uma letra após o numeral “2000” como era feito até então (Mirage 2000C, Mirage 2000D, Mirage 2000N, etc). A seguir as principais designações de ensaios.
- 2000-3
Programa de modernização desenvolvido e custeado pela própria Dassault e outras empresas associadas ao programa Mirage 2000. Os estudos para o programa começaram em 1984 e foi efetivamente lançado em junho de 1986. O foco desse programa teve como base os desenvolvimentos no layout do painel projetado para o novo caça Rafale. O novo layout ficou conhecido como APSI (advanced pilot system interface) e era composto basicamente por telas multifuncionais no padrão glass cockpit.
Utilizando-se de um Mirage 2000B (B.01) modificado a Dassault ensaiou em voo as modificações pela primeira vez em março de 1988. A Dassault ofereceu esta atualização da aeronave no mercado internacional com o nome Mirage 2000 Flex. Porém, com exceção do protótipo reconstruído nenhuma aeronave com esta configuração foi comercializada.
- 2000-4
Este desenvolvimento é muito pouco divulgado e raramente mencionado. Trata-se dum programa privado (assim como o anterior) tendo como objetivo principal a integração do míssil Matra MICA. O mesmo avião empregado nos ensaios em voo para o programa 2000-3 recebeu um radar RDY e voou pela primeira vez com esta configuração em maio de 1988. O programa culminou com o primeiro disparo de um MICA por um Mirage 2000 contra um drone em janeiro de 1992.
- 2000-5
Esta variante incorporou os avanços das variantes -3 e -4 associando-os à introdução do radar RDY e à nova central de processamento de dados. Também foi incorporado um novo HUD e contramedidas eletrônicas ICMS Mk 2. Externamente as mudanças mais significativas são a ausência do tubo de pitot no nariz e a adição de uma antena no bordo de ataque da deriva (para guiagem de meio curso do míssil MICA), logo abaixo da antena de RWR(ver detalhes no desenho abaixo).
O primeiro avião com estas modificações (o mesmo B.01) voou pela primeira vez em outubro de 1990. Na Força Aérea Francesa 37 aeronaves foram modernizadas para o padrão -5 e receberam a designação Mirage 2000-5F. No mercado internacional a variante foi exportada para Qatar e Taiwan.
- 2000-9
Esta versão é uma evolução da variante anterior (-5). Ela foi desenvolvida para atender os requisitos específicos da Real Força Aérea dos Emirados Árabes Unidos. A aeronave incorporou capacidade avançada de combate ar-superfície, sendo capaz de lançar mísseis de cruzeiro Black Shaheen (versão do míssil Scalp) e bombas guiadas Hakim. A versão também está capacitada para usar os casulos de designação de alvo e iluminação Shehab (versão do Damoclès) e de navegação/FLIR Nahar. Além disso o radar RDY sofreu melhoramentos dando origem a versão RDY-2. O novo sistema IMEWS (Integrated Modular Electronic Warfare System) incorporou os sistemas ECM Spirale e Eclair.
- 2000-5 Mk2
Esta foi a última versão do Mirage 2000. Ela foi inicialmente anunciada em abril de 1999 e empregou basicamente as mudanças incorporadas pela versão 2000-9, vendida para os Emirados Árabes Unidos. A Dassault definiu esta como a versão de produção e exportação do Mirage 2000 para a primeira década do Século XXI.
A Grécia foi o primeiro cliente dessa versão e recebeu caças novos de fábrica bem como modernizou parte da frota mais antiga. Esta era a versão oferecida pela Dassault para o programa F-X, cancelado em 2004.
O programa de modernização dos Mirage 2000 indianos segue basicamente as linhas do programa -5 Mk2 com algumas atualizações pontuais mais modernas.
VEJA TAMBÉM:
Se o Mirage estivesse em produção venderia mais que o Rafale?
Acho que se o F5 estivesse em produção venderia mais do que o F35…
Já pararam para pensar que o Gripen entra na fatia de mercado do mirage? do F5?
foi uma visão de mercado sensacional…um monte de Mirage saindo do mercado, um monte de f5 para serem substituídos, e no lugar apareceu um Rafale super caro e outro mais em conta com tudo o Gripen..
Deveríamos ter projetado isso..
Sim Kfir tem razão, A Dassault apostou tudo no Rafale, muito bom, mais também muito mais caro, Talvez se tivessem conseguido fazer uma venda de aviões novos no meados dos anos 2000, como o FX-1 por exemplo, a linha de produção ainda estivesse funcionando e ai poderiam oferecer pra outras concorrências, como bem sabemos isso não aconteceu e a produção foi encerrada.
Legal a matéria eu não sabia que a nomenclatura correta dos Mirage 2000 da Grécia é “2000-5 MK2”
Bom dia Senhores!
Kfir e Maçolla é aí que a SAAB e EMB estão pensando! No mercado sul americano especialmente com o Peru, Colombia, Equador (quem sabe a Argentina se ela mudar de postura referente as ilhas Falklands) e claro o leste europeu e os Balcãs.
Lembrando ainda que Finlândia, Dinamarca e Suíça estão no páreo. Os dois primeiros com história de compras com a SAAB.
CM
A Dassault não interrompeu a linha do Mirage 2000 por falta de clientes, estes haviam, a India antes de inventar moda com o famigerado MMRCA tentou comprar Mirage 2000 e os franceses prefeririam fechar a linha e apostar tudo no rafale.
Me parece que está acontecendo alguma convenção de plastimodelistas, na cidade.
“…a India antes de inventar moda com o famigerado MMRCA tentou comprar Mirage 2000 e…”
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O único comentário lucido até o momento, mas mesmo assim necessita de duas pequenas correções:
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“…a (força aérea da) India antes de (o governo hindu) inventar moda com o famigerado MMRCA tentou comprar Mirage 2000 e…”
O Mirage 2000 é contemporâneo do F-16 (na verdade um pouquinho mais novo). O F-16 deve fechar a linha de produção em breve (mais quatro anos) e o Mirage 2000 também não teria muito mais mercado pela frente. . Geralmente duas coisas matam o projeto de um bom caça. Aumento do peso de decolagem (MTOW) ao longo da evolução e insuficiência energética para fornecer eletricidade para mais sistemas e sistemas mais modernos. . Peso é (quase) tudo na vida do caça. Geralmente os projetos nascem magrinhos e ágeis (há exemplos para todos os gostos, desde o MiG-21 até o F/A-18A).… Read more »
Alguém sabe informar se ha algum calendário do PORTÕES ABERTO 2016 ?
Lima,
Ano passado nesta data nós já tínhamos disponível o calendário na pagina da FAB.
Talvez por razões orçamentárias não teremos isso este ano…
É esperar para ver…no geral elas começam no mês de Outubro pra frente.
CM
creio que um M2000 com radar AESA e um IRST seria um bom competidor para o Gripen. Mas ia matar o Rafale.
Claudio Moreno,
Obrigado pela ajuda
Att
Prezado Poggio,
Excelente comentário.
Pelas razões que citaste, os franceses estão precisando de uma “evolução” nas M88 do Rafale.
Abraços
Prezado Luiz Monteiro Há espaço sim para uma evolução do M88. O programa ECO propõe o aumento da potência de 7,5 para 9 toneladas. O programa só precisava de investimentos, que possivelmente tenham chegado com as vendas do avião para Egito/Qatar/Índia. . No entanto, parece que o avião ainda sofrerá de deficiência de potência, caso queiram aumentar o alcance do radar (já que o diâmetro da antena é função das dimensões do nariz da aeronave e não dá para mudar isso facilmente). . Em outras palavras. O aumento da potência do motor do Rafale possui limitações que, em grande parte,… Read more »
Faltou comentar que a versão inicial de exportação tem designação genérica de Mirage 2000E. Elas usavam o radar RDM.
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Seria bom uma reportagem rápida sobre isso Poggio, pois é confusa a lógica adotada pela Dassault nos nomes.
Verdade Clésio
Assim que tiver um tempo eu faço uma complementação desse texto. Falei aqui das “designações de ensaio” (comecei pelo fim!). No próximo falarei das designações originais. Deve-se lembrar que a culpa pela lógica pouco clara dos nomes não se deve somente ao fabricante, mas também à Força Aérea.
É mais esses deltas são bonitos vão deixar saudades até hoje a Arme d´Leir não se furta ao emprego dos mesmos.
Poggio,
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Muito bom o texto e especialmente os comentários.
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PS: Editores, estou tentando comentar no Poder Naval mandando uma notícia que achei interessante falando dos Scorpene indianos mas não ta indo.
Amigos, Novas tecnologias construtivas e de materiais permitiram evolução nas M88 do Rafale. Essas tecnologias envolviam novas ligas, uso de “blisks” (blades and disk em peça única), refrigeração interna das palhetas, entre outras soluções. De maneira semelhante ao que ocorre com o GE F414, esse tipo de evolução tecnológica pode tomar dois rumos: aumento da segurança/durabilidade ou aumento de potência. Para o Rafale, essas duas direções foram desenvolvidas no programa TCO (ou pack CGP) e no programa ECO, respectivamente. Um projeto de aumento de potência tem que ser acoplado a outros desenvolvimentos na aeronave para que todo seu potencial seja… Read more »
Aproveitando a presença de vários Fabianos neste espaço, gostaria de lançar uma questão. A moderna defesa aérea na FAB, criada há uns 40 anos atrás com os DACTA, previa algumas bases com caças em alerta para interceptação, 3 bases, Anápolis, Santa Cruz e Canoas como todos sabem. Um modelo coerente técnica e economicamente que só não foi melhor, por falta de recursos para mais bases aéreas em pontos descobertos do território. No projeto FX, até onde sei os aviões estarão baseados em Anápolis apenas, o que nos remete ao seguinte cenário. Os F-5 irão manter a capacidade de interceptação em… Read more »
OFF TOPIC Vídeo – Primeiro Trailer Oficial – Documentário “Turma da graxa” Muito bom.
https://www.facebook.com/turmadagraxa/videos/1062557010457957/
Aéreo,
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36 Gripens da pra dotar dois esquadrões com 18 cada (14 monopostos e 4 bipostos ou outra configuração diferente para a especificidade das missões). Esse é só um primeiro lote (espero que venham um segundo e um terceiro). A ideia é que substitua os Mirage (os primeiros entrariam pra preencher um buraco), os F-5 (estão no limite) e depois os AMX.
Com o ganho de autonomia do Gripen sobre o F-5, acredito que seria melhor deixar só os AMX no RS (com apoio dos Gripens do RJ) e o terceiro esquadrão eu colocaria em Manaus.
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Valeu
Mais um ótimo comentário Justin.
Realmente a Força Aérea Francesa anunciou que não tem interesse em aumentar a potência do radar. Para ela isso não é fundamental. Essa questão surgiu quando os EAU estavam negociando o Rafale e queriam algo próximo do que o F-16 Block 60 fornece. E para que isso ocorresse seria necessário dar mais potência ao radar do Rafale.
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No entanto, para que o Rafale continue competitivo nos próximos 20 anos eu entendo que será sim necessário um aumento da potência gerada.
Delmo Almeida, eu particularmente acho essa divisão 14+4 para o esquadrão coisa de 1º mundo, penso que os 36 seriam pra mobiliar 3 esquadrões, chute meu.
O lote ora adquirido contempla 28 monplaces e 8 biplaces. Seriam então possivelmente 3 conjuntos de 8+2 células e 1 conjunto de 4+2 células.
O melhor seria descartar os biplaces e arredondar a conta p/ 40 monoplaces.
também achei que 36 dava pra mobiliar 3 esquadrões, mas depois pensei que ainda teria que ter reservas para quando chegasse o tempo das manutenções periódicas das naves. será que falei certo? sou leigo mas ando prestando atenção e muito nos comentários dos especialistas…. mas sério bem que podia equipar os esquadrões de Anápolis, Manaus e Canoas.
36 Gripen NG pra substituir quase 100 aeronaves F-5 e A-1, com nossa imensidão, acho que não.
Mas se os caças adicionais serão mais Gripen NG, algo inferior (como o FA-50 coreano), ou até mesmo algo superior (F-35), depende dos rumos futuros da economia e da política.
Mauricio R. o que você tem contra os plastimodelistas ?
“Mauricio R. 3 de maio de 2016 at 11:29
Me parece que está acontecendo alguma convenção de plastimodelistas, na cidade”.
“O único comentário lucido até o momento, mas mesmo assim necessita de duas pequenas correções:”
Não vejo o que este tipo de observação acrescenta a discussão se na verdade só critica posições de outros comentaristas.
Caros Com anexos aerodinâmicos, o F-16 block 60 e posterior conseguiu incorporar muitos avanços atuais. Porém, como o Poggio já explicou, o que acontece hoje é que os motores dele estão no limite do desenvolvimento. Os anexos aerodinâmicos (tanques conformais, aumento do MTOW, aumento de potência, troca de radar, etc), foram proporcionados por layout de asas mais flexível neste sentido (em relação ao formato delta do m2000). A aerodinâmica do falcon permitia isso e o delta conservador do Mirage, não. A Índia vai gastar em torno de 2,6 bilhões de dólares pra modernizar 40 m2000 a um padrão já atrasado.… Read more »