Rafale na Índia: comandante da IAF espera conclusão das negociações até o final do ano

16

Comandantes forças aéreas indiana e francesa e Rafale no Garuda V - foto via twitter Dassault

Comandante da Força Aérea Indiana admitiu que há uma escassez de caças e que gostaria de 100 aeronaves do tipo do Rafale para equipar 6 esquadrões. Franceses teriam concordado com a cláusula de ‘offset’ de 50% do valor do contrato de 36 jatos, para investimento de US$ 4,5 bilhões na Índia

Segundo reportagem do jornal indiano Business Standard, o comandante da Força Aérea Indiana (IAF), marechal do ar Arup Raha, expressou no último sábado a esperança de que as negociações para a compra à França de 36 caças Dassault Rafale “de prateleira” serão concluídas por volta do final deste ano. “Eu tenho a esperança das negociações para o contrato não irem além deste ano”, disse Raha, em conferência anual que precede o Dia da Força Aérea Indiana, a ser comemorado em 8 de outubro. Ele acrescentou, segundo o jornal: “Essa é a minha percepção”.

O comandante da IAF também admitiu haver uma escassez de caças, e que há um requerimento da Força para pelo menos seis esquadrões de aviões de combate do tipo médio multitarefa. A categoria está relacionada à sigla do programa “MMRCA” (medium multi-role combat aircraft), no qual o jato francês Dassault Rafale foi selecionado no início de 2012 para negociações envolvendo 126 aeronaves e transferência de tecnologia para fabricação na Índia, num programa de custo estimado em 20 bilhões de dólares. Porém, ao longo de três anos de negociações infrutíferas, esse programa deu lugar a um acordo para aquisição direta do fabricante francês, a chamada compra “de prateleira”.

Rafale em teste com seis AASM dois Meteor quatro Mica e três tanques de 2000l - foto 4 Dassault

Comandante prefere comprar mais Rafale, mas admite haver opções – Os seis esquadrões de aeronaves da categoria MMRCA significariam cerca de 100 caças, e o comandante Arup Raha declarou ter preferência para que este número seja complementado com o próprio Rafale, mesmo com a ressalva de que há outras opções e que novas compras (e o tipo de aeronave a comprar) são decisões do Governo Indiano.

Nas palavras do comandante da IAF, segundo a reportagem do Business Standard: “Definitivamente, nós gostaríamos de ter mais aviões MMRCA. Pelo menos cerca de seis esquadrões, na minha visão. Teremos que ver, pois também pode haver outras alternativas. Eu gostaria de ter o Rafale, mas há outros aviões tão bons quanto. Assim, se o acordo é bom e o governo decidir, nós precisaremos ter seis esquadrões similares de MMRCA.”

Para a entrada em operação dos 36 caças Rafale a serem adquiridos no contrato atualmente em negociação, serão necessários três anos, e essa quantidade seria suficiente para dois esquadrões. “Se as cláusulas e condições forem boas, então estou certo de que teremos mais. Porém, no momento, estamos focados em 36”, disse Raha.

Rafale - foto Cyril Amboise - SIRPA Air via Dassault

Franceses teriam concordado com “offset” de 4,5 bilhões e foram à Índia – Em 29 de setembro, o jornal Economic Times noticiou que era iminente um grande passo nas negociações, que poderiam terminar em cerca de um mês: o lado francês teria concordado com as condições indianas de que 50% do valor do contrato do Rafale fosse investido pelos franceses na Índia. Os projetos para esses investimento de fabricantes franceses, nessa cláusula de “offset” (compensações) de 50%, seriam voltados à produção local em projetos de defesa, segurança e do setor aeroespacial indiano, na chamada política “Make in India” (fabrique na Índia).

Segundo fontes do jornal, para que os franceses concordassem com o offset de 50% do valor do contrato, ou seja, em investir cerca de 4,5 bilhões de dólares em projetos “Make in India”, os indianos teriam relaxado sua política bastante restrita quanto a compensações no setor de defesa, atendendo assim a preocupações específicas do fabricante do Rafale.

Ainda segundo o Economic Times, uma equipe de alto nível, liderada pelo general-engenheiro Stephane Reb, diretor da DGA francesa (Diretoria Geral de Armamento) chegaria à Índia já naquele dia para trabalhar nas negociações finais de preço. A informação foi dada por fontes do jornal ligadas ao processo.

Entre os investimentos franceses em programas “Make in India” que poderiam ser realizados, e que seriam justamente do interesse de empresas como a Dassault (fabricante do Rafale) e Thales (fornecedora dos equipamentos eletrônicos do caça), estaria a fabricação de componentes de jatos executivos da Dassault, da família Falcon. Também poderia ser contemplado o projeto de “cidades inteligentes” da Thales.

Rafale em Le Bourget 2013 - foto Dassault

Um contrato de US$ 9 bi para 36 caças “de prateleira” – Conforme o Economic Times havia noticiado em reportagens anteriores, as negociações para a compra dos 36 caças Dassault Rafale “de prateleira” emperraram justamente na questão de offsets e de preço do contrato. Essas negociações começaram pouco depois de abril deste ano, quando o primeiro ministro indiano Narendra Modi anunciou em Paris que compraria 36 jatos Dassault Rafale num acordo governo a governo com a França, e ficaram praticamente paralisadas nos últimos quatro meses.  Porém, em 1º de setembro, a equipe de negociação indiana deu o sinal verde para concluir o acordo, após um encontro de alto nível dos responsáveis por aquisições de defesa na Índia.

Considerando esse valor de 4,5 bilhões de dólares informado pelo Economic Times para as compensações, que corresponderiam a 50% do total do contrato para os 36 jatos Rafale “de prateleira”, conclui-se que o valor final da compra dessas três dúzias de caças da Dassault seria de US$ 9 bilhões.

Em abril, a Reuters chegou a noticiar que o valor da compra equivaleria a 4 bilhões de euros, mas esse valor seria discrepante com outras aquisições recentes do caça francês por clientes externos: o Egito e o Catar assinaram contratos para aquisição de 24 caças Rafale cada um, e os valores divulgados para os acordos variaram entre 5 e 6 bilhões de euros cada (embora os pacotes incluíssem diferentes equipamentos associados, e até mesmo um navio, no caso do Egito). Para saber mais, consulte matérias anteriores na lista abaixo.

Rafale e lua - foto Dassault

FOTOS (em caráter meramente ilustrativo): Dassault  – a imagem do alto mostra o comandante da Força Aérea Indiana, marechal do ar Arup Raha, cumprimentando o então comandante (chefe do Estado Maior) da Força Aérea Francesa, general Denis Mercier, após o primeiro ter voado no Rafale e o segundo num Su-30, durante o exercício indo-francês Garuda V, realizado em junho do ano passado.

VEJA TAMBÉM:

Subscribe
Notify of
guest

16 Comentários
oldest
newest most voted
Inline Feedbacks
View all comments
_RJ_

Espera-se que por volta de 31 de Dezembro esteja concluído o ano de 2015.

Todo o resto é mera especulação, já não espero mais nada dessas negociações.

Guilherme Poggio

Mas não foi exatamente isso que disseram no ano passado? E no anterior?

andreas

Se não me engano, anunciaram o rafale antes da gente anunciar o gripen. Nós anunciamos, assinamos o contrato e o contrato de financiamento. E a Índia, nada…

Tão vendo? Não somos os piores do mundo para assinar contratos de caças, hehehe.

Knight

A Índia anunciou a vitória do Rafale em janeiro de 2012. É possível que já estejamos recebendo os primeiros Gripens NG e ainda não tenha havido um acordo entre indianos e franceses.
Umero
A propósito: viram o valor do contrato.de aquisição do Rafale de prateleira, com apenas 50% de offset? O mesmo número pretendido pelo Brasil, só que significativamente mais caro e com menos bem menos contrapartidas.

Vader

Pois é caro Knight. US$ 9 bilhões por 36 caças “de prateleira”, e isso apenas com offset de 50%, sem ToT, armas, treinamento, nada. Agora pergunto a todos: Quanto sairia para um certo país tropical “abandonado por Deus” e saqueado pelas esquerdas adquirir 36 caças com ToT “irrestrita” (by Nicolas Sarkozy), mais armas, mais treinamento, mais offsets no mínimo de 60% (s.m.j.), com construção em território nacional, mais o tradicional e institucionalizado pixuleco?????? Entendem agora porque que o wikileaks noticiou que, segundo a CIA e NSA, o negócio do Rafale para o Brasil foi acertado para que o Lula pudesse… Read more »

Groo

Poderiam colocar a estátua na sede da AEL.

Pangloss

Vader
7 de outubro de 2015 at 11:39

Sem falar que seria muito pouco provável que Dom Ináfio realmente requeresse sua aposentadoria das atividades ilícitas por ele desenvolvidas.

Talvez ele até pedisse abono de permanência.

Agora, se fosse garantido que Sua Excrescência realmente se aposentasse após a compra dos Rafales, seria um ótimo negócio para o país.

A FAB pagaria mais caro, mas o Brasil teria menos prejuízo, no cômputo final.

Lula, em ação, custa muito caro.

Groo

O Lula é honesto

http://www.jb.com.br/pais/noticias/2015/09/26/mpf-arquiva-ultimo-inquerito-sobre-lula-no-mensalao/

Os brigadeiros e a AEL são honestos

http://www.aereo.jor.br/2015/09/03/mpf-arquiva-inquerito-sobre-o-programa-f-x2-da-fab/

Acredito que os generais indianos e a Dassault são honestos também.

Wellington Góes

Groo, rsrsrs maldade!!! 😉

Vader

Essas insinuações podem ser bem engraçadinhas (vejam que o engraçadinho-mor já se adiantou em dar risadinha), mas a verdade é que o MPF investigou e não achou nada que desabonasse a conduta do comando da FAB e/ou da COPAC.

No mais, bom lembrar que a AEL seria envolvida qualquer que fosse o ganhador do FX2, até porque a Embraer sem ela não faz nada.

Groo

O MPF investigou e não achou nada que desabonasse a conduta do comando da FAB e a conduta do Lula no mensalão. Qualquer insinuação de corrupção por parte do alto comando da FAB ou do nosso ex-presidente é injusta. E digo mais, esse boato do wikileaks nada mais é que uma forma das agências de espionagem estadunidenses municiarem nossa mídia golpista contra o principal líder progressista latino americano como retaliação às medidas antineoliberais adotadas de forma a combater, como nunca na história deste país, as desigualdades sociais que perpetuam a elite branca opressora no poder. Também não há nada que… Read more »

Vader

Agora é a minha vez de rir:

AHAHAHAHAHAHAHA!!!

🙂

Dexter

Groo kkkkkk piadista!!!! Kkkk
Quando vem, “”estadunidense”, “Mídia Golpista”, “nuncaantes nessepaifff”, e “elite branca Opressora”…..E o pior:
Tudo isso num comentario só!!?!!
Só resta rir e muito…kkkkk
Mas resta uma dúvida: Se conseguem decorar (tão bem) a cartilha do que dizer e teclar direitinho, pq não observam o mal que fizeram e fazem ao País?? Não acredito em ignorância…
Aja Pixuleco pra tanta gente….
Kkkk mas essa do principal lider PROGRESSISTA foi ótima….
Atrasam o País em décadas, e falam em progresso… Só rindo mesmo…

Marcelo

Embraer sem AEL não sabe fazer nada? Já que todos estão rindo, deixem eu rir também:
Hahahahahahahahahhahaha
Cada uma viu….

Vader

É, o comandante da FAB deve ter ido pra Jerusalém pra orar no Muro das Lamentações…

Repito: ao menos no que toca a projetos militares a Embraer sem a AEL não faz nada!

Marcelo

Não Vader, talvez ele tenha ido para POA para visitar os amigos e parentes que trabalham por lá. Mas não sei, nem me importo muito para onde o comandante da FAB gosta de ir.