O promissor mercado de produção da indústria aeroespacial brasileira
José Tavares
Profissionais e estudantes, que buscam uma especialização de forte demanda, devem ficar atentos. As oportunidades profissionais na área de produção da indústria aeroespacial são promissoras, principalmente no desenvolvimento e produção de veículos aeroespaciais no Estado de São Paulo, região que concentra o maior polo aeroespacial da América Latina. Para se ter uma ideia desse potencial, o Brasil tem atualmente 136 estabelecimentos instalados para fabricação de aeronaves, sendo que 99 deles encontram-se no estado (Relação Anual de Informações Sociais – Rais, do Ministério do Trabalho e Emprego/2012). São Paulo responde por 73% das unidades locais, 95% do pessoal ocupado e 96% do Valor da Transformação Industrial – VTI, da indústria aeronáutica nacional (IBGE/2011).
O número de profissionais contratados nesse setor deve aumentar substancialmente nos próximos anos devido, sobretudo, ao programa FX-2 de reequipamento e modernização da frota de aeronaves militares supersônicas da Força Aérea Brasileira – FAB. A previsão é de que, em 20 anos, o número de aviões duplique com substituições e compras de aeronaves, chegando a uma frota de 120 veículos até 2030. E mais: conforme dados da Associação das Indústrias Aeroespaciais do Brasil – AIAB, a indústria aeroespacial brasileira é a maior do Hemisfério Sul. Quando comparada às indústrias líderes dos EUA e da Europa, percebe-se que apresentou, em 2010, 4,9% da receita da indústria europeia e 3,3% da norte-americana.
A cidade de São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, está sendo inclusa nesse próspero mercado, a partir do projeto FX-2. Será instalado na cidade um importante polo de fabricação de peças de fuselagem para as aeronaves Gripen NG. O governo brasileiro adquiriu 36 caças Grippen NG, da empresa Saab, da Suécia, e 15 serão totalmente fabricados aqui. Para atender a essa demanda, deverão ser contratados novos profissionais, especialmente os especializados na gestão da produção. Destacam-se, também, as oportunidades que devem se abrir com a fabricação do KC-390, maior avião já construído pela indústria aeronáutica brasileira. Estudo de mercado, feito pela Embraer, indica um potencial de vendas de 728 unidades para 77 países, o que representa negócios da ordem de US$ 50 bilhões, nos próximos 10 anos.
O futuro é imediato para o profissional dessa área, atrelado ao crescimento da indústria aeroespacial no Brasil, que tem a Embraer como integradora e centenas de fornecedores na cadeia de produção. Uma das líderes mundiais, a Embraer registrou um volume de 87% de exportações em 2010, mais da metade deste montante para EUA e Europa. A propósito, o avanço da participação da Embraer no mercado mundial, nos setores comercial, executivo e de defesa, é um forte indício da necessidade de explorar os negócios com fornecedores locais daqui para frente.
Ressalta-se que o segmento aeronáutico oferece uma variada gama de produtos, tais como: aviões, helicópteros, seus conjuntos e partes estruturais, motores, seus componentes e peças, equipamentos de radiocomunicação e navegação, sistemas e equipamentos embarcados e para o controle do tráfego aéreo. Também são oferecidos serviços de manutenção, reparo e revisão geral de aeronaves de diversos portes, motores, componentes e equipamentos de sistemas de bordo, além de serviços de projeto e engenharia e serviços industriais relacionados.
Enfim, trata-se de um setor em franco crescimento no país. A Embraer está fechando contratos de batelada, com total potencial para expandir. E as empresas precisam de profissionais para gerir a produção. Por isso, é essencial ter pessoal qualificado. O Centro Universitário da FEI acaba de lançar o curso de pós-graduação em Gestão de Produção Aeroespacial, que visa suprir essa demanda e preparar profissionais especializados, particularmente, na gestão da produção de uma aeronave, voltados para liderança – as empresas poderão contratar os especialistas sem precisar capacitá-los internamente.
O curso é absolutamente inédito no país. É uma especialização para quem já fez Engenharia de Produção, por exemplo. O candidato pode ter graduação também em Administração, Tecnologia ou outras áreas correlatadas, mas é desejável ter experiência em produção. As disciplinas abordam processos, gestão, projetos e qualidade. O conhecimento que o curso transmitirá ao aluno é uma peça-chave para as empresas produtoras do segmento aeroespacial.
Embora ainda haja muito a ser trabalhado para que o Brasil alcance o patamar desejado, a avaliação do país no setor aeroespacial é considerada positiva e significativa, dado o caráter estratégico e tecnológico que este setor requer. Ainda que a indústria aeroespacial brasileira se encontre em um processo de evolução, é tratada com especial atenção na estrutura produtiva do país por ser de alta tecnologia, possuir destaque e competir – mesmo que em menor posição – com as líderes mundiais. Então, é hora de aproveitar para formar pessoal com expertise, ajudar o mercado a crescer e o Brasil a evoluir nessa área.
* É professor e coordenador do curso de pós-graduação Gestão de Produção Aeroespacial da FEI
Não tem nada de promissor no FX2, levou vinte anos para se decidir e após se decidir ficam enrrolando para assinar o contrato, por isso o FX2 até agora não é realidade. O KC 390 que já tem contrato assinado e apresenta-se como um projeto que pode trazer divisas para o país passa por contingenciamentos consecutivos de verbas. Portanto, tudo isso é pura especulação, e olha que eu sou um fã incondicional de aeronaves militares…. Pena sermos brasileiros…. Não vejo solução para nosso país, tudo que fazemos de errado esta muito enterrado em nossa maneira de ser, desde levar uma… Read more »
Esqueçam a Embraer , devagarinho ela esta indo embora do Brasil.