Força aérea do Afeganistão luta para sobreviver sem a Otan

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AN Afghan air force MD 530F Cayuse Warrior prepares to land in Kabul, Afghanistan, Dec. 6, 2014. The multi-purpose helicopter will enhance scout attack, armed escort and close air attack capabilities of the Afghan air force. (U.S. Air Force photo by Staff Sgt. Perry Aston/Released)

ClippingNEWS-PASeis meses depois que a Otan finalizou sua missão de combate no Afeganistão, a força aérea do país asiático tenta alçar voo sozinha, lutando contra os talibãs e a escassez de recursos e pessoal com um punhado de aeronaves.

Quando as tropas internacionais chegaram ao Afeganistão há 13 anos, a frota aérea do país asiático estava já estava sucateada, após perder quase todas as 580 aeronaves que tinha no início dos anos 80 e durante a guerra civil (1992-1996) que precedeu o governo talibã.

“Naqueles tempos nem sequer os países da região, entre eles Irã e Paquistão, tinham aeronaves tão avançadas”, declarou à Agência Efe o ex-comandante da forças aérea e analista político, Atiqullah Amarkhil.

Meses depois do final da missão de combate da Otan, com a Aliança Atlântica restrita a tarefas de capacitação e assessoria, e os cerca de 10.000 soldados americanos vislumbrando sua saída, as forças de segurança afegãs sobrevivem com uma frota de apenas uma centena de aviões e helicópteros.

Deles, apenas 33 são de combate, razão pela qual inclusive começaram a armar aeronaves de transporte para proporcionar apoio aéreo a seus 350.000 homens.

“Montamos receptáculos para armas em helicópteros de transporte e os utilizamos ao mesmo tempo para atacar os milicianos e para transporte devido à falta de aviões de combate”, explicou à Efe o porta-voz do Ministério da Defesa afegão, Dawlat Waziri.

Apesar de sua frota de combate atual ser muito superior às cinco aeronaves que tinha em 2014, o Afeganistão ainda precisa de caças e bombardeiros para compensar a ausência dos mais de 150.000 soldados da Otan que chegaram a estar em território afegão, advertiu Waziri.

“Agora toda a responsabilidade recai sobre nossos ombros e temos que fazer melhorias em nossa força aérea de qualquer forma possível”, disse Waziri sobre a modificação de vários helicópteros russos de transporte Mil Mi-17 para acrescentar receptáculos para armas e mísseis.

Uma solução arriscada, segundo Amarkhil, que lembra que isso não evita que possam ser derrubados com um único tiro de um fuzil de assalto AK-47, a arma individual mais produzida do mundo e a mais comum entre os talibãs.

O ex-comandante militar se mostrou convencido de que as tropas afegãs “poderiam vencer os insurgentes muito facilmente” com apoio aéreo e ressaltou a importância de uma aviação para um país com uma “situação geopolítica montanhosa”.

Muitos lugares do Afeganistão são acessíveis apenas por ar devido à acidentada orografia e ao bloqueio das estradas por parte dos talibãs, que desde o começo de sua tradicional ofensiva de primavera, em 24 de abril, tomaram o controle de várias áreas do nordeste do país.

O distrito de Yamgan, na província nordeste de Badakhshan e atacado no dia 6 de junho por centenas de insurgentes, é um desses lugares remotos.

“Não pudemos enviar tropas adicionais nas primeiras cinco horas porque não tínhamos helicópteros e o distrito acabou sendo dominado pelos talibãs”, lamentou à Efe o governador provincial, Shah Waliullah Adeeb.

Uma semana depois, os insurgentes atacaram uma delegacia de Helmand e, após horas de confrontos, mataram 18 policiais, algo que poderia ser evitado com apoio aéreo, segundo assegurou à Efe o porta-voz do Conselho Provincial, Attaullah Afghan.

À escassez de material militar se soma a falta de pessoal qualificado.

O comandante Mohammad Dawran reconheceu na semana passada a jornalistas que “a força aérea não melhorou no mesmo nível que as forças de infantaria do exército” e que é preciso “tempo para treinar o pessoal suficiente”, já que a tecnologia atual “não é tão simples como a de quatro décadas atrás”.

Uma fonte da missão da Otan no país, que em dezembro passou a substituir sua operação de combate deixando 4.000 soldados em tarefas de assistência e capacitação, considera que a aeronáutica afegã está mais preparada que meses atrás.

“A força aérea afegã melhorou consideravelmente no último ano”, disse, destacando que na atualidade se encarregam sozinhos de planejar e executar operações como evacuações de vítimas, supervisão armada ou transporte de soldados.

FONTE: Terra/Efe; FOTOS: USAF

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