Notas oficiais da FAB sobre investigação do acidente com o helicóptero que levava filho do governador de SP
Nos dias 2 e 3 de junho, o Centro de Comunicação Social da Aeronáutica (CECOSAER) divulgou notas oficiais sobre a investigação, a cargo do CENIPA (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), do acidente que ocorreu em 2 de abril com o helicóptero de matrícula PP-LLS, e que ganhou destaque na mídia por ter vitimado Thomaz Rodrigues Alckmin, filho do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin – também morreram no acidente da aeronave, modelo Airbus Helicopters H155 (Eurocopter EC-155), o piloto Carlos Haroldo Isquerdo Gonçalves e os mecânicos Paulo Henrique Moraes, Erick Martinho e Leandro Souza.
Abaixo, reproduzimos os textos das notas divulgadas em 2 de junho e sua complementação publicada no dia seguinte, esta última acompanhada de duas ilustrações explicativas.
CENIPA informa sobre as investigações do helicóptero PP-LLS (nota de 2 de junho)
Quanto à investigação do acidente com o helicóptero de matrícula PP-LLS, ocorrido no dia 2 de abril, em Carapicuíba-SP, conduzida pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA), este Centro de Comunicação Social (CECOMSAER) informa:
1- Segundo exame dos destroços, os danos encontrados nos motores, transmissão principal e de cauda, pás do rotor principal e de cauda e demais componentes da aeronave foram consequências e não causas da queda.
2- Controles flexíveis (ball type) e alavancas (bellcranck) – dois componentes fundamentais para o piloto controlar a aeronave em voo –– estavam desconectados antes da decolagem.
3- A Comissão de Investigação estuda a documentação da aeronave e dos serviços realizados pelas empresas de manutenção.
4- O voo do dia 2 de abril foi o primeiro do PP-LLS após quase dois meses de intervenções previstas de manutenção.
5- Até o momento, as evidências apontam que o comandante estava pilotando a aeronave em todas as fases do voo.
6- Os investigadores analisam ainda os componentes eletrônicos da aeronave, com apoio dos representantes acreditados designados pelo BEA (Bureau d´Enquêtes et d´Analyses), órgão francês de investigação.
7- Pelo fato de a investigação estar em andamento, ainda não é possível apontar conclusões acerca dos fatores contribuintes que desencadearam o acidente.
8- É importante ressaltar que os acidentes aeronáuticos não ocorrem por uma causa isolada, mas por uma série de fatores contribuintes encadeados.
9- Por fim, o objetivo principal da investigação é identificar os fatores contribuintes que gerarão recomendações de segurança, completando assim o ciclo da prevenção de acidentes.
Brasília, 02 de junho de 2015.
Brigadeiro do Ar Pedro Luís Farcic
Chefe do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica
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CENIPA informa sobre as investigações do helicóptero PP-LLS (nota de 3 de junho)
Em complemento à nota oficial divulgada no dia 2 de junho de 2015, a respeito do acidente com a aeronave prefixo PP-LLS, este Centro acrescenta:
- O sistema de comando de voo do helicóptero acidentado é composto por diversos componentes, dentre eles três conexões com funcionamentos independentes e fundamentais para o controle da aeronave.
- Uma conexão localiza-se no lado direito-inferior da aeronave e as outras duas no lado esquerdo-inferior. Cada conexão é formada por controles flexíveis (ball type: 12, 29 e 28) e suas respectivas alavancas (bellcrank: 11,13; 30,27; 31,26), conforme figura 1 abaixo.
- Foi identificado que algumas dessas peças (11 e 12), no lado direito-inferior da aeronave, estavam desconectadas antes da decolagem. Essa desconexão diz respeito ao posicionamento incorreto do arranjo mecânico, em desconformidade com os manuais do fabricante, fato que ensejou o desprendimento em algum momento do voo.
- Por fim, cabe ratificar que na atual fase da investigação ainda não é possível apontar conclusões acerca dos fatores contribuintes que desencadearam o acidente.
Brasília, 03 de junho de 2015.
Brigadeiro do Ar Pedro Luís Farcic
Chefe do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica
IMAGEM DO ALTO – reprodução TV Globo via G1 (cena de decolagem da aeronave acidentada)
Acho pouquíssimo crível que o piloto tenha cometido a insanidade, ou mesmo conseguido decolar o helicóptero com as inconformidades verificadas. Me parece serem itens total e absolutamente “no go”. Com a palavra os PPHs do blog…
Mas vamos aguardar o término das investigações.
Vader, boa noite; A nota do dia 3 diz, textualmente: “Foi identificado que algumas dessas peças (11 e 12), no lado direito-inferior da aeronave, estavam desconectadas antes da decolagem. Essa desconexão diz respeito ao posicionamento incorreto do arranjo mecânico, em desconformidade com os manuais do fabricante, fato que ensejou o desprendimento em algum momento do voo.” As expressões “desconetadas”, “desconexão” e “desprendimento” geram ambiguidade na descrição. Se estava desconectada, não pode se desprender (soltar), porque já está solta! Se qualquer um dos atuadores do prato fixo estivesse solto, o helicóptero não decolaria! É só mais uma tentativa de tapar o… Read more »
Pois é meu Coronel! Agora explique para mim o porquê de a FAB estar tentando distorcer a coisa assim!?
É a síndrome do escorpião.
Sempre ao prender uma peça, há um contra pino. Já vi componente ser parafuso, apertado e, após virações, começar a se soltar.
As notas oficiais da FAB sobre alguns achados e outros imaginados mais fez lançar dúvidas do que esclarecer a sequência de eventos que resultou no acidente fatal em tela neste post. Esta é uma tentativa de esclarecer alguns pontos que restaram duvidosos ou deformados. Como uma imagem vale mais que mil palavras, por economia, baseio esta descrição nas imagens de mais de um Bell 216, principalmente nesta imagem frontal. http://www.aereo.jor.br/wp-content/uploads//2015/06/Bell-216-imagem-frontal-via-Franco-Ferreira.jpg A quantidade de pás não interfere de modo significativo nos trens-de-comando resultando ao alcance dos pilotos um cíclico e um coletivo e dois pedais, independentemente do porte da aeronave ou… Read more »
Correção necessária no sexto comentário.
Um aviador altamente especializado nas coisas da ICAO instruiu-me que o organismo internacional não “exige” nada, mas “recomenda” quando acha necessário.
Destarte, solicito substituir a palavra “exigido” pela expressão “recomendado” no último parágrafo do texto do sexto comentário acima.
Feito, Franco.
Abs!
‘Brigado, Nunão!