Rafale na Índia: MD nega que irá comprar e também que não irá comprar mais caças…
Quanto a informações claras, apenas a que o ministro da Defesa da Índia deu sobre começarem, na semana que vem, as negociações para a compra de 36 caças franceses Dassault Rafale ‘de prateleira’
–
Sim, é isso mesmo que você leu. Como veremos a seguir, as coisas continuam bastante confusas na política indiana a respeito da compra de 36 caças Dassault Rafale “de prateleira” e da possibilidade de mais aeronaves serem compradas no futuro.
Vale a pena, inicialmente, apenas relembrar que a intenção indiana original era adquirir 126 jatos de combate no chamado programa MMRCA (avião de combate multitarefa de porte médio), em que 108 seriam produzidos na Índia com transferência de tecnologia e apenas 18 diretamente pela fabricante francesa Dassault, selecionada no início de 2012 após concorrência internacional com outros cinco competidores. Porém, no mês passado, após mais de três anos de negociações infrutíferas desse grande contrato, o que ocorreu foi uma decisão de comprar apenas 36 aviões produzidos na França, num acordo governo a governo.
Na quinta-feira passada, o ministro da Defesa indiano Manohar Parrikar havia repetido informações já divulgadas em entrevista ao jornal Economic Times em 11 de maio (e que mostramos aqui no Poder Aéreo), dizendo que a compra de 90 caças a menos do que os 126 inicialmente planejados economizaria verbas, as quais permitiriam comprar mais caças Tejas (desenvolvidos e produzidos pela própria Índia) para a Força Aérea Indiana.
Porém, nesta terça feira, o ministro concedeu uma entrevista à televisão em que não descartou a compra de mais caças Rafale, além dos 36 que o primeiro-ministro Narendra Modi requisitou ao Governo Francês em sua visita à França, realizada em abril. As novas declarações, voltando atrás no que havia dito na semana anterior, foram tema de reportagem do jornal Business Standard.
Sim e não, muito pelo contrário… – As declarações do ministro nesta terça feira, contudo, conseguem deixar ainda mais confusão no ar, pois segundo o Business Standard ele teria dito a seguinte frase:
“Não estou dizendo que compraremos mais Rafale; Não estou dizendo que não compraremos mais.”
(“I’m not saying we will buy more Rafale; I’m not saying we will not buy more.”)
A única coisa que Parrikar confirmou, conforme a reportagem, é que os franceses terão que investir 50% do valor do contrato, como compensação (offset) e que o valor final do Rafale nessa compra será mais barato que o dado pela Dassault para os 18 caças também “de prateleira”, dentro do programa MMRCA. Informação que não era exatamente novidade em relação a declarações anteriores do ministro.
Semana que vem – De novidade (e com mais clareza), o que o ministro da Defesa da Índia afirmou foi sobre as negociações com a França estarem marcadas para começar na semana que vem. Ainda segundo o Business Standard, na segunda-feira Parrikar já havia dito ao jornal Indian Express que o contrato seria finalizado em 2 a 3 meses e que os primeiros caças Rafale seriam fornecidos à Força Aérea Indiana dentro de um ano.
“Make in France” – Enquanto isso, as críticas à compra “de prateleira” prosseguiram no Congresso, entre os oposicionistas ao governo Modi. Segundo a NDTV, o líder da oposição na câmara alta do Parlamento Indiano (Rajya Sabha), Ghulam Nabi Azad, disse a repórteres que “o Governo Modi converteu ‘Make in India’ em ‘Make in France’ em seu acordo unilateral do Rafale”.
A afirmação foi dada após ele e o líder oposicionista na câmara baixa (Lok Sabha), Mallikarjun Kharge, divulgarem um relatório de 42 páginas sobre o primeiro ano de Modi, em que esse acordo do Rafale é mencionado como “um dos grandes fracassos” do programa “Make in India”. Programa que o parlamentar diz ser apenas um “slogan vazio”.
Por fim, um dado a se debater: a reportagem da NDTV, ao mencionar o acordo de compra dos 36 caças Rafale “de prateleira” feito por Narendra Modi em sua visita à França no mês passado, diz que o custo dessa compra deverá ser superior a 6 bilhões de dólares.
FOTOS (em caráter meramente ilustrativo): Força Aérea Francesa
VEJA TAMBÉM:
- Rafale na Índia: acordo de 36 caças sob fogo do ex-ministro da Defesa, no Congresso
- ‘Dogfights’ políticos: caças do governo e caças da oposição
- Economia na compra de apenas 36 caças Rafale servirá para acelerar o Tejas, diz MD indiano
- ‘Não me enforquem no primeiro dia’, diz novo ministro da Defesa da Índia
- Rafale para a Índia: MD indiano ‘bate o pé’ quanto a preço e condições do RFP
- MD indiano diz que qualquer futura compra do Rafale será governo a governo
- Começam as críticas na mídia indiana sobre a compra de 36 caças Rafale ‘de prateleira’
- Os atrasos do Tejas e algumas comparações, segundo o MD da Índia
- Rafale na Índia: MD indiano diz que Dassault tem que atender às cláusulas do RF
- Índia anuncia compra de 36 caças Rafale ‘prontos para voar’ por 4 bilhões de euros
- Rafale: mais caro que o planejado
- MD indiano diz que não haverá contrato do Rafale em 2014
- Antony: nenhum anúncio sobre o MMRCA será feito durante o Aero India 2013
- MD Indiano defende modernização do Mirage 2000, apesar do alto custo
- Su-30 MKI é ‘plano B’ da Índia caso falhe o acordo do Rafale
- Para falar de Rafale com franceses, MD indiano teria adiado viagem à Austrália
- Negociação do Rafale na Índia é retomada após aprovação em investigações
- O Rafale é bom, mas é hora do Tejas ocupar o hangar do MiG-21
- Especialista indiano usa o F-X2 brasileiro para atacar a negociação do Rafale na Índia
- Com Rafale sofrendo turbulência na Índia, concorrentes decolam para o combate
E segue a novela de Bollywood…
Negocião que fizeram estes hindús…
E eu que achava que o F-X2 era um enrosco. O indianos nos passaram.
Poggio,
Por pior que seja o caso indiano, o F-X2 ainda não esgotou suas possibilidades de dar errado.
Parece que o critério de escolha dos indianos para os seus caças sempre é o de ter a maior quantidade de problemas possíveis.
Nestas horas eu agradeço que o Brasil escolheu o sistema mais barato e melhor custo benefício dentro do FX-2.