Saab investe US$ 9 bi na produção do Gripen NG
Investimento será para os próximos 30 anos e inclui também treinamento de pilotos
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A empresa sueca Saab vai investir US$ 9 bilhões nos próximos 30 anos no desenvolvimento do caça supersônico Gripen NG (New Generation), ou Gripen E, como é conhecido na Suécia. O alto investimento será aplicado no desenvolvimento do novo modelo, produção, operação, manutenção e treinamento de pilotos, segundo informou o CEO e presidente da Saab, Häkan Buskle, em entrevista em Estocolmo.
Queridinho dos especialistas e técnicos ligados à aviação de caça, o Gripen é o avião escolhido pela FAB (Força Aérea Brasileira) para substituir os F-5. O Brasil assinou contrato para comprar 36 Gripen NG, que serão feitos pela Saab e Embraer, com transferência de tecnologia. O valor do contrato é US$ 5,4 bilhões.
O Gripen também era o preferido da Aeronáutica quando a Presidência da República ainda não tinha se definido por ele, entre os concorrentes F-18 (Boeing, EUA) e Rafale (Dassault, França). Hoje o modelo também é apontado como o sendo de melhor custo de aquisição, operação e suporte.
Vantagem. Para o Brasil, a vantagem é que o avião escolhido é um modelo em desenvolvimento de caças já existentes, Gripen C e Gripen D. Isso dará ao Brasil, autonomia para produção de caças de última geração, por meio da parceria.
Segundo a Saab, a Embraer tem total condição de absorver e desenvolver excelência em tecnologia para ser fabricante da nova aeronave. O Gripen NG é considerado o mais moderno caça multimissão do mundo, com 10 anos de tecnologia à frente dos rivais.
Segundo a Saab, o custo por hora de voo do Gripen é o menor entre os concorrentes. “Nossos engenheiros tiveram que maximizar o desempenho sem modificar custos”, disse Ulf Nilsson, chefe do Gripen na Área Aeronáutica. Outra vantagem apontada pela Saab para o Gripen NG é a capacidade de encontrar e explorar informações. Sensores avançados fazem a comunicação e detecção de todos os alvos e fornecem dados de rastreamento para os pilotos.
Compra prevê 36 unidades do caça
O contrato assinado entre o Brasil e a Suécia prevê a compra de 36 aviões Gripen NG, 28 de um lugar e 8 de dois lugares (biposto), que podem ser produzidos no Brasil. A Embraer é a principal parceira do programa e assumirá a liderança no processo de transferência de tecnologia. Contrato dessa etapa está previsto para ser assinado em março de 2015.
AVALIAÇÃO – Especialistas dizem que caça será de 6ª geração
O Gripen NG, que vai ser desenvolvido pela Suécia em parceria com transferência de tecnologia para o Brasil, é considerado o caça mais avançado. A Saab evita confirmar, mas indica especialistas internacionais que afirmam que o Gripen NG será o primeiro caça de 6ª geração do planeta.
No Brasil, fontes classificam o caça como intermediária entre a 4ª e a 5ª geração. A classificação indica o nível de tecnologias usadas. Quanto maior a capacidade de não ser detectado por radar (ser invisível) maior é a geração do caça. Independente da geração, o Gripen NG já é considerado acima da média dos caças.
Avaliação. “Um grande salto tecnológico que aconteceu na história recente da aviação de caça foi o das aeronaves F-5E para os F-5 modernizados. Apesar de alguns novos conceitos já terem sido experimentados pela aeronave AMX, os novos sistemas de armamento e gerência do cenário de combate que as aviônicas modernas desses aviões permitem faz toda a diferença porque mantêm um alto nível de consciência do ambiente de combate, que é riquíssimo de informações a serem interpretadas. O Gripen certamente faz isso tudo e muito mais”, disse a O VALE, em Linköping, o piloto Bruno Pedra, major da FAB.
Segundo ele, além dessas vantagens, o Gripen NG vai incorporar performance de última geração. “Muitas outras características tecnológicas estarão presentes na nova aeronave, lembrando que o Brasil, dessa vez, é co-desenvolvedor numa parceria que está só começando”, disse o major.
“O diferencial que pude constatar na fabricação sueca é a mentalidade sobre a gerência das informações. Em conversa com um dos pilotos de teste do Gripen, houve a explicação de que somente aquilo que realmente interessa ao piloto, deve ser disponibilizado”, afirmou.
SIMULADOR – Aterrissagem é o diferencial
“Entre a decolagem e o pouso, pude experimentar a altíssima capacidade de manobra e trocas de energia (sobe muito e muito rápido) do Gripen. Mas o pouso foi o diferencial, uma vez que os auxílios tecnológicos facilitam a pilotagem e a aterrissagem ocorre por completo em menos de 1.000 metros”, disse o piloto Bruno Pedra, na Suécia, após experiência no simulador do caça.
Embraer lidera transferência
O programa F-X2 prevê que a empresa sueca Saab repasse tecnologia para capacitar o Brasil a produzir o caça Gripen NG. A Embraer, de São José, é a lider do processo e será co-responsável pelo desenvolvimento completo da versão de dois lugares do caça (biposto). A Embraer também vai coordenar as atividades de produção no Brasil em nome da Saab. 8 anos foi o tempo de preparação dos pilotos brasileiros para se tornarem aptos a pilotar caças supersônicos.
Explicações
Está agendada para o dia 4 de dezembro uma audiência com o ministro da Defesa, Celso Amorim, e o comandante da Aeronáutica, Brigadeiro Juniti Saito, para explicar ao Congresso Nacional porque o contrato para a compra dos caças sueco teve um aumento de US$ 900 milhões em relação ao preço inicial –de US4,5 bilhões para US$ 5,4 bilhões.
Bases
A Suécia tem cinco bases aéreas; a maior delas é Satenäs, onde são treinados os pilotos do caça supersônico. 30 pilotos em média são formados todos os anos pela Força Aérea da Suécia, que está treinando os brasileiros.
Pilotos brasileiros fazem hoje primeiro voo no caça Gripen
Após testes intensos, dois pilotos da FAB serão os primeiros a voar caça sueco comprado pelo Brasil. Os testes para treinamento de pilotos incluem horas em simuladores e avaliação em centrífuga.
Hoje é o Dia D para os brasileiros Gustavo de Oliveira Pascotto e Ramon Santos Fórneas, ambos com 32 anos. Eles são pilotos e voam hoje pela primeira vez o caça supersônico Gripen C/D na base aérea de Satenäs, conhecida como F-7 escola de pilotos da Suécia.
A data foi confirmada ontem à tarde pela FAB (Força Aérea Brasileira). “É a data prevista”, informou. Não há detalhes sobre o horário do voo, que ocorre após intensa programação de treinamentos em simuladores e em centrífuga.
Pascotto e Fórneas chegaram à Suécia em 3 de novembro após passarem por uma seleção entre mais de 240 pilotos, de 12 esquadrões de caça. Quando pilotarem o Gripen hoje, eles iniciam a missão para o qual estão sendo preparados –serem os primeiros pilotos a desvendar o caça sueco, que vai originar a versão NG, comprada pelo Brasil.
Eles serão os responsáveis por trazer esse conhecimento para o Brasil. O governo brasileiro comprou 36 Gripen NG, que serão desenvolvidos pela empresa sueca Saab em parceria com a Embraer, no Brasil. O acordo, de US$ 5,4 bilhões, inclui transferência de tecnologia para capacitar o Brasil a produzir os caças.
O Gripen NG só estará no Brasil a partir de 2019. Ele é considerado o mais moderno caça multimissão, com 10 anos de tecnologia à frente dos rivais. A versão NG será desenvolvida a partir das versões C e D, que os dois brasileiros vão pilotar a partir de hoje.
Eles ficam na Suécia até 2015 quando devem ser considerados aptos para transmitir conhecimentos sobre o Gripen para pilotos brasileiros. “O treinamento aqui é intenso, mas o Gripen é um avião fácil de usar”, disse o coronel Michael Cherinet, comandante da Base de Satenäs, a maior das cindo da Suécia para treinamento de pilotos. A Força Aérea da Suécia treina uma média de 30 pilotos por ano, em ritmo considerado puxado.
Pascotto e Fórneas enfrentaram muitas horas nos simuladores e provas específicas. Uma semana após chegarem à Base de Satenäs, os dois passaram pelo teste da centrífuga e foram aprovados. Os pilotos brasileiros tiveram que ficar 15 segundos em uma centrífuga que projeta nove vezes a força da gravidade para adaptar o corpo dos pilotos a uma aeronave de alta tecnologia como o Gripen, capaz de voar duas vezes a velocidade do som.
A centrífuga seria semelhante a um cockpit (cabine de pilotagem) de um avião. A meta é que o treinamento possa medir os impactos do voo no corpo humano e avaliar reações indesejadas, como desmaios, além de preparar os pilotos para uma adaptação a essas condições.
As reações dos pilotos são monitoradas do lado de fora do aparelho, por médicos e engenheiros. Não há equipamento semelhante no Brasil. Quando a força da gravidade aumenta há risco de o piloto perder a percepção das cores ou perder a visão ou a consciência durante o voo.
Fórneas é piloto do caça F-5 da Base Aérea de Santa Cruz, no Rio de Janeiro. Ele é natural de Ipatinga (MG). Pascotto é de São Bernardo e também é piloto de F-5, da Base Aérea de Anápolis (GO). Segundo ele, ser piloto é o sonho de muita gente. “A motivação maior é guardar e defender o país”, disse. A preparação de um piloto de caça chega a oito anos.
Especial – Série mostra pendências do F-X2
As pendências do programa F-X2, entre elas o possível empréstimo de caças Gripen da Suécia para o Brasil, e o potencial mercado da nova aeronave são temas de amanhã da série especial Programa F-X2, que O VALE publica desde o ultimo domingo. A série mostra detalhes da compra de 36 caças da Saab, com transferência de tecnologia.
FONTE: O Vale, via Notimp (reportagem de Shelia Faria – Enviada Especial à Suécia a convite da Saab)
IMAGENS: Saab (em caráter meramente ilustrativo)
NOTA DO EDITOR: alteramos a ordem das seções do texto, da forma que apareciam na compilação do clipping, para facilitar a leitura.
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