Emirados concluem negociações de satélites com a França e voltam a falar do Rafale
Nas próximas semanas, todos os contratos dos satélites espiões deverão ser assinados, depois que se resolveram pendências sobre componentes americanos. Fonte ligada às discussões relacionou a negociação dos satélites com transferência de tecnologia e compra de 40 caças Rafale, da Dassault
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Segundo reportagem publicada pelo site Defense News na segunda-feira, 1º de setembro, os Emirados Árabes Unidos (EAU) e a França deverão finalizar nas próximas semanas o acordo de aquisição de satélites espiões “Falcon Eye”, ao mesmo tempo em que tratam da compra de 40 caças Dassault Rafale. Uma fonte dos Emirados com conhecimento sobre as negociações disse ao site que as discussões sobre o acordo foram completadas, o ministro da Defesa da França, Jean-Yves Le Drian, deverá em breve visitar os EAU.
A fonte afirmou que “para o acordo do Falcon Eye prosseguir, há uma necessidade de transferência de tecnologia de alto nível, e para isso nós temos negociado a compra de 40 caças Rafale e a revisão da frota de Mirage 2000.”
O contratante principal dos satélites é a Airbus Defence and Space, com equipamentos da Thales Alenia Space. Como parte do acordo, 20 engenheiros serão treinados no uso dos novos sistemas. A entrega dos satélites e de uma estação no solo está programada para 2018, num contrato que é o primeiro entre França e os Emirados a incluir tecnologia sensível de inteligência por satélite.
O contrato estimado em 930 milhões de dólares para compra de dois satélites Pleiades de observação militar de alta resolução, assinado em 22 de julho do ano passado pelo Sheikh Mohammed Bin Zayed al-Nahyan (príncipe da coroa de Abu Dhabi e comandante supremo das Forças Armadas), enfrentou resistências em Abu Dhabi.
Os primeiros sinais de problemas apareceram em janeiro quando uma fonte dos EAU disse que os satélites incorporavam dois componentes específicos fornecidos pelos Estados Unidos, que traziam uma “porta dos fundos” para transmissão de dados de alta segurança à estação de terra, o que significaria que tod0s os dados poderiam ser transmitidos para um terceiro receptor, não autorizado. Desde o anúncio dessa descoberta, o ministro francês Le Drian tem se deslocado entre Paris e Abu Dhabi para finalizar o acordo. Ainda segundo a fonte, em junho os Emirados estavam insistindo na questão da transferência de tecnologia antes de retomar as negociações com a França para aquisição dos satélites.
Outro motivo de atraso foi a autorização de exportação de tecnologia sensível dos Estados Unidos, a qual foi garantida pelo presidente dos EUA, Barack Obama, durante visita que recebeu do presidente francês François Hollande neste ano. Porém, nesse meio-tempo o prazo final do acordo passou, e as conversações entre Paris e Abu Dhabi reiniciaram nos termos e condições do novo acordo. Os EUA autorizaram a licença de exportação dos componentes do satélite, o que resolveu a questão.
Apesar de haver uma expectativa de que o ministro francês Le Drian visitasse os Emirados antes do final de agosto, essa viagem foi adiada devido a questões “técnicas”, segundo a fonte. A Embaixada da França em Dhabi, porém, confirmou que Le Drian “certamente virá nas próximas semanas”. Fontes da indústria francesa disseram que há grandes esperanças de que o acordo saia. “Estamos no caminho certo. As luzes estão verdes”, disse porta-voz da Airbus Defence and Space. Já a Thales Alenia Space (parceria da Thales com a Finmeccanica) não quis comentar o assunto, dado que a Airbus é o contratante principal. Um porta-voz do Ministério da Defesa da França afirmou que “tudo está indo bem”, acrescentando que há um acordo sobre questões tecnológicas, econômicas e políticas e que “não há problemas. A França está comprometida politicamente a chegar a uma conclusão do contrato.”
Executivo da indústria disse que “um novo contrato foi escrito, todas as empresas deverão assinar, e isso é esperado que leve algumas semanas. As garrafas de champagne já devem estar no gelo para as celebrações.”
Por dois anos, Le Drian vem trabalhado duro para renovar os laços firmes com os Emirados, vistos como um “player” regional e também um cliente potencial de exportação, num momento em que a indústria francesa precisa de vendas externas. A França tem vendido pouco equipamento militar aos EAU desde que Abu Dhabi adquiriu caças Mirage 2000-9 na década de 1990.
FONTE / FOTO DO MEIO: Defense News (tradução e edição do Poder Aéreo a partir de original em inglês)
DEMAIS FOTOS: Dassault e MD Australia
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Offtopic:
O “Portal Brasil” já canta a bola que o T-Xc da Novaer deverá substituir os T-25.
http://www.brasil.gov.br/ciencia-e-tecnologia/2014/09/prototipo-de-aviao-para-usos-militar-e-civil-passa-por-testes
Seria uma otima noticia para os franceses , mas o MMRCA é a prioridade atual . realmente deve ser crucial para manter a taxa de 12 rafales produzidos por ano assinar o primeiro lote de 18 vetores .para logo os outros serem construidos localmente pela HAL .
Realmente um caça caro de se adquirir e manter . mas no pesar da balança é melhor da categoria 4++ .
sds
Phacsantos,
Obrigado pela dica.
Busquei a nota original do MCTI e publiquei, juntamente com notícia da própria Novaer sobre a visita do vice-presidente ao DCTA, para onde o avião seguiu na sua campanha de testes.
Comentários a respeito já podem ser feitos na nova matéria.
“Outro motivo de atraso foi a autorização de exportação de tecnologia sensível dos Estados Unidos, a qual foi garantida pelo presidente dos EUA, Barack Obama, durante visita que recebeu do presidente francês François Hollande neste ano. Porém, nesse meio-tempo o prazo final do acordo passou, e as conversações entre Paris e Abu Dhabi reiniciaram nos termos e condições do novo acordo. Os EUA autorizaram a licença de exportação dos componentes do satélite, o que resolveu a questão.” Liberou ? Certamente com veto ao Rafale. Tá bom que os uzamericano marvado num iam negociar com um olho no gato e outro… Read more »
2 pontos interessantes nessa nota:
A necessidade do presidente francês pedir “benção” do seu colega americano. 🙂
Mais uma tentativa de amarrar a venda do caça francês com um produto que os EAU realmente querem (venda casada é crime… brincadeirinha.. 🙂 ).
[]’s
Qual a situação? Não lembro se já escolheram rafale ou Typhoon. Talvez a venda casada seja a solução pra dassault, não falta grana nos EAU.
Gostaria de ver uma sobrevida da dassault, mas a venda pela Airbus já é uma questão de tempo.
Já apostei que a Chengdu é o cliente mais provável. Aí complica pra dassault no resto do mundo. Imagina a índia comprar um caça que a China também tem os códigos-fontes e todas as especificações, pode até fazer alguns para treinar…
Essa jogada da Airbus foi um cheque mate, agressivo e bem planejado…