Caças Rafale voltam à ação na República Centro Africana
Cessar-fogo assinado há duas semanas teria sido violado por combatentes Muslim e a milícia Cristã. Ataques a soldados franceses desencadearam revide com aviões de caça e helicópteros, em apoio às tropas
–
Segundo notícia veiculada na IOL News na quarta-feira, 6 de agosto, rebeldes Muslim da República Centro Africana e a milícia Cristã se acusaram mutuamente, na terça-feira, de violarem acordo de cessar-fogo assinado há duas semanas, na vizinha República do Congo. Esse cessar-fogo chegou a dar esperanças de que haveria uma solução política para a violência sectária, que já matou milhares de pessoas e gerou mais de um milhão de refugiados desde que combatentes Muslim Seleka tomaram o poder em março de 2013.
Uma rádio local afirmou que dois soldados da força de paz da União Africana, MISCA, foram mortos em combates após o cessar-fogo, embora autoridades da MISCA não tenham comentado a respeito. Cada lado em luta acusa o outro da responsabilidade pela escalada de violência. A força de paz conta com 6.000 soldados, apoiados por 2.000 enviados pela França à República Centro Africana, como parte de sua operação Sangaris.
FONTES: Ministério da Defesa da França e IOL News, com informações da Reuters (compilação, tradução e edição do Poder Aéreo a partir de originais em inglês e francês)
IMAGENS: Força Aérea Francesa (em caráter meramente ilustrativo) e Ministério da Defesa da França (da nota sobre o ataque a tropas francesas)
VEJA TAMBÉM:
- Rafale poderá fazer missões de reconhecimento sobre a Nigéria
- Fotos: armando caças Rafale em alerta no Chade
- Desdobramento de caças Rafale em posto isolado no Chade
- Caças Rafale operam em pista de desdobramento no Chade
- Rafale em ação no Mali
- França bombardeia jihadistas do Mali
- No Mali, caças Rafale mostraram mais uma vez suas qualidades
- Mais caças Rafale operando no Mali
- Operação Serval no Mali: dispositivo ‘caça’ começa a voltar para casa
“…Os franceses responderam imediatamente ao fogo, de forma proporcional, beneficiando-se do apoio de aviões de caça provenientes de N’Djamena (no Chade) e de helicópteros da força Sangaris.” Não sei se é impressão minha ou agora existe uma preocupação em relatar conflitos com a menção do termo “reação de forma proporcional”! A meu ver, num conflito armado, ninguém está nem aí para a forma proporcional. Parece-me que o caso de conflitos é infringir o maior dano possível, no menor prazo possível, com a menor perda de recursos possível, com intuito de sobrepujar e cessar a resistência do inimigo. Parece-me que o… Read more »
eparro,
Acho que, nesse caso, deve-se também levar em conta que o uso da palavra “proporcional” vem após uma descrição de que foram atacados por cerca de 100 inimigos, que empregavam armamento antitanque. Ou seja, como era uma força considerável, com armamento também respeitável, justificaria o emprego de apoio aéreo, helicópteros etc.
Mas o seu ponto de vista tem bastante sentido. O uso politicamente correto do termo “proporcional” está em voga.
A França segue em busca do selinho “combat proven” pra ver se alavanca alguma venda do seu Rafale..
Blackhawk,
Já dá pra dizer que o Rafale tem pelo menos quatro selinhos colados no parabrisa:
Afeganistão
Líbia
Mali
República Centro Africana
É interessante como a política interna francesa muda de tempos em tempos (e as vezes de forma radical), mas a visão geopolítica deles permanece basicamente a mesma.
A presença francesa na África é histórica e dispersa. Mesmo assim eles mantém a capacidade de intervir onde for necessário para assegurar seus interesses.
País que tem rumo é assim mesmo. Inveja dos que estão aqui do outro lado do Atlântico Sul que mais parecem ratos rugindo.
Blackhawk, se a França entendeu que devia intervir na República Centro Africana, e se o sua força aérea opera o Rafale, nada mais natural que aquele vetor seja empregado. Pode-se argumentar que se fosse usada a aeronave x ou y, no lugar do Rafale, os custos decresceriam em n por cento, mas certamente houve interesse pelo uso do Rafale, talvez até mesmo para divulgar o produto. O que não dá para fazer – e você não o fez, saliento desde logo – é insistir em um ponto de vista “rafalecêntrico”, que imagina que a intervenção francesa só se justificou para… Read more »
Concordo com o Pangloss de que mais e mais veremos o Rafale em ação quando assim for necessário.
A Força Aérea Francesa vive um momento de transição que será longo. E neste período veremos algumas ações com o emprego do Mirage 2000 (e suas variantes) e outras com o emprego do Rafale.
Legal, manda umas unidades e uns Rafale para dar uma “mãozinha” na Ucrânia, puxando a OTAN junto.
RCA, tá bom …. kkkk …. e$$e$ france$e$ ….. rsrs ….
Carlos Alberto, ninguém na OTAN cogita um conflito com a Rússia por causa da Ucrânia. Nem mesmo os EUA. Se a França, por absurdo, quisesse intervir ali, seria freada pelos EUA, pela Alemanha e pelo UK (só para ficar nos países de maior relevância na OTAN), em razão de seus interesses – que também são os da França. A propósito, eu gostaria de entender a aversão de diversos comentaristas à França. Os franceses, mesmo involuntariamente, contribuíram decisivamente para a formação da grandeza brasileira, Não fosse Nicolas Durand de Villegaignon (dentre outros menos célebres), a Coroa Portuguesa não teria percebido que,… Read more »
Pangloss Existe aí outro lado da moeda, também. O câncer das ciências humanas, instalado na conjuntura nacional desde os anos 70 é, de certa forma, culpa dos franceses e do mau uso dos autores. Quando do “exílio” dos supostos “perseguidos” pela ditadura militar, muitos desses caras se instalaram em paris, frequentaram algumas reuniões em sorbonne e trouxeram a “revolucionária” ótica de foucault e sartre, tidos como os messias do século XX (ainda por muita gente no brasil, na frança nunca) e que praticamente nada de suas idéias pode ser materializado em um conhecimento útil. Toda vez que você escutar um… Read more »
Amigos, com a devida venia, nunca percebi qualquer espécie de perseguição aos franceses. O que alguma vez ocorreu foram críticas a política brasileira do cachaceiro em favor deles. Mas eles, os franceses, estavam fazendo o lado deles, e nada de errado nisso. Cada um faz o seu. Obviamente que as intervenções francesas não se fazem para promover o Rafale. Elas resultam mais de um acanhamento dos EUA e de interesses econômicos e políticos diretos muito bem avaliados ( inteligentemente avaliados) do que outra coisa. Como os franceses são inteligentes, sabem que a África é o continente das oportunidades. Estão firmando… Read more »
“RCA, tá bom …. kkkk …. e$$e$ france$e$ ….. rsrs ….”
Colombelli
é isso, nada haver com o rajada.
E$$e$ france$e$ ….
“- Eu acho que a culpa é dos franceses.
– Como assim?
– Se eles tivessem resistido mais um pouco na Baía de Guanabara, talvez não tivéssemos ouvido isso agora.”
A culpa foi dos Holandeses, que vieram sem poder ….
Ah Holanda … ai sim ….
Parte da nossa herança maldita e reitero parte, vem de dois lugares ….
Adivinhem quais são as duas ?
A intervenção em si, não tive intenção de questionar, afinal quem não usaria os melhores recursos possíveis para preservar a vida de seus soldados? O que queria falar é que a França não perde uma oportunidade de promover seu caça (o que é natural). O mesmo objetivo poderia ser cumprido por qualquer outro caça, inclusive com custos menores, como o Pangloss bem falou. No futuro ninguém vai questionar se a participação do Rafale no Afeganistão, Líbia, Mali ou República Centro Africana foi de grande expressão ou se encontrou resistência, o que certamente será lembrado é que o caça participou e… Read more »
Missão COIN com Rafale ?
Baralho ….
É o mesmo que atirar numa formiga com uma .44 Magnum
Comprem um esquadrão de A 29 ST,
Comprem um saldão de “semi-novos” (kk) do dragonfly no Chile e por ai vai ….
Iväny, obrigado pela resposta. Sua lista de masturbadores intelectuais franceses foi bastante oportuna, mas ressalvo Durkheim e Lévi-Strauss (sobretudo este último, que, a propósito, nasceu na Bélgica, mas foi criado na França, origem de sua família), que efetivamente produziram ciência válida. Incluiria, ainda, os empulhadores Derrida, Lacan e Althusser (com licença, a menção a este último nome exige-me pausa para prolongado vômito). Mas o que é curioso é que ninguém tem restrições à Alemanha, por conta de Marx, Engels, Adorno, Habermas, Horkheimer, Benjamin ou Marcuse. Do mesmo modo, a Itália não é hostilizada por ser a origem de Negri ou… Read more »
Fernando “Nunão” De Martini
7 de agosto de 2014 at 13:09 #
Quero deixar claro que entendi sua intensão e não objetivei criticar seu texto, longe disto!
Quis exatamente ressaltar essa estória de “reação proporcional”.
Pangloss, estamos falando a mesma coisa. Na medida em que a França acordou para a áfrica e tenta manter sua influência ali, querendo ou não, se antagoniza com os interesses da China, certamente ja largamente assentados no continente. E convenhamos, radicalismo islâmico há em muitos outros lugares onde a França também poderia fazer bem mais. É bem óbvio que a atenção dispensada á África além de laços históricos também se fundamenta na tentativa de pegar sua fatia do quinhão. Mais uma vez, parabéns pra eles. Quanto ao Rafale, se haveria meios mais baratos ou de melhor custo benefício? Talvez. Quais… Read more »
Pangloss, estamos falando a mesma coisa. Na medida em que a França acordou para a áfrica e tenta manter sua influência ali, querendo ou não, se antagoniza com os interesses da China, certamente ja largamente assentados no continente. Pessoal A França nunca “dormiu” quando o assunto é África. Ela mantém e sempre manteve relações muito próximas com as suas ex-colônias. É assim hoje, foi assim no passado recente. Posso citar aqui diversas intervenções militares francesas nos últimos 60 anos. Quem não se lembra da intervenção recente no Mali (2012), na Costa do Marfim (2004) ou na guerra civil do Chade… Read more »
eparro 8 de agosto de 2014 at 16:29
Faço minhas as suas palavras…
🙂
Não costuma dormir nem na África nem no Oriente Médio.
Há pouco tempo, Hollande estava doido para mandar seus caças jogarem umas bombas na cabeça do Assad, na Síria. E ainda teimava em intervir por lá quando Obama já havia recuado.
Agora, está se coçando para participar dessas operações no Iraque:
http://blogs.wsj.com/middleeast/2014/08/08/hollande-france-ready-to-play-full-part-in-possible-iraq-action/
Prezado Colombelli, estamos falando da mesma coisa: disputa por hegemonia na África. Mas não vejo a França em uma posição de força. Ainda que haja intervenções militares francesas para preservação de seus interesses locais, a China tem possibilidades muito mais amplas de investimento na região, o que traz a reboque a boa vontade dos governantes (?) africanos, mesmo sabendo que a China não lhes garantirá qualquer proteção militar contra eventuais opositores. A França, em oposição, ainda tem influência política, mesmo decrescente, mas sua capacidade de projetar poder econômico vem se exaurindo. Durante a Guerra Fria, soube posicionar-se como um tertius,… Read more »
Assim, a atuação da França é voltada para o passado, para a manutenção de um status político cada vez mais erodido, ao passo que a China tem atuado no âmbito econômico, investindo na região, com os evidentes dividendos políticos como conseqüência. Caro Pangloss Desculpe discordar, mas a força política, cultural e econômica da França na África subsaariana e no norte da África continua sendo muito grande. Em diversos países a língua oficial é o francês. Produtos franceses são vendidos de baciada por lá (sabe aquele leite de caixinha tipo UHT? Até isso vem da França). Costumes, culinárias, canais de TV,… Read more »
Pangloss As tuas ressalvas foram dois plagiadores. O “pai” da sociologia “brasileira” (só aqui dizem tal asneira) durkheim, jamais teria escrito “as regras do método” sem dar uma bela chupada em Georg Simmel. Pena que naquela época não existia direito autoral. O outro “antropólogo” nada seria sem Frankl. Dos alemães que você falou, só gênios. Você pode discordar deles, mas não existe falha ética e/ou de caráter. Adorno, por exemplo, afirmou que todo o conhecimento é provisório, precário e insuficiente, bem como, formulou o conceito da indústria cultural. O trabalho de Weber, a teoria burocrática da administração (não confundir com… Read more »
Colombelli, ainda tem lugar na barrica para o Deleuze, o Barthes e o Guattari? Esqueci de mencioná-los, mas acho que eles não mereciam perder o “passeio”. Iväny, mantenho a ressalva em relação ao Durkheim e ao Lévi-Strauss. A produção intelectual sempre estará sujeita a influências anteriores, e vejo na obra deles originalidade e valor. Se você discorda, tudo bem, faz parte da conversa. Discordo, ainda, da genialidade que você atribuiu a alguns dos alemães que mencionei. O Marx foi um crítico brilhante do capitalismo industrial ainda incipiente, que ele pôde observar em sua época. Mas, ao passar da crítica para… Read more »
Poggio, eu é que peço desculpas por discordar de você, mas vejo a França muito influente HOJE na África, mas com viés de queda. Para deixar claro, não estou torcendo pelos chineses, mas enquanto a França vende leite para os africanos, o apetite chinês pela região alcança aspectos bem mais largos. Os chineses investem em produção de energia, transportes, infraestrutura. Para eles, exportar alimentos não é uma prioridade, pois já têm muitas bocas para alimentar em casa. A França pode vender leite, iogurte, vinho, a refeição completa, que a China não se importa com isso. Quem vai ter maior poder… Read more »
Adorei o “ping pong” filosófico ai em cima, kkkk vou dar meu pitaco, ao tipo …. o quê fizeram ? Pensadores Humoristas Millôr Fernandes (O filósofo tcheco Arnost Kolman disse: “A liberdade de imprensa que vocês têm é apenas no papel.”Bertrand Russel respondeu: “Não é o lugar próprio?”). Desculpem, mas todo grande pensador, sobretudo pensador social, é um humorista. O riso explode, à primeira vista, quando uma grande verdade social é enunciada de maneira clara e comunicativa: “Toda propriedade é um roubo” (Proudhom). “Todo lucro é um roubo” (Shaw). “Que é um assalto a um banco diante de um banco?”… Read more »
Ad argumentandum tantum, ad exemplus …. rs