Gripen na Suíça: em nova pesquisa sobre referendo, o ‘não’ continua na frente
52% votariam pelo ‘não’ e 40% pelo ‘sim’ à aquisição de novos caças. Favoráveis à compra cresceram em 8%
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Caso o referendo sobre a aprovação ou não do sistema de financiar a compra de novos caças suíços fosse neste final de semana, e não no dia 18, a maioria dos eleitores suíços votaria “não”. Pesquisa encomendada ao Institute Léger pelo jornal SonntagsBlick.
Pela pesquisa, 52% votariam “não”, enquanto 40% votariam “sim”, o restante permanecendo indeciso. Em comparação com pesquisa encomendada pelo mesmo jornal em março deste ano, a escolha do “sim” cresceu 8%. Foram entrevistados 1098 eleitores.
FONTE: 24 heures (tradução e edição do Poder Aéreo a partir de original em francês)
FOTOS: Departamento de Defesa da Suíça
NOTA DO EDITOR: os números são praticamente iguais aos de pesquisa realizada pela gfs.bern com 1.209 pessoas, entre 29 de março e 4 de abril.
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Interessante, invejável, em que pese muito típico do Estado Suíço, tal aplicação da clássica “democracia direta” em assuntos de sua defesa externa. Insta frisar que a ampliação de sua utilização está intimamente ligada ao nível sócio-educacional de um povo. Num exercício de imaginação fico curioso com o resultado de um ‘referendo’ assim aplicado no Brasil para escolha, por exemplo: 1) do FX-2; 2) da aquisição de um NAe; e 3) da construção de um SubNuc… Quanto à 1ª escolha atrevo-me a imaginar que seria aceita pela maioria da população brasileira pelo binômio preço/qualidade do Gripen (e somente ele); na 2ª… Read more »
Já eu penso que esse tipo de decisão é importante demais para deixar na mão do povo: é para isso que existem líderes e representantes. E se isso é verdade na Suíça, imaginem no Brasil, em que o populacho só quer saber de cerveja, futebol e traseiro…
Mas, a bem da verdade, um “populacho que só quer saber de cerveja, futebol e traseiro…” é representado por líderes de igual ‘nipe’… O produto não pode distoar dos fatores.
p.s. “distoar” também não pode… Leia “destoar”…
Pois é Ozawa, mas não deveria ser assim…
A tal “democracia direta” é um instrumento muito perigoso e vulnerável a manobras populistas, personalíssimas e/ou casuísticas. O risco está na pergunta. Perguntar se desejam comprar caças (qualquer modelo) ou não é estranho. O eleitor não entende de defesa aérea ou terrestre. A pergunta que entendo ser cabível é ter Forças Armadas para defesa ou não. Se o eleitor, a parte do povo que vota, decide que não precisa de Forças Armadas, que prefere confiar em tratados internacionais, fóruns de justiça internacional e na boa vontade entre os homens, tudo bem, que assuma a responsabilidade e desmonte seu aparato bélico.… Read more »
Concordo com o Ivan.
Acredito que a “Caça” é a bala de prata de qualquer sistema de defesa nos dias de hoje.
Daí porque não é pergunta de varejo, mas de atacado, não é micro, pelo contrário, é macro. O mesmo que perguntar: “Queremos ter FFAA dignas desse nome ou não ?”
Mas repito dois trechos de meu post inicial:
1) “(…) Insta frisar que a ampliação de sua utilização está intimamente ligada ao nível sócio-educacional de um povo.”
2) “(…) Mas seria uma forma de fomentar o debate de assuntos de defesa no Brasil e dividir o ônus de suas escolhas.”
Se abrissem no Brasil um referendo do tipo, com certeza não teríamos mais forças armadas, pois a população não sabe o verdadeiro motivo delas existirem, tem em mente que são um peso morto na sociedade. Esses dias fui fazer uma apresentação de fim de curso para uma platéia de 98% civis sobre o SisGAAz, SIVAM e SisFron e ficaram impressionado o que é feito no país e não tinham conhecimento. No inicio da palestra iniciei com a pergunta de quem se importava com os cortes nos orçamentos da saúde e educação, todos levantaram a mão, emendei perguntando sobre os cortes… Read more »
Todo sistema político tem suas vantagens e desvantagens. O que funciona no país “x” não quer dizer que funcionaria no país “y”. Até hoje a Suíça tem se saído bem com o sistema político que tem…… Não é porque se o resultado de um referendo não é do meu agrado que eu porei em dúvida todo o sistema. Já mandei meu “sim” pelo correio; caso o resultado seja um “não”, não será o fim do mundo. Param quem tem acompanhado os debates na tv e os artigos nos jornais, vê que existem bons argumentos tanto a favor da compra como… Read more »
Ivan disse: “Mas se o eleitor entende que precisa de Forças Armadas para zelar da própria segurança, então que escolha os representantes que vão definir quanto eles devem gastar com defesa e deixe com os profissionais como gastar estes recursos” Convenhamos que o resultado dessa estratégia também é catastrófico para as FAs brasileiras. Afinal, o que temos hoje? As FAs cumprem sua missão? E se formos ver o custo-benefício (quanto é gasto anualmente e o que temos em termos de equipamentos e pessoal efetivamente treinado para nos proteger) seria o caso de uma CPI. Nada muito diferente da Saúde, da… Read more »
Também acho que um referendo desses, por aqui, não sairia coisa boa. Mas não concordo que as FFAA sejam tão mal consideradas pelo povo. Basta lembrar que houve uma pesquisa, a alguns anos, que mostrava que o maior índice de confiança institucional era justamente sobre as FFAA aqui no Brasil. http://www.fab.mil.br/noticias/mostra/9997/PESQUISA—As-For%C3%A7as-Armadas-s%C3%A3o-a-institui%C3%A7%C3%A3o-mais-confi%C3%A1vel-para-os-brasileiros,-aponta-FGV O povo brasileiro confia e respeita nas FFAA. São os “formadores de opinião”, sobretudo jornalistas, gente que teve problemas na época da ditadura e que insistem em enxergar os militares como inimigos, que ficam nessa ladainha de que, “com o dinheiro gasto em caças, daria pra comprar X cestas… Read more »
Rafael, infelizmente o orçamento das FFAA mal dá para as despesas de custeio (material de expediente, luz, água, comida, combustível, fardamento etc.), quiçá para investimentos. Os gastos com Defesa deveriam chegar a 2% do PIB, coisa que ainda não conseguimos. Podem abrir quantas CPI quiserem. Não vão encontrar nenhuma malversação de recursos. Pelo contrário, o TCU elegeu a FAB como melhor instituição de governança (acessem o http://www.fab.mil.br para a matéria). As compras de novos equipamentos são todas com financiamento externo, coisa que a FAB inovou e implantou nas FFAA. Pra quem não sabe, por ocasião do PROSUB, o pessoal da… Read more »
“As compras de novos equipamentos são todas com financiamento externo, coisa que a FAB inovou e implantou nas FFAA. Pra quem não sabe, por ocasião do PROSUB, o pessoal da SEFA foi à França com os marinheiros pra ensiná-los como fazer esse financiamento. Isso em 2009.” Rinaldo, Sem querer tirar o mérito do exemplo que você cita, então esse seria o caso da Marinha ter “desaprendido” a fazer essas compras com financiamento externo. Afinal, a aquisição das fragatas classe “Niterói” no início da década de 1970 foi com financiamento do banco SG Warburg, com seguro de crédito do ECGD (Export… Read more »
Sim. Agora faz-se uma ¨licitação de financiamento¨ nos bancos de fomento. Quem oferecer os juros mais baixos leva.
Rinaldo, obrigado pela informação sobre a “licitação de financiamento”. Resume bem a mudança!
E não precisa ser um banco do País fornecedor do equipamento.
Rinaldo, A minha principal crítica nem é a existência de corrupção (que pode ter em um ou outro caso, aqui ou acolá, com ou sem a participação de militares, já que nenhuma categoria está isenta de ter criminosos em seus quadros). A minha principal crítica é que nosso orçamento em Defesa não é pequeno. Durante o Governo Lula ficou em torno de 1,5% do PIB. Como nossa economia é grande, não dá pra dizer que tem pouco dinheiro para as FAs. Muitos países com orçamentos muito menores têm equipamentos melhores. O problema é como as FAs estão organizadas e no… Read more »
A tropa tem que ser paga. E, aliás, é bem mal paga. Um delegado da PF ganha mais que oficial general de 4 estrelas, com 40 anos de serviço. Não vou citar auditor da Receita Federal.
Com a criação de novas Unidades não dá pra reduzir o efetivo.
Terceirizar? Dá pra fazer, principalmente na Logística e na Saúde. Vamos chegar lá um dia.
Não vou entrar na seara dos inativos, pois o tema é bem complicado, e aqui não é o fórum adequado. Só gostaria de lembrar que os militares inativos continuam contribuindo para a sua Previdência. Eu contribuo.
Sim, Rinaldo, a tropa é muito mal paga. Ainda mais se comparada com outras carreiras do serviço público federal. Fora que os soldos baixos geram mais distorções, porque para ter uma remuneração menos sofrível, acabam ocorrendo muitas promoções que não seriam “corretas” e em funções acessórias (para mim é um descalabro uma médica ser almirante, por exemplo). Quanto às unidades, penso que algumas das velhas não são necessárias e poderiam ser fechadas para compensar (fechar a BASM ou a BACO, por exemplo). Sobre os inativos, esse assunto é espinhoso mesmo e não dá para mexer muito por causa dos direitos… Read more »
Não. Ano passado a AFA formou 106 Aspirantes a Oficial Aviador (dentre eles meu filho mais velho). Devemos lembrar que conforme o oficial vai ficando antigo vai sendo afastado do voo para as funções de gerenciamneto da Força, principalmente nos altos escalões. Sem contar o atrito natural (saúde, reserva etc.). E outros escolhem outros caminho fora do voo (o ITA, por exemplo).
Parabéns ao seu filho e que continue dando orgulho à família e ao país!
E muito obrigado por mais esse esclarecimento.