Crise na Ucrânia reforça necessidade suíça de comprar o Gripen
‘Hoje, qualquer nação com respeito próprio não pode abandonar sua força aérea deliberadamente e trabalhar em prol de seu próprio desarmamento’, alerta especialista suíço
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O jornal suíço 24heures, publicado em francês, publicou nesta quinta-feira uma análise do ex-editor da revista “Schweizer Soldat”, Konrad Adler, defendendo a aquisição do caça sueco Gripen pela Suíça.
Segundo Adler, os cidadãos suíços que pretendam dizer “não” ao Gripen no referendo marcado para 18 de maio deveriam, primeiro, ler um ensaio escrito por Jonas Grätz, pesquisador senior do Centro de Estudos de Segurança do EPFZ (Instituto Federal de Tecnologia de Zurique). Com o título em alemão “Die neue europäische Realität – Umschwenken auf Konfrontationskurs” (A nova realidade europeia: rumo à confrontação), Grätz conclui que a “Rússia, por suas ações e atitudes, recolocou a intervenção militar – como meio comprovado de política europeia – no topo da agenda”. O autor acrescentou que a “Europa, pela primeira vez desde o final da Guerra Fria, enfrenta um desafio estratégico sério.”
Até mesmo Christian Levrat , presidente do PS e opositor ao Gripen, chegou a essa conclusão em entrevista publicada na impresna no domingo. No contexto da crise na Crimeia, ele se mostra alarmista: “Imagine que, pela primeira vez desde a Queda do Muro de Berlim, estamos enfrentando um perigo real de guerra entre Oriente e Ocidente. O OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa), liderado pelo conselheiro federal Didier Burkhalter, está tentando trabalhar para a paz”. Essa declaração mostra que Levrat reconhece a seriedade da situação na Europa, faltando apenas a força e a vontade de delinear as consequências desta constatação e começar a mudar a política de segurança do PS.
Isso soa bem diferente da política do PS em 2010, que pregava a abolição das forças armadas. Ao mesmo tempo, nossos colegas suecos (a Saab sueca é fabricante do caça Gripen) concluíram que seu país precisará realizar uma virada fundamental em seus esforços de defesa. Declarações de Stefan Löfven, chefe dos Social Democratas (oposição) criticou fortemente a falta de recursos da Suécia na área de defesa e exigiu do governo conservador (!) uma mudança imediata em sua política de defesa. Dada a surpreendente mudança dos eventos na Ucrânia, aquele governo disse que estava pronto para fazer isso, como demonstram as discussões em voga a respeito de submarinos: passar de duas para cinco (!) unidades e aumentar maciçamente o orçamento de defesa.
Devido à crise na Ucrânia, mas também por causa da reorientação da política de segurança de várias nações europeias, a Suíça faria bem em se preparar para qualquer eventualidade, o que implica adquirir o Gripen E. Renunciar a esse avião marcaria o primeiro passo para abolir a Força Aérea e, como consequência futura, nosso próprio Exército. Sem uma Força Aérea poderosa o suficiente para e controlar nosso próprio espaç0 aéreo, é ilusório acreditar na confiabilidade de nossos recursos nacionais para proteger e defender nosso território. Isso foi claramente demonstrado em todos os recentes conflitos no mundo.
Em caso de rejeição do Gripen, em 2025 a Suíça não mais terá aviões de combate para fazer o policiamento aéreo em época de paz e para garantir o controle de nosso espaço aéreo numa situação de conflito. Isso porque, sem o Gripen, haverá um uso mais intenso da frota de F/A-18, que chegará mais cedo ao final de sua vida útil. Hoje, qualquer nação com respeito próprio não pode abandonar sua força aérea deliberadamente e trabalhar em prol de seu próprio desarmamento. À exceção dos que defendem abolir forças armadas como o PS, o GSoA (grupo para uma Suíça sem Forças Armadas) e os Verdes, todos nós sabemos que não se pode garantir a segurança de um território e a proteção de uma população sem uma força aérea de credibilidade.
FONTE: 24heures (tradução e edição do Poder Aéreo a partir de original em francês)
IMAGENS: Saab e Força Aérea Suíça
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Com ou sem cride na Ucrânia acho que a Suiça já deveria ter feito essa compra.
Tem que mandar esta notícia para os vermelhinhos e pacifistas lá em Brasília.
Já deveria ter feito a compra sim, Fighting Falcon, mas a oposição de verdes e de socialistas às Forças Armadas é implacável há décadas, fora o lobby contrário que vai na linha do “já que eu não ganhei a parada, meu concorrente também não vai ganhar”. Foi aí que não se conseguiu, no parlamento, a maioria absoluta para aprovar uma verba específica de forma que não abrisse caminho para um referendo, porque muito parlamentar local, em cima do muro pra não ficar com pecha de conservador e defensor das Forças Armadas, não teve culhões para defender, à época, o que… Read more »
Mudando de assunto político da Suíça e indo para o técnico: A configuração da imagem menor ao final da matéria (e que destacamos na versão reduzida da página inicial) com cinco Meteor, dois IRIS-T e dois tanques me parece bem mais lógica operacionalmente do que a simulação de sete Meteor e dois IRIS-T, sem tanques externos, que está no alto da matéria e que divulgamos pela primeira vez (e de forma inédita aqui no Brasil) na revista Forças de Defesa número 4. Arrisco dizer que uma configuração de defesa aérea com cinco mísseis (dois IRIS-T e três Meteor), poderia ser… Read more »
Li em algum lugar que os cabides de ponta de asa dos Gripen E serão maiores. Será que estão prevendo instalar ali mísseis BVR, como nos F-16? E os cabides internos com tanques externos? Seria possível instalar nesses cabides, junto com os tanques, 2 A-Darter em cada um, como nos F-15?
Nadimchaachaa, Não é bem isso. Os trilhos de ponta de asa do Gripen são, em geral, maiores que os trilhos de outros caças porque incorporam antenas de alerta-radar. A nova geração terá essas instalações sensivelmente maiores para incorporar, também, outros sistemas de guerra eletrônica. Se os trilhos terão capacidade para disparar mísseis mais pesados, do tipo BVR, não sei dizer, mas o motivo principal de serem mais avantajados é esse que escrevi. Quanto a cabides sob as asas, há diversas concepções mostrando o uso de cabides duplos (para dois mísseis) mas não triplos (para dois mísseis e um tanque, como… Read more »
Noruega irá aumentar pedido de F-35.
(Aviation Week)
Bombardier já tem quatro aeronaves C-Series em testes, mas não abre a boca sobre o sistema de proteção fly by wire.
(Flight Global)
Obrigado Nunão.
Nadim.
O que quer que aconteça na Europa, os empresários da defesa devem estar com uma foto do Putin na cabeceira da cama e dando um beijinho nela toda noite antes de dormir.
O Gripen vai ganhar. E se as coisas forem feitas com decência pelo brasil, talvez sejam Gripens sulamericanos à voar na Suíça.
Continuando o assunto dos mísseis mostrados nas duas ilustrações, que comentei ontem às 14h09: Não sei quem é o autor da ilustração menor com as cores suíças (com dois tanques, cinco Meteor e dois IRIS-T), mas ela tem outra diferença importante em relação à imagem do alto com os sete Meteor e dois IRIS-T (que, pelo que sei, foi ilustrada sob encomenda da Saab). No ilustração menor, os três Meteor estão em trilhos sob os pilones, enquanto na maior não há os trilhos – supondo-se então, no caso desta última, um sistema de separação por molas ou similar, como é… Read more »
Nunão,
SE confirmada esta suposição, três Meteors sob a fuselagem do Gripen E sem necessidade de trilhos/pilones, mas com sistemas de ejeção/ereção menores, haverá um ganho significativo em redução de peso e arrasto aerodinâmico.
Sds.,
Ivan.
Caças leves, modernos, integrados à uma NCW (network-centric warfare), sensores de última geração com fusão de dados (próprios e de terceiros), capacidade STOL e supercruise (mesmo que marginal), supermanobrabilidade, tudo isso dentro de um custo operacional limitado são essenciais em uma guerra moderna. O topo da caça será furtiva, sem dúvida, mas esta é cara de adquirir e manter em operação. Imaginem uma situação de tensão onde é necessário manter PACs – patrulhas aéreas de combate 24/7 durantes semanas… … Ou manter PACs distribuída por uma larga frente. Será que é possível manter grandes e complexos caçadores no ar o… Read more »
“Ivan em 3 de maio de 2014 at 22:27” Ivan, boa noite! Andou sumido do mapa? (rsrsrsrs, desculpe a pergunta infame, não resisti, e sentimos falta dos seus mapas!) Então, não estou supondo que não haveria pilones para os mísseis sob a fuselagem. Até onde sei, os pilones existirão. São necessários. Apenas não haverá trilhos presos a esses pilones, nessas estações de fuselagem, eu suponho, da mesma forma que nas estações de fuselagem do Rafale. Ao menos é o que concepções anteriores mostravam (a exceção foi essa ilustração pequena nas cores da Suíça, que está no final da matéria). Um… Read more »
Interessante que o Rafale e o Gripen são os únicos que não têm reentrâncias na fuselagem para acomodar mísseis ar-ar, o que os obriga a usar pilones nessas posições. Se os próprios pilones podem ser ejetados o certo seria que o míssil pudesse ser acomodado diretamente sob a fuselagem sem haver a necessidade de pilones (independente de ser com trilhos ou ejetores), mas não é isso que ocorre com o Rafale e o Gripen, o que pra mim demonstra uma certa deficiência no projeto de ambos os caças, já que não vejo nenhuma vantagem nessa configuração, muito pelo contrário, traz… Read more »