GAO: software do F-35 está atrasado
Os atrasos com testes do software do caça F-35 estão ameaçando atrasar o programa de defesa mais caro do Pentágono e aumentar os custos de desenvolvimento, de acordo com investigadores do Congresso.
“Problemas de software persistentes” retardaram os testes para demonstrar as capacidades dos sistemas de combate, navegação, aquisição de alvos e reconhecimento da aeronave, disse o Escritório de Contabilidade do Governo dos EUA (GAO).
A versão do “Marine Corps” do F-35 , projetada para decolagens curtas e pousos verticais, tem um marco fundamental no próximo ano. Embora os fuzileiros navais queiram que a aeronave esteja pronta para combate em meados de 2015, testes com alguns de seus softwares poderão não estar concluídos a tempo, e podem atrasar até 13 meses.
“Atrasos dessa magnitude significariam que o Corpo de Fuzileiros Navais provavelmente não terá todas as capacidades que espera em julho de 2015”, de acordo com um esboço de um relatório do GAO obtido pela Bloomberg News. “Os efeitos desses atrasos também colocam em risco as capacidades operacionais iniciais de Força Aérea e da Marinha”.
A versão do F-35 da Força Aérea deveria cumprir um prazo semelhante em 2016 e o modelo da marinha em 2018. Itália e Reino Unido estão a comprar o mesmo modelo de avião dos ‘Marines’.
Estimativa de Custo
O programa F-35 está orçado em 391,2 bilhões dólares .
Embora os funcionários da Lockheed Martin não tenham visto o relatório do GAO, eles estão “confiantes de que irão completar os ensaios em voo do software necessário para que o ‘Marines’ atinjam a capacidade operacional inicial este ano”, disse Laura Siebert, porta-voz da companhia em um e-mail.
A empresa planeja liberar o software necessário para a versão dos ‘Marines’ até Julho de 2015″, disse ela. “Este software permitirá que os aviões dos fuzileiros navais identifiquem, adquiram alvos e engajem forças inimigas”.
O gerente do programa, o brigadeiro Chris Bogdan da USAF, disse que “não houve surpresas no relatório e todos os itens mencionados eram bem conhecidos por nós, pelos parceiros internacionais e pela nossa equipe da indústria”.
“O software continua a ser o nosso risco técnico número 1 no programa e que nós instituímos processos de engenharia de sistemas disciplinados para lidar com a complexidade da programação, teste e integração de software”, disse ele em uma declaração e-mail. “Estamos confiantes sobre a entrega de capacidade de combate inicial do F -35 para o Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA em 2015”.
O progresso feito
Desde que o programa completou uma grande reorganização em março de 2012, “as estimativas de custo de aquisição e o cronograma mantiveram-se relativamente estável, e os progressos têm sido feitos em áreas-chave”, disse o GAO.
A Lockheed Martin está melhorando seus processos de produção e reduzindo problemas com o seu capacete, com o gancho de cauda na versão para a Marinha e com o sistema de diagnóstico automático.
A empresa e o escritório do programa no Pentágono também avançaram ao longo de 2013 para reduzir o custo dos modelos da Marinha e da Força Aérea, mas não a versão dos ‘Marines’, disse o GAO .
Até janeiro, os militares planejavam ter verificado 27% das funções básicas projetadas para o software da versão do ‘Marines’. Em vez disso, ele chegou a 13% , deixando uma “quantidade significativa de trabalho a ser feito em outubro”, quando o teste deveria estar completo, disse o GAO.
Atrasos os testes
“Neste momento, acreditamos que a questão mais premente é o efeito dos atrasos dos testes do software sobre as capacidades” da primeira aeronave de cada uma das forças para declará-la pronta para o combate, disse o GAO.
Se o cronograma não melhorar, o Corpo de Fuzileiros Navais pode “receber inicialmente aeronaves menos capazes do que ele espera”, de acordo com o projeto de relatório do GAO .
Bogdan disse que “há mais risco no cronograma de entrega , pois é naturalmente dependente da entrega bem-sucedida das versões de software anteriores. Estamos trabalhando incansavelmente para reduzir esse risco, acompanhando o desenvolvimento de software diariamente e corrigindo problemas conforme encontramos. ”
Previsões de orçamentos do Pentágono sobre o programa do F-35 projetam, em média, 12,6 bilhões dólares por ano entre 2018 e 2037. Isso pode ser inviável devido a restrições orçamentais atuais , disse o GAO.
No seu auge, o financiamento do F-35 será de cerca de US $15 bilhões, e o “financiamento anual dessa magnitude representa claramente riscos de longo prazo”, e “confiabilidade abaixo do esperado” mantendo as estimativas de custo de apoio em alta , disse a agência.
Menos de Aeronaves
O preço previsto de 391,2 bilhões dólares para uma eventual frota de 2.443 caças F-35 para a Força Aérea, Marinha e Fuzileiros Navais é 68% maior do que a estimativa feia em 2001, medido em dólares correntes.
O número de aeronaves é 409 inferior ao pedido original. O Pentágono está solicitando US $ 8 bilhões para 34 aeronaves para o ano fiscal que começa em 1 de outubro, em comparação com as 29 que foram aprovadas em cada um dos últimos dois anos.
Um dos desafios do programa será o cumprimento das metas de custo específicos do Departamento de Defesa no início da produção em larga escala em 2019.
O custo por aeronave ainda requer reduções de até US $ 49 milhões, segundo o relatório.
A versão final do relatório do GAO será apresentada em uma audiência do Comitê das Forças Armadas da Câmara no dia 26 de março, que é incluir o depoimento da autoridade máxima do GAO para o programa do F-35.
FONTE: Bloomberg (tradução e edição do Poder Aéreo a partir do original em inglês)
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Esses programadores indianos nunca entregam os algoritmos no prazo, e, quando entregam, haja patch de correção! Já é praticamente senso comum que os americanos de uns tempos pra cá tem terceirizado mão de obra de programadores indianos (e chineses?). Isto está resultando numa queda inerente da qualidade das versões mais novas dos softwares e um consequente aumento dos, como falei, “patches de correção”. Podem ter certeza que GRANDE parte dos problemas de software do F-35 se devem a este fator. Se utilizassem apenas programadores americanos (BEM mais custosos) teriam resultados com qualidade superior, mas tudo tem de obedecer à política… Read more »
Um dia desses li que o F-35 terá um nível de fusão de dados tão avançado que o piloto nem sequer saberá se a informação solicitada por ele vem de sensores próprios ou de fontes externas. Por exemplo, se ele solicitar “ver” uma determinada área do espaço aéreo ou uma determinada área na superfície, ela será mostrada na tela ou no HMD sem que o piloto tenha que selecionar o sensor x ou y ou mesmo o UAV x ou y. Teoricamente o caça (e não o piloto diretamente) pode solicitar a outra F-35 que use seus sensores para focar… Read more »
Amigos, Mesmo com a fusão de dados, é interessante para o piloto saber a confiabilidade da informação relativa o alvo. Atualmente, a maioria dos sistemas informa, pelo tipo de símbolo ou por uma letra a ele acoplada, qual a fonte primária da informação. As outras fontes participantes da fusão de dados seriam acessórias. Mas acho que o ideal mesmo seria conhecer a confiabilidade da informação, seja em termos de posição do alvo, de probabilidade de falso alarme e de tempo decorrido desde a última atualização. Não creio que haja um padrão ou mesmo uma predominância de simbologia para apresentar essa… Read more »
Im westen nichts neues…
SDS.
Justin,
Claro que o texto que li exagerou quando disse que o piloto sequer saberia qual a fonte de informação, se própria ou externa.
Foi meio que uma figura de linguagem.
Uma dado interessante que tinha no artigo era que o único equipamento real (não virtual) na cabine (claro, com exceção do manete e do manche) é um rádio de emergência, ligado a uma bateria. Todo o resto, incluindo o sistema de comunicação, é operado de forma virtual.
Um abraço.
Caro Edgar, O software do F-35 nao e tercerizado. Essa area e de alta sensibilidade do ponto de vista de seguranca nacional. Nao sei de onde voce tirou essa “informacao”. O software do F-35 e o cerebro do aviao….e o Pentagono nao aprovaria uma furada dessas, ou seja, entregar a programadores do terceiro mundo, a alma do programa JSF. O que esta acontecendo com o software do F-35, e um fenomeno normal durante seu desenvolvimento Software Design e Software Engineering sempre vao passar por tortuosas refinacoes ate eliminar todos os Bugs do programa…o objetivo e evitar glitches no sistema. Estamos… Read more »
‘Se o cronograma não melhorar, o Corpo de Fuzileiros Navais pode “receber inicialmente aeronaves menos capazes do que ele espera”
Resumindo: o caça decolará e fará aterrisagens. De resto é aguardar versões “gold” desse software que talvez nunca fique pronto.
[]’s
Nick escreveu:
Resumindo: o caça decolará e fará aterrisagens. De resto é aguardar versões “gold” desse software que talvez nunca fique pronto.
Bom Nick, lembra daquela história que os Super Hornets davam rasante sobre os Talebans no Afeganistão só para assustá-los? Então, o F-35B do USMC poderá fazer isso já em 2015, só que por um preço mais alto.
http://www.aereo.jor.br/2012/01/25/taticas-de-guerra-sofrem-mudancas-no-ceu-do-afeganistao/
Dá para fazer também com o Tornado
http://www.aereo.jor.br/2011/08/31/tornado-do-barulho/
Edgar, será que alguma empresa ligada ao programa F-35 terceirizar a programação?
Outra coisa. Como os patterns de teste que o mercado adota, será que esse tipo de problema ainda acontece?
Lembrando que:
– Os softwares são críticos
– Quem desenha os algoritmos são os americanos
Sempre há duas certezas rondando o programa do F-35:
– aumento de custos;
– atraso.
Caro Poggio,
O motor F-135 do F-35 é um dos motores mais barulhentos jamais construídos. 🙂
Além disso poderá usar o “sonic boom” à baixa altitude ……rssss
[]’s
Tadeu, é muita ingenuidade sua (e talvez da opinião pública americana em geral) pensar que cada linha de todos os algoritmos rodando (e a rodarem) no F-35 foram (serão) programados apenas por americanos. Este cenário não existe mais, em nenhuma empresa que demande um grande volume de desenvolvimento. Funções menos críticas do sistema certamente tem mãos de programadores do “terceiro mundo” como você citou. Não há e não haverá como obter uma confirmação desta informação, dado o nível crítico do projeto. Mas, como falei, é muita ingenuidade pensar que empresas da estatura da LM não adotem esta prática, comum e… Read more »
Caro Edgar, Voce vai me desculpar, mas nao e assim que funciona. O software/firmare e todo integrado, e do ponto de vista dos segredo industriais, propriedade intelectual, e da seguranca nacional, seria um tremendo risco para o programa como um todo. O F-35 foi projetado para combater pelas tres forcas americanas (Navy, Air Force, Marines), pelos proximos 20 a 30 anos, e portanto o software e extremente critico para o desempenho e a sobrevivencia da aeronave durante o combate. A LM/Pentagono, sabendo que os EUA possuem os melhores especialistas em Ciencia da Computacao e Software Desingners/Engineers, e conscientes dos ataques… Read more »
Tadeu, como falei, este tipo de informação sempre será desmentido, dado o nível crítico do projeto, bem explicado por você. Do ponto de vista militar, sua análise está correta. Porém, não podemos ser ingênuos, pois não estamos mais no século XX, e este projeto envolve 9 países distintos. A questão é que um programador não precisa “possuir conhecimento especifico, e detalhado de todos do dados (Inputs) que o programa ira processar (analisar, decidir e executar) para poder codificar o programa”. São centenas, senão milhares, de programadores envolvidos num projeto desta magnitude. O programador precisa entender de desenvolvimento de software, e… Read more »