Crise na Ucrânia ameaça parceria de R$ 1 bilhão com o Brasil para lançamento de foguetes

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cyclone

Selado em 2003, programa ucraniano-brasileiro de lançamento de foguetes, a partir do Maranhão, já consumiu R$ 1 bilhão

ClippingNEWS-PAA crise na Ucrânia ameaça a parceria com o Brasil para lançar foguetes a partir da base de Alcântara, no Maranhão. O Cyclone 4, projetado por empresas ucranianas, corre o risco de não decolar. Se isso ocorrer, será desperdiçado cerca de R$ 1 bilhão, valor já investido pelos dois países no projeto, que pretende explorar serviços comerciais de lançamento de satélites.

A última previsão de lançamento era para o início de 2015, quando o Brasil sinalizaria ao mundo sua entrada no bilionário segmento de satélites e reabilitaria a base de lançamento de Alcântara, cuja imagem foi prejudicada pela explosão que destruiu o foguete brasileiro VLS-1 V03, em 2003. A princípio, o governo mantém o otimismo, mas já admite mudanças no calendário, dilatando prazos e prevendo novos atrasos diante da tensão militar no Leste Europeu:

— O acordo assinado entre o Brasil e a Ucrânia para a construção do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) e do Veículo Lançador Cyclone 4 prossegue normalmente. O cronograma estabelecido prevê o primeiro lançamento do foguete no final de 2015, podendo sofrer pequena variação ­— informa o brigadeiro Wagner Santilli, da Alcântara Cyclone Space (ACS).

O clima, porém, é de apreensão. No governo, há um jogo de empurra. A Agência Espacial Brasileira (AEB), que tem uma previsão orçamentária de R$ 300 milhões para investir no projeto, não quis se pronunciar. Nos bastidores, comenta-se que não há o que fazer, a não ser acompanhar a evolução do cenário na Ucrânia. Ou seja, o futuro do projeto é incerto.

A ACS é uma joint venture binacional criada em 2006. Pelo acordo, o Brasil forneceria as instalações de Alcântara e, a Ucrânia, o foguete. A ACS é responsável pela criação do Centro de Lançamento de Alcântara, cujas obras estão 40% concluídas.

A situação da Ucrânia, contudo, só agravou ainda mais o arrastado projeto, fechado no início do primeiro mandato de Lula. À época da aprovação do acordo, em julho de 2003, a previsão era lançar o foguete em 2006. O acidente em Alcântara, ocorrido um mês depois, em agosto de 2003, adiou os planos. Em uma nova projeção, o então presidente Lula contava com o lançamento do foguete em 2010, no final do seu segundo mandato.

Atrasos de repasses prejudicam projeto

Desde que foi assinada e aprovada no Congresso, em 2003, a parceria com a Ucrânia sofre com o atraso nos repasses de recursos.

A situação começou a melhorar em 2011, já no governo Dilma Rousseff, a partir da visita ao Brasil do então presidente Viktor Yanukovich, deposto no último dia 22 pelo parlamento, em meio a uma crise envolvendo a Rússia e a União Europeia. À época, os repasses foram regularizados, e o desenvolvimento do foguete — que se encontra 78% pronto — acelerado.

No ano passado, novamente, faltou dinheiro por conta do ajuste fiscal no Brasil e da situação econômica da Ucrânia, que já dava sinais de abatimento. Diante da situação financeira, o desenvolvimento do foguete deixou de ser prioridade e, no Brasil, os atrasos na liberação de recursos afetaram as obras em Alcântara.

Ou seja, mesmo que o projeto decole, há ceticismo de especialistas quanto ao retorno financeiro e à real capacidade do Brasil de se tornar uma potência espacial.

José Nivaldo Hinckel, especialista em propulsão espacial do Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (Inpe), considera o argumento de retorno econômico descabido. O lucro com cada lançamento é irrisório em relação ao custo do projeto, que comporta infraestrutura de lançamento e equipes envolvidas que não podem ser recrutadas e, depois, dispensadas. Hinckel lembra ainda que o custo anual de manutenção de um sistema de lançamento de satélites é elevado e que dificilmente a ACS obterá um ritmo superior a dois ou três lançamentos anuais.

— A ACS não poderá cobrar mais do que US$ 50 milhões (cerca de R$ 116 milhões) por lançamento. Fica claro que não há perspectiva de lucro para um ritmo de lançamentos inferior a uma dúzia, algo impossível de se alcançar nem na mais otimista das hipóteses — atesta ele.

Hinckel tem outras ressalvas e considera o programa tecnicamente “duvidoso” por conta dos propelentes (combustível e oxidante) usados no Cyclone, de alto potencial tóxico. Ele alerta que, se ocorrer um vazamento ou falha no lançamento, haverá riscos ao ambiente.

— É importante ter acesso ao espaço, do ponto de vista estratégico, mas nunca vi possibilidade de sucesso no projeto da ACS. Economicamente não é viável e, se o objetivo era salvar uma indústria que não tinha como sobreviver na própria Ucrânia, agora politicamente ficou mais difícil ainda — diz ele.

As origens

Em 2003, Brasil aprovou e assinou acordo espacial com os ucranianos

O acordo

— A preocupação com a soberania nacional pesou na escolha da Ucrânia como parceira do Brasil. Herdeira da escola espacial da antiga União Soviética, a Ucrânia domina a tecnologia de ponta na área. As tratativas se iniciaram no governo Fernando Henrique, que também negociava com os Estados Unidos a utilização da base de Alcântara. O tema foi um dos assuntos polêmicos da eleição presidencial de 2002.

— Lula prometia rediscutir o acordo se fosse eleito. Com a vitória dele, as tratativas com os EUA foram sepultadas. Eram alvo de críticas dos movimentos sociais e até da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que chegou a organizar um plebiscito, sem caráter oficial, sobre o assunto.

O Cyclone 4

— O foguete projetado para o Brasil é da família Cyclone, existente desde 1969 e com um histórico bem-sucedido. Em 226 testes de lançamento, houve só seis falhas. Um pool de 16 empresas estão envolvidas na construção do Cyclone 4, na cidade de Dnipropetrovsk. A nova versão terá alta precisão e aumento de 30% na capacidade de carregar combustível. O artefato tem vida útil de até 20 anos.

A base

— O centro de lançamento é um complexo localizado na península em frente a São Luís, capital do Maranhão. Das bases que operam em regime comercial, Alcântara se destaca pelo trunfo geográfico. Devido à proximidade à linha do Equador, um lançamento em Alcântara gasta menos combustível do que os projetados das bases de Cabo Canaveral (EUA) e de Baikonur (Cazaquistão).

O Acidente

— Em agosto de 2003, ocorreu uma tragédia que adiou o desenvolvimento do programa espacial brasileiro. Um Veículo Lançador de Satélites (VLS), com 21 metros de altura e que colocaria em órbita dois satélites desenvolvidos no Brasil, foi acionado antes do tempo. Com a ignição prematura do VLS — provocada por uma peça que custa apenas US$ 10 —, a torre acabou explodindo, matando 21 profissionais. Uma delegação da Ucrânia estava no país para acompanhar o lançamento. À época, foi a terceira tentativa frustrada. Em outros dois testes com VLS, em 1997 e 1999, ocorreram falhas, e os protótipos tiveram que ser destruídos, logo após a partida.

FONTE: Zero Hora

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Groo

Agora o governo terá uma boa desculpa.

Observador

Mais uma parceria CARACU a que o governo do PT submete o nosso país. O “parceiro estratégico” deles entra com a cara e o contribuinte brasileiro entra com o c… Os ucranianos vão cumprir a parte deles sim, desde que entre dinheiro novo no negócio. Muito dinheiro novo. Aplicassem esta dinheirama toda em P&D tupiniquim e nós já estaríamos vendo resultados depois de dez anos. Garanto que o ITA, o Instituto Militar de Engenharia e outras instituições fariam maravilhas com estes recursos. Mas não, o negócio é sempre ir buscar tecnologia dos “parceiros estratégicos”. Esta é só mais uma das… Read more »

juarezmartinez

O nosso colega Soyuz deu uma aula aqui na trilogia sobre mais esta parceria Caracu a uns seis meses atrás e previu que se desse dor de cabeça na Ucrânia, a ACS teria meningite aguda.
Parabéns Soyuz, você tinha toda a razão.

Grande abraço

Marcos

1) Deveriam ter alugado a base aos americanos;

2) Com o dinheiro do aluguel poderiam ter desenvolvido o próprio projeto;

3) Com o desenvolvimento do projeto e os americanos por aqui, alguma parceria já teria surgido;

4) Os panfleteiros de plantão estariam gritando “fora com USAmericanu”, “imperialistas”; “entreguistas”…

5) Já teríamos lançado meia dúzia de satélites!

Almeida

10 anos e um bilhão de reais. Em qualquer lugar do Mundo isso é prazo e dinheiro mais que suficientes para se criar um foguete lançador de satélites. Em qualquer lugar do Mundo menos o Brasil, claro.

ernaniborges

Sobre o acordo com os americanos, sei apenas o que foi público na mídia.
Lembro que no governo de FHC, o projeto foi vetado em Brasília, porque seria amplamente desfavorável ao Brasil. A base de lançamento e arredores seriam considerados território americano, nos vetando acesso e inclusive o material que fosse destinado à base, sequer poderia ser vistoriado por brasileiros.

Vader

ernaniborges 10 de março de 2014 at 23:56 # É verdade caro Ernani. Quem esses americanos pensam que são, ao exigir que nossas impolutas polícias não pudessem lhes revistar as bagagens??? Quem eles acham que são ao exigirem garantias de que nossos pacíficos quilombolas, índios, sem terra, sem teto e outros movimentos sociais “ligítimos” não invadissem a sua base espacial??? Quem eles acham que são ao não confiarem em nossas poderosas Forças Armadas para lhes fazer a segurança perimetral, exigindo que esta fosse feita por seus patéticos e desarmados Marines??? Quem enfim pensam que são “essis americanuz mau feiu bobu… Read more »

Vader

Sobre o “Pograma Ispacial Brasirêru” eu me recuso a comentar. Só digo uma frase:

ARRENDA JÁ!

Antonio M

Esse é o verdadeiro pensamento “vira-latas”, a incapacidade de atuar em parceria de alto nível com os americanos. Apesar de certa verdade, não é absoluta. Comoo próprio Vader lembrou certa vez, são 70 anos de logística para manter a atuação de suas forças e de outras nações. Se não fossem por eles, entrariamos na 2WW praticamente com “estilingus”. São bilhões e bilhões de dólares gastos em tecnologia militar que desdobraram em outras que fazem parte de nossas vidas, como essa internet aqui. Eles são bonzinhos? Não é bem isso, é que sabem tratar de negócios e de seus interesses, e… Read more »

Antonio M

E lembrando, é arrendamento da base e não venda ou doação, como tanto gosta de fazer nosso governo bolivariano com nossos equipamentos militares.

E países que tem bases americanas não tem reclamado da grana que recebem. E não sei de maiores reclamações, problemas qdo tiveram sua base aqui no RN na 2WW.

Claro que fora da base os seus integrantes precisam se comportar de acordo com nossas leis, apenas isso. Mas ao verem como o brasileiro é chegado em obedecer apenas “as leis que pegam” ……

Baschera

Agência Espacial Brasileira…

Isto aí é só para ocupar espaço e nunca vai lançar nada a não ser o dinheiro do contribuinte para o “espaço”…. deles, é claro.

É só ver quem, desde o início, ocupa a presidência e as diretorias desta porcaria…um bando de políticos aliados da base do governalho….espertos que nunca tiraram a bunda de Brasília….

Mais um programa caracu…. moldado no sistema canalha de ToT….

Sds.

ernaniborges

Transmiti, ainda que não tenha sido de forma literal, uma informação da mídia. Mas, minha opinião pessoal é que não deveríamos ter assinado esse acordo com a Ucrânia, nem tampouco arrendar aos americanos, cujo contrato, se é verdade o que foi público, já estava escrito que não teríamos vantagem nenhuma. Não poderíamos ter acesso ao local para lançamentos, não receberíamos tecnologia, e o dinheiro recebido seria direcionado a algum ralo sem fundo. Podemos perfeitamente desenvolver a tecnologia aqui, como já estávamos bem perto de conseguir, quando do fatídico acidente. Quem tem o conhecimento, tem o poder. Quem tem o poder,… Read more »

juarezmartinez

Que blasfêmia Baschera, que blasfêmia, falando mal desta grande inovação do “guvernu nunca antes vistu neste paif”, ora bolas, a propósito Basca, bom tema para o “rei do tots”, o príncipe do Amapá comentar, ele que adora um”tot, principalmente com nuances caracu…..

Grande abraço