Drones, balões de vigilância…como é a rotina dos empreendedores que apostam na defesa nacional

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A criação de tecnologias de ponta e suas possíveis rentáveis aplicações civis atraem empresários para a área militar nacional

ClippingNEWS-PAEsses empresários trabalham duro, estudam pesado muito tempo após concluírem a pós-graduação e se submetem a duros processos de certificação industrial. Mesmo assim, ganham pouco dinheiro e até se acostumam com a rotina de dias, meses, até semestres sem fechar um contrato. Essa é a realidade atual das empresas e empreendedores que atuam na cadeia da defesa nacional.

Elas são especialistas em nichos sofisticados de conhecimento, quase sempre engenheiros com Ph.D. e que, dedicados ao desenvolvimento de armas, instrumentos de vigilância ou insumos militares, vivem uma vida quase espartana, pensando as finanças de projeto em projeto, à merce dos programas governamentais e de licitações encampadas na esfera federal de comando.

“Você me pergunta como é que se sobrevive em um ambiente como esse, e na verdade não se sobrevive. Tu tens de se organizar por projeto e proteger a empresa contra esses ciclos às vezes até sem nenhuma demanda”, afirma Nei Brasil, engenheiro formado pela PUC-RS, com mestrado pelo ITA e que ganha a vida desenvolvendo drones.

Elas são especialistas em nichos sofisticados de conhecimento, quase sempre engenheiros com Ph.D. e que, dedicados ao desenvolvimento de armas, instrumentos de vigilância ou insumos militares, vivem uma vida quase espartana, pensando as finanças de projeto em projeto, à merce dos programas governamentais e de licitações encampadas na esfera federal de comando.

“Você me pergunta como é que se sobrevive em um ambiente como esse, e na verdade não se sobrevive. Tu tens de se organizar por projeto e proteger a empresa contra esses ciclos às vezes até sem nenhuma demanda”, afirma Nei Brasil, engenheiro formado pela PUC-RS, com mestrado pelo ITA e que ganha a vida desenvolvendo drones.

Drones são aqueles aviões que dispensam a necessidade de pilotos e que, aqui no Brasil, também ficaram conhecidos como veículos aéreos não tripulados (Vants).

Nei Brasil montou com o sócio uma empresa em 2005 assim que ambos terminaram suas pós-graduações. Instalados em São José dos Campos, tinham o sonho de desenvolver um piloto automático para aeronaves. Mas calhou que a primeira empreitada em que se envolveram foi para preparar os sistemas de navegação de um drone em processo de desenvolvimento pela Aeronáutica.

Fisgaram R$ 7,2 milhões de um bolo total de R$ 36 milhões, abocanhado em 80% pela Avibrás, uma gigante da área. Eles nunca mais saíram do ramo.

“O contrato teve vigência de 2006 a 20013 para desenvolvermos os sistemas de pouso e de decolagem automáticos do drone. Acabou que nos especializamos no assunto e, hoje, a gente trabalha apenas para a força (armada)”, afirma o empresário.

O tom de Nei Brasil não é de lamento, ao contrário. O engenheiro sabia com o que iria se envolver quando apostou suas fichas no setor, famoso por ciclos lentos de produção e muito sensível com as trocas de comando no Palácio do Planalto. A boa característica do setor, para os empresários, é que no Brasil sabe-se que um determinado nível de tecnologia, por ser de ponta, tem o acesso facilitado dentro do âmbito militar.

“A aplicação civil dos drones ainda não é uma realidade. Tecnicamente, sim. Mas o mercado ainda não está preparado para isso de maneira sólida. Acabamos focando nessa área de defesa e acreditamos que, com o tempo, vamos obter maturidade suficiente para explorar outros mercados”, acrescenta.

Iniciativa privada. Já Leonardo Nogueira, que usa balões e dirigíveis em soluções de vigilância e telecomunicações, tem uma realidade mais radical. Ele não faturou um único centavo com a venda de seus produtos, apenas com projetos de desenvolvimento e pesquisa. Formado pelo ITA, com especialização na Alemanha, ele administra com o sócio a Altave, empresa que tem projetos em fase de concorrência na Marinha e no Exército.

Se aprovada, uma dessas licitações pode render aproximadamente R$ 200 milhões em um prazo de 20 anos. “A gente tem um pensamento muito claro, que é aproveitar o conhecimento adquirido dentro da área da defesa para expandir nossa atuação para a finalidade civil”, destaca. “Nosso produto é muito dual. A gente consegue migrar rapidamente sua aplicação para a iniciativa privada”, explica.

“O mercado civil é sempre uma oportunidade”, reforça Valérie Redron, diretora-executiva da Optovac, empresa brasileira de soluções de defesa recentemente adquirida pela francesa Safran. “Temos um projeto aprovado pelo governo para um sistema portátil de processamento de imagem em tempo real para pessoas com deficiências visuais. É o tipo de aplicação dual importante”, afirma.

:: Defesa tem algumas peculiaridades ::

  • Formação: O setor de defesa demanda de seus profissionais uma sólida formação técnica. A maioria dos empresários tem título de mestre e doutor.
  • Paciência: Geralmente, um projeto é encomendado para entrar em operação daqui a duas décadas. É preciso capital e paciência para encarar ciclos longos.
  • Pesquisa: As agências de fomento literalmente gostam dos empresários da área. Por isso, uma saída para sobreviver é dedicar parte do tempo às pesquisas.
  • Plano B: Pensar em produtos com aplicação militar e também civil é a estratégia de parte dos especialistas na área, sempre de olho em outros mercados.
  • Exportação: Se o setor é restrito entre potências militares, os brasileiros encontram oportunidades entre as forças armadas vizinhas.

FONTE: Estadão PME

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