MD indiano diz que não haverá contrato do Rafale em 2014

50

les-deux-rafale-presents-sur-le-salon-aeroindia - foto Armee de lair

O motivo é a falta de dinheiro, disse o ministro da Defesa AK  Antony, que também afirmou que as negociações continuam

Reportagem publicada pelo site indiano Frontier India nesta quinta-feira, 6 de fevereiro, informou que o ministro da Defesa Indiano, AK Antony, admitiu hoje que o país não tem dinheiro para comprar o caça Rafale para a Força Aérea Indiana. As declarações do ministro foram dadas na DefExpo 2014. Antony disse que as negociações continuam e que o acordo não será assinado neste ano. “Não há dinheiro de jeito nenhum”, disse o ministro, afirmando que as negociações deverão continuar até o ano que vem e que, nessa época, a Índia poderá ter o dinheiro.

A Reuters indiana também noticiou as declarações do ministro (veja ao final)

A fala de Antony confirma o que o site Frontier India vinha dizendo há um ano, segundo sua reportagem. Contrariando o senso comum, um diário francês chegou a alegar que o contrato final do Rafale, produzido pela francesa Dassault, poderia chegar a 189 aeronaves, 63 a mais do que o solicitado originariamente no programa MMRCA (nota do editor: sigla para o programa de aquisição de avião de combate multitarefa de porte médio, no qual o caça francês foi o selecionado para negociações exclusivas).

O acordo pode não estar totalmente fora dos trilhos, já que a Hindustan Aeronautics Ltd (HAL – estatal indiana de aeronáutica) confirmou que as negociações estão andando. Porém, os atrasos do MMRCA podem levar a uma obsolescência tecnológica quando do recebimento das aeronaves, coincidindo com a entrada em cena de uma nova geração de caças e de aviões de combate não tripulados (UCAV).

Histórico – A Força Aérea Indiana planejou, no início da década de 1990, a compra de 60 caças Mirage 2000 adicionais, o que acabou se transformando, no final daquela década, num requerimento para 126 exemplares de MMRCA. O programa é considerado “a mãe de todas as concorrências”. Em 31 de janeiro de 2012, o Dassault Rafale foi anunciado vencedor após uma dura ocmpetição com caças como o F-18, F-16, MiG-35, Saab Gripen e Eurofighter Typhoon. Desde então, as negociações vêm sendo realizadas para atender a quesitos de transferência de tecnologia, produção e custos. Essas conversações, que se arrastavam, receberam um novo revés após o principal negociador indiano do programa de 12 bilhões de dólares falecer em outubro de 2013, devido a um ataque cardíaco. Nesse meio-tempo, a rúpia indiana perdeu valor devido à má condução da economia do país pelo atual ministro das Finanças, P Chidambaram.

Rafale - trabalho da equipe de apoio no Aero India 2011 - foto Armee de lair

Índia adia o contrato do Rafale após exaurir seu orçamento, diz reportagem da Reuters

Segundo reportagem da Reuters publicada também nesta quinta-feira, 6 de fevereiro, os planos para a compra de 126 caças Dassault Rafale pela Índia foram adiados para o próximo ano fiscal. As declarações foram dadas pelo ministro da Defesa AK Antony. Havia uma expectativa para que o acordo estimado em 15 bilhões de dólares fosse finalizado até março deste ano, quando acaba o atual ano fiscal.

Porém, as negociações para comprar 18 exemplares “de prateleira” (produzidos na própria França, pela Dassault) e construir os restantes na Índia foram desaceleradas e deverão se estender até o próximo ano fiscal, conforme declarações do ministor AK Antony numa coletiva de imprensa realizada num evento do setor de defesa.

Segundo o ministro, as Forças Armadas da Índia, que foram os maiores importadores de armamentos nos últimos três anos, já gastaram 92% de seu orçamento para equipamentos de defesa neste ano: “Compras de grande porte só serão possíveis no próximo ano fiscal. Não resta mais dinheiro”, disse Antony. O país deverá realizar eleições em maio e um novo governo deverá tomar posse no mês seguinte.

A Índia está em meio a um programa de modernização de defesa de cerca de 100 milhões de dólares, voltado a substituir, por exemplo, aeronaves e carros de combate da era soviética, ao mesmo tempo em que diminui a distância em relação ao reequipamento da China, país que teve um conflito com  a Índia em 1962 e com o qual há disputas de fronteiras.

O programa, porém, vem sendo realizado lentamente, tanto quanto outros projetos do atual governo. Além disso, o ministro Antony insiste na transparência e na integridade dos programas de aquisição de defesa, que há muito tempo sofrem denúncias de corrupção. No mês passado, o Ministério da Defesa cancelou um acordo de 560 milhões de euros para 12 helicópteros da Augusta Westland, após alegações de que houve pagamentos de propinas para garantir o contrato.

O ministro disse que poderia haver atrasos nas decisões de compra de equipamento de defesa,  conforme ele procurasse dar transparência aos processos, mas que seria importante mandar uma mensagem de que a Índia não toleraria Antony irregularidades nos contratos: “Todos terão oportunidades, se os produtos forem bons e os preços, baixos. Não há necessidade de fazer lobby”, disse o ministro.

Quanto ao Rafale, Antony disse que os dois lados da negociação estão tentando resolver questões relacionadas ao custo do ciclo de vida da aeronave.

FONTES: Frontier India e Reuters India (tradução e edição do Poder Aéreo a partir de original em inglês)

FOTOS: Força Aérea Francesa

COLABOROU: Cesar França

VEJA TAMBÉM:

Subscribe
Notify of
guest

50 Comentários
oldest
newest most voted
Inline Feedbacks
View all comments