Os caças suecos e a lógica de supermercado

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Demonstrador do Gripen F e Gripen D em voo - foto Saab

ClippingNEWS-PA  A solução dada ao problema da compra dos novos caças para a FAB deve ser observada num horizonte mais amplo. Cabe ao Comando da Força Aérea perceber que já há quem aponte, discretamente, que o governo gastará bilhões com a compra de equipamento militar enquanto populações civis sofrem e morrem em inundações e secas que se repetem.

Procurando examinar a questão de perspectiva diferente da usual, o primeiro ponto para o qual desejo chamar a atenção é este: o tempo perdido na solução permite reafirmar que a “classe política” (tanto Executivo quanto Legislativo) não presta a mínima atenção aos problemas de Estado. Demorar tantos e tantos anos para decidir uma questão que afeta a defesa do território, das populações e do próprio Estado brasileiros apenas indica, quando não prova, que as questões de governo, às vezes as eleitorais, tiveram e ainda têm prioridade. Para não dizer que a política posta em prática nas últimas décadas perdidas do ponto de vista estratégico – reForça a tese dos que veem principalmente na política militar dos governos do PT a clara intenção de deixar os problemas de defesa (consequentemente, os das Forças Armadas) em plano secundário.

Um estagiário em informática de uma empresa qualquer que não cuidasse de copiar os arquivos antes de substituir o sistema dos computadores seria sumariamente demitido, pela simples e boa razão de que teria posto em risco toda a documentação arquivada. Observe-se que a decisão sobre a compra dos caças se deu poucos dias antes que os Mirages da FAB realizassem seu último voo. O que permite que se faça um raciocínio simples, partindo de algumas premissas administrativas, nada mais.

Dando aos que procrastinaram o benefício da dúvida – não tiveram a intenção de deixar a FAB de asas… perdão, de mãos abanando -, o mínimo que podemos dizer é que decidiram como quem vai ao supermercado e colhe das prateleiras os produtos que faltam na despensa doméstica. Se não os encontra aqui, ou se estão caros, estarão à venda ali, mais baratos, e bastará cruzar a rua. Ou, na urgência, pedi-los emprestados ao vizinho.

Ao longo das duas décadas perdidas na defesa – é de notar que desde o governo Fernando Henrique há um ministério que legalmente (?) cuida de defender o Brasil – não foi considerada a situação que se criava com a compra, em 2005, de 12 Mirages defasados, desativados pela Armée de L”Air, e com o atraso nas decisões: quem garantiria a defesa do território, das populações, do Estado quando deixassem de voar? A solução foi de “dona de casa”. Decidida a compra dos aviões suecos, de repente, como que acordando de um pesadelo, vemos que os céus estarão vazios contra eventuais inimigos que podem chegar na velocidade Mach 2 pelo menos. Resta tapar o buraco!

É evidente – devem ter pensado – que os suecos não rejeitarão pedido de empréstimo ou aluguel. E de seu interesse emprestar ou alugar. Que assim seja. Por quanto tempo? Por um ou dois anos, até que cheguem os primeiros caças novos, com o título de propriedade em ordem. Farão isso antes que o contrato de compra esteja assinado? Com certeza, pois têm interesse econômico. Assim pensado, assim resolvido e comunicado à imprensa. Geladeira cheia!

Os leigos, acostumados a ir ao supermercado e também a trocar de automóvel quando possível e necessário, terão algumas perguntas a fazer. Os aviões emprestados ou alugados são da mesma geração técnica que os que serão comprados? Tudo indica que não serão de uma geração anterior. Os pilotos da FAB, os famosos “jaguares”, têm treinamento para pilotá-los? Tudo indica que não! Quantas horas serão necessárias para que possam voar sem riscos desnecessários? Haverá, no Orçamento, previsão para isso? Ou se apelará a uma mágica orçamentária para que, com algumas horas, com certeza poucas, as minimamente necessárias, os pilotos possam voar? Por quantas semanas o espaço aéreo ficará indefeso?

Os que decidem com a lógica de supermercado aplicada à defesa nacional não se preocuparam com esses pormenores, que, por serem “pormenores”, não têm importância. Se não há previsão orçamentária para treinamento, fechem-se algumas bases, como foi noticiado há dias, e transfira-se a verba para outra rubrica. Se o TCU não permitir manobras contábeis do gênero, recorra-se ao Exército, que deve estar pouco satisfeito por ver que muitos pelotões de fronteira precisam esperar, às vezes, semanas para receber mantimentos e medicamentos porque os aviões da FAB para lá não voam por não terem pistas de pouso em condições.

Há outro elemento na lógica de supermercado: muitas vezes se compra para revender. Quando vamos ao supermercado, temos a certeza de que os fabricantes dos produtos ali vendidos têm o direito de vendê-los porque pagaram o devido pela tecnologia de fabricação, se dela não forem detentores legais. E o que se alardeia é que montaremos os aviões suecos no Brasil – haverá, com certeza, mercado para eles…

O comércio de armamentos é diferente do de comes e bebes: cada produto vem com a cláusula de “destinatário final”. A Embraer tem muito a ensinar a esse respeito: não pôde vender o Super Tucano à Venezuela porque o avião tem componentes norte-americanos. O governo dos EUA proibiu a venda…

Pelo que sabemos, o caça sueco tem componentes norte-americanos – donde se segue que a Suécia deverá obter o “nada obsta” para que o Brasil possa transferir a outros governos ” esses componentes. E se Washington disser “não! “?

Os norte-americanos são mais rudes que os franceses, sem dúvida, mas igualmente não gostam de ser passados para trás, ainda mais quando foi seu presidente quem amargou o cancelamento de uma visita de Estado durante a qual, diz-se, o Brasil compraria os F-18. Enfim…

FONTE
: O Estado de São Paulo, via Notimp

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Carlos Alberto Soares

Das duas uma:

1.- Ou a coisa não está andando e algum “peixe” bateu a fita para começar a gritaria/pressão;

2.- Ou já estão “batendo” cabeça com a FAB ?

Creio que vai “rolar” muita água ainda embaixo dessa ponte !

Marcos

É a Saab descobrindo o Brasil!
Eu ainda vou embora daqui. Oxalá!

Observador

É impressão minha ou este choro tem sotaque francês? Só faltou o autor do artigo escrever “Ah, mas se fosse escolhido o Rafale, ficava fácil: era só pegar outros Mirage da Armée de l’Air e tudo beleza, os jaguares continuam voando!” Sobre o treinamento para novos os tampões (Gripens C/D), não é um obstáculo insuperável nem pelo ponto de vista técnico e nem do financeiro. Manda os jaguares para a Suécia para treinamento com um bom número de horas e daqui a um ano estarão prontos. Garanto que vão preferir isto ao invés de treinar nos ST. E exemplo do… Read more »

Iväny Junior

Texto de quem não entende nada de defesa e maldoso, disfarçado de opinião em muitos aspectos. No fim, cai no argumento de rafaletes e super lobeiros: Os EUA poderem vetar a compra do caça por ele possuir tecnologias e componentes americanos. Quando a Suécia e a Saab participaram da concorrência, e em uma dessas proporções, já foram tomadas todas as providencias junto à OMC, Governo dos EUA, Pentágono, General Eletric (que fornece o motor) e demais envolvidos, além de que a Volvo tem licença de fabricação e exportação do motor. Mais uma vez, o Gripen foi aceito recentemente como arsenal… Read more »

Carlos Alberto Soares

Coloquei o que me pareceu, aliás pelas minhas inúmeras manifestações a jaca francesa não estaria nem na lista curta e creio que a FAB também não teria colocado; nós sabemos quais foram os atores para que a jaca entrasse, antes que “o$ france$e$” $e manife$tem, bela máquina, muito boa mesmo, mas impagável na compra e no pós …. p¨t@ mico 1

Carlos Alberto Soares

É “pau manado” ? Pode ser ….

É “boi na linha” ? Pode ser ….

É “falta de assunto do autor” que precisa entregar matéria ?
Pode ser ….

É o “Tio Sam” querendo melar, conteúdo americano etc e tal ?…Para os esquerdaidiopatas …. com certeza …..

Carlos Alberto Soares

Corrigindo: “pau mandado” ….

Antonio M

“E se Washington disser “não! “?”

Da mesma forma que Paris disse não aos argentinos quando precisaram de opoio técnico para usar os Exocet na guerra das Malvinas.

Nick

Concordo que o poder político em geral, não dá a devida atenção à questões de Estado, como a manutenção das FAs. Para começar dar a entender que a decisão adiada desde 2008, foi tomada de sopetão…….Isso não existe. A decisão foi tomada à muito tempo, apenas não tinha sido anunciada. O autor desconhece que os pilotos dos M-2000 ou de qualquer outro esquadrão da FAB irão para a Suécia para receber o devido treinamento? E o mesmo valendo também para os mecânicos? E qual a lógica de querer ToT para 36 caças, se não poder fabricar eles por aqui para… Read more »

Vader

Textinho mequetrefe do Estadão. Perderam uma ótima oportunidade de fazer um bom texto com questionamentos sérios, sem irrealismos como o tal veto americano às vendas do ST à Venefavela.

Oganza

Vader e Poggio,

é só a nossa imprensa e sua opinião blasé. =/

Baschera

O autor, nos primeiros quatro parágrafos, critica os governos passados e o atual pela demora e procrastinação da escolha do FX-2. No quinto parágrafo, o autor critica os dois “tampões”. Tanto os “velhos” M-2000 quanto os possíveis Gripen C/D que poderão vir suprir o gap até a chegada dos primeiros Gripen E/F. No sexto parágrafo, ele parece criticar o gasto com o treinamento dos pilotos para a adaptação aos “tampões” suecos. Do sétimo em diante,o autor parece criticar a compra por ser um produto que dependeria de anuência de Tio Sam pela parte norte-americana no avião. Ao que parece, então,… Read more »

eduardo pereira

Pra mim o autor é fan do excelente e carissimo Rafale choramingando, poxa até o Fantástico babou ovo do SH na reportagem sobre o treinamento da MB com o titio Sam quando mostra os vespoes em açao no PA nuclear da Us Navy dizendo ser o top of the world dos caças do mundo.
To doido pra ver bichin mitológico com emblema da FAB pondo moral na AL/AS.

Sds Eduardo o satisfeito.

Gilberto Rezende

NADA DISSO, é eleição em outubro… A pauta seja no Estadao ou na Falha de São Paulo daqui a outubro é derrubar o governo atual. É irrelevante se o FX-2 era ou não necessário ou se a compra (sueca, americana ou francesa era a melhor) o interesse jornalístico é criar fatos, polêmicas e matérias para desqualificar o atual governo que fez uma verdadeira REVOLUÇÃO no que concerne a área militar. Para um desqualificado jornalista dizer: “Para não dizer que a política posta em prática nas últimas décadas perdidas do ponto de vista estratégico – reForça a tese dos que veem… Read more »

Jackal975

Quem escreveu o texto é o típico “cidadão brasileiro”: enquanto alguém está “fazendo alguma coisa”, ele fica “sentando criticando quem está fazendo”.
Parado, sem nada fazer, a não ser destilar veneno.
O tempo vai passando e ele continua lá, rindo dos outros. Mas parado. E o tempo passando…
Brasil, o país dos corneteiros.

wilton feitosa

E?
incrível como o texto não leva a lugar nenhum…

só há críticas (que por sinal devem ser feitas) mas não existe no texto uma única palavra que aponte para uma solução melhor, ou pior ou igual, apenas críticas…