F-X2: compra de caças só daqui a três anos
Por causa das eleições no ano que vem, franceses da comitiva de François Hollande avaliam que a definição da empresa fornecedora dos 36 supersônicos ficará para 2016
Paulo Silva Pinto
A presença do presidente François Hollande ontem em Brasília, com uma agenda dominada por assuntos na área de tecnologia e educação, serviu também como oportunidade para insistir na venda do caça Rafale para a Força Aérea Brasileira (FAB). Mas a escolha dos 36 novos supersônicos dificilmente será decidida antes de 2016, na avaliação de alguns dos franceses que acompanham o processo.
A compra dos aviões militares não está prevista no Orçamento do próximo ano, o que poderia ser contornado. Há outra razão mais importante para riscar 2014 do calendário: tem disputa eleitoral, momento desfavorável a grandes decisões em qualquer país. Em 2015, o processo poderá ser retomado. E então será preciso refazer as ofertas, já defasadas. Em 2009, a decisão estava muito perto de ser tomada pelo então presidente, Luiz Inácio Lula da Silva.
O Ministério da Defesa apresentou três finalistas, o Rafale F.3, de um consórcio liderado pela Dassault; o norte-americano F/A-18, da Boeing; e o sueco Gripen NG, da Saab. Cabe ao Planalto bater o martelo. Depois de tanto tempo, será necessário negociar acordos de parceria local para a produção de componentes dos aviões, uma exigência do governo brasileiro, e refazer muitas contas. A demora no processo decisório desagrada à FAB, que pretende aposentar os antigos supersônicos Mirage 2000. Mas vários países, como Paquistão (*) e Egito, seguem usando esses modelos.
Os franceses acham que têm o que comemorar. Avaliam que o Rafale estava praticamente descartado e passa a ter chances crescentes com o esfriamento das relações entre Brasil e Estados Unidos. Os norte-americanos atuaram fortemente não só a favor de próprio avião, mas também contra o Rafale, segundo um funcionário do governo brasileiro. “Eles chegaram a dizer: se não quiserem levar o F/A-18, escolham o Gripen.”
O Rafale é mais caro, mas envolve uma oferta melhor que a dos norte-americanos na transferência de tecnologia. Os franceses têm diversos programas de cooperação com o Brasil, o que foi ressaltado ontem pela presidente Dilma Rousseff no discurso que fez durante o almoço no Itamaraty. “Reiterei ao presidente Hollande minha satisfação com a implementação do Programa de Desenvolvimento de Submarinos da Marinha do Brasil, o Prosub”, afirmou ela, que depois citou a cooperação bilateral para a produção de helicópteros e a escolha Thales Alenia Space para a construção do satélite geoestacionário brasileiro, de defesa e comunicação de uso civil e militar.
Hollande, em seu discurso no almoço, destacou o apoio ao código de conduta na internet proposto pelos governos do Brasil e da Alemanha, que sofreram com a espionagem norte-americana. “Nós apoiamos essa iniciativa porque é necessária tanto para a soberania das nossas nações como para nossas liberdades individuais.”
Escolas bilíngues
O presidente francês desembarcou ontem em Brasília proveniente de Paris às 7h. Às 9h, visitou as obras das novas instalações do Colégio Franco-Brasileiro François Mitterrand, no Lago Sul, onde se encontrou com o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz. “Por sua vocação, Brasília precisa de escolas bilíngues. Torna-se mais cosmopolita”, afirmou Agnelo.
À tarde, Hollande conversou por 40 minutos com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Embaixada da França sobre a crise global e a América Latina. Depois, seguiu para um encontro com estudantes no Museu Nacional, do qual participaram o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, e o reitor da UnB, Ivan Camargo. Além dos dois e de Hollande, quatro estudantes fizeram discursos. Uma delas foi Elise Contini, 25 anos, aluna de ciências farmacêuticas da UnB que fez uma parte dos estudos na França com apoio dos governos dos dois países. Outro, o francês Florentin Kucharczak, 22 anos, que faz uma parte do curso mecatrônica na UnB, onde desenvolve equipamentos para robótica cirúrgica. Na plateia, Sara Borges, 14, que estuda francês no Centro Interescolar de Línguas (CIL) do Gama, aplaudiu. “Gostei muito de ouvir a experiência das pessoas que estudaram na França” contou.
Um acordo assinado ontem pelos dois governos estabelece a criação do “Programa Férias Trabalho”, que permite a brasileiros e franceses com idade entre 18 e 30 anos estudarem, fazerem turismo e terem emprego no outro país durante um ano. Foram assinados também memorandos e protocolos de entendimento em várias áreas.
FONTE: Correio Braziliense, via Notimp
NOTA DO EDITOR: o Paquistão não usa o Mirage 2000 e sim o Mirage III
Iraque fecha contrato para aquisição de 24 Kai T-50.
Como digo, um país que para a cada dois anos para que seus governantes cuidem de suas eleições, reeleições simplesmente não tem a mentalidade de continuidade, de que o Estado e as instituições precisam ser perenes pois as coisas acontecem e não esperam pelas cerimônias de posse etc etc etc.
Um exemplo, vide o que as chuvas no Rio de Janeiro fizeram ….
”
Antonio M
13 de dezembro de 2013 at 9:27 #
Como digo, um país que para a cada dois anos para que seus governantes cuidem de suas eleições, reeleições simplesmente não tem a mentalidade de continuidade, de que o Estado e as instituições precisam ser perenes pois as coisas acontecem e não esperam pelas cerimônias de posse etc etc etc.
Um exemplo, vide o que as chuvas no Rio de Janeiro fizeram ….”
Totalmente correto colega.
No Brasil os políticos tem “política de poder”,
quando deveriam ter “Política de Estado”.
Esse é um dos maiores problemas do Brasil. Os governos tem planos de partido, não planos para o país.
O que realmante importa para o país fica em segundo plano. O que importa é manter o poder. Não vou nem falar desse partido.
Apesar de querer o Griphen, acho que vai dar o F-18. Os franceses tão se empolgando a toa.
Antonio M, suponho q vc tenha razão com relação à questão das eleições – precisamos urgentemente de uma reforma política que modifique esse quadro. Acho inclusive q a experiência da reeleição não colou, e deveríamos repensar o sistema como um todo. Mas, com relação aos caças, acho que o quadro é mais complexo e envolve fatores que estão além da política, de eleições, desse ou daquele governo, e por ai vai. O problema aqui é a falta de foco estratégico e, mais além, um total desconhecimento por parte da sociedade sobre qual o papel das FFAA num contexto político aberto… Read more »
Vou reproduzir aqui parte de um comentário que fiz há pouco em outro post (com alguns adendos agora), porque tem a ver com esses “três anos” mostrados na matéria. Curiosamente, três anos é o tempo que leva todo o processo de produção de um Rafale. E três anos é o tempo que vai levar, entre a assinatura esperada de um contrato de 126 caça na Índia, dentro do qual 18 jatos serão produzidos inteiramente na França, e a entrega dos primeiros caças. A matéria abaixo dá mais detalhes: http://www.aereo.jor.br/2013/10/23/o-plano-b-da-dassault-e-da-dga-francesa-para-pagar-o-rafale/ Ou seja, daqui a três anos a linha de montagem francesa… Read more »
Curiosamente, três anos é o tempo que leva todo o processo de produção de um Rafale. Também encontrei informações de que esse é o tempo que se leva para produzir um F-16. Ou seja, três anos é um valor ideal para colocar como média para a produção de um caça moderno. Mas essa benesse só é possível pagando pelos caças pelo menos o custo “de prateleira” deles, pois os franceses estão justamente querendo que algum cliente internacional compre parte da produção para aliviar as coisas na França, e se possível no curtíssimo prazo. Nunão, Através de um financiamento externo, um… Read more »
Ah, sim, Poggio.
A questão que coloquei foi só do custo de prateleira. Como seria o pagamento desses eventuais 12 supostamente oferecidos, se com “down payment” dentro do pacote total do F-X2 ou integralmente financiado, não importa para o raciocínio – importa para o fabricante que o dinheiro chegue a ele e importa ao tesouro francês que não saia dos próprios cofres.
esqueci de informar a fonte
Iraque fecha contrato para aquisição de 24 Kai T-50
(Fonte: aviationweek)
bitt 13 de dezembro de 2013 at 9:48 # Caro Bitt tem razão, mas digo de forma geral mesmo com “as coisas”, pois como calamidades naturais, há as que são feitas pelas pessoas, crises econômicas por exemplo que na maioria das vezes como as naturais, não mandam avisos claros. Quero reforçar sobre o Estado e instituições perenes. Outro exemplo, as prefeituras quando tem um novo ocupante suspendem uma série de serviços como entrega de materiais escolares, transporte, reformas, merenda, leite etc apenas para acomodar seus interesses em novos contratos/fornecedores. Se funcionasse como deveria isso seria intocável e sujeitos a auditoria,… Read more »
Lamento avisar que daqui a três anos virá a ressaca dos gastos ultra-bilionários da copa e das olimpíadas….. junte-se a isto a total deterioração da balaça comercial e como consequência a alta estratosférica da moeda americana , etc..etc… o pagamento dos submarinos, dos KC-390, etc;;;etc…estaremos provavelmente passando o penico e nada de mais gastos militares… Ou seja, vamos é algum tampão qualquer e olhe lá…. E enquanto não se mudar este sistema politico podre, supérfluo e corrupto…. vamos é ficar deste jeito. Falando em Egito, como cita a matéria, um país de pirâmides e múmias tem uma Força Aérea que… Read more »
Baschera escreveu:
Lamento avisar que daqui a três anos virá a ressaca dos gastos ultra-bilionários da copa e das olimpíadas
Eu também lamento avisar que em três anos (um pouco mais, possivelmente) parte dos F-5 vai dar baixa.
Caros Infelizmente para mim, ninguém apostou comigo. Eu disse que nada viria e nada veio. Os franceses não foram tão ingėnuos para aceitar a conversa de dilmoff como fiável, apesar dela ter feito a média pública pelo prosub, que é um mamute molhado (muito antigo pra ser considerado elefante). Ela provavelmente ofereceu cotas futuras do pré-sal, e era a única coisa que poderia oferecer, porque no próximo ano tem campanha, que custa muito caro. Caça não dá voto, e, esses governos porcaria têm medo das forças armadas (as instituições mais éticas do brasil). Vão continuar a depreciá-las. O que resta… Read more »
Pessoal
Tudo converge, no momento, para a reunião que ocorrerá no dia 18. Esta data deverá ser um divisor de águas. Ou bate o martelo ou empurra com a barriga (ou melhor, com o nariz do “bicudo” F-5).
Muito interessante seu comentário explicativo sobre possibilidades de compra do Rafale com base no aperto Francês e na disponibilidade de caças para pronta entrega que deve acontecer .
Sds. Eduardo o sumido!rs
Coitados, se fizerem, va dari tanto cocô no ventilador que “Grobo” vai ter manchete por uns dois anos……
Dizem algumas linguas por aí que Tio Sam vai soltar pérolas na internet…….
Grande abraço
daqui a 3 anos sai o anuncio de que sera daqui a 3 anos.
Daqui a 3 anos certamente não teremos mais produção dos SHs…
http://www.aereo.jor.br/2013/12/11/manutencao-da-linha-de-producao-do-super-hornet-sera-decidia-em-marco-de-2014/
Bom, isso é uma afirmação a ser comprovada em março do ano que vem.
Mas de fato, se a situação ainda é duvidosa hoje, não será menos duvidosa daqui a três anos.