A Aviação de Caça da Força Aérea Brasileira – Parte 2

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A FAB no passado também teve que refazer análise técnica por razões políticas

Desde 1967, alguns oficiais da Força Aérea Brasileira já pensavam num sistema integrado de Defesa Aérea. Aos olhos do Ministro Márcio de Souza e Mello, a FAB só ganharia credibilidade se fosse capaz de realizar o policiamento e o domínio dos céus da Pátria através da Defesa Aérea e adquirisse a capacidade de intervenção aeroestratégica. O “resto”, segundo o Ministro, era prestação de serviços.

Em 1968, foi dada a partida para a criação do Sistema de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (SISDACTA) e foi criada a CEPAI (Comissão de Estudos para o Avião de Interceptação), cuja função foi avaliar um interceptador para compor o SISDACTA.

A CEPAI avaliou o Mirage III, o Lightning Mk.55, o Draken e o F-104S.

Analisados os resultados, o Mirage IIIE foi sugerido como o preferido pela FAB e o relatório final foi entregue ao Ministro Márcio que (com a presença do Presidente da CEPAI) apresentou-o ao Presidente da República, General Costa e Silva.

Alegando razões de ordem político-conjuntural, o Presidente Costa e Silva inclinou-se pela solução da aeronave inglesa Lightning Mk.55 e propôs que a análise fosse refeita.

Tecnicamente, o Lightning Mk.55 era inviável para operar na infraestrutura de pistas/pátios da FAB, por causa de seu excessivo peso (44.000lb) e pequena área de contato com o solo (52 polegadas quadradas).

O relatório foi refeito e pronto para ser apresentado ao Presidente Costa e Silva. Para melhor avaliar os efeitos da decisão presidencial, um Grupo de Trabalho composto pelos Maj. Av. M.N.Moreira, Lélio Viana Lobo, Sérgio Ferolla, viajou para a Grã Bretanha e visitou as Bases de Binbrook e Warton para familiarizar-se com os impactos e necessidades operacionais e logísticas do Lightning.

O Presidente Costa e Silva, logo após adoeceu e faleceu, vindo a ser substituído pelo Presidente Médici. Este, procurado pelo insistente Ministro Márcio, liberou a aquisição, em 1970, de 16 aeronaves Mirage III (12 do modelo E e 4 do modelo D de dois lugares) ao custo total do Programa de US$ 69 milhões (sendo cada aeronave cotada a US$ 1,15 milhão cada, US$ 19 milhões de armamento/ mísseis/munição e o restante em equipamento de apoio, pista, hangar, Esquadrão de Suprimento e Manutenção (ESM) e ainda a TDI (Tabela de Distribuição Inicial) de peças de reposição.

O F-103 Mirage IIIEBR representou um tremendo salto para a Força Aérea Brasileira, ficando mais de trinta anos de serviço e voando mais de 65.000 horas.

Os Mirage III das versões adquiridas pela FAB foram desenvolvidas primariamente para missões de defesa aérea, embora mantivessem alguma capacidade de atuar como plataformas de ataque ao solo.

O motor era um SNECMA ATAR 09C, cujo empuxo máximo com pós-combustão alcançava 13.900 libras (6.305 kg), levando a aeronave a velocidade máxima de Mach 2,2 (2.350 km/h).

O sistema de controle de fogo era baseado no radar Thomson-CSF Cyrano II, que originalmente operava integrado ao míssil ar-ar infra-vermelho Matra R530, depois substituído pelo míssil israelense Python III.

Como armamento fixo, a aeronave era dotada de dois canhões DEFA de 30 mm. Para navegação, os Mirage III da FAB utilizavam sistemas tipo Doppler. No inícios dos anos 90, a FAB incorporou ao Esquadrão Jaguar as missões de ataque ar-solo, passando a utilizar bombas de queda livre e lançadores de foguetes.

A aquisição dos Mirage IIIE resolveu o problema da Defesa Aérea, pelo menos marginalmente, mas a FAB ainda precisava urgentemente de uma caça tático, para missões de ataque ao solo e com capacidade secundária de combate aéreo.

A FAB queria o F-5A, mas os EUA repetidamente se recusavam a aprovar a venda do Freedom Fighter ao Brasil.

Continua em próximo post

FOTOS: Arquivo de Aparecido Camazano Alamino

FONTE: MIRAGE F-103 “LA BÊTE…E SEU POST MORTEM”: HISTÓRIA NÃO CONTADA, do piloto de caça Lauro NeyMenezes


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Justin Case

Amigos,

Só para precisar:
Embora existam muitas informações sobre a compra de 16 Mirage III no primeiro lote, foram 17 aeronaves: 4900 a 4903 (4 bipostos); 4910 a 4922 (13 monopostos).
O 4922 recebeu a pintura comemorativa de 30 anos, em 2003.
Abraços,

Justin

“Justin Case supports Rafale”

Alexandre Galante

Obrigado Justin.

Mauricio R.

O Saab Draken tb não foi avaliado???

João Gabriel

Apesar da recusa dos EUA em fornecer caças,o F-5A,o A-4,F-4 e F-105 foram também avaliados,mais tarde os EUA voltaram atrás e ofereceram F-5A ,mas devido a contigenciamento de verbas,não foi adquirido.Me parece que essa recusa em parte foi devido ao governo brasileiro ao ser consultado por embaixadores americanos sobre uma suposta participação do país na Guerra do Vietnã,não quis se envolver na guerra…

Abraços!

Mauricio R.

Aliás em uma hipotética parte 3, poderiam abordar a atitude americana em recusar-se a nos fornecer de Sabre a Phantom enquanto forneciam á Argentina o Skyhawk.

João Gabriel

Mauricio R.

O Draken foi avaliado sim,mas devido a ser muito avançado e pelo fato de não ser usado por poucos países e nunca ter sido usado em combate real(não que eu saiba) como o Mirage III,além de que era bastante caro e sofisticado(já usavam data link!) não foi aceito….

Abraços!

ivanildotavares

A pintura original(1ª foto) é linda demais. Agora, a informação do Justin Case de 17 unidades e não os famosos 16 é uma novidade para mim. Obrigado.
Abraço aos dois(Galante e Justin Case).

ivanildotavares é GUPPY

Clésio Luiz

@João Gabriel Eu fiquei sabendo que ele não foi escolhido por não se dar bem com nosso clima tropical. O Draken era conhecido por ser de fácil manutenção. E se fosse caro, eu duvido que a Suécia tivesse operado mais de 500 deles. @Mauricio R. A Argentina operou o Sabre também. E essa história de que “a FAB ainda precisava urgentemente de uma caça tático, para missões de ataque ao solo e com capacidade secundária de combate aéreo” não me convence muito. O Mirage III sempre foi um caça com capacidade de ataque ao solo, tanto é que o IIIC… Read more »

Dalton

Para quem interessar, complementando o que o Justin escreveu acima,
17 Mirages III foram adquiridos inicialmente, os nrs abaixo:

Bipostos : (4) 4900 – 4901 – 4902 – 4903

Monopostos: (13) 4910 a 4922

sds

Danton

Uma correção: 16 aeronaves (03 bipostos e 13 monopostos).

Asimov

Familiar essa história…

Theo Gatos

A pintura antiga é bem mais bonita que a nova… E as fotos também são bonitas…

Belo post, aguardo continuação!!! rs

Sds.

Danilo

Muito interessante poder entender como foi formada a FAB e que decisões foram cruciais para a atual condição da mesma !

Simplesmente incrivel,

Parabéns ao Blog …

GHz

“Alegando razões de ordem político-conjuntural, o Presidente Costa e Silva inclinou-se pela solução da aeronave inglesa Lightning Mk.55 e propôs que a análise fosse refeita.”

Alguma coisa a ver com a Casa Mayrink Veiga???

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GHz

claudio (R J)

Lendo a “Historia Informal da aviação de caça”, um Coronel participe da referida comissão escreveu que foi procurado por um emissário Norte americano com a incumbência de amaciar o caminho para o A-4, pois o fabricante tinha laços de família com L. B. Johnson sendo que a oferta não foi aceita, pois o A-4 não estava nos planos da FAB, não era caça de superioridade/defesa aérea. Quando os pilotos da FAB pousaram na França para fazer o curso de Mirage, o DoD viu que o negocio era sério e tentou voltar atrás, inclusive oferecendo o F-4, mas ai já era… Read more »

Henrique Jose Bonamin

Otima reportagem