Ordem do Dia do Aviador e da Força Aérea Brasileira, com vídeo da FAB
Brasília, 23 de outubro de 2013.
A verdadeira obra-prima do segundo ocupante da cadeira de número 38 da Academia Brasileira de Letras, o brasileiro Alberto Santos Dumont, não foi escrita, mas publicada em vertiginosas edições intituladas – a conquista dos céus.
Curiosamente, esse autor de dois singelos volumes literários habita o imaginário coletivo acima dos mais belos livros, acima da terra e do mar, na imensurável circulação dos seus verdadeiros poemas, escritos em volumes de aço e alumínio – na forma dos intrépidos dirigíveis de outrora e dos modernos aviões da atualidade.
Com irretocável sapiência, o lendário rei Salomão esboçaria a fonte de inspiração dessas memoráveis façanhas pelos céus da cidade luz:
“como a ave que percorre o espaço, não deixando vestígio de seu roteiro, fazendo apenas ouvir o rumor das asas, açoitando o vento leve e abrindo, à força, caminho pelo ar.”
Não seria por coincidência que, passados quase três mil anos, ao alçar voo, dominando a dirigibilidade dos balões, o genial pai da aviação concluiria que os pássaros deviam experimentar a mesma sensação, ao distenderem as suas longas asas no instante em que, como setas, atravessavam o firmamento.
Para aquele audaz representante da pacata cidade mineira de Palmira – “nesse dia começou a minha vida de inventor”.
No entanto, sabendo que o objetivo mais nobre da inteligência é a busca da verdade, Santos Dumont continuou acrescentando lídimas contribuições ao rol da sabedoria humana, pois, de triunfo em triunfo, passando por severas provações intelectuais e vencendo situações de iminente perigo, apresentou a um mundo maravilhado a solução completa para o enigma do voo autopropulsadado do mais-pesado-que-o-ar.
Ao escrever com a pena firme o primeiro capítulo da história do aeroplano, um orgulhoso filho de Henrique Dumont desafiaria os prognósticos de que – “Deus nunca permitirá que tal máquina tenha êxito… Para evitar muitas consequências, que alterariam as relações civis e políticas da humanidade”.
Escrita em 1670 pelo jesuíta italiano Francesco Lana de Terzi, pioneiro da engenharia aeronáutica, tal premissa seria refutada pelos desígnios do criador, ao repousar sobre os ombros de Santos Dumont, um prestigioso cidadão do mundo, essa imensurável responsabilidade, confiando, acima de tudo, no seu humanitarismo e filantropia.
Herdeiros desse legado universal, estejam certos de que a ciência não se atém a limites geográficos, ela não reconhece diferença quer de idioma ou de costumes. Mas resulta, como demonstrou o nosso patrono, de um esforço hercúleo e dedicação a toda prova na busca por um objetivo maior.
Foi incorporando esse ensinamento à edificação da nossa aguerrida Força Aérea Brasileira, que os senhores e senhoras, civis e militares de todas as épocas, têm contribuído, abnegadamente, para bem posicionarmos o poder aeroespacial brasileiro entre os mais modernos e desenvolvidos do continente americano.
Na história recente do país, tamanha conquista vem sendo assegurada pelo profissionalismo de bravos aviadores que conduziram, brilhantemente, sob suas asas, parcela significativa do progresso que alavanca nossa pujante nação.
Em especial, sinto-me honrado em poder enaltecer as realizações da Força Aérea do terceiro milênio em sua data magna, egrégia instituição que, no azul do céu, zela pela defesa da pátria e pela garantia dos poderes constitucionais.
Embalados por essas sublimes missões, crescemos vertiginosamente a cada dia, elevando o Brasil ao patamar de excelência no cenário internacional em um eminente setor da economia globalizada – a indústria aeroespacial.
Esse promissor ramo industrial vem sendo robustecido pela frutífera interação entre os poderes público e privado, ao proverem suporte à especialização de uma mão-de-obra altamente sensível, capaz de absorver e gerar o conhecimento que projeta a nação como um vultoso polo tecnológico.
Em meio a esse cenário de inovação, é que temos fornecido o adequado suporte de recursos humanos à comunidade científica, ao planejarmos, por orientação da excelentíssima senhora Presidenta da República, a ampliação do Instituto Tecnológico de Aeronáutica – o nosso ITA – visando dobrar o número de engenheiros para as necessidades futuras.
Como o 14bis frutificou da inventividade de um homem de rotina solitária, mas de alma integradora, os conceitos dos modernos – A29 Supertucano, dos jatos Embraer séries 130/140/170/190 e do audacioso programa de desenvolvimento do KC 390 – vicejam no fértil terreno dessas promissoras parcerias em prol do desenvolvimento técnico-científico da aviação brasileira.
É sedimentado nesse sinérgico espírito de cooperação que o comando da aeronáutica, ao ombrear esforços com valorosas empresas do setor de defesa, tem alcançado inconteste sucesso no fortalecimento desse importante segmento da cadeia produtiva nacional.
Tal vigor tecnológico da Força Aérea tem ultrapassado os limites das nossas naceles, abrangendo toda a circulação de aeronaves no imenso território brasileiro.
Por meio do agregador projeto Sirius, estamos buscando compatibilizar as rotas voadas às respectivas performances das aeronaves navegando no espaço aéreo nacional, sempre mirando a eficiência em termos de volume de tráfego processado, de economia de combustível e da notável diminuição nas emissões de gases e ruídos.
Essa incessante busca de modernidade nos variados campos do setor aeronáutico representa, para os homens e mulheres de azul, o atributo fundamental para o cumprimento de suas missões em prol de uma pátria soberana, voltada para a sublime garantia do convívio pacífico entre os povos.
Hoje, após 107 anos de uma conquista universal, vislumbramos como a inteligência de um autêntico herói brasileiro fez do arco do triunfo o legítimo arco de aliança entre os povos, ao viabilizar o incomparável voo do homem sobre a terra.
Que o criador faça brilhar na posteridade o legado desse bandeirante dos céus!
Tenente-Brigadeiro do Ar JUNITI SAITO
COMANDANTE DA AERONÁUTICA
FONTE/VÍDEO: FAB