Acidente com Super Puma afeta imagem da Eurocopter

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EC 225 da frota da CHC - foto CHC

Carola Hoyos Financial Times

vinheta-clipping-aereoA retomada dos voos dos helicópteros Super Puma da Eurocopter no Mar do Norte, após o acidente fatal do mês passado, foi autorizada, mas o problema para a maior fabricante mundial de helicópteros comerciais está longe de terminar. A recente queda do aparelho, que causou a morte de quatro pessoas, foi o quinto incidente ocorrido com o modelo no Reino Unido desde 2009, e tende a ter efeitos graves sobre as vendas e lucros do Eurocopter, dizem analistas.

Dois pousos forçados ocorridos no ano passado, envolvendo uma outra variante do helicóptero Super Puma, fizeram com que as autoridades reguladoras britânicas impusessem uma proibição aos voos sobre o mar durante o período em que estava sendo investigado um problema na caixa de câmbio. Essa interdição, suspensa no início de julho, contribuiu para a queda das vendas e dos lucros da Eurocopter e levou a um acúmulo de estoques que reduziu à metade a posição líquida de caixa da mantenedora, a EADS, entre dezembro de 2012 e junho deste ano.

A proibição, desta vez, foi bem mais curta, mas a confiança na marca por parte dos trabalhadores do setor de petróleo saiu prejudicada, e alguns estão defendendo que os Super Pumas sejam completamente retidos em terra. Por outro lado, as empresas petrolíferas dizem que estão evitando que seus trabalhadores sejam transportados das plataformas ao largo da costa por operadoras que usam Super Pumas.

“Após o incidente de 2009, nosso pessoal técnico próprio de aviação e logística têm se empenhado em garantir que não fiquemos excessivamente expostos aos Super Pumas”, disse um executivo de uma grande empresa petrolífera.

As operadoras de helicópteros receberam o recado, e estão se esquivando a oferecer serviços com Super Pumas ao se candidatar a importantes empreitadas, disseram pessoas próximas ao setor.

Sash Tusa, analista de equipamentos bélicos, diz que a série de acidentes é um “enorme problema” para a Eurocopter. “O Puma mostrou inquestionavelmente que alcançou, ou ultrapassou, seus limites genéticos”, disse ele, observando que, comparativamente, os helicópteros Sikorsky e AgustaWestland são “novos e reluzentes, e incorporam muito crescimento”.

Guilllaume Faury, principal executivo da Eurocopter, contestou a afirmação de que o Super Puma estaria perdendo terreno em favor dos concorrentes, ao dizer que a mais recente variante do EC-225 é o aparelho mais moderno no mercado e que está concorrendo bem com o Sikorsky. “Isso vai mudar quando o (AgustaWestland) AW-189 chegar, mas o EC-225 continuará à frente em parte da tecnologia, principalmente em sistemas de controle de voo”, disse ele, acrescentando que o EC-175 também está em processo de pesquisa e desenvolvimento.

Outros analistas dizem que ter tantos Super Pumas em voo aumenta a probabilidade de ocorrência de um acidente. Eles destacam que o S-92 da Sikorsky não é novo em folha e tem histórico comprometido por um acidente fatal, no Canadá, em 2009.

Para a Eurocopter, o maior problema subjacente – agravado pelos recentes acidentes – é o de que a linha de pesquisa e desenvolvimento da empresa não dispõe de uma nova alternativa ao seu Super Puma, em operação há 30 anos, e a suas variantes.

Isso deixa à Sikorsky, da United Technologies dos EUA, e à AgustaWestland, da italiana Finmeccanica, a tarefa de compartilhar os despojos com o S-92 e com os helicópteros AW-189, ainda mais recentes. Por seu lado, a Bell Helicopter, da americana Textron, não está muito atrás no desenvolvimento de sua variante.

Para voltar a participar plenamente do mercado, a Eurocopter terá agora de injetar até € 500 milhões no desenvolvimento de um helicóptero de transporte civil e de busca e resgate, segundo estimativas dos analistas.

FONTE: Valor Econômico, via resenha do EB

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Milton

Estamos com o “bode na sala”!

Nick

Um erro de projeto pode ter matado um bom produto. E a EADS deveria groundear todos os SuperPumas e Caracals até que os mesmos recebam novos MGBs na faixa.

[]’s

Vader

La maison est tombé!

🙂

Corsario137

O que eles vão fazer é uma versão maior do EC-175 tal como o Aw-189 é do Aw-139. E sem dúvida alguma, quem levou a melhor até agora foi o S-92.

Vader

“Você pode enganar uma pessoa por muito tempo; algumas por algum tempo; mas não consegue enganar a todas por todo o tempo.”

Abraham Lincoln

Marcos

Nick

Não há como colocar uma nova caixa de transmissão, simplesmente porque uma nova caixa terá um novo desenho, um volume maior e que não vai poder ser encaixado no atual espaço existente.

Marcos

O que surpreende é que enquanto em outros países há suspensão de contratos, pelo menos até que solucione o problema, por aqui a produção continua.

Observador

Fico aqui pensando na situação da MB. Nossa marinha vai fazer o que mesmo com os seus EC-725? Vai usar os seus helis para voar sobre a terra, assim tipo de base naval para base naval?

E as compras previstas do EC-225 para a Petrobrás, vão ocorrer? Será que alguém vai ter coragem para embarcar neste aparelho para voar uns 100 km até uma plataforma petrolífera?

E a presidente, com o medo de voar que dizem ter, vai embarcar no EC-225 da Presidência da República?

ernaniborges

Esse é um dos graves problemas que podem acontecer quando uma compra é decidida puramente por decisões políticas e “estratégicas”, em detrimento dos pareceres técnicos.

E agora ? Quem vai engolir esse angú de caroço ?

Baschera

Eur$ 1,8 bilhão colocados no lixo……

Tudo o que nós falamos aqui se confirmou…. quero saber, agora, uma posição do Ministério da Defesa do Brasil.

Não basta a pindaíba, equipamentos toscos e da época da guerra da Coréia…quando se compra algo… é bichado e super-hiper-faturado.

Sds.

Baschera

ernaniborges,

Eu sei quem NÃO vai engolir este angú…. os que lucraram com isto, os que vão tirar o corpo fora, os que ficaram milionários com as comissões e propinas….. os de sempre !

Sds.

Ricardo Santos

Não é possível que nenhum jornal decente, queira investigar esta história! Já está mais que na hora!

Jackal975

Lamentável…não deixa de ser irônico: nas poucas vezes em que compramos equipamentos novos, ainda dá problema. Sorte aos operadores, esperamos que mais nenhuma vida seja perdida.

Justin Case

Amigos,

Essa família de helicópteros é tão ruim que atualmente representa em torno de 70% de toda a frota que opera no Mar do Norte. Aqueles empresários devem ser muito ignorantes nesse assunto. Bons são os outros, que dividem os restantes 30%.
Abraços,

Justin

Vader

Guilherme Poggio disse:
3 de setembro de 2013 às 15:36

Então Poggio, mas a MGB é a mesma da Kombi, e foi o que provavelmente motivou a queda desse último SP.

A pergunta que não quer calar é: se o SP, com 4 pás apenas, tá dando pau na MGB, o que dizer da Kombi, que tem 5?

Justin Case

Vader, boa tarde.

Cuidado com o uso da lógica leiga:
Qual vibra mais, um motor de quatro ou um de seis cilindros?
Se os dois tiverem a mesma potência, qual terá suas partes mecânicas mais estressadas?
Abraço,

Justin

ernaniborges

Justin Case disse:
3 de setembro de 2013 às 14:26

Amigo Justin.
Não sou de criticar apenas por criticar. Não sou contra esse ou aquele país. Mas há algo de errado com esse helicóptero e isso é um fato.
Nossa indignação é com o preço absurdo que se pagou por ele, por conta de uma transferência de tecnologia de mim pra mim mesmo. Ainda por cima, ele está apresentando um defeito sério e nosso governo não se manifesta sobre isso.

Augusto

Acredito que a Airbus Helicopters (ex-Eurocopter) – maior fabricante de aeronaves de asa rotativas do mundo – saberá resolver o problema.

Marcelo Andrade

Pessoal,

Desculpem-me a insistência, mas, estes acidentes ocorrerão com versão mais nova: EC-225? Por que a França utiliza os EC-725 no Afeganistão sem nenhum problema. A Lider também não cancelou as encomendas de EC-225. A reportagem fala em Super Puma, ora, ele existe desde 1978.
Acho que devemos pesquisar o que vem ocorrendo com a operação deste heli em todo o mundo e aí sim tirar as conclusões. EB, Marinha do Chile, Esquadrão Pégaso – HU-2, Malásia,etc.

E quanto a Caixa de Transmissão? Se está quebrando, por que não se constrói outra usando um material mais resistente?

Fernando "Nunão" De Martini

“Marcelo Andrade em 03/09/2013 as 16:21 E quanto a Caixa de Transmissão? Se está quebrando, por que não se constrói outra usando um material mais resistente?” Marcelo, A Eurocopter já informou que, além das ações preventivas já introduzidas (luzes de advertência e inspeções) está desenvolvendo uma nova peça para transmissão, com novas aberturas para lubrificação, além de mudanças na espessura do material, dos processos de fabricação etc. Divulgou prazos, prioridades e tudo o mais. http://www.aereo.jor.br/2013/07/21/eurocopter-divulga-videos-com-acoes-preventivas-e-de-precaucao-do-ec225/ Clicando também nos links ao final da matéria, você poderá também se informar sobre os acidentes com os EC-225. Sobre operação do EC-725 no Afeganistão,… Read more »

juarezmartinez

tin Case disse: 3 de setembro de 2013 às 16:08 Vader, boa tarde. Cuidado com o uso da lógica leiga: Qual vibra mais, um motor de quatro ou um de seis cilindros? Se os dois tiverem a mesma potência, qual terá suas partes mecânicas mais estressadas? Abraço, Justin Leia mais (Read More): Acidente com Super Puma afeta imagem da Eurocopter | Poder Aéreo – Informação e Discussão sobre Aviação Militar e Civil Olá Cel.! Depende: De que tipo de motor estamos falando, de motores com cilindros em linha? cilindros e “V”? Com que rotação atingem sua curva de toque ideal?… Read more »

Penguin

Tá feia a situação da Eurocopter com os sindicatos…

Oil Workers In Public Outcry Over Helo Safety Record
By Tony Osborne
Source: Aviation Week & Space Technology

http://www.aviationweek.com/Article.aspx?id=/article-xml/AW_09_02_2013_p18-610858.xml#

———————-

https://www.facebook.com/pages/Destroy-the-Super-Pumas/649173595095243

Nick

Caro Poggio,

Existem Super Pumas e Super Pumas. 🙂

Existe uma versão do AS 332 SP/AS 532 que usa a mesma MGB do famigerado Caracal EC-225/EC-225. Inclusive quando houve groundeamento dos EC-225 os AS-332/AS-532 que usam a mesma MGB também ficaram “na chon”.

[]’s

Nick

errata: “EC-225/EC-725”.

Caro Nunão o problema é que essa nova MGB ainda vai demorar um pouco. E ficar só na base das luzinhas em alto-mar é preocupante. A AIRBUS Helicopters deveria solicitar aos seus usuários a suspensão do uso do modelo até ser feito a troca graciosamente pelo MGB novo. E claro com ressarcimento total dos lucros cessantes. DE TODOS OS USUÁRIOS/CLIENTES.

[]’s

Fernando "Nunão" De Martini

Nick, Apenas deixo claro que não emiti opinião a respeito da rapidez ou lerdeza do processo, atitudes a tomar de clientes ou o que quer que seja. Apenas indiquei o link ao colega que fez uma pergunta. Mas compartilho de suas preocupações e especialmente em relação ao contrato para nossas Forças Armadas, e com que tipo de equipamento os helicópteros contratados serão entregues nos próximos anos. O fato é que certificação e testes de fadiga etc de uma nova peça (por mais rápido que a consigam desenvolver e produzir os pré-séries) é coisa que leva tempo. Não dá pra fazer… Read more »

Fighting Falcon

Nossos governantes e suas decisões políticas…
Como esperar que vamos evoluir um dia…

Marcelo Andrade

Nunão,

Valeu pela informação. Realmente a França “utilizou” no Afeganistão. Foi até matéria da Revista Asas.

Obrigado!

Justin Case

Amigos, boa noite.

Aqui está o link para o boletim publicado ontem (5 de setembro) sobre o acidente com o Super Puma.
http://www.aaib.gov.uk/cms_resources.cfm?file=/S6-2013%20AS332%20L2%20G-WNSB.pdf
Abraços,

Justin

Fernando "Nunão" De Martini

Obrigado pelo link, Justin. Até o que é descrito antes desses dois parágrafos, pelo que entendi tudo ia bem e então começou a degringolar de alguma forma, aparentemente como um problema que acarretasse drástica mudança no padrão de voo de um segundo para outro. Aparentemente o que ocorreu de errado durou vários segundos, diminuindo muito a velocidade e altitude e colocando a aeronave fora do padrão esperado para o pouso, a partir de 2 milhas de distância da pista: “The recorded data show that at three miles from the runway threshold the helicopter was on the published horizontal and vertical… Read more »