MinDef lidera investimentos entre os órgãos federais
KC-390, EC725 e construção de submarinos estão entre os programas que mais receberam recursos
O Ministério da Defesa é líder em investimentos entre os órgãos federais. Até julho, a Pasta investiu R$ 5 bilhões, 33% a mais que o aplicado no mesmo período de 2012 – R$ 3,7 bilhões. O total de 2012 já está atualizado pela inflação (valor constante). Se considerarmos os valores correntes dos últimos anos, o total investido até o sétimo mês de 2013 já é 36% maior que a média dos investimentos anuais entre 2002 e 2012, que é de R$ 3,7 bilhões.
Do total investido pela Defesa, R$ 4,2 bilhões foram destinados ao programa “Política Nacional de Defesa”. A ação orçamentária “Desenvolvimento de Cargueiro Tático Militar de 10 a 20 Toneladas (Projeto KC-X)” foi a que mais recebeu recursos até julho, cerca de R$ 1 bilhão.
A Embraer desenvolve o KC-390 sob contrato com a FAB (Força Aérea Brasileira). No fim de março, a empresa concluiu a revisão crítica de projeto, para iniciar a fase de produção do protótipo. A previsão é que o primeiro voo teste da aeronave ocorra no segundo semestre de 2014.
O KC-390 é um projeto de aeronave para transporte tático/logístico e reabastecimento em voo que estabelece um novo padrão para o transporte militar médio. O projeto está sendo desenvolvido para atender aos requisitos operacionais da FAB. Desde 2009, R$ 1,2 bilhões já foram investidos na iniciativa, em valores correntes.
O Ministério da Defesa investiu ainda R$ 429 milhões na ação de “Implantação de Estaleiro e Base Naval para Construção e Manutenção de Submarinos Convencionais Nucleares”. Em 2008, foi celebrada uma parceria entre o Governo do Brasil e o da França para a transferência de tecnologia e prestação de serviços técnicos especializados concernentes ao Programa de Desenvolvimento de Submarinos, destinados a capacitar a Marinha do Brasil em projeto e construção de submarinos convencionais e nucleares, além da construção de estaleiro e da base de submarinos. Desde 2009, R$ 3,7 bilhões, em valores correntes, foram aplicados na iniciativa.
Outros R$ 445,5 milhões foram investidos na ação de “Construção de Submarinos Convencionais”, que prevê a aquisição de pacotes de materiais para quatro submarinos convencionais S-BR, respectivos sistemas e tecnologia de construção, além da aquisição de torpedos, despistadores de torpedo e respectivos sistemas logísticos. O montante aplicado engloba também as demais despesas que contribuam diretamente para o desenvolvimento e a execução do projeto. Foram aplicados R$ 2,3 bilhões no projeto desde 2009.
A Defesa investiu R$ 360 milhões na iniciativa de “ Aquisição de Helicópteros de Médio Porte de Emprego Geral (Projeto H-XBR)”. A ação prevê a aquisição de 50 helicópteros de médio porte de emprego geral, conforme contrato a ser firmado entre o Comando da Aeronáutica e o consórcio formando pelas empresas Eurocopter (francesa) e Helicópteros do Brasil (Helibrás). As aeronaves adquiridas terão a seguinte destinação: 18 para a Força Aérea Brasileira, 16 para o Exército Brasileiro e 16 para a Marinha do Brasil. A Defesa já investiu R$ 1,4 bilhão na iniciativa, desde 2009.
Investimentos desde 2009 Investimentos em 2013 (até julho)
KC-X R$ 1,2 bilhão R$ 1,0 bilhão
H-XBR R$ 1,4 bilhão R$ 360 milhões
Importância dos investimentos
Para o professor adjunto do Departamento de Relações Internacionais da Universidade de Brasília e especialista em política de defesa, Alcides Costa Vaz, os investimentos nas Forças Armadas são necessários para a modernização do aparato militar. “Nós temos hoje uma ameaça de ataque cibernético que requer equipamentos e tecnologia distinta dos equipamentos convencionais de segurança, por exemplo. São investimentos caros”, explica o professor.
Outro aspecto levantado por Vaz é o fato dos investimentos beneficiarem outras áreas não militares. “O desenvolvimento de tecnologias militares tem também benefícios para outros campos de destinação civis. A maior parte da tecnologia militar é de uso dual”, completa.
Em resposta aos críticos que defendem que o país não precisa investir em defesa, pois a nação não sofre ameaças de outros países, o professor é enfático. “As ameaças hoje são globais. Temos todo um patrimônio natural, recursos de biodiversidade e um parque industrial a proteger”, defende.
FONTE: Contas Abertas