Fundo pede que EADS venda participação na Dassault
PARIS, 5 Ago (Reuters) – O fundo ativista de hedge TCI escreveu uma carta ao presidente-executivo da EADS exigindo que a empresa aeroespacial venda sua participação na Dassault Aviation, fabricante do caça Rafale, dizendo que a fatia de 4 bilhões de euros (5,3 bilhões de dólares) constituía “mau uso de capital”, e que os recursos deveriam ser distribuídos aos acionistas.
É a primeira vez que um acionista questiona a estratégia do grupo desde a mudança na governança corporativa da EADS em abril, mostrando as crescentes pressões de mercado enfrentadas pela companhia. Mas a investida também deixa claro os limites de sua pretensão de ser uma empresa normal, que toma decisões independentes.
A EADS tem um acordo para “armazenar” a participação na Dassault, que herdou da Aerospatiale –a empresa estatal francesa que ajudou a fundar a EADS em 2000–, em nome do governo francês.
Até agora não houve nenhuma indicação que o governo francês estaria preparado para encerrar o acordo com a EADS.
O Ministério das Finanças francês não estava imediatamente disponível para comentar.
Em uma carta enviada a Tom Enders na sexta-feira, que foi vista pela Reuters, o fundo TCI disse que a fatia de 46 por cento da EADS no negócio “não mostrava sinergias” e tinha “valor estratégico limitado” para o grupo, que planeja combinar suas unidades especial e de defesa e assumir o nome de seu carro-chefe, a marca Airbus.
O TCI, que detém mais de 1 por cento do capital da EADS, afirmou que a participação deveria ser vendida, quer através de uma venda ou oferta pública, sugerindo que os recursos deveriam ser usados para recomprar ações ou realizar o pagamento de um dividendo especial.
“O TCI é acionista e reconhecemos que eles comunicaram seus pontos de vista, um direito como acionista”, disse um porta-voz do EADS em um comunicado enviado por email à Reuters. “Vamos manter os acionistas totalmente a par de nossos planos e nosso progresso”, acrescentou o texto.
O Financial Times citou uma pessoa próxima ao grupo francês dizendo que o alto escalão da empresa tendia a ser simpático à proposta do TCI, mas um pacto de acionistas com o governo francês, dono de 12 por cento da EADS, significava que a companhia não seria livre para vender a participação.
Mesmo que o governo francês não tenha mais poder de veto sobre a estratégia da EADS, ele ainda tem a palavra final sobre o que a EADS pode fazer com a sua fatia na Dassault. (Por Cyril Altmeyer e Elena Berton)
FONTE: Reuters