Governo francês quer comprar apenas 26 caças Rafale nos próximos 6 anos
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França vai cortar 12% de militares em orçamento de seis anos – Cortes de gastos e desejo de forças mais ágeis alteram a composição do segundo maior exército da Europa
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Paris – A França vai cortar cerca de 34.000 militares como parte de uma proposta de orçamento de seis anos para a defesa que será anunciado nesta sexta-feira, no momento em que os cortes de gastos do governo e o desejo de forças mais ágeis alteram a composição do segundo maior exército da Europa.
O ministro da Defesa da França, Jean-Yves Le Drian, vai apresentar o orçamento de 190 bilhões de euros (251 bilhões de dólares) em uma reunião do gabinete. O Ministério da Defesa alertou em abril que seu orçamento permaneceria fixo nos próximos anos quando apresentou as prioridades para 2014-19, em uma estratégia que antecipou o corte de 12 por cento no pessoal.
O governo quer cortar os gastos do Estado em 60 bilhões de euros nos cinco anos do mandato para alcançar metas de défict, mas evita cortes drásticos nos gastos militares depois de oficiais das Forças Armadas e parlamentares disseram que isso afetaria a capacidade da França de reagir a ameaças de segurança globais.
Ainda assim, o corte de postos de trabalho de militares vai ter impacto, num momento de alta do desemprego a insatisfação com o presidente socialista François Hollande devido a sua incapacidade de reanimar a economia.
De acordo com o esboço do orçamento, os militares vão desacelerar a entrega de aviões Rafale encomendados da Dassault Aviation, recebendo apenas 26 caças nos próximos seis anos, abaixo dos cerca de 11 aviões ao ano. O governo espera que as encomendas estrangeiras absorvam alguns dos aviões feitos pela semi-estatal Dassault, que ainda espera vender um de seus carro-chefe Rafales no exterior, mas diz ser preciso produzir pelo menos 11 por ano para operar de forma eficiente.
A mudança vai atrasar os pagamentos prometidos pelos aviões, no valor de cerca de 120 milhões de dólares cada, aliviando a pressão sobre os cofres públicos.
Depois de uma concorrência feroz com rivais dos EUA, russos e europeus, a França está em negociações exclusivas para vender 126 caças Rafale à Índia e espera concluir um acordo até o final do ano. Ela também disputa contra o Eurofighter, produzido em conjunto por quatro países, e outros por encomendas no Catar, Emirados Árabes Unidos, Brasil e Malásia.
“Não há nenhuma razão para se preocupar com a Dassault”, disse o ministro da Defesa, Jean-Yves Le Drian, à rádio Europe 1. “Estou muito confiante sobre a capacidade de exportação do Rafale nos próximos meses“. Uma fonte próxima ao ministro disse que se ficar claro daqui a dois anos que as encomendas de exportação não se firmaram, o ritmo de entregas de Rafale para a França deve ser revisto.
Pelos próximos três anos, o orçamento anual será congelado em 31,4 bilhões de euros, o mesmo nível de 2013, com a expectativa de que aumente em 2017, 2018 e 2019. O projeto de orçamento de seis anos prevê a eliminação de 23,5 mil postos de trabalho, 16 mil dos quais são cargos administrativos. Os outros 10 mil cortes foram ordenados no âmbito do orçamento anterior.
O setor militar da França emprega cerca de 228 mil pessoas hoje. Outras 165 mil pessoas são empregadas pela indústria de defesa, sem incluir empresas sub-contratadas.
FONTE: Exame, com informações da Reuters (Patrick Vignal e Alexandria Sage)
FOTOS: Força Aérea Francesa
NOTA DO EDITOR: o título “Governo francês quer comprar apenas 26 caças Rafale nos próximos 6 anos” é do Poder Aéreo. O título original da notícia é a primeira frase do subtítulo. A informação sobre a possível diminuição das encomendas de Rafale para as Forças Armadas Francesas (Armée de l’air e Marine Nationale), a ser compensada com vendas de exportação para tentar manter a cadência mínima de produção de 11 jatos por ano, já havia sido veiculada aqui no Poder Aéreo, quando da publicação da mais recente edição do Livro Branco de Defesa Francês. Para saber mais, clique nos links a seguir.
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Antes era a VVS que estava sendo desmontada e a Europa nadava na grana.
AGORA é o contrário…
O mundo dá muitas voltas…
A Dassault tem que rezar muuuuuito para sair o contrato com a Índia.
Se não for isso, babau Rafale.
Ate que enfim alguém denominou a Dassault do que ela é uma semi-estatal.
Imagino o que poderia acontecer se o governo indiano resolvesse dar um tempo nas negociações, para ver até onde os franceses baixam o preço de la jaca.
Mesmo que os indianos comprem o Rafale ele vai ser montado na Índia. Desta forma, em parte os problemas da Dassault continuarão.
Abs,
Ricardo
Pois é. Tirando a Ásia, está todo mundo cortando.
Ricardo, Pelo que sei, as exportações do Rafale para a Índia (18 unidades iniciais – as 108 restantes do contrato de 126 serão montadas pelos indianos) vão aliviar uns 3 desses 6 anos de pedidos reduzidos da França de que fala a matéria, mantendo a cadência de 11 anuais. Vai faltar algum outro pedido externo para aliviar outros três anos de compras reduzidas francesas. Isso porque, levando em conta que em 6 anos seriam produzidas 66 unidades, e somando os 18 indianos a serem produzidos na França com os 26 a serem comprados pelas Forças Armadas Francesas, dá 44. Assim,… Read more »
Amigos, As encomendas do Rafale tinham sido adiantadas para manter o compromisso com a sua indústria de defesa de manter uma cadência de produção mínima. Isso quer dizer que, momentaneamente, as forças têm mais aeronaves Rafale do que estava na sua previsão. É perfeitamente esperado que seja buscado o retorno à programação normal, no caso da confirmação das exportações. Eles têm muitas aeronaves de boa capacidade operacional e com vida útil disponível. Ninguém imagina jogar Mirage 2000 no lixo, pelo menos no resto do mundo. Quanto à diminuição dos efetivos, isso é uma tendência mundial. Esquadrões estão sendo desativados, em… Read more »
Fazendo a velha conta da padoca!
18 jacas, ops rafales em 3 anos, digamos que este seja o tempo pra colocar a linha dos dalits funcionando e supondo que esta linha vai ser igual a francesa, 11 le jaque por ano, ai teriamos mais aproximadamente 10 anos ate a entrega daultima aeronave!
Num total de 14 anos pra entrega de todos, eu colocaria minhas barbas de molho!
Sds
GC
Galeão, Não é por falta de capacidade instalada que a linha de montagem francesa monta só 11 caças anualmente. A linha é capaz de montar em cadência bem maior, assim como os fornecedores também poderiam fornecer as partes e equipamentos do caça em ritmo mais elevado. O problema é que o Governo Francês só compra o mínimo indispensável para manter a linha na cadência de 11 por ano, que foi o número considerado como o mínimo economicamente viável para toda a cadeia de produção envolvida. Já li que, com uns dois anos de aviso de antecedência para que as encomendas… Read more »
Se não estou enganado a Dassault quando propôs o Rafale afirmava que o mercado para o caça seria superior ao do Mirage 2000. A capacidade da fabricante é de produzir pelo menos 30 caças por ano, hoje monte 11 e do jeito que vai ficará nos cinco ou seis por algum tempo.
Originalmente a França pretendia comprar 320 caças Rafale. Hoje quantos são 220? Caiu 100. Talvez caia mais.
Abs,
Ricardo
Com a saída do M2000 de linha, o F-16 continuou vendendo, e certamente conquistou mercados que disputaria com o M2000. Sempre pensei que eles deveriam ter mantido a linha do M2000 em paralelo com o Rafale, pois trata-se de caças com capacidades distantes, e hoje se houvesse M2000 sendo fabricados com o “recheio do Rafale”, seriam caças muito interessantes. Mas os franceses devem ter visto isso, e viram que o Rafale não venderia, o que eles não puderam imaginar, é que o Rafale não venderia de forma alguma, se transformando em um fiasco quando o assunto é exportação, e ainda… Read more »
Menos que 11 / ano a Dassault já afirmou que é inviável a fabricação desse caça. Se a Índia demorar muito para assinar o contrato é possível que a linha de montagem deles tirem férias de 2 anos. 🙂
[]’s
Acho hilário ver brasileiro dizendo, repetindo, reiterando e fazendo questão de frisar o tempo todo que “o Rafale é um FIASCO”, uma “JACA voadora” e debochando dos franceses. Os franceses projetaram e construíram, nos últimos vinte e cinco anos, uma máquina possante, de última geração, desenvolvendo a própria tecnologia e parque industrial. Nem a Alemanha fez isso sozinha, tampouco a Inglaterra, tiveram que se unir com Itália e Espanha. Já os franceses idealizaram um caminho próprio e foram em frente. Para nós, sábios brasileiros, isso é FEIO, é o CÚMULO, um verdadeiro ABSURDO…curioso. E se essa “absurda iniciativa francesa” resultou… Read more »