Nasce em São João da Boa Vista novo polo aeronáutico
Iniciativa da prefeitura já atraiu duas empresas para a cidade
O Aeroporto Municipal de São João da Boa Vista, localizado a 215 km de São Paulo, estava praticamente às moscas até um ano atrás. Sem voos regulares, a pista de 1,5 mil metros – maior do que as duas pistas do Santos Dumont, no Rio – era usada apenas por 15 proprietários de aviões. Para dar vida ao espaço, a prefeitura correu atrás de fabricantes de aviões com a proposta de criar um polo aeronáutico dentro do aeroporto. Até agora, duas empresas aceitaram o convite – e os incentivos fiscais – e transferiram suas fábricas para o local.
“Começamos a olhar o nosso aeroporto com uma visão de negócios”, disse Amélia Queiroz, diretora de planejamento da prefeitura de São João da Boa Vista, um município de cerca de 85 mil habitantes.
A primeira a mudar sua sede para o município paulista foi a Indústria Paulista de Aeronáutica (Inpaer), criada em 2001, em Campinas, com foco em aviões esportivos. A empresa ocupava um hangar de 2,5 mil metros quadrados no Aeroporto Estadual Campo dos Amarais até o ano passado. “Estávamos saindo da fase de fundo de quintal para um profissionalismo. Para crescer, tínhamos de sair de lá”, conta o sócio-fundador da empresa, Caio Jordão.
A solução começou a aparecer seis anos atrás, quando um piloto amador bateu à porta da Inpaer com um recado do então prefeito de São João da Boa Vista. A prefeitura tentava tirar da gaveta o projeto de criação do polo aeronáutico, que já existia quando o aeroporto foi construído no fim dos anos 70.
O prefeito da época pediu ao amigo Antonio Curtiu para convidar alguns fabricantes a se mudar para a cidade. “Não conhecia a Inpaer. Tinha procurado uma concorrente e ouvi um não. Meses depois li em uma revista de aviação sobre um avião novo da empresa e decidi procurá-los”, lembra Curtiu.
A Inpaer passou a negociar com a prefeitura sua transferência para a cidade, em troca de incentivos: doação de terreno para a fábrica, isenção de impostos municipais por 20 anos e apoio à contratação de mão de obra.
A nova fábrica foi inaugurada em 2012, em um galpão de 7 mil metros quadrados, dentro do aeroporto da cidade. Lá trabalham 80 pessoas e são produzidos entre sete e oito aviões por mês, de quatro modelos diferentes.
A segunda a integrar o polo aeronáutico de São João da Boa Vista foi a Golden Flyer, fabricante do avião anfíbio Seamax. A companhia estava havia 12 anos no mercado e tinha até o ano passado sede no Clube Esportivo de Voo (CEU), em Jacarepaguá, no Rio. O local, no entanto, será demolido para dar espaço para o Parque Olímpico.
“Precisávamos de uma nova sede. Seis cidades se ofereceram para nos doar terrenos. Viemos para cá porque ganhamos um espaço dentro do aeroporto e há uma proposta de qualificação de mão de obra”, disse Ernesto Paulozzi Junior, um dos sócios da empresa, que acumula 120 aeronaves entregues, 90 delas para exportação.
A Golden Flyer está provisoriamente em um galpão no distrito industrial da cidade, até que sua fábrica no aeroporto fique pronta.
Efeito cascata. Para fazer o polo aeronáutico decolar, a prefeitura aposta que os próprios empresários chamem seus parceiros e fornecedores para abrir unidades na cidade. A Inpaer, por exemplo, fechou no ano passado uma joint venture com a Aerogard, que monta aviões importados e tem sede em Itápolis (SP). A empresa já aprovou a transferência de sua fábrica para São João da Boa Vista, ao lado da Inpaer, em um terreno que ocupa uma área de 21 mil metros quadrados.
“Temos 28 funcionários em Itápolis e vamos contratar uns 80 em São João quando a fábrica daqui ficar pronta. A área construída vai dobrar para 6 mil metros quadrados”, conta o empresário Hélio Gardini, sócio da Aerogard. Hoje a empresa monta em média 20 aviões por ano de seis modelos diferentes, como os esportivos RV-7 e o RV-9, da americana Van’s Aircraft.
Além da Inpaer e da Golden Flyer, a prefeitura negocia com cinco empresas do setor, entre fabricantes de aeronaves e de peças. Mas, antes de acomodar novas fábricas, o município quer fazer um plano diretor para planejar a ocupação do terreno do aeroporto, uma área de 415 mil metros quadrados.
Além de abrigar fabricantes de aeronaves, o município quer avaliar se poderá receber operações de carga e voos regionais. São João da Boa Vista não está na lista dos 270 aeroportos que o governo pretende reformar para receber voos regionais, mas o prefeito diz que fará de tudo para convencer o governo que merece o investimento.
FONTE: Estadao.com
Nem tudo está perdido….. alguns poucos políticos agem com visão empresarial em vez de ficar passeando de helicóptero com o dinheiro público.
Parabéns a estes gestores.
Sds.
A Unesp abriu um campus nesta cidade este ano. O curso é de engenharia de telecomunicações. Quem sabe em breve poderá haver um de engeharia aeronáutica.
Uma pena que a Inpaer tenha trocado Campinas por SJBV. Conheci a fábrica no Campo dos Amarais e era muito legal. Mas realmente aqui não havia mais espaço para eles.
Boa sorte para ela.
Com o governo federal bajulando a Embraer, mto acima e bem além dos limites do razoável, esta é uma iniciativa e tanto, parabéns a Prefeitura de São João da Boa Vista!!!
Este é o caminho!!!
Somente teremos uma indústria aeroespacial competitiva, se investirmos na “general aviation”.
Qnto a Embraer, ela pode ficar num cantinho, fabricando e vendendo seus jatos executivos e regionais.
Bem quieta!!!
Boa noite!
Parabéns pela iniciativa e o empreendimento no setor aeroviário,
gostaria de saber se existe vagas neste empreendimento? pois tenho um cunhado francês que é tecnólogo na área e tem interesse em ingressar neste empreendimento que muito promissor, aguardo respostas.