F-X2: uma corda que está para arrebentar

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EDA 60 anos - pilotos assistem à Fumaça em cima de Super Hornet - foto 2 Nunão - Poder Aéreo

Atraso na decisão dos caças ainda mancha as ambições brasileiras

Reportagem publicada nesta terça-feira (18 de junho) no site AIN Online, cobrindo o 50º Paris Air Show em Le Bourget, traz a opinião de que no contexto de movimentos de parceria internacionais no setor aeroespacial e de defesa, envolvendo também consolidação de empresas brasileiras,  uma decisão no programa F-X2 pode chegar tarde demais para trazer os benefícios que se esperava. O texto é de autoria de Reuben Johnson, que já havia escrito artigo para a Jane’s falando da “estafa brasileira” ou “Brazil fatigue” do F-X2 (veja segundo link da lista abaixo), e que repete a expressão agora.

Boa parte do texto trata do reconhecimento da brasileira Embraer no mundo, atrás apenas da Boeing e Airbus na produção de aeronaves comerciais, e das mudanças iminentes na situação dos setores aeroespaciais e de defesa do Brasil, que tendiam a se manter muito atrás de seus congêneres da Europa e Estados Unidos. A consolidação da indústria brasileira é citada, com pequenas firmas formando conglomerados e consórcios, para assim, com maior peso, desenvolver parcerias fora do Brasil que tenham impacto em mais de um setor na economia. Como exemplos desses movimentos e parcerias, são citados os casos da compra da Mectron pelo conglomerado Odebrecht,  projetos da Avibras junto à MBDA e da Santos Lab com a subsidiária Insitu da Boeing.

Porém, segundo o texto, uma parceria ainda maior se refere à muito atrasada concorrência F-X2 para a aquisição de novos caças, que numa forma ou outra vem ocorrendo desde 1997, e que tem como finalistas o sueco Saab JAS-39E/F Gripen, o francês Dassault Rafale e o americano Boeing F/A-18E/F. O programa, que visa substituir uma frota de envelhecidos caças da Força Aérea Brasileira (FAB), visa a obtenção de 36 aeronaves com produção sob licença no Brasil, mas espera-se que encomendas subsequentes levem as aquisições a 120 jatos.

Como meta de longo prazo do programa, a indústria brasileira produziria o caça e poderia vendê-lo fora do Brasil. A dificuldade, porém, é que o F-X2 está muito atrasado e, com isso, se aproxima de um ponto de ruptura tanto para vendedores quanto compradores em potencial.

Rafale - foto 5 Galante - Poder Aéreo

Conversando “em off”, executivos das três empresas concorrentes reclamaram de “Brazil fatigue”, ou estafa em relação ao Brasil, devido ao processo continuar se arrastando por tanto tempo sem uma tomada de decisão. Desde 2009, a validade das propostas comerciais que acompanham cada uma das ofertas dos concorrentes, o que inclui participação industrial e acordos de preço, vem sendo repetidamente estendida além de cada período de expiração. A última extensão acaba em setembro, e os concorrentes parecem relutar em lidar com mais procrastinação política.

A FAB não está menos frustrada do que eles com os atrasos. A análise dos três finalistas foi completada há algum tempo, e desde então se tem esperado para os políticos e a presidente Dilma Rousseff tomarem uma decisão.

Pouco antes da feira LAAD 2013, realizada em abril no Rio de Janeiro, o major-brigadeiro do ar Carlos Baptista Júnior, que deixava a chefia da “Comissão Coordenadora do Programa de Aeronave de Combate” da FAB (COPAC, responsável pela administração do programa dos caças), fez um discurso em que alertou sobre os atrasos infinitos de uma decisão do F-X2 terem começado a comprometer a capacidade da FAB em realizar mesmo as suas missões mais básicas. A visão do oficial é que muita atenção foi dada às ambições ainda não preenchidas de transferência de tecnologia para a indústria de defesa do Brasil, às custas de se chegar a uma decisão final que a FAB precisa para atualizar sua frota de caças. O foco do problema a ser resolvido deve ser a diminuição da capacidade operacional, e não outros aspectos.

Gripen NG Demo decolando de Malmen - foto 5 Alexandre Galante - Poder Aéreo

Claramente, segundo a reportagem, o programa F-X2 será o de maior capacidade transformadora em toda a história do setor aeroespacial brasileiro. A questão é se a decisão virá tarde demais para a realização alguns dos benefícios planejados que esse programa deveria trazer à indústria brasileira. O texto termina afirmando que no Paris Air Show deste ano, há 20 exibidores brasileiros, a maioria concentrada no Hall 3. Além da Embraer, o ponto focal da presença brasileira no evento em Le Bourget é a ABIMDE – Associação Brasileira das Indústrias de Defesa e Segurança.

FONTE: AIN Online (tradução e edição do Poder Aéreo a partir de original em inglês – o título em português é uma interpretação nossa do teor do texto, enquanto o subtítulo é uma tradução do título original)

NOTA DO EDITOR 1: fotos em ordem alfabética dos fabricantes concorrentes do programa F-X2

NOTA DO EDITOR 2: em editorial de novembro de 2011 (veja primeiro link da lista abaixo), o Poder Aéreo já afirmava:

“Sejamos francos: o prazo para o F-X2 ser concretizado, conforme planejado originariamente, já caducou. E faz tempo. Talvez com alguns remendos e concessões o programa, que passou do “timing” ideal para diversas de suas necessidades de transferência de tecnologia e desenvolvimento conjunto, ainda possa cumprir ao menos parte dessas expectativas originais, ao mesmo tempo em que possa atender às urgentes demandas da FAB. Ou uma dessas variáveis vai estragar o equilíbrio ideal entre as necessidades tecnológicas e as urgências operacionais.”

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