Ex-vice-presidente diz que opositores venezuelanos teriam comprado 18 aviões de guerra dos EUA

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Ex-candidato Capriles ironizou denúncia e qualificou suposto plano de agressão ao governo como “uma boa piada”

 

vinheta-clipping-aereoO ex-vice-presidente venezuelano, José Vicente Rangel, afirmou neste domingo (09/06) que “venezuelanos da oposição” teriam comprado, no final de maio, 18 aviões de guerra visando uma “agressão armada” à Venezuela. Segundo Rangel, que também é jornalista e atuou como ministro da Defesa e chanceler do falecido presidente Hugo Chávez, os aviões seriam levados para uma base militar dos Estados Unidos na Colômbia.

Wikicommons

“Segundo a informação que tenho, em 27 de maio de 2013, levou-se a cabo uma reunião na cidade de Santo Antônio, no Texas, entre executivos da indústria de aviões de guerra e venezuelanos da oposição. Tema: a possível aquisição deste tipo de aviões por parte dos venezuelanos. Estes viram alguns catálogos e optaram por um determinado modelo. Assinaram contrato de compra para, no mais tardar, o começo do mês de novembro deste ano, de 18 aviões que serão localizados numa base militar dos EUA localizada na Colômbia”, expressou, em seu programa dominical transmitido pela emissora Televen.

Rangel qualificou a informação como “extremamente grave”, e questionou se os organismos de segurança podem averiguar a informação com autoridades colombianas e norte-americanas. Segundo ele “a informação não deve ser subestimada”, devido ao “clima que atualmente existe de agressões midiáticas e políticas contra a Venezuela”. “Prepara-se uma agressão armada devidamente camuflada com a participação de mercenários, como aconteceu tantas vezes em diferentes momentos e nações?”, questionou o ex-vice-presidente, complementando que deixa “esta interrogante no ar”.

Nesta segunda-feira, o vice-presidente colombiano, Angelino Garzón, se manifestou no Twitter sobre as declarações do jornalista: “Diante das denúncias de José V. Rangel na Venezuela acho que o melhor que a Colômbia pode fazer é solicitar a verificação da ONU”, escreveu, sem se estender sobre o caso.

Reação da oposição

O ex-candidato à presidência, Henrique Capriles, respondeu por sua conta de Twitter que as declarações de Rangel são uma “boa piada”. “Que boa piada isso dos aviões de guerra, só é possível em uma mente retorcida e obscura como a deste nefasto personagem”, escreveu, em referência ao ex-vice-presidente. O líder opositor expressou ainda que Rangel “sempre está presente onde há tráfico de influências, comissões e sempre foi assim, corruptelas”.

O prefeito da região metropolitana de Caracas, Antonio Ledezma, disse em um programa de rádio que é preciso “ser muito irresponsável” para efetuar este tipo de denúncias. Segundo ele, a oposição não tem 18 aviões, mas sim “aviões artilhados com votos”. “Os aviões que temos são os candidatos legitimados nas prefeituras e também temos um navio insigne que é nosso candidato à presidência Henrique Capriles”, afirmou.

Ledezma disse ainda os governistas não devem “se esmerar muito em buscar golpistas”, porque segundo ele, o que “está derrubando o governo é a inflação”. Segundo ele, em vez de “tanques de guerra ou bombas”, a gestão de Maduro seria “o único caso do mundo” que cairia “pela força dos rolos de papel higiênico”. “Este governo não está sendo derrubado por aviões, nem por tanques de guerra, mas sim por papel higiênico, farinha, azeite, manteiga e café!!”, escreveu no Twitter, onde também questionou se o ex-vice-presidente “sofre de alucinações”.

Já o deputado opositor Eduardo Gómez Sigala disse à emissora colombiana NTN24 que a denúncia de Rangel carece de sustentação. “Essas são fantasias de José Vicente Rangel, que sempre esteve especulando com este tipo de notícias. Seria bom que apresentasse informações que tivessem alguma sustentação. O governo venezuelano tem problemas suficientemente sérios agora para pensar que alguém esteja comprando aviões para derrotar um governo que está caindo sozinho pela falta de papel higiênico, pela falta de alimentos, pela falta de gestão”, garantiu.

Paramilitares

A denúncia de Rangel vem no dia seguinte ao anúncio do presidente Nicolás Maduro, através de sua conta de Twitter, da captura de dois grupos de paramilitares colombianos que entraram na Venezuela. Segundo Maduro, os suspeitos teriam entrado no território para “atacar” o país. No último sábado, durante um ato do denominado “governo de rua”, o chefe de Estado convocou uma sessão do Conselho de Estado de seu país para definir as relações com o Estado e o governo da Colômbia.

As últimas semanas foram marcadas pela tensão diplomática entre as nações vizinhas, desatada pela reunião entre o presidente colombiano Juan Manuel Santos e o ex-candidato opositor Henrique Capriles. Na ocasião, Maduro disse ter perdido a confiança em Santos e que a permanência de seu país como acompanhante do diálogo de paz entre o governo colombiano e as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) seriam avaliadas.

Na última sexta, no entanto, o presidente afirmou que poderia se reunir pessoalmente com Santos em uma iniciativa intermediada pelo ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva. Em reiteradas ocasiões, Maduro acusou o ex-presidente colombiano Álvaro Uribe Vélez de conspirar contra sua vida e contra a estabilidade política da Venezuela, supostamente aliado a mercenários e a ultra-direita dos EUA.

Outro ponto de discordância entre os países foi o anúncio de Santos sobre a intenção de que a Colômbia ingressasse na OTAN (Organização do Tratado do Atlântico do Norte), que também provocou alerta nos governos da Nicarágua e da Bolívia. Frente às declarações, o presidente boliviano Evo Morales pediu uma reunião de emergência com o Conselho de Defesa da Unasul (União de Nações Sul-americanas) para analisar o tema. Dias depois, no entanto, o ministro de Defesa da Colômbia negou que seu país queira aderir à aliança militar.

Maduro pede investigação sobre suposta compra de aviões de guerra pela oposição

Além disso, presidente venezuelano falou que supostos paramilitares colombianos presos permanecerão no país

O presidente venezuelano Nicolás Maduro pediu, na noite desta segunda-feira (10/06), uma investigação sobre a suposta compra de 18 aviões militares dos Estados Unidos por opositores de seu país, para que fossem levados à Colômbia, conforme denunciou o ex-vice-presidente José Vicente Rangel no último domingo (09).

Segundo ele, o governo tem provas de uma conspiração em Bogotá contra seu governo e sabe a origem do financiamento a paramilitares que foram capturados em território venezuelano.

Maduro elogiou a iniciativa do vice-presidente colombiano, Angelino Garzón, que escreveu em seu Twitter que a denúncia de Rangel deveria ser investigada. “Quem investiga? Se é a ONU ou uma comissão bilateral do governo da Colômbia e do nosso governo, bom, vamos entrar num acordo. Mas a denúncia feita pelo ex-vice-presidente José Vicente Rangel deve ser investigada no mais alto nível”, afirmou o presidente a jornalistas, durante um ato em Caracas. Para Maduro, Rangel fez bem em realizar a denúncia: “Às vezes é preferível alertar a tempo do que lamentar”.

O presidente venezuelano disse ainda que a captura dos colombianos — que o serviço de inteligência do país identificou como paramilitares integrantes de importantes quadrilhas do país vizinho — “é uma das tantas provas” que serão apresentadas acerca de uma conspiração contra seu governo, como vem denunciando desde a campanha eleitoral. “Sei o que estou dizendo”, garantiu, afirmando que, após a captura dos colombianos, “a direita ficou calada”.

“Os paramilitares que foram capturados são super conhecidos no mundo do assassinato político, da morte de aluguel na Colômbia”, disse, afirmando saber quem são os membros da oposição que foram ao país vizinho, com quem se encontraram e quem são os financiadores dos supostos grupos paramilitares enviados à Venezuela. “Vou dizer ao presidente [colombiano Juan Manuel] Santos, algum dia em que nos vejamos cara a cara, para que ele saiba quem está conspirando, de Bogotá contra a Venezuela”, expressou.

Segundo o mandatário venezuelano, os colombianos apreendidos tinham “vários objetivos” em seu país. Um deles, segundo Maduro, era o assassinato de soldados que atuam na missão Pátria Segura, com a qual militares, nas ruas, combatem a criminalidade. Outro objetivo seria aumentar propositalmente o índice de homicídio nas principais cidades venezuelanas. E por último, sublinhou, os paramilitares planejavam seu assassinato.

“Quando nós dizemos que tem uma direita fascista que foi à Colômbia para conspirar contra a Venezuela, é porque nós… Ai meu deus, não posso falar mais, algum dia, mais pra frente, vou contar tudo, quando os tenhamos totalmente desmantelados, aí poderei contar tudo”, esquivou-se. Maduro disse também que os colombianos capturados traziam mapas e tinham conexão direta com venezuelanos em Caracas. “Estamos a ponto de capturar alguns deles”, afirmou, dizendo saber que muitos dos supostos conspiradores passarão a se definir como “perseguidos políticos”.

O chefe de Estado disse ainda que qualquer paramilitar colombiano que for identificado no país será processado e cumprirá pena na Venezuela. “Não vamos entregá-los à Colômbia, eles irão para a prisão aqui, porque vieram assassinar venezuelanos. Todo paramilitar que (…) venha com esse tipo de plano vai parar na prisão venezuelana e lá apodrecerá, não sairá de lá”.

Segundo Maduro, o financiamento do que denomina “conspiração” contaria com a participação de uma associação civil chamada “Gente do Petróleo”. De acordo com ele, o destino de “grandes quantidades de dólares” para tais operações teria por trás membros da indústria petrolífera que atuaram no “paro petrolero” (2002-2003), uma ação política iniciada no setor do petróleo, quando a oposição paralisou a economia venezuelana, em uma tentativa de derrubar Hugo Chávez. Esses membros, segundo Maduro, hoje residiriam na Colômbia.

FONTE: operamundi

COLABOROU: Henrique CO

NOTA DO EDITOR: quem tem Su-30, F-16 e S-300 não deveria se preocupar com alguns “teco-tecos”

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