Avião produzido em Palhoça segue para Sun’n Fun

 

Wega 180

vinheta-clipping-aereoNo amanhecer deste Domingo de Páscoa, por volta das 6h30min, mesmo com chuva na região, o avião PU-ERW, fabricado em Santa Catarina e com capacidade para dois lugares, decolou da pista do Aeroclube de Santa Catarina, em São José, na Grande Florianópolis, para uma aventura de mais de 7,5 mil quilômetros.

Tripulada pelo piloto e proprietário Ênio Roberto Wildner e pelo navegador Flávio Luiz Nunes Coelho (piloto e advogado), a pequena aeronave partiu em direção à cidade de Lakeland, na Flórida, onde será exposta na Sun’n Fun, a maior feira internacional de negócios do setor e a segunda maior em tamanho.

O voo e a participação na feira, que contam com o apoio da FIESC, governo do Estado e Apex, têm o objetivo de alavancar um polo da indústria aeronáutica no Estado.

A viagem está planejada para nove escalas, em três dias. Outro avião do mesmo modelo Wega 180 deveria ter partido junto, mas teve a viagem adiada por problemas burocráticos em um dos países a serem sobrevoados. O voo foi reagendado para terça-feira pela manhã, mas depende das condições meteorológicas.

O PU-JBL será pilotado pelo proprietário João Batista Lemos e terá como navegador Jocelito Wildner, o construtor dos dois aviões.

Ex-mecânico da Varig, há oito anos Jocelito iniciou o projeto de um avião no qual buscava alto desempenho. A partir dos esboços desenhados na França enquanto consertava um planador, o empresário iniciou em 2006 as atividades da Wega Aircraft, na cidade de Palhoça, também na Grande Florianópolis.

Para financiar o empreendimento, Jocelito antecipou a venda dos primeiros aviões a empresários como seu irmão Ênio Wildner. Outro que apostou na empreitada foi César Olsen, da Olsen, que atua no setor odontomédico e é reconhecido pela paixão pela aviação. O primeiro avião foi entregue em 2010. Outros dois foram concluídos depois e mais quatro estão vendidos. A venda antecipada é prática comum no segmento.

“O avião tem estabilidade, conforto e segurança”, afirmou o presidente do Sistema FIESC, Glauco José Côrte, que na sexta-feira, dia 29, participou de um dos voos de demonstração para a imprensa. Além disso, Côrte destacou o design das aeronaves produzidas pela Wega.

É exatamente à aerodinâmica que Jocelito credita o bom desempenho que seus aviões alcançam. Ele salienta que os modelos superam a marca de 300 km/h, uma velocidade mais típica para bimotores do que para monomotores, como é o caso do Wega 180. “Na aviação se diz que avião bonito voa melhor”, afirma o empresário.

“As formas mais belas são as da natureza, que se moldam da melhor forma para suas funções”, afirma. Indagado como conseguiu um resultado que considera tão surpreendente, Jocelito explica que buscou reunir o que há de melhor em diversos modelos produzidos no mundo inteiro.

O Wega 180 é um avião experimental – categoria na qual as fábricas vendem os kits, mas os proprietários fazem a montagem. É uma estratégia que evita o direito regressivo. O modelo é asa baixa; cabine para no máximo dois ocupantes lado a lado; construção em composite; motor aeronáutico de 180hp; hélice de velocidade constante; trem de pouso retrátil; sistema de combustível com dois tanques de 110 litros; autonomia máxima de 6 horas e meia de voo; envergadura de 7,87m; comprimento da fuselagem de 6,474m; altura máxima de 2,299m; peso vazio de 450kg; carga útil de 300kg; peso máximo de decolagem de 750 kg. Depois do Wega 180. Jocelito pretende lançar um modelo na categoria LSA – homologado, ou seja, aprovado pelas autoridades e montado, como ocorre na indústria automobilística.

A Wega se tornou a primeira indústria do setor aeronáutico em Santa Catarina. Mas outras já estão se instalando. É o caso da Novaer Kraft, que está construindo uma fábrica em Lages. Entre os fatores que estimulam esses investimentos estão os cursos técnicos de mecânica de aeronaves do SENAI. Atentas ao potencial do setor, outras instituições públicas e privadas desenvolvem maneiras de fomentar o segmento. Enquanto os governos estadual e municipais elaboram projetos de renúncia fiscal, entidades como a FIESC, a Apex e a Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Defesa e Segurança (Abimde) criam condições para, por exemplo, a participação em feiras, como a Sun’n Fun. O Sistema FIESC criou o Comitê de Desenvolvimento da Indústria Aeronáutica, que é coordenado pelo conselheiro da entidade César Olsen. “Estamos animados com as perspectivas nesta área, para dar um novo impulso ao desenvolvimento do estado”, afirma.

FONTE/FOTO: Uipi/Wega

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Mauricio R.

Parabéns pela iniciativa e boaviagem, só não façam o mesmo que a Novaer já andou tentando:

Empurrar o avião p/ a FAB, como sendo sua pretensa nova aeronave de treinamento!!!
Qndo a FAB precisar, irá ao mercado procurar algo que lhe atenda as suas necessidades.

Hamadjr

Pois então, agora só falta o Tigre ser campeão da A

Marcos
Baschera

UAU !!! belíssima aeronave, parabéns aos “barrigas-verdes” aí de SC,

No final do vídeo colocado pelo Marcos, da para ver o moderno painel e se nota o conforto do espaço interno da cabine

Aeronave de linhas harmônicas e bonitas também…..

Sds.

aldoghisolfi

Lindo, extremamente elegante. Parabéns!

Observador

Senhores,

Quem sabe não estamos diante do embrião de algo muito relevante?

Santa Catarina foi o berço de grandes e inovadores conglomerados industriais: Sadia, Perdigão, WEG… …empresas que são líderes mundiais em seus respectivos segmentos.

Igualmente foi o berço de empresas que, se o porte não é tão impressionante, conseguem se consolidar em setores onde o desenvolvimento tecnológico é essencial para o negócio,como é o caso da própria Olsen, empresa citada no texto.

Parabéns e sucesso para a Wega Aircraft.