Haverá pilotos para voar novos interceptadores uruguaios?

7

F-5 Tiger III deixam Antofagasta- foto FACH

Segundo o comandante da Força Aérea Uruguaia, perda de pilotos para a aviação civil foi estancada – há interesse em aeronaves interceptadoras dotadas de radar para completar a vigilância e controle do espaço aéreo, mas o comandante afirmou não ser possível adquirir o material neste ano

Com a recente notícia dada pelo site Generaccion de que o Uruguai estaria em entendimentos para comprar caças F-5 Tiger III do Chile, fomos atrás de informações relacionadas nos principais periódicos uruguaios. Ainda não encontramos nada específico sobre esse possível negócio, mas achamos uma entrevista bastante interessante no jornal “El Pais”, publicada quando do aniversário de 100 anos da Aviação Militar Uruguaia, no último dia 15 de março.

A entrevista é com o comandante da Força Aérea Uruguaia (FAU), general do ar Washington Martinez que trata de assuntos como a forma de se resolver a perda de pilotos militares para a aviação civil e a necessidade de interceptadores dotados de radar próprio (vale dizer que as aeronaves de maior velocidade da FAU são os jatos A-37, que alcançam pouco menos de 800km/h e  os turboélices IA-58 Pucará, ainda mais lentos, sendo que nem um nem outro possui radar).

O título escolhido pelo El Pais mostra que a questão da saída de pilotos é um ponto importante:  “Se logró detener la pérdida de pilotos pero siguen las ofertas”. Segundo o jornal, os 100 anos da FAU a encontram em meio a um processo de crescimento de pessoal, após a sangria da qual padeceu nos últimos anos, e prestando serviços de vigilância do espaço aéreo que requerem cada vez mais tecnologia e verbas. Destacamos abaixo alguns trechos da entrevista. O conteúdo completo, em espanhol, pode ser acessado clicando aqui. 

Washington Martinez comandante Força Aérea Uruguaia - foto El PaisO senhor espera receber novo equipamento nas comemorações do centenário?

General Martinez – Não, estamos trabalhando com o Ministério da Defesa com um plano relativo aos requerimentos de reequipamento. A FAU está necessitando fazer uma substituiçao em seus aviões de combate que é o mais urgente. Isso está dentro dos planos e seguimos trabalhando com todas as oportunidades que se possam apresentar.

Quem quer invadir o espaço aéreo uruguaio?

General Martinez – É público e notório que se tem detectado a entrada de aviões que transportam drogas ou mercadorias ilegais. Mas também está o trânsito irregular que não respeita as normas. Nós decidimos que esta é nossa casa, está aberta a todo o mundo mas ao menos temos que saber quem entra e quem sai, isso é prover segurança nacional.

A FAU tem tomado parte em distintas operações contra o narcotráfico. Em que se está pensando para os próximos anos?

General Martinez – Não só no narcotráfico, mas também na vigilância e controle do espaço aéreo jurisdicional, que é nossa obrigação. Se comprou um centro de comando e controle de última tecnologia e radares militares que trabalham em coordenação com o sistema civil. Está nos faltando uma aeronave interceptadora com capacidade de radar próprio para que terminemos de ter todo o sistema armado perfeitamente. Por hora, fazemos a vigilância e controle com as aeronaves que temos.

A-37 - foto Força Aérea Uruguaia

Para quê se precisa de uma aeronave militar com essas características?

General Martinez – Porque tem a capacidade de interceptar aeronaves.

Isso significa que pode derrubar aviões?

General Martinez -Não, interceptar quer dizer chegar rapidamente ao alvo. Quando um radar determina que há um alvo que não podemos identificar porque não temos seu plano de voo ou não sabemos de onde saiu, se ativa uma aeronave de combate. Assim, guiado por nossos radares, o nosso avião identifica o alvo, se posiciona e depois o obriga a aterrissar. Na falta deste, acontece a passagem a países vizinhos, sobre a fronteira.

Este ano será possível adquirir os materiais requeridos?

General Martinez – Não, isso depende de circunstâncias e de verbas. Temos um estudo muito sério sobre a substituição das unidades para adquirir o equipamento quando as circunstâncias permitirem. No futuro poderíamos solicitar mais radares, especialmento os chamados “cobridores de lacunas” (tapahuecos) que poderiam ser operados por nós ou pelo Exército.

Os pilotos da FAU continuam saindo para a iniciativa privada?

IA-58 Pucará - foto Força Aérea UruguaiaGeneral Martinez – Conseguiu-se deter essa perda. Fizemos uma aproximação oportuna com o Poder Executivo e se determinou um valor adicional para os pilotos que se mantivessem voando. Esse foi um grande incentivo para os pilotos, que se viram beneficiados por uma vantagem econômica, para a qual, por sua vez, aceitaram a obrigação de permanecer em serviço por determinado tempo. Por outro lado, as tripulações têm o incentivo profissional de estarem voando bem.

Os pilotos da FAU ganham menos do que os que trabalham para as empresas de aviação privadas.

General Martinez – Sim, ganham cinco ou seis vezes menos que os pilotos comerciais.

Quantos pilotos da Pluna foram preparados na FAU? 

General Martinez – Suponho que a maioria. Com o fechamento da Pluna, acreditávamos que isso deteria a saída de pilotos. Porém, continuaram vindo companhias estrangeiras como a LAN ou a Copa para buscar os pilotos da Pluna e alguns da FAU. Também há uruguaios voando no Oriente Médio e China, são profissionais de exportação, o que evidencia a qualidade de sua formação.

FONTE: El Pais (tradução e edição do Poder Aéreo a partir de original em espanhol)

FOTOS: FACh, FAU e El Pais

VEJA TAMBÉM:

Subscribe
Notify of
guest

7 Comentários
oldest
newest most voted
Inline Feedbacks
View all comments
Marcos

Sem pilotos, sem meios adequados para treinamento…
Mandem o M. Jobã para eles!
– É muito, não é Saito!?

Gilberto Rezende

SE o Uruguai adquirir todos os F-5 chilenos, a lógica dita que um movimento ÓBVIO poderia ser o país acionar, no âmbito do CDS(Conselho de Defesa Sul-Americano) da UNASUL, o apoio do Brasil para a conversão dos pilotos uruguaios nas unidades da FAB e oferecimento eventual de apoio da EMBRAER se o Uruguai desejar converter total ou parcialmente incluindo alguma característica nos seus F-5 do padrão F-5M brasileiro….

jacubao

É provavel que eles treinem os pilotos no Brasil, assim que os primeiros se formarem no Chile, pois deve fazer parte do pacote a formação inicial desses pilotos, até por que o Chile não terá mais F-5 em seu acervo.

JapaMan

Sei que muitos aqui (a maioria esmagadora) é contra ou acha inviável, a concepção e produção de vetores no Brasil, sei também das dificuldades para se desenvolver e produzir um caça, seja ele de 3ª, 4ª, 4.5ª ou +5ª geração, mas uma coisa é certa, teríamos sim, mercado para exportação de um produto mais simples em sua concepção para atender a mercados emergentes, ou países mais pobres, existem muitos países produzindo seus próprios caças, porém em sua maioria serão caros para se adquirir e se manter, tenho absoluta convicção de que, com a parceria certa, a embraer teria totais condições… Read more »

paulsnows

No Uruguai serão interceptores de muito longo alcance…;-))

nunes neto

JapaMan, a China e o paquistão já fabricam o JF-17 entre outros caças bem baratinhos,mas aparentemente os mesmos ainda não fazem tanto sucesso assim só por serem baratos!Abçs

paulofvj

O vetor que supriria as necessidades atuais e se converteria em uma opção viável em poucos anos para outros países eh em minha opinião o Gripen. Com uma base produtiva em nosso pais.