Encerrada a parceria Cassidian-Odebrecht
A Cassidian, braço de defesa do grupo europeu EADS e a Odebrecht Defesa e Tecnologia decidiram, em comum acordo, encerrar a parceria iniciada em 2010, com a criação de uma joint-venture para explorar oportunidades no mercado de defesa brasileiro. A decisão foi aprovado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) na sexta-feira.
A Odebrecht adquiriu os 50% da EADS/Cassidian na joint-venture Odebrecht-Cassidian Defesa S.A. O valor da operação não foi divulgado. Em nota, a Odebrecht informou que o fim da associação ocorreu “em vista de reorientações em suas respectivas estratégias empresariais”. E destacou que “a ODT adquiriu as ações da Cassidian de forma a adequar a empresa às necessidades da Estratégia Nacional de Defesa e também de atendimento do mercado”.
O presidente da Cassidian do Brasil, Christian Gras, disse ao Valor que o encerramento da parceria foi motivado principalmente pelas exigências da Lei brasileira 12.598, aprovada em março do ano passado, que estabelece normas especiais de compras e contratações na área de defesa.
A partir da publicação da lei, as licitações de projetos e serviços estratégicos passaram a ser restritos a empresas credenciadas como empresa estratégica de defesa (EED). Para se adaptar às novas exigências e ter mais chances na concorrência do projeto Sisfron (Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras), por exemplo, um dos principais motivadores da joint-venture, a Cassidian e a Odebrecht decidiram alterar a estrutura do capital da empresa.
Com a mudança, realizada em julho do ano passado, a Odebrecht passou a ser majoritária com 60% de participação e a Cassidian ficou com 40%. “Alteramos essa composição para participar da concorrência do Sisfron, mas ainda assim perdemos o contrato para a Embraer, que apresentou uma proposta mais competitiva”, afirmou Gras.
O resultado da concorrência saiu em agosto. O Exército Brasileiro contratou o consórcio Tepro, formado por Savis Tecnologia e Sistemas S.A. e OrbiSat Indústria e Aerolevantamento S.A., empresas controladas pela Embraer Defesa e Segurança para a implementação da primeira fase do Sisfron. O valor do negócio foi estimado em R$ 839 milhões.
A Embraer também anunciou neste mês mudança na estrutura do capital da Harpia, joint-venture com a AEL Sistemas, do grupo israelense Elbit, para se enquadrar à lei 12.598. Pela nova estrutura, a AEL reduziu a sua participação de 49% para 40% e a Avibras passou a fazer parte da Harpia com 9% do capital. A Embraer manteve 51% de participação. Com a mudança, a Harpia tem 60% do seu capital nas mãos de empresas brasileiras.
Para Gras, mesmo sendo majoritária, a Odebrecht sempre seria considerada como uma empresa não suficientemente brasileira na joint-venture. “Já que não poderíamos ser contratados para um projeto estratégico de defesa, chegamos a conclusão que a parceria não teria mais futuro”, disse.
A ODT informou que, por manter boa relação com a Cassidian, quando conveniente, irão atuar em conjunto em futuras oportunidades no Brasil e no exterior. E que foi criada para atender as demandas do governo brasileiro na área de defesa, atendendo Exército, Marinha e Aeronáutica. “Nosso propósito é de continuar a atuar nesse setor mesmo sem a joint venture com a Cassidian”.
A Embraer, na opinião do presidente da Cassidian, mesmo tendo participação estrangeira no seu capital, é considerada uma empresa genuinamente brasileira e estratégica para os interesses do país na área de defesa.
O executivo disse que o grupo europeu ainda mantém interesse no mercado brasileiro de defesa e segurança, mas que está fazendo uma revisão do plano estratégico para o país. “Temos várias tecnologias que são do interesse do Brasil no curto, médio e longo prazo e pretendemos encontrar empresas parceiras que estejam prontas para fazer uma cooperação, que envolva transferência de tecnologia, inclusive com a Embraer”, disse.
Líder mundial em soluções globais de segurança e sistemas, a Cassidian obteve receitas de 5.8 bilhões em 2011. Em outubro do ano passado, conquistou seu primeiro projeto no Brasil. Com a Atech, do grupo Embraer, foi selecionada pela Helibras para fornecer o sistema tático de missão naval de oito helicópteros EC-725, comprados pela Marinha brasileira. Gras disse que há muito interesse em trazer para o Brasil também capacitação tecnológica na área de inteligência, relacionada a sistemas de comando e controle e de detecção (radares e câmeras de alta resolução).
A ODT informou que não visa firmar acordo de exclusividade, como o da Cassidian, com outra empresa. Seu plano é associar-se com grupos internacionais detentores de tecnologia conforme a demanda de clientes. A empresa passou a ser comandada por Luiz Rocha – que atuou por mais de 30 anos na construtora do grupo – devido a uma reestruturação interna da Odebrecht. A sede da empresa também mudou: foi para o Rio. Nessa área, a ODT tem a Prosub, com a francesa DCNS, para fabricação de submarinos, e a Mectron.
FONTE: Valor Econômico, via resenha do EB
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“…Em nota, a Odebrecht informou que o fim da associação ocorreu em vista de reorientações em suas respectivas estratégias empresariais…” – “…a ODT adquiriu as ações da Cassidian de forma a adequar a empresa às necessidades da Estratégia Nacional de Defesa e também de atendimento do mercado”
Ou seja: viram que deste mato não sai coelho!
As compras de materiais de defesa no Brasil acontece em ciclos as vezes com longos intervalos entre eles. Compra-se razoavelmente bastante depois se passam anos onde mal e porcamente há verba para custeio em níveis suficiente. É assim mais de um século. O atual ciclo de compras praticamente se encerrou. A crise internacional de 2008 que demorou uns anos pra ter alguma reflexo aqui , o PIBinho, a “argentinação” das contas publicas, são indícios de que embora o país tenha solides econômica não tem o mesmo “vigor retórico” dos anos em que o pré sal era vendido como uma nova… Read more »
Comentário irretocável, Soyuz!
Espero apenas que quando a dita “utopia” ocorrer não seja tarde demais (se já não o é!)
Um abraço.
O Soyuz sintetizou de forma clara o que aconteceu.
Eu vou além, para acontecer qualquer das situações por ele citada, o brazil precisa é levar um bom chute no traseiro…
Até a odebrecht, que tem o “mapa da mina”, percebeu que essa é uma terra estéril…
“Mãe, me perdoa…” (Comediante)
“…ou Ozires Silva como ministro da Defesa e não…”
Não, de maneira alguma, Deus nos livre e guarde de tal desastre!!!
Se do jeito que está, a Embraer já é paparicada mto além do que é lícito, imagina só c/ o “criador do monstro” na chefia no MD…
Este episódio seria uma excelente oportunidade p/ se revisarem certas práticas adotadas pelo governo federal, qndo da aquisição de bens e serviços p/ a Defesa.
Após as próximas eleições, talvez, quem sabe…
Como curiosidade minha, colega Mauricio.
Você acredita que esta Embraer de hoje é a mesma Embraer dos tempos do Ozires?
E também acredita que o mesmo Ozires hipoteticamente sendo ministro da defesa iria manter a mesmo engajamento com a empresa a ponto de favorece-la alem dos níveis atuais?