Toda vez que leio uma matéria sobre drones, fico imaginando que grandes mudanças terão que ser feitas no que, em mais de dois milênios, se entendeu como guerra

 

drone-pilots

Cesar Augusto Araripe Lacerda (*)

“Um relatório elaborado por duas universidades americanas, a Stanford Law School e a New York University School of Law com o título “A vida sob os drones”, afirma que a grande maioria das milhares de pessoas mortas nos ataques, iniciados em junho de 2004, nas zonas tribais paquistanesas eram combatentes islamitas. No entanto, o relatório insiste nas graves consequências sociais e psicológicas dos bombardeios na população: os drones sobrevoam as localidades do noroeste 24 horas por dia, atacam veículos, casas e espaços públicos sem aviso prévio. Sua presença aterroriza os homens, mulheres e crianças, criando um trauma psicológico. No momento existem mais de 500 drones norte americanos no Afeganistão, Paquistão e Iraque.”

Toda vez que leio uma matéria sobre drones, fico imaginando que grandes mudanças terão que ser feitas no que, em mais de dois milênios, se entendeu como guerra. Como exemplo, vou me fixar nas cenas que aparecem em um filme muito divulgado na internet, onde uma moça de óculos, pertencente à USAF, em um local protegido no centro dos Estados Unidos, pilota remotamente uma aeronave que voa em outro continente, com a finalidade de bombardear uma área previamente especificada.

Como terá sido o dia dela?

Acordou, penteou o cabelo, fez uma ligeira maquiagem, preparou café, ovos, torradas e bacon para o marido e os filhos, levou um deles no ponto do ônibus, fez as recomendações de sempre, enquanto o pai deixava o mais novo na escola. Pegou o casaco, ligou o carro que, por falta de tempo, ainda não levara para trocar dois pneus, entrou em um tráfego pesado mas organizado e chegou ao trabalho. Marcou a hora de entrada digitalmente, perguntou a um colega como estava passando seu filho que ontem tivera febre, abriu a bolsa, tirou um chicletes e ligou o computador.

Na página destinada a missões encontrou a sua para aquele dia: destruir um esconderijo talibã cujas coordenadas codificadas apareciam na tela. Consultou as condições meteorológicas, fez um cheque geral no drone, observou o combustível, testou o armamento e as câmeras de televisão. Acessou seu comandante imediato, leu na tela algumas recomendações importantes, pediu permissão para iniciar a missão.

Acessou a torre de controle, ligou a aeronave, fez os cheques regularmente previstos antes da decolagem, soltou os freios, iniciou o taxi, chegou à pista indicada, acelerou, acionou o manche e já estava no ar. O voo seria direto sobre o alvo, mas um pouquinho longo. Fez os devidos registros no painel, avisou ao comando e ligou o piloto automático. Com algum tempo sobrando, foi até o banheiro, lavou as mãos, retocou o cabelo e a maquiagem.

Tirou o I-phone do bolso, ligou para a mãe, conversou sobre as notas baixas do filho mais velho na escola, pediu uma receita de bolo de chocolate, o que fizera ontem não tinha ficado bom, ninguém quis comer. A mãe poderia enviar a receita pelo I-pad, por um notebook ou qualquer aparelho moderno, mas acontece que ela não sabia nem ligar um micro ondas. Paciência, a idade às vezes é um problema. Enviou um e-mail para a melhor amiga confirmando sua presença e a do marido na festa à noite.

Sabia que a boa educação mandava que tivesse feito a confirmação até a véspera pelo menos, mas com este negócio de combater todo dia não sobrava tempo para nada. Tudo bem, eram amigas de colégio e seria certamente desculpada. Olhou o relógio, só seria possível um rápido café na máquina e teria que retomar o voo. Sentada novamente em sua cadeira, colocou o copo de café sobre a mesa, ajustou os fones e assumiu o comando da aeronave. Olhou os instrumentos em especial o GPS, estava chegando perto.

Na tela aparecia um lugarejo perdido no meio do nada, nenhuma árvore, casas pobres sem jardim, pouquíssimos automóveis, um caminhão, dois cavalos soltos pastando na única mancha verde. Um aviso sonoro e um círculo sobre uma das casas mostrou que o alvo estava identificado. Informou ao comando que se encontrava em posição e iria abrir fogo. Um segundo após ouvir o OK fez dois disparos: o primeiro atingiu o alvo em cheio, o outro acertou o muro. As explosões que se sucederam mostraram que devia haver muitos explosivos estocados e entre as pessoas que saíram correndo uma tentava apagar o fogo em suas roupas. Avisou ao comando sobre o êxito da missão, recebeu os parabéns e a ordem de voltar à base. Voo tranquilo, a paisagem feia e monótona de sempre.

Ajudada pelo piloto automático, leu as notícias do dia no jornal local “outro desastre de automóveis perto da minha casa? Não é possível, isto é um perigo, preciso alertar as crianças”, fez algumas palavras cruzadas e, depois, pousou sem problemas e levou a aeronave até o hangar. Começou a digitar o relatório e só parou no item que perguntava se havia vítimas. Lembrou que um homem estava com a roupa em chamas, mas os outros eram 3 ou 4 ? Colocou 4, se houvesse problema requisitaria o vídeo gravado, o comandante não era tão exigente assim.

Desligou o sistema, pegou o casaco, marcou a hora de saída e caminhou na direção do carro pensando que talvez fosse melhor trocar os quatro pneus. Outro carro não era possível, estavam tendo problemas com a hipoteca da casa. Naquela hora o tráfego não estava tão intenso, daria para passar no supermercado. Pegou a lista de compras, tirou alguns produtos de limpeza da prateleira e duas caixas de suco de laranja.

Examinou o rótulo, viu que nenhum deles viera da América Latina, os preferidos do marido. “Uma bobagem, laranja é tudo igual. E depois, se existe diferença, é claro que as laranjas da Califórnia são melhores que as laranjas cucarachas”. A casa estava vazia, nem marido, nem filhos. Deu tempo para um banho quente, “quando sobrar algum dinheirinho vou comprar uma banheira de hidromassagem”.

Enrolou o cabelo, escolheu o vestido e os sapatos para a festa e foi para a cozinha preparar o jantar das crianças. Estava divagando sobre quem iria encontrar na casa da amiga, quando o marido chegou. Desfez o laço da gravata, abriu a camisa e colocou a pesada pasta sobre a mesa (“Para que ele anda com tantos papéis na pasta ? Não é o dono do escritório de Contabilidade, é só o subgerente, não precisa trazer trabalho para casa …”). Como era seu hábito, só aí ele fez um breve cumprimento para ela e repetiu a pergunta de sempre: “Como foi o seu dia?”. E ela, também como sempre, respondeu: “Tudo normal, sem novidades”.

(*) Coronel de Artilharia do Exército Brasileiro, engenheiro civil, historiador e professor.

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Baschera

Romancializaram a guerra !! Se o autor do texto se pergunta quais grandes mudanças terão que ser feitas para a guerra moderna….. eu me pergunto se quando os politicos decidirem escolher uma aeronave de combate para a FAB, até esta estar plenamente operacional, se não estaremos novamente a margem do que os outros países mais desenvolvidos chamam de “estado da arte” . Se não temos sequer um satélite um satélite próprio para comunicações…. muito menos os meios de lançar um… e provavelmente nem uma base de lançamentos decente… imagine drones armados e em condições de operar em qualquer teatro…. Os… Read more »

Groo

Achei desnecessário o comentário sobre laranjas neste texto de ficção. É para insinuar algum racismo ou xenofobia por parte dos membros das FFAA dos EUA? Coisas de República Bolivariana…

Ozawa

Hummmmm…. Não sei se em todos os cenários será tão descompromissado assim… Em ambientes sem a presença de uma resistência aérea – neste caso nula – à altura do oponente talvez seja assim: “com os pés nas costas”, “pintando as unhas”… Mas num conflito “a vera”, a tensão, a concentração, a precisão, serão muito mais intensos e presentes, vence quem “pisca” menos…

Apenas uma ilustração para reflexão…, tá muito longe, ao meu humilde juízo, de ser verdade absoluta, aplicada para todos os cenários, nem a maioria deles, dos conflitos aéreos…

Ozawa

…sejam eles UCAV’s ou MCAV’s…

Mayuan

Não achei o comentário desnecessário não. O preconceito deles conosco existe e sempre existiu. Não é de hoje que o etnocentrismo predomina nas sociedades do dito primeiro mundo.

carvalhomtts

triste,muito triste, acorda, toma banho ,toma café ,leva filhos a escola e depois vai trabalhar,rotina ,rotina e rotina hoje foi num pais pobre sem representatividade e amanha como sera,claro que so foi um ensaio sobre a” rotina de trabalho”destes militares mas e a etica onde fica,já ouvi sobre danos colaterais destas maquinas no afeganistão e se o cara ligar o botão do” F……SE ” e ai o que que acontece,se perto já acontece um montão de coisas, imagina do outro lado do mundo.

HRotor

O autor viajou na maionese.
O fato de ser uma aeronave remotamente tripulada não elimina a tensão pela responsabilidade e comprometimento com a missão.
São equipamentos caríssimos, armamento real e vidas humanas em jogo.
Usar o iPad durante o voo, nem em simulador se faz isso.
Nem parece que foi escrito por um “militar, profissional da guerra”, que deveria saber disso desde o “berço”.
Tema muito interessante mas muito mal explorado, lamentável.

Vader

O nobre autor deve achar que a Força Aérea dos Estados Unidos da América, a mais moderna e poderosa máquina de guerra aérea da história humana, é a casa da mãe joana, para permitir que uma piloto de combate acesse o Ipad, leia jornal e tome café no meio do vôo de combate.

Lamentável. Deu impressão de “invejinha” sabe? Mais que isso: deu vergonha alheia.

Vader

No mais, a única verdade da guerra que permanece e permanecerá imutável para todo o sempre foi descoberta pelos romanos: VAE VICTIS! Ai dos vencidos! O que isso ensina? Seja mais poderoso que o seu inimigo. Prepare-se. Esteja sempre pronto para as ameaças presentes e futuras. Os EUA fizeram a lição de casa deles. São uma nação forjada na guerra, que venceram todos os inimigos que combateram até hoje, de ingleses a índios e mexicanos, de sulistas, nazistas e japoneses aos soviéticos. Se hoje eles podem se dar ao luxo de atacar o que consideram seus inimigos de uma confortável… Read more »

Vader

Mayuan disse:
9 de fevereiro de 2013 às 14:54

Da mesma forma que o preconceito nosso com eles também sempre existiu.

Povo é povo em qualquer lugar.

Roberto F Santana

O valor do texto não está nas alegorias, figuras de linguagem ou pormenores, está na ideia de matar em presença virtual. Do soldado romano que sentia o sangue quente do inimigo escorrendo em suas mãos, do cruzado que via o último olhar de desespero do sarraceno, do conquistador que ouvia os gritos de guerra dos astecas, do ás francês que sentia o cheiro de gasolina em seu cockpit, até o marujo italiano que fazia suas últimas preces ates de morrer. O terror da guerra penetra pelos cinco sentidos a alma e a mente humana, é a presença em ato na… Read more »

Giordani

Mas que barbaridade! Tive de ler duas vezes para ter certeza do que acabara de ler. O que é isso coronel? Romantismo na guerra??? Desculpe, mas este texto parece ter sido escrito por alguém que ainda acha que a URSS é um exemplo a ser seguido e cuba é uma ilha de prosperidade. Textinho bobinho. “USAmericanu” malvados. Klingons, sem coração, matadores de talibãns…

Será que foi o coronel que escreveu mesmo este texto? Será que não foi o frei beto? ou a maria do rosário?

O General Patton, se lê-se isso, se reviraria na tumba!

Guerra é guerra!

Nick

O Coronel deve ter tentado dar a mensagem de que a guerra travada através de drones é indolor. No caso para os americanos. Por outro lado no mesmo Afeganistão, temos dezenas ou centenas de perdas de americanos, inclusive com vídeos no Youtube onde mostram que a vida deles não é tão fácil assim. Não chega a ser um Vietnam, mas é tenso. No mais, os americanos estão certos em tentar diminuir o número de perdas por parte deles. E no futuro com o avanço da AI, conjugado com modernos sistemas de comunicação global, poderemos ver soldados mecatrônicos, produzidos em série,… Read more »

Grifo

Senhores, confesso que não entendi qual é a tese do autor deste artigo. Se é um lamento da tecnologia ter transformado as guerras, este é um tema antigo e já recorrente: as guerras mudaram sucessivamente com a introdução da pólvora, do navio a vapor, das metralhadoras, dos carros de combate, dos aviões, das armas nucleares, etc. Dizem que os generais estão sempre lutando a guerra anterior, parabéns para os americanos por estarem agora lutando a guerra atual. Já se o artigo diz respeito ao fato de uma mulher com dia-a-dia comum estar lutando uma guerra, eu digo que isto é… Read more »

joseboscojr

O problema não tem nada a ver com tecnologia. O problema tem a ver com direito internacional. Há de se saber se existe uma condição de guerra declarada entre os Estados beligerantes ou não. Se há, são operações de guerra como qualquer outra não diferentes do uso de Tomahawks, de bombas aerolançadas ou dos projéteis de artilharia do coronel que escreveu o artigo, que também matam à distância. Se não há um estado de guerra, como justificar esse tipo de operação? É aceitável do ponto de vista de tratados internacionais que esse tipo de matança preventiva se dê, seja por… Read more »

HRotor

R. F. Santana
“Tudo vira um dia a dia enjoado, sem gritos, um expediente sem cheiro de pólvora, um bater de cartão sem sangue, uma rotina de teclado comum a qualquer funcionário de escritório.”

Tipo as unidades militares brasileiras…

Ozawa

“Jamais se permite que um fuzileiro naval se esqueça de que ele é um ‘soldado do mar’, que a razão de sua existência é o ataque anfíbio…”
Henry L. Shaw Jr. in “TARAWA – Nasce uma Legenda”, Ed. Renes.

Parodiando a frase proponho: “Jamais se permite esquecer que um militar é antes de tudo um soldado, que a razão de sua existência é o combate, ou a simples possibilidade dele acontecer…”

Se não for assim, fechem-se todos os quartéis e deixemos de hiprocrisia.

Ozawa

“Jamais se permite que um fuzileiro naval se esqueça de que ele é um ‘soldado do mar’, que a razão de sua existência é o ataque anfíbio…”
Henry L. Shaw Jr. in “TARAWA – Nasce uma Legenda”, Ed. Renes.

Parodiando a frase proponho: “Jamais se permite esquecer que um militar é antes de tudo um soldado, que a razão de sua existência é o combate, ou a simples possibilidade dele acontecer…”

Se não for assim, fechem-se todos os quartéis e deixemos de hipocrisia.

Grifo

Caro Bosco, existe uma guerra declarada, mas não é entre Estados beligerantes e sim entre Estados e insurgentes. Não deixa de ser uma guerra como foram tantas outras tratadas entre partes similares.

E respondendo a algumas de suas perguntas, sim são terroristas, e o combate é lícito, ético e necessário.

HRotor

joseboscojr, Sua preocupação é tão nobre quanto ingênua. Não há direito ou lei aplicável nesse caso, não se trata de conflito entre Estados. Não há como se iludir procurando um lado humano em grupos que explodem inocentes e se escondem no meio deles para provocar danos colaterais intencionalmente. As sociedades melhor organizadas estão se defendendo dessas minorias radicais, que podem ser tudo, menos seres humanos no sentido amplo da palavra. Os levantamentos de Inteligência são tão abrangentes quanto possível. A princípio, um “ser humano” não porta AK-47, nem fabrica explosivos e foguetes no quintal, nem recruta crianças para milícias, nem… Read more »

Grifo

Senhores, expandindo um pouco mais o argumento, o maior conflito lutado nas Américas – a Guerra de Secessão – não envolveu estados beligerantes. O fato de não haver um estado nacional do outro lado não significa que não exista uma guerra a ser travada.

Ter como alvo individual um combatente inimigo é lícito perante as leis internacionais, basta lembrar o o almirante japonês Yamamoto. Menos ainda seria então ter como alvo um terrorista que sequer goza das proteções da Convenção de Genebra.’

Roberto F Santana

Li os comentários dos outros colegas, alguns em um estilo de crítica bem desrespeitoso, outros com falhas na interpretação do texto.
Mas eu, humildemente adimito que talvez possa não ter tido uma compreensão clara das inteções do autor (depois de ler tanta diversidade de opiniões, todas negativas).
O autor imagina como esse tipo de tecnologia (ou de conduta) se enquadra no conhecido conceito de “guerra”.
Ora, continua sendo guerra.
Tivemos maiores e mais importantes exemplos, o mísseis balísticos intercontinentais acionados ao simples espirro de qualquer um.
Continuou sendo guerra, mesmo que fria.

joseboscojr

“Existe uma guerra declarada entre Estados e insurgentes” Bem, então a rigor quem são os responsáveis pelas mortes de afegãos e paquistaneses são os respectivos governos e não os EUA. Como os EUA podem usar aeronaves não tripuladas armadas em territórios soberanos e efetuar operações de bombardeio em territórios soberanos? Se essas nações não estão em guerra com os EUA (e não estão), essas aeronaves americanas operam autorizadas pelos governos locais. Existindo essa autorização não cabe nenhuma discussão acerca das atitudes dos americanos. Existindo essa autorização ela pelo visto é de tiro livre, sem nenhum controle por parte do país… Read more »

Mauricio R.

É, correto é o martírio, do “homem-bomba”.

Ivan

Em uma rápida busca na internet encontrei referência ao Cel. Cesar Augusto Araripe Lacerda em um texto da reservaer.com indicando-o como membro do Instituto de Geografia e História Militar do Brasil e da Academia de História Militar Terrestre do Brasil. Mas com todo respeito, o texto acima me parece estranho. Um tanto romanceado para um oficial artilheiro, levando a impressão imprecisa que a em uma batalha com drones há apenas o avião e o piloto com um link de satélite. Os drones operados no Afeganistão, Paquistão e Iraque estão baseados nestes países ou em regiões vizinhas, quentes, perigosas e mantidos,… Read more »

joseboscojr

Agora, eu já entenderia os ataques e a condição prevalente de estado de guerra (que justifica operações típicas de guerra) se os territórios nacionais atacados desses países soberanos estivessem fora do controle do governo central e alijados de qualquer status político administrativo, e sob o controle de grupos insurgentes. Ou seja, o Estado abre mão de qualquer jurisdição sobre essas áreas e autoriza um Estado estrangeiro a liberar geral considerando tudo um “alvo” válido sem direito algum, nem os direitos pátrios nem os outorgados por tratados internacionais, como por exemplo os “fundamentais da pessoa humana”, a que estão sujeitos todos… Read more »

joseboscojr

Ivan,
É esse o “ponto” ao que me refiro. Pra mim não faz nenhuma diferença se vão empregar um Reaper, um B-2 ou um Super Tucano, ou se o piloto está sentado num assento ejetor, num trailer no Iraque ou numa sala refrigerada numa base aérea americana.

Justin Case

Bosco, boa noite.

Concordo inteiramente com o seu resumo. Acho que não importa se quem efetua o ataque é um tripulante de aeronave ou um piloto remoto a milhares de quilômetros em uma sala confortável. Essa situação não me parece relevante para a discussão sobre a ética da guerra.
É bem provável que o novo ambiente, sem o estresse e o risco do cenário presencial, seja muito mais adequado para a tomada de decisões críticas e para a realização dos ataques ditos “cirúrgicos”.
Abraço,

Justin

Vader

Caro Bosco, dizer que um Afeganistão tem um governo é um exagero de sua parte. O Afeganistão não é um país, em sentido civilizado, mas um monte de clãs mais ou menos unidos racialmente. Mesmo o Paquistão, como bem lembrado, uma potência nuclear, não tem controle sobre seus inssurgentes. Senão não haveria necessidade de ataques americanos, os próprios paquistaneses cuidariam de seus problemas. Atrás das bombas deve vir a civilização, nos moldes em que conhecemos no ocidente. Porque a alternativa para isso é a barbárie; é o Talebã, o Hezbollah, a Al Qaeda, as FARC. Eu de minha parte não… Read more »

weber_eng

Enquanto houver um ser humano no comando, tudo bem. O que me incomoda são as pesquisas com inteligência artificial e as perspectivas de dar atuação cada vez mais autônoma para essas máquinas. Aí começam a aparecer lembranças desagradáveis de “O Exterminador do Futuro” e “Matrix”, que começam a parecer inquietantemente proféticos.

DrCockroach

Muito bons os pontos levantados pelo Bosco e complementando: os colegas nao observaram que um grande debate atual nos EUA eh o aumento do uso dos drones pelo Obama? Isto estah em quase todos os jornais, e questionando o “pacifista” (ganhador de Nobel) Obama. O efeito colateral destes ataques incluem centenas de civis (mulheres e criancas) mortos pelos drones e, a disputa constitucional, o assassinato de um cidadao americano sem direito a julgamento. Estes temas jah eram questionados pelos libertarios, e agoram obtem apoio dos proporios democratas e parte dos republicanos; tanto que haverah, provavelmente nesta semana, audiencia no Congresso… Read more »

DrCockroach
Grifo

Caro Bosco, acho que quem define ou pelo menos aprova as regras de engajamento é o Estado nacional envolvido, no caso o Paquistão, o Afeganistão e o Iemen. Se os drones estão operando naquele país, acredito que seja com pleno conhecimento e aprovação do governo local. Outros países onde forças americanas estão atuando têm regras de engajamento distinto. Por exemplo na Colômbia ao que se sabe os americanos executam somente atividades de apoio (treinamento, logística, inteligência) sem terem autorização para “apertar o gatilho”, por determinação do governo colombiano. E assim é seguido. Não vejo portanto nenhuma violação da soberania. Uma… Read more »

Galeão Cumbica

Caro MiLordi

Chamar o massacre dos indios americanos de guerra e deturpar um pouco o conceito de guerra!

Sds

GC

Ivan

Dr. Barata,

“Interessante tb que p/ eles estes questionamentos sao naturais, mais do que isso obrigatorios, pela democracia republicana; mas alguns colegas aqui acham um absurdo questionar…”

Contundente.
É preciso lembrar sempre os valores democráticos e de liberdade.

Mas questionar apenas o soldado ‘não vale’.
Tem que guestionar ‘quem mandou’.

Em tempo:
Não lembro de questionamentos na imprensa soviética pelo emprego indiscriminado de foguetes no Afeganistão na década de 80 ou da imprensa chinesa pelos fuzilamentos no Tibet na década de 50 e depois.

Abç.,
Ivan.

Ivan

Grifo,

“E quando os insurgentes tiverem os seus próprios drones?”

Mas o Al-Qaeda tinha e usou em 11 de setembro de 2001.

Abç.,
Ivan.

joseboscojr

O fato é que já se passaram 12 anos do 11/09 e até hoje as regiões tribais de diversos países viraram campo de tiro livre das forças americanas. Qualquer sujeito suspeito andando nas montanhas pode receber um Hellfire na fuça. Até entendo isso no Iraque e no Afeganistão, mas e no Paquistão, e no Iêmen. Alguém já ouviu falar de algum tratado celebrado entre as partes no sentido de autorizar os americanos a fazerem do seu território zona de tiro livre? Eu pelo menos nunca fiquei sabendo dessa cerimônia onde os tratados de “colaboração” foram assinados. E qual o limite… Read more »

Grifo

Até entendo isso no Iraque e no Afeganistão, mas e no Paquistão, e no Iêmen. Alguém já ouviu falar de algum tratado celebrado entre as partes no sentido de autorizar os americanos a fazerem do seu território zona de tiro livre? Caro Bosco, sim isto claro é feito com total aprovação do governo local. É claro que não vai ser admitido em publico por questões de consumo interno, mas o Wikileaks mostrou como funciona: WikiLeaks cables: Yemen offered US ‘open door’ to attack al-Qaida on its soil Dispatches reveal president’s secret deal to let US launch missile attacks on Aqap,… Read more »

DrCockroach

“Em tempo:
Não lembro de questionamentos na imprensa soviética pelo emprego indiscriminado de foguetes no Afeganistão na década de 80 ou da imprensa chinesa pelos fuzilamentos no Tibet na década de 50 e depois.”

Certissimo Ivan, eh justamente por isso que os EUA nao podem colocar em perigo as fundacoes de sua Republica com “assassinatos de oportunidade”. O EUA sao o que sao por causa dos valores Constitucionais e o respeito aos direitos individuais.

Certamente na Russia ou China teria o seguinte, imperdivel video, que cita ateh o nosso colega Master Sith:

http://www.thedailyshow.com/full-episodes/wed-february-6-2013-ed-whitacre?xrs=share_copy

[]s!

DrCockroach

teria = nao teria

Vader

Galeão Cumbica disse: 10 de fevereiro de 2013 às 6:21 “Chamar o massacre dos indios americanos de guerra e deturpar um pouco o conceito de guerra!” Amigo, como estamos a discutir no tópico, o conceito de guerra é amplo. Para mim, só o fato de ter havido batalhas, envolvendo exércitos inteiros, em vários períodos e em ambos os lados dos conflitos, já justifica ser chamado de guerra. Sem falar nas vitórias e derrotas de ambos os lados (Little Big Horn, por exemplo). Não tem como não chamar as Guerras Índias de “guerra”. Aliás, é assim que a historiografia oficial as… Read more »

Vader

DrCockroach disse: 10 de fevereiro de 2013 às 1:28 Concordo plenamente: governo existe mesmo é para apanhar. E o bom da democracia norte-americana, o que realmente faz deles um país melhor que os outros no grande concerto das nações é exatamente o fato de que eles se reinventam; se renovam; se “consertam”, através da crítica. Para isso o essencial é a liberdade de imprensa e de manifestação do pensamento. Como disse John Adams (s.m.j.), “se tivesse que escolher um único direito para manter, dispensando todos os outros, escolheria o direito de dizer o que penso, pois com ele consigo de… Read more »

Requena

Eu acho que o nobre Coronel “viajou na maionese” bonito nesse texto.

Sobre os Drones, eu gostaria muito que a FAB tivesse essa capacidade de combate. Mas dai quem tá viajando na maionese sou eu… 🙁

Corsario137

“Qualquer sujeito suspeito andando nas montanhas pode receber um Hellfire na fuça.”

kkkkk…seria cômico se não fosse trágico. Deu até pra imaginar, o pobre e milenar andarilho das montanhas, durante séculos abandonado a solidão, agora sujeito a um Hellfire.

Corsario137

Quanto a temática…

Guerra será sempre guerra. A intensidade diminui mas o fim é o mesmo: derrotar o inimigo!

Sou a favor dos drones. Existe muito mais critério e inteligência na decisão de abrir fogo a um alvo que está sob ininterrupta vigilância.

Os drones estão aí como um dia estiveram os tanques, os aviões a jato, as aeronaves stealth… impossível andar pra trás.

E isso é só um começo, porque vem aí uma nova geração de drones espetaculares saíndo do forno nos próximos anos.

DrCockroach

Pois eh Vader, concordo e tb considero esta tentativa de controlar a imprensa um insulto a cidadania (usando corretamente a concepcao de cidadania).

Os colegas fizeram excelentes comentarios sobre isto lah no Forte.

[]s!

HRotor

Lembrando o General USAF Curtiss LeMay (acho que dispensa apresentações neste blog…):

“Todo soldado pensa sobre os aspectos morais do que está fazendo. Mas toda guerra é imoral e se você deixa aquilo te incomodar, você não é um bom soldado.” (campanha de bombardeio do Japão na WW II)

“Nós devíamos bombardeá-los de volta à idade da pedra”.
(Guerra do Vietnam)

juarezmartinez

Como diria um ex comandante meu e depois instrutor:
Meu filho: Guerra é dedo olho e dedo no c……………….u, vale tudo.

Grande abraço