Um panorama da Cruzex C2 – 2012
Respostas da Força Aérea Brasileira às perguntas feitas pelo Poder Aéreo
Qual é a importância de um exercício desse para a Força Aérea Brasileira e também para o Brasil?
É desenvolver novos processos e técnicas de emprego do poder aéreo. Esse exercício tem sido responsável por um grande salto em termos de processos de doutrina e procedimentos para a Força Aérea Brasileira. Desde 2002, quando começamos o primeiro exercício até hoje, muita coisa se ganhou. A medida que nós vamos executando esses exercícios com outros países nós vamos aprendendo mais sobre doutrina e vamos melhorando a nossa capacidade, até mesmo no idioma. Dessa forma, em um exercício como esse, conseguimos aprender uma técnica nova, um procedimento novo de comando e controle que não sabíamos, e repassamos algumas técnicas que já aprendemos ou que desenvolvemos no Brasil. Isso nós aplicamos no dia a dia, nas operações brasileiras também, por exemplo a ÁGATA. Nas Operações ÁGATA, muito dos procedimentos que nós realizamos hoje, a forma de empregar o poder aéreo, surgiu com o aprendizado da CRUZEX. Então, no final de tudo isso, a Forca Aérea Brasileira está se capacitando para empregar o poder aeroespacial em defesa dos interesses brasileiros.
Existe a intenção de realizar novamente o exercício CRUZEX com a participação de aeronaves?
Sim. Nós temos planejado para o ano que vem o exercício CRUZEX FLIGHT, que vai ser com aeronaves reais de novo. Por que? Por que na verdade até então nós fazíamos a CRUZEX, como já foi dito, usando os decisores trabalhando, essa equipe de planejamento, planejando e conduzindo as ações aéreas e os pilotos voando, as equipagens de combate executando o voo, quando nós dividimos a execução, o voo dos aviões, da estrutura de planejamento, o ganho foi muito grande. Agora nós podemos estressar bastante os planejadores, a equipe do Estado Maior da Força Aérea componente por que eu não tenho aquela preocupação do avião voando, com a segurança de voo, então podemos levar esses planejadores, os oficiais do Estado Maior a um limite máximo de estresse chegando bem próximo de um exercício de guerra. Ano que vem, com a CRUZEX FLIGHT nós vamos conseguir levar os pilotos a um treinamento muito mais próximo da realidade empregando algumas ferramentas que nós estamos desenvolvendo também de acompanhamento do voo para depois validar, por exemplo, os ataques os combates aéreos dos pilotos. Vai ser também uma nova ferramenta que nós vamos aplicar, e nesse nível tático conseguir fazer os pilotos treinarem melhor.
A CRUZEX então de comando e controle, permite executar algo que não podia ser exercitado com a presença dos aviões?
Sem dúvida. Exemplo é todo o processo de ejeção de um piloto. O piloto ejeta em um território inimigo, um território que nós simulamos como sendo um território inimigo, antes eu tinha a preocupação de informar para os participantes que isso é uma simulação, que isso é um exercício para não causar a preocupação nos órgãos de tráfego aéreo, em toda a estrutura da Força Aérea Brasileira. Aqui nós podemos ejetar o piloto, podemos atrasar a decolagem da equipe de resgate, podemos criar várias situações que vão levar o Estado Maior, a equipe de planejamento, a explorar todas as possibilidades, todos os caminhos para chegar ao resultado e vamos chegar bem próximo a um exercício de guerra.
Quais as principais novidades na CRUZEX C2 2012?
Com a célula do espaço (Space Cell), a Força Aérea está se preparando para desenvolver o uso do espaço em proveito dos interesses brasileiro e especificamente da Força Aérea, o uso do espaço para emprego militar atendendo aquilo que está previsto na estratégia nacional de defesa. Já a célula de alvos sensíveis, é uma novidade, que até então nós não havíamos jogado essa posição. É uma técnica na qual eu não conheço exatamente a localização do alvo, mas é um alvo importante, muitas vezes um alvo de valor estratégico ou político bastante elevado, e tem toda uma cadeia decisória para engajá-lo, para atacar ou conduzir os aviões amigos a esse alvo. É algo diferente que nós não tínhamos feito até então por que exigiria um aparato muito grande de equipamentos que aqui nós conseguimos simular. Esses são só dois exemplos de coisas que nós podemos fazer e estamos fazendo de novo nesse exercício, além de desenvolver uma série de procedimentos novos que nós não tínhamos então, por exemplo, a simulação. Nós não usávamos ferramentas de simulação, nós usávamos o dia a dia o real, a imagem que tínhamos na célula de operações correntes, que os oficiais observavam, eram as imagens do radar, dos radares reais; agora temos a imagem de um radar simulado que criamos pistas fictícias simuladas que ajudam ou levam os planejadores a uma decisão. Isso é uma ferramenta que até então não tínhamos e estamos usando aqui.
A gente pode dizer que aqui está sendo simulado o que acontece nos conflitos mais modernos da história da humanidade?
Sem dúvida alguma. Nós estamos chegando bem próximo de um conflito das situações que uma Força Aérea componente, uma Força Aérea desse modelo encontraria em um teatro de guerra atual.
Com presença do estrangeiros aqui, que tipos de conhecimentos nós ganhamos?
Troca de experiência. Na verdade nós ganhamos conhecimento e experiência, nós temos aqui oficiais, militares de diversos países que já participaram até mesmo de conflitos. Cada um traz a sua experiência e contribui para essa troca de conhecimentos. Todos contribuem para essa troca de experiência, que todos participam ativamente dessa troca de experiência.
Estamos aqui nessa CRUZEX com doze países participando, mais Portugal como observador. Essa participação maciça ela é, por assim dizer, um certificado de qualidade do exercício realizado pelos brasileiros?
Não temos dúvida que hoje a CRUZEX já se tornou uma referência entre as Forças Aéreas do mundo como um exercício de qualidade, com uma excelente tecnologia e com o mesmo padrão de diversos exercícios pelo mundo a fora. Já tivemos a oportunidade de participar de exercícios na Argentina no Chile e na França e eu não tenho medo nenhum em afirmar que nós estamos no mesmo nível de qualidade do que qualquer um desses. Então a CRUZEX já se tornou realmente um exercício que entrou no calendário dos exercícios internacionais de Força Aérea.
Bravo Zulu Joker
Joker: Quem respondeu às questões colocadas?
Terá sido o Cabo Santos?
Forte abraço – Franco
Velha Águia
Foi o excelentíssimo senhor Major Brigadeiro do Ar Antônio Egito, diretor do exercício CRUZEX C2 2012.
Podem colocar os argumentos que quiserem, mas Cruzex virtual não tem o mesmo valor por exemplo do que foi na última Cruzex que foi feita com aeronaves reais.
[]’s
Nick, bom dia.
Você tem razão.
O valor é diferente.
Existem alguns treinamentos que só podem ser feitos de forma simulada. O treinamento “real” pode ser impraticável pelo aspecto de segurança, pela quantidade de meios deslocados, pela impossibilidade do emprego de armamento ou de interferência eletrônica.
Há ainda táticas que devemos conhecer e absorver dos parceiros mais evoluídos, mas para as quais ainda não estamos equipados.
Para o público em geral, para os entusiastas de defesa e para a imprensa, contudo, temos reconhecer que essa versão simulada não tem o mesmo charme.
Abraço,
Justin
Se realmente alternarem um ano virtual e um ano com aeronaves estará de bom tamanho afinal os exercícios CRUZEX real já eram realizados a cada dois anos.
O exercício com aviões de verdade é a chamada simulação “viva”, mas no final das contas também é uma simulação. De qualquer forma a simulação virtual atua de forma complementar, potencializando o treinamento.
Pode não render fotos tão legais, mas acho a Cruzex C2 uma ótima idéia, imagino que vai render uma Cruzex Flight ainda mais interessante.
“Agora nós podemos estressar bastante os planejadores, a equipe do Estado Maior da Força Aérea componente por que eu não tenho aquela preocupação do avião voando, com a segurança de voo, então podemos levar esses planejadores, os oficiais do Estado Maior a um limite máximo de estresse chegando bem próximo de um exercício de guerra.”
Ué! Se não tem avião voando de verdade, qual o stress que esse pessoal vai ter?
Chega a ser constrangedor tanta publicidade para um exercício simulado. Coisa que se faz o tempo todo, no mundo inteiro, inclusive nos cursos de formação, sem todo esse alarde. Ainda somos brindados com pérolas como essa, destacada pelo Poggio, que mostra quão distante da realidade do emprego em combate estão alguns dos líderes da nossa Força Aérea. Talvez seja “estressante” a possibilidade de digitar errado um endereço de email, ou acabar o toner da impressora, ou talvez o planejamento se estender e acabar o feijão no rancho. Outro dia, saiu aqui no PA um post sobre reequipamento das nossas forças… Read more »
Amigos, Uma das vantagens do treinamento simulado é a inexistência de RISCO. Isso não quer dizer que não há ESTRESSE. O principal estresse é a obrigação de vencer, de cumprir as tarefas com sucesso e em tempo hábil. E, não havendo risco, a coordenação do exercício pode exagerar na carga de trabalho, utilizando grande número de variáveis ao mesmo tempo. É como utilizar um simulador de avião mesmo. Podem ser atribuídas várias panes simultaneamente, em situações críticas, para treinar e avaliar o desempenho (sem risco). Também o número de missões diárias não está restrito aos meios aéreos e recursos existentes.… Read more »
Justin Case disse: O principal estresse é a obrigação de vencer, de cumprir as tarefas com sucesso e em tempo hábil. Mas Justin, este não é exatamente o princípio de qualquer joguinho de computador? “vencer e cumprir as tarefas com sucesso e em tempo hábil” Também o número de missões diárias não está restrito aos meios aéreos e recursos existentes. Então é uma simulação digna de filme de ficção e longe da realidade da nossa Força Aérea, onde os recursos sempre foram escassos. Jovens e crianças fazem nos joguinhos de computador algo semelhante. Colocam forças aéreas com 1000 aviões, combustível… Read more »
“O principal estresse é a obrigação de vencer, de cumprir as tarefas com sucesso e em tempo hábil.”
Qual seria a atividade profissional não contemplada com tais parâmetros?
Qualquer treinamento é importante, em qualquer atividade, nenhuma dúvida sobre isso.
Mesmo sem tanta propaganda, neste exato momento existem milhares de aviadores, infantes, marinheiros, cirurgiões, engenheiros, operários e tantos outro profissionais treinando, inclusive em simuladores.
Aliás, que tal proporcionar treinamento ao oficial quanto à escolha de palavras em uma entrevista?
Ótima e perspicaz observação do Guilherme Poggio. Muito bons comentários de HRotor. Justin Case também não deixa de ter razão, entretanto, penso que ele se refere à simulação em aparelhos próprios 3D, mecanizados, com movimentos, etc; e não a esse triste e deprimente arranjo de monitores e notebooks espalhados por sobre uma mesa de escola. Já vi gente suar em simuladores e até mesmo chorar, acredite, é verdade.Mas o stress é próprio de que não se prepara,não sabe. Alguns pilotos, entrevistados após missões reais e bem sucedidas , quando perguntados sobre o sucesso da missão dizem: Eu fiz somente o… Read more »
Amigos, Desculpem se não me fiz entender. Esse treinamento de C2 é complexo. Para sua análise, não basta fazer associações simplistas com outras atividades que encontramos no dia a dia . A infraestrutura de Comando e Controle que vimos nas imagens não é simulada, nem os seus processos. Aqueles monitores e notebooks são ferramenta de trabalho de C2. Não são dispositivos de simulação. Apenas as missões aéreas são virtuais. Todo o processo de comando e controle deve ser conduzido como se fossem missões reais. Quanto à carga de missões simuladas, não creio que esteja fora da realidade. Quando se fazem… Read more »
“não basta fazer associações simplistas com outras atividades que encontramos no dia a dia.”
Talvez na sua eterna simulação cotidiana não tenham ainda percebido que existe vida operacional em outras atividades humanas.
Não tão glamurosas mas com igual ou até maior grau de complexidade e risco de produzir consequências terríveis.
TODAS elas possuem ferramentas de simulação para treinar processos de tomada de decisão e medir eficiência, minimizando custos e riscos.
Em tempo de guerra a eficácia do militar pode ser medida pelo acerto nos alvos inimigos.
Aproveitem o tempo de paz para pelo menos acertar o discurso…
Prezado HRotor, Li a triste notícia sobre o acidente do Robinson 22 (creio eu) no RJ. Amigo, pergunto a você: Não que eu ache que tenha sido por falha mecanica, ainda não podemos afirmar.Porém, se não me falha a memória esse helicóptero teve uma certa má fama no passado. Procurei algo no Wiki, e lá na descrição do aparelho, tem-se a impressão de que o autor do texto tenta dar uma ênfase um pouco exagerada, digamos assim, na questão da segurança. O aparelho tem aparência frágil, o antigo Schweizer/Hughes 300C parece ser bem mais robusto e confiável. Enfim, esse Robinson… Read more »
Os Robinson são um projeto nada convencional. Seu projetista “economizou” na estrutura ao abusar da resistência proporcionada pelos modernos materiais compostos, daí sua aparente fragilidade. Ele atendeu todos os critérios de homologação, inclusive quanto a pousos bruscos e desempenho em auto-rotação. Sabe-se, contudo, que nesse último quesito ele “passou no limite”, pois seu sistema rotativo é extremamente leve, com baixíssima inércia, o que demanda uma atenção maior por parte do piloto nas panes de motor. Como ele tem baixo custo de aquisição e operação, com baixo preço da hora de voo, tem sido muito usado na instrução, que por si… Read more »