Ministério da Defesa do Peru informa compra de 20 turboélices KT-1
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Pelo contrato governo a governo assinado com a Coreia do Sul, dezesseis dos treinadores turboélice da KAI serão montados no Peru, com transferência de tecnologia – a Embraer disputava o contrato
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O Ministério da Defesa do Peru divulgou nota na terça-feira, 6 de novembro, informando que o Peru e a Coreia do Sul assinaram um contrato de governo a governo para a produção conjunta de aviões de treinamento. Segundo a nota, trata-se de um marco na história da indústria aeronáutica peruana que permitirá, no médio prazo, fornecer aviões militares a países da região.
A assinatura do contrato foi feita no Centro Aeronáutico da Força Aérea Peruana (FAP), e contou com a presença do comandante geral da FAP, general do ar Pedro Seabra, do vice-ministro de resursos para a Defesa, Jakke Valakivi, além de representantes do governo e da indústria militar coreana.
O ministro da Defesa do Peru, Pedro Cateriano Bellido, representou o Governo peruano na assinatura. Já a delegação da República da Coreia (Coreia do Sul) foi presidida pelo embaixador do país, Park Hee Kwon. Em quatro anos, o acordo permitirá que o Peru tenha capacidade de fabricar aviões de treinamento, segundo a nota do ministério. O ministro Cateriano destacou que o contrato é um marco para a indústria militar peruana, e que “a Força Aérea poderá adquirir 20 aviões de instrução básica KT-1, projetados pela empresa coreana KAI e com respaldo pelo Governo da Coreia, por 208 milhões e 873 mil dólares.” As aeronaves substituirão os turboélices Tucano que operam há décadas no Peru.
Dezesseis aeronaves serão co-produzidas no Peru e a primeira etapa será realizada nas instalações do “Servicio de Mantenimiento” (SEMAN) da Força Aérea do Peru, na Base Las Palmas. A segunda etapa será realizada na Base Aérea de Pisco. O acordo permitirá, assim, gerar postos de trabalho e desenvolvimento no sul do país. A empresa sul-coreana KAI se comprometeu a investir nos próximos 4 anos na construção de hangares especiais para as aeronaves. Os primeiros KT-1 deverão chegar ao Peru em 22 meses.
Ainda segundo o informe do Ministério da Defesa, o contrato implica também em transferência de tecnologia da Coreia para o Peru, pela capacitação de 18 engenheiros peruanos em instalações coreanas da KAI para a operação e manutenção das aeronaves. Outros 50 engenheiros peruanos receberão instrução para a etapa de produção conjunta. A KAI orientará técnicos peruanos na fabricação de partes e os pilotos do Peru serão treinados em voos. Também será instalado e colocado em funcionamento um simulador de voo. “O valor dessa transferência supera 7 milhões de dólares”, disse o ministro Cateriano.
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Contrato repercutiu na imprensa sul-coreana
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Reportagem publicada no jornal ‘Korea Joongang Daily’ nesta quarta-feira, 7 de novembro, informou que o Peru concordou em importar 20 treinadores turboélice KT-1. A informação foi repassada ao jornal no dia 6 por fonte da Korea Aerospace Industries (KAI): “Nós assinamos um acordo para exportar ao Peru 20 aeronaves de treinamento KT-1, desenvolvidos pela KAI, na medida em que o Peru está planejando substituir os treinadores de sua Força Aérea.”
O KT-1 é um turboélice monomotor de dois lugares para treinamento de pilotos de caça, com velocidade máxima de 574 km/h e altitude máxima de operaçãode 11.580 metros, sendo o primeiro treinador construído pela Coreia com tecnologia própria, em 1998, segundo o jornal. A reportagem também informa que, dos 20 exemplares, quatro serão fabricados inteiramente na Coreia do Sul e os outros 16 serão montados no Peru pela KAI e pela estatal peruana Seman Peru, do Ministério da Defesa do país.
Ainda segundo o jornal, trata-se da terceira vez que a Coreia do Sul vende seu treinador KT-1 a clientes externos. A primeira venda foi para a Indonésia em 2001, seguida pela Turquia em 2007. Em junho, o predidente Lee Myung-bak encontrou-se com o presidente peruano Ollanta Humala em conferência da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre desenvolvimento sustentável e expressou otimismo sobre a Coreia ser escolhida para o contrato ao invés do Brasil. Em visita do presidente peruano à Coreia em maio, este já havia falado em “progresso significativo” nas negociações.
Park Noh-sun, vice-presidente da KAI, ressaltou que “o mercado latino-americano de treinadores e dominado pelo Brasil e a Suíça. É especialmente significativo que a Coreia tenha ganho o contrato após competir contra a brasileira Embraer S.A., que controla 40% do mercado latino-americano de aviões de passageiro de médio porte.”
Já o presidente da Agência de Promoção de Comércio da Coreia do Sul, Oh Young-ho, afirmou: “No início, nós estávamos atrás do Brasil na disputa. Mas nossos esforços foram efetivos após realizarmos cinco rocadas de discussão entre os líderes dos dois países.” Ele completou que foi possível conquistar o contrato “porque oferecemos a fabricação conjunta dos turboélices no Peru.”
A KAI divulgou em seu site um link para vídeo de telejornal da Coreia do Sul, mostrando imagens do anúncio do contrato. O áudio, obviamente, está em coreano.
FONTES: Ministério da Defesa do Peru (também fotos da assinatura) e Korea Joongang Daily (tradução e edição do Poder Aéreo a partir de originais em espanhol e inglês)
DEMAIS IMAGENS E LINK VÍDEO: KAI
VEJA TAMBÉM:
Se eu não me engano, eu li uma vez uma entrevista com o Kovacs, que foi o (eu acho) engenheiro chefe do EMB-312. Ele teria sido contratado pela KAI na época do projeto do KT-1, que enfrentava problemas, ajudando a corrigi-los.
Ou seja, o pai do Tucano ajudou a construir um de seus maiores rivais na atualidade.
Clésio Luiz escreveu:
Ele teria sido contratado pela KAI na época do projeto do KT-1, que enfrentava problemas, ajudando a corrigi-los.
Clésio, a KAI contratou muita gente daqui em uma época difícil para a industria aeronáutica brasileira, incluindo o coronel Cabral, que foi o primeiro piloto do Brasil a voar o AMX.
O projeto do KT-1 inicial era um desastre. Levou muito tempo até arrumarem o avião.
Joseph Kovacs, é o nome dele. Se eu não me engano é polonês, emigrou para o Brasil e se naturalizou por aqui.
Pena que o Tucano morreu. O KT-1 não compete nem é da mesma categoria do Super Tucano.
Quem sabe esse sul-coreano não seria interessante no caso de substituição dos Tucanos da AFA (supondo que uma modernização não seria interessante).
Interessante que, pelas dimensões do quadro de especificações da KAI, trata-se de um avião “quadrado”: envergadura exatamente igual ao comprimento.
Mas talvez seja um erro de digitação, pois em outras fontes a envergadura é ligeiramente maior (uns 30cm a mais).
No link abaixo há uma animação com os diversos ângulos do avião, e o interessante é que mostra uma envergadura maior quando visto de trás, e uma menor quando visto de frente…
http://www.tradekorea.com/e-catalogue/kaidom1010/product-detail/P00260495/KT-1%20Basic%20Trainer%20for%20Air%20Force.html
O desenho das asas me pareceu bem bonito, e é diferente do Tucano.
“ci_pin_ha disse:
7 de novembro de 2012 às 12:48
Pena que o Tucano morreu. O KT-1 não compete nem é da mesma categoria do Super Tucano.”
Pode ser de outra categoria em relação ao Super Tucano, mas compete sim, como treinador.
Tanto compete que, efetivamente, competiu e ganhou numa disputa onde o Super Tucano era o outro oferecido.
Algumas lições desta concorrência peruana. 1) Não se pode ganhar sempre. E perto do que o Super Tucano já ganhou de concorrências mundo a fora isto não é vergonha alguma. Quem tem que provar alguma coisa são os sul coreanos e suíços que venderam muito menos KT-1 e PC-21 que o Super Tucano. 2) Quem não tem o melhor produto tem que fazer mais promessas, “Transfere tecnologias, fornece estágio para engenheiros, constrói galpão disto, monta infra- estrutura daquilo. 3) O KT-1 não é da mesma categoria do Super Tucano? Se formos preciosistas não, continuando a seremos preciosistas nem o PC-21… Read more »
No caso de um update dos Tucano isso incluiria a troca do motor ou seriam apenas aviônicos e outros sistemas e subsistemas?
A Embraer retirou os Tucanos de linha e apostou tudo no Super Tucano, que é anabolizado demais para ser apenas um treinador e obviamente um pouco mais caro que seus concorrentes que não são combatentes como o EMB-314, mas puros treinadores. O resultado é que, quando querem um produto barato e que cumpra os requisitos apenas de um treinador, pra que comprar o poderoso Super Tucano? Se não me falhe a memória, apenas o Chile comprou o Super Tucano pensando neste como um treinador básico, os outros o compraram como uma “aeronave de combate leve”. Na minha opinião os Tucanos… Read more »
Asbueno, Creio que a troca da motorização do Tucano só compensaria se fosse para aproveitar a hora de fazer a revisão geral do motor. Algo semelhante ao caso dos helicópteros Pantera do EB, que estão recebendo motor mais potente e com maior tempo entre revisões, a um custo X, ao invés de receberem de volta o velho motor revisado a um preço que seria, digamos, de X/2 ou X/3 pelo serviço (estou chutando, não me lembro dos valores). E também se a vida útil remanescente da célula for de uns 15 anos, talvez. A princípio não seria má ideia o… Read more »
Eu lembro de uma entrevista com um piloto francês sobre a operação do Tucano, e ele achava que um pouco a mais de potência seria bom para a aeronave. É exatamente isso que os ingleses receberam com o Shorts Tucano, com uma Garret de 1.000 shp, contra os 750 shp da PT-6 empregada pelos outros EMB-312.
Seria mesmo interessante que a Embraer segui-se o exemplo da Pilatus e oferecesse mais de uma versão de seus treinadores, para conquistar o maior número possível de compradores.
Nunão, o tucano não tem mais célula, tá no bagaço, teriam trocar asa, reusinar longari,o escambau, e ainda por cima trocar motor. Não vale a pena jga fora a célula e compra uma nova aeronave.
Grande abraço
O Peru preteriu o Brasil em favor de um país asiático? Viva a Unasul, viva a integração das nações sulamericanas!
A Indonésia vai operar o KT-1 e o Super Tucano. Um para treino e outro para jogo 😉
Isso… cadê os que defendem a tal Unasul???????
Balela.
MODE LULA ON
“Cumpanheros. Nóis temo qui ajudar nossus vizinho latrinu-americanu a construi u verdadero socialismo du séculu vintium. Agora, si us cumpanhero deu mais uma tungada in nóis, num tem problema, pruqui nóis é ricu, nóis é uma putênfia e temu mais é que ajudá sempri. Issu aí é fichinha pra nova arábia saudita du pré-sal. Aliás, pirú num é aquele negócio que a gente come nu natal?”
MODE LULA OFF
A Embraer cravou o ST na Indonésia, usuária do KT-1.
A KAI, cuja tentativa de privatização deu c/ os burros n’água, cravou os KT/KA-1 no Perú.
E segue o jogo…
A Embraer agora vai para o setor naval
http://www.naval.com.br/blog/2012/11/10/embraer-no-setor-naval/#axzz2BgEzfXY7