Reportagem da ‘Isto É’ acusa cúpula da PF e FAB por VANT que não voa
Claudio Dantas Sequeira
Há duas semanas, ISTOÉ trouxe à tona um episódio inconveniente para a cúpula da Polícia Federal. Seu avião não tripulado de última geração, comprado há dois anos para vigiar as fronteiras, sofreu uma avaria e corre o risco de não voar mais. A partir daí o órgão passou a divulgar a informação, até então mantida em sigilo, de que a aeronave estaria parada pela simples ausência de um contrato de manutenção, que não fora previsto no pacote original firmado pela gestão anterior. Admitir o erro foi a saída para não expor as fragilidades que cercam o programa, no qual já foram investidos R$ 80 milhões. Arquivos confidenciais e relatos obtidos pela reportagem indicam que o projeto de veículo aéreo não tripulado (Vant) corre riscos por causa da suposta conivência da atual cúpula da PF com interesses do comando da Aeronáutica, que estaria ligado ao lobby de uma fornecedora de Vants concorrente.
Para entender esse imbróglio é preciso voltar a 2008, quando o governo lançou a Estratégia Nacional de Defesa. O plano previa o uso de Vants na vigilância das fronteiras da Amazônia e no combate ao narcotráfico. Criado um grupo de trabalho para estudar a aquisição do equipamento, a PF selecionou modelos de três países diferentes, EUA, Alemanha e Israel. Optou-se pela compra do Heron I, considerado o mais avançado dos Vants, da empresa IAI (Israel Aerospace Industry).
De outro lado, a FAB preferiu lançar um processo de compra independente e optou por uma aeronave mais barata, o Hermes-450, adquirido da Aeroeletrônica (AEL), uma subsidiária da também israelense Elbit. É nesse ponto que os problemas começam a surgir. Durante todo o processo, o comando da Aeronáutica trabalhou para minar a compra da PF. Disseminou que o Vant não poderia voar sem uma doutrina de emprego e autorização expressa da FAB. O comandante da Aeronáutica, Juniti Saito, foi colocado sob suspeita de ter interesses pessoais no caso. A PF produziu um relatório de inteligência, enviado ao Palácio do Planalto, acusando Saito de beneficiar escancaradamente a AEL/Elbit em contratos com a Força Aérea. O documento confidencial cita a contratação do coronel reformado Luiz Guimarães Pondé, concunhado de Saito, para o cargo de diretor de relações institucionais da empresa. Questionado por ISTOÉ, o brigadeiro respondeu que a aquisição se deu por “critérios técnicos” e que não houve “qualquer interferência de cunho pessoal”.
Até 2011, a FAB e a Polícia Federal estavam em lados opostos na briga dos Vants. Mas a atual cúpula da PF passou a trabalhar contra o seu próprio projeto. Era tudo o que a FAB queria. Essa mudança de postura ocorreu em razão de uma briga de poder dentro da própria polícia. Integrantes da PF que, durante o governo passado, tinham interesse em assumir o controle do programa do Vant, mas não conseguiram, passaram a boicotá-lo quando assumiram o poder a partir da nomeação do atual diretor-geral da PF, Leandro Daiello. No ano passado, esse grupo fez uma denúncia sobre supostas irregularidades no projeto ao TCU. Um dos autores da denúncia com e-mails e ofícios internos obtidos por ISTOÉ é o ex-comandante da Coordenação de Aviação Operacional da PF coronel Rubens Maleiner. Antes mesmo da conclusão da análise do tribunal, esse grupo, que hoje ascendeu ao poder na PF, resolveu parar todos os processos de aquisição do programa Vant.
As consequências começam a ser conhecidas agora. Deixaram de ser comprados os pacotes de manutenção e o link de satélite, sem o qual a aeronave não pode ser utilizada em sua capacidade máxima. Também foi suspensa a compra de cinco galpões em São Miguel do Iguaçu. Sem as instalações, o Vant, que estava num hangar antigo, precisou ser transferido depois que uma tempestade danificou a estrutura do local. Sem alternativa, agentes da PF tentaram colocar o avião num galpão menor. Em junho, providenciou-se uma gambiarra, com trilhos e cabos de aço. O improviso não deu certo. A ponta da asa direita da aeronave bateu no portão, o que causou avarias na fuselagem e numa lanterna. Desde então, por recomendação da IAI, o avião não pode decolar até que se faça uma avaliação de dano estrutural na asa. ISTOÉ questionou o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, sobre as denúncias e o futuro do programa, mas ele se recusou a responder.
FONTE: IstoÉ
NOTA DO EDITOR: título original – “Intrigas, lobby e sabotagem”
Cunhado do Saito?
Hmmmmmm…
Não teve um certo governador do Acre, pertencente a um certo Partido, que foi contratado como diretor por uma certa fabricante “nacional” de helicópteros, cujas aeronaves deveriam custar US$18 milhões a unidade, mas que vão custar US$ 60 milhões?
Então, para que reclamar? Se um pode, o outro também!!!
De resto, isso é a cara do Brasil: incompetência, corrupção, nepotismo, irresponsabilidade, descaso, despreparo e a população que se dane.
Para resolver a coisa o jeito é legalizar as drogas, porque é o caminho que o Senado está seguindo, para terminar de esculhambar a coisa.
Mas vamos ser sinceros, é muita incompetência não conseguir colocar um aeronave dentro de um hangar.
Vão fazer curso de “hagaramento” em algum aeroclube de interior, onde sobra avião e falta hangar.
“Arquivos confidenciais e relatos obtidos pela reportagem…”
Confidenciais? E vazaram?
Isso ai não tem controle nenhum. Parece a Abin, onde um Araponga simplesmente copiou um monte de coisas mas ninguém sabe o que.
Vindo da Istoé, só aproveito as imagens.
Aos poucos vai se descobrindo a verdade….. Queriam que a FAB fizesse o quê ? – A FAB comprou o mais BARATO, menos sofisticado, menor mas tão capaz quanto. – A FAB comprou o aparelho que têm assistência local (AEL). – Antes de comprar (recentemente), a FAB operava dois Hermes RQ-450 emprestados, com suporte e supervisão da AEL. – A FAB foi aos poucos absorvendo conhecimentos ao mesmo tempo em que desenvolvia doutrina de operação. – Por voar em espaço igualmente utilizado por aeronaves civís, quem opera remotamente deve ser PILOTO. – O Vant da FAB pode e voa mais… Read more »
“Arquivos confidenciais e relatos obtidos pela reportagem…”
Leia-se: Vazados propositadamente por integrantes da PF de modo a jogar esta aquisição nebulosa no ventilador….
Sds.
O programa da PF é todo equivocado. Foi feito de forma política sem a densidade técnica necessária a este tipo de empreitada. Também parece claro que este vazamento foi realizado pela PF para “jogar M no ventilador” Porem a novidade nesta matéria é que a FAB, faz lobby contrario ao projeto, toma partido de um fornecedor, tem seu comandante envolvo em suspeita de favorecimentos. Se as acusações contra a FAB forem verdadeiras, elas são graves e não podem ser desprezadas. Não existem mocinhos e bandidos nesta história. Existem sim duas instituições federais com todos os vícios de desonestidade, incompetência e… Read more »
“Vindo da QuantoÉ, só aproveito as imagens.” Pronto, corrigi pra você. Como sempre, esses “furos” seguem um roteiro previsível. Primeiro, escolhe-se um tema importante, de preferência envolvendo gente importante e geralmente envolvendo muito dinheiro. Depois, usa-se uma mídia de presença nacional, mas nem sempre com a melhor reputação, mas isso não importa. Aí apresentam as provas, que podem ser testemunhas ou documentos, mas que nós nunca vemos porque é “sigiloso” ou “precisamos proteger nossas fontes”. Você como leitor, deve acreditar mesmo sem ter contato com nada, afinal, jornalistas estão aí para denunciar e defender os interesses do povo… Eu já… Read more »
Eu gosto quando a PF atropela as FFAA quando essas se comportam como lobistas. Foi assim na compra das pistolas Glocks e fuzis (M4, G36 e HK416).
Pena que a atual direção da PF agora esta do mesmo lado das FFAA.
Groo,
Olha… não entendo a sua lógica. Não seria muito melhor que a PF trabalhasse em conjunto com as FFAA (e não estou dizendo que não trabalha…)? Equipamentos comuns e troca de informações entre estas instituições facilitam o trabalho de todas as partes envolvidas e economizam dinheiro.
Que vergonha, uma autêntica comédia pastelão!!!
Nada de novo a FAB é assim mesmo, a AEL está a caminho de se tornar uma mini-Lockheed Martin da FAB, a Embraer que abra o OLHO… A Polícia Federal tem TODO o direito e razão operacional para operar um corpo aéreo de VANTs, mas a briga interna e mais feia até que a interferência da FAB… Coitada da instituição onde os seus servidores corporativistas formam “turmas/gangs” para disputa de poder que incluem até sabotagem de meios e necessidades da própria Polícia Federal… Depois as pessoas falam que SÓ os políticos são corruptos e desonestos… Precisamos TODOS fazermos uma AUTO-CRÍTICA… Read more »
Em junho, providenciou-se uma gambiarra, com trilhos e cabos de aço. O improviso não deu certo. A ponta da asa direita da aeronave bateu no portão, o que causou avarias na fuselagem e numa lanterna. Senhores, isto mostra um nível de amadorismo que chega a ser ridículo. E ainda querem dizer que a culpa é da FAB? Sinceramente, se a FAB realmente quisesse sabotar o projeto não conseguiria fazer um trabalho melhor do que estes trapalhões. Eu também queria entender como foi feita esta compra desses VANTs. Quem definiu os requisitos operacionais? Como foi feita a escolha do modelo? Houve… Read more »
Daglian, para isso acontecer seria necessário que as FFAA deixassem de favorecer determinados grupos.
Apenas lembrando para que serve um VANT: “UAVs are often preferred for missions that are too ‘dull, dirty, or dangerous’ for manned aircraft”. Assim, é compreensível seu uso em ambiente de ameaça inimiga, como os americanos fazem no Afeganistão e os israelenses sobre seus vizinhos. Quanto à FAB, é compreensível que invista nessa área, é a instituição que deve estar sempre potencializando o uso do espaço aéreo para cumprir sua missão. O VANT serve para operar em um ambiente extremamente hostil, com elevado risco para suas tripulações. Se não é o caso hoje, pode ser no futuro, então, a FAB… Read more »
Resposta da FAB para essa reportagem: “Nota Oficial – Esclarecimentos sobre reportagem da revista ISTOÉ (Ed.2238) O Comando da Aeronáutica repudia veementemente as inverdades, especulações e deturpações publicadas pela Revista ISTOÉ na reportagem “Intrigas, lobby e sabotagem”, de autoria do jornalista Claudio Dantas Sequeira. A reportagem parte de informações parciais para sugerir fatos que não correspondem à realidade e assim promover um mau jornalismo, sem compromisso com a ética ou com os leitores. A reportagem afirma que a Força Aérea Brasileira (FAB) favorece “escancaradamente” a empresa Aeroeletrônica, no entanto, deixa de informar, por exemplo, que em 2011 esta companhia perdeu… Read more »