Boeing prospecta potencial do setor de aviação gaúcho

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Enquanto o governo federal repete os dois antecessores e demora a definir a compra de caças para a Força Aérea Brasileira (FAB), gigantes como a americana Boeing prospectam o potencial da indústria de aviação gaúcha para eventual fornecimento de componentes e serviços. Integrantes da companhia e fornecedoras mundiais reuniram-se ontem com fabricantes e dirigentes industriais e do governo estadual em Porto Alegre. Até agora, apenas uma empresa local, a AEL Sistemas, que foi comprada por israelenses, está na lista de 25 brasileiras que firmaram memorandos para futuros contratos com a companhia de aviação.

Foi a segunda rodada de encontros do setor local com candidatos ao contrato bilionário na área da defesa. Há dois meses a sessão foi com representante da Dassault Rafale, também na Fiergs. A intenção de compra de 36 unidades é adiada desde o governo Fernando Henrique Cardoso, envolvendo mais de US$ 6 bilhões. A atual concorrência do FX-2 tem no páreo o Saab Gripen, o Boeing F/A-18E e o francês Dassault Rafale. Este último chegou a ser quase consagrado como o escolhido em 2010, por Lula. A presidente Dilma Rousseff comentou nesta semana que poderá retomar a pauta.

O consultor aeronáutico e militar da reserva Raul José Ferreira Dias atribui a demora a uma indefinição política. Segundo Dias, que é representante da indústria de armas Taurus no Ministério da Defesa, a Aeronáutica já julgou as propostas, que indicam desde preço até tecnologia e compensações e parcerias comerciais com a indústria brasileira. O diretor-presidente da Aeromot, Cláudio Barreto Viana, apontou que os contratos serão oportunidade para pequenos e médios fornecedores. “A exigência de compensação comercial abre espaço para o setor”, aposta.

A representante da Boeing, Susan Colegrove, declarou-se otimista com a possibilidade de uma definição da compra até dezembro. Susan reforçou que a intenção da companhia é de criar programas de parceria, com desenvolvimento e fornecedores. “Serão pelo menos 30 anos de contratos somente com os caças, além de outros segmentos”, acenou a americana. Hoje não há nenhum fornecedor local na cadeia de fabricação da indústria. A diretora indicou que estão sendo prospectadas empresas para compra de componentes, soluções em comunicação e segurança e para manutenção e suprimentos após a entrega dos caças, caso a americana vença o certame.

FONTE: Jornal do Comércio (reportagem de Patrícia Comunello)

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