Casa Branca diz que vai considerar venda de F-16 novos para Taiwan
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Carta a senador dos EUA, assinada pelo diretor de assuntos legislativos da Casa Branca, difere da postura do final do ano passado de apenas realizar a modernização de caças F-16 mais antigos
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Segundo reportagem do jornal The Washington Post do último sábado (28 de abril), uma carta da Casa Branca prometendo que os EUA dariam “sérias considerações” a uma venda de novos caças F-16 a Taiwan reabriu, uma semana antes de encontros de alto nível entre os Estados Unidos e a China, o sensível tópico de vendas de armas à ilha.
A carta tem data de sexta-feira (27/4) e faz referência a uma crescente lacuna no Poder Aéreo entre Taiwan e China, assegurando uma solução “de curto prazo” para lidar com esse desequilíbrio. Isso aparentemente marca uma mudança no posicionamento dos Estados Unidos em setembro de 2011, quando os EUA decidiram modernizar os F-16 A/B de Taiwan ao invés de vender os mais avançados F-16 C/D.
A decisão do ano passado, segundo analistas, visava não prejudicar as relações dos Estados Unidos com a China – mas apesar do Governo dos EUA dizer que a modernização dos F-16 A/B era adequada às necessidades de Taiwan, este último reiterou diversas vezes seu desejo de adquirir novos F-16 C/D.
Um trecho da carta, assinada pelo diretor de assuntos legislativos da Casa Branca, Robert Nabors II, diz: “Reconhecemos que a China tem 2.300 aviões de combate operacionais, ao passo que nosso parceiro democrático, Taiwan, tem apenas 490. Estamos compromissados em ajudar Taiwan a resolver a disparidade em número de aronaves por meio de nosso trabalho com o Ministério da Defesa de Taiwan para uma abrangente defesa estratégica vis-a-vis China.”
A carta foi enviada ao senador pelo Texas John Cornyn, após este ter levantado seu veto à confirmação de Mark Lippert para Secretário Assistente de Defesa para Assuntos de Segurança do Pacífico. A carta acrescentou que Lippert “vai atuar numa posição de liderança enquanto a administração decide um curso de ação de curto prazo sobre como resolver a questão da lacuna de caças de Taiwan, incluindo a venda a Taiwan de um indeterminado número de caças fabricados nos Estados Unidos.”
O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, Tommy Vietor, disse no sábado em Washington que a carta ao senador Cornyn era consistente com a política da administração Obama para Taiwan, que disse não ter mudado. “Nós levamos muito a sério nosso compromisso com a defesa de Taiwan”, disse Vietor. Ele acrescentou que “continuamos compromissados com nossa única política para a China.” Vietor também disse que a administração não comentaria em possíveis vendas externas de equipamento militar a não ser que o Congresso fosse notificado oficialmente.
Apesar das implicações práticas da carta não estarem claras, ela vem num momento delicado, uma semana antes da visita da secretária de Estado Hillary Clinton e do secretário de Tesouro Timothy Geithner à China.
O presidente do Conselho de Negócios EUA-Taiwan, Rupert Hammond-Chambers, disse por e-mail que “a linguagem da carta de hoje da Casa Branca difere significativamente da resposta original da administração às preocupações do senador Cornyn. Em carta de 15 de fevereiro, o Departamento de Defesa dos Estados declarou acreditar que ‘a modernização do F-16 A/B efetivamente atende às necessidades atuais de Taiwan”. Ele acrescentou que Taiwan estará especialmente vulnerável enquanto seus velhos F-16 são retirados de serviço em rodízio para serem modernizados.
No e-mail, Hammond-Chambers disse que “na ausência de novos F-16 C/D, Taiwan terá, a qualquer momento duranto o período entre 2016 e 2022, uma pequena quantidade de 75 caças modernos prontos para o uso.” Ele também disse que a venda de novos F-16 poderia também ajudar a fabricante Lockheed Martin a manter sua linha de produção aberta, ajudando a manter dezenas de milhares de empregos.
FONTE: The Wall Street Journal (tradução, adaptação e edição: Poder Aéreo)
FOTOS: Lockheed Martin
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Money is money…
Giordani, aqui creio que a questão não seja de dinheiro, mas sim de transferir a responsabilidade pela defesa de Taiwan aos taiwaneses. Prova disso é que a aquiescência com a venda de novos aparelhos vem apenas após muitos “considerandos” por parte da Casa Branca, temerosa com a reação da China Vermelha.
Pode ser, mas no dia em que o Tio Sam disser aos taiwaneses “é com voces”, a china entra lá no outro dia…
A China reclama por reclamar. Reclamaria da venda de qualquer arma para Taiwan, a não ser as de brinquedo.
Se a venda fosse dos F-35, ao invés dos F-16, aí sim os chineses ficariam furiosos.
Os F-16 apenas vão reestabelecer o equilíbrio, pois a balança estava pendendo demais para o lado da China, com os seus J-10, J-11, J-15 (e JF-17?), substituindo os vetustos Mig-21 e J-7.
Os próprios americanos consideram Taiwan um risco de segurança, Beijing ficaria bastante feliz, se os americanos lhes vendessem o F-35.
No dia seguinte a essa hipotética venda, Shenyang e Chengdu estariam disputando, quem fez a melhor cópia do ac stealth americano.
As preocupações chinesas atuais são maiores no momento. Taiwan não saiu da agenda mas tampouco é o foco dela.