Decisão sobre compra de caças no Brasil deve sair em 2 meses, dizem EUA
Maria Carolina Abe
Após anos de indefinição sobre quem vai vender os novos caças para a Força Aérea Brasileira, o resultado deve sair em dois meses, até o fim de junho. A estimativa é do governo dos EUA, segundo relatado pelo primeiro subsecretário-assistente do Departamento de Estado dos EUA, Thomas Kelly, e por executivos da Boeing.
Fontes do governo brasileiro também afirmaram anteriormente esperar por uma decisão ainda no primeiro semestre de 2012.
A americana Boeing é uma das empresas que participam da licitação para compra de 36 caças para substituir a atual frota da Força Aérea Brasileira a partir de 2016, em um contrato estimado em R$ 10 bilhões. Na disputa, concorrem o F/A-18 Super Hornet, da Boeing, o Rafale, da francesa Dassault, e o Gripen NG, da sueca Saab.
Os aviões serão usados para ajudar a vigiar a costa brasileira, proteger os recém-descobertos campos de petróleo no pré-sal e projetar um poder maior em meio à crescente influência do país no cenário mundial.
Após mais de uma década de imbróglio na licitação, os EUA esperam por uma decisão do governo brasileiro até o fim de junho, segundo Kelly e executivos da Boeing. Fontes do governo brasileiro também afirmaram anteriormente esperar por uma decisão ainda no primeiro semestre de 2012.
Lobby norte-americano
Essa é uma das maiores negociações internacionais da Boeing no momento, segundo o vice-presidente de desenvolvimento de negócios internacionais na área de defesa e segurança, Mark Kronenberg.
O mercado internacional, que representava 7% dos lucros na área de defesa da companhia há seis anos, subiu para 24% em 2011. O peso do mercado externo deve aumentar ainda mais num momento em que o governo americano prevê cortar gastos na área de defesa. “Uma meta seria entre 25% e 30% até 2016”, diz Kronenberg.
Não por acaso, a gigante norte-americana tem investido fortemente na campanha para ganhar a licitação dos caças para o Brasil.
“Estamos oferecendo a melhor aeronave com o menor preço”, diz o primeiro sub-secretário-assistente do Departamento de Estado norte-americano, esforçando-se em português, durante uma entrevista coletiva só para jornalistas brasileiros organizada pela própria Boeing.
Na semana passada, a empresa enviou um simulador do caça F -18 Super Hornet para o campus da USP (Universidade de São Paulo), para que alunos experimentassem a sensação de voar e conhecessem o equipamento.
Somam-se a isso acordos de cooperação com a brasileira Embraer, o anúncio de um centro de pesquisas e desenvolvimento em São Paulo ainda em 2012, a recente visita de Dilma Rousseff aos Estados Unidos, além da ida ao Brasil da secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, e do secretário de Defesa americano, Leon Panetta.
Franceses x americanos
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva quase declarou vitória da francesa Dassault na licitação dos caças no fim de seu mandato, mas deixou o cargo sem finalizar o acordo.
Por outro lado, Dilma Rousseff pareceu favorecer a Boeing em declarações feitas após assumir a Presidência, em janeiro de 2011.
Dilma deverá liderar pessoalmente o processo de decisão do contrato, disse o ministro de Defesa, Celso Amorim, em janeiro.
O Brasil exige dos fabricantes a transferência de tecnologia e a possibilidade de produzir os aviões no país. O Brasil espera que o conhecimento ajude o país a construir uma indústria nacional de defesa, liderada pela Embraer.
Nesse aspecto, analistas e o próprio governo brasileiro sempre apontaram os franceses como favoritos na disputa, já que os brasileiros desconfiam das intenções americanas.
Questionado sobre que garantias o Brasil tem de que os EUA vão transferir a tecnologia caso a Boeing ganhe o contrato, haja visto casos anteriores de quebra de contrato, primeiro sub-secretário-assistente do Departamento de Estado dos EUA, Thomas Kelly, disse: “No fim das contas, a coisa mais importante é a confiança, que se constrói com diálogos múltiplos”.
“Nos esforçamos muito para avançar nossa parceria com o Brasil.”
Escolha da Índia pela francesa Dassault pode influenciar
Pesa também na escolha o fato de o governo da Índia –outro mercado emergente— ter optado, no fim de janeiro, pela fabricante francesa para a compra de 126 caças, numa licitação de US$ 12 bilhões, que começou em 2007.
O contrato estipula que serão comprados diretamente 18 aviões, enquanto os outros 108 serão construídos no país asiático.
Uma linha já estabelecida de produção permitiria que à Dassault oferecer preços mais estáveis ao longo do tempo e reduzir o risco de disparada de custos.
FONTE: UOL
NOTA DO EDITOR: esta é o segundo clipping que publicamos sobre a provável decisão do F-X2 hoje. No primeiro caso a jornalista, aparentemente, ouviu fontes estabelecidas na região do Vale do Paraíba, em São Paulo, onde há uma forte concentração de indústrias de defesa. A notícia acima aparentemente usou fontes nos Estados Unidos, além de apresentar um apanhado geral dos acontecimentos da semana passada e do início desta. No fundo, não há nada de novo pois, como anunciado pelo próprio Ministro da Defesa do Brasil, a decisão deve ocorrer neste primeiro semestre do ano e o semestre acaba em dois meses.
E com já foi discutido exaustivamente mas, apenas para informar novamente: o Rafale carrega tecnologias sensíveis “made in usa” ou seja, que podem ser negadas, boicotadas e o escambau pelos seus proprietários norte-americanos então, adquirir o caça mais caro/caríssimo somente por causa de ideologia antiamericanista e por ser “100% livre de sanções”, seria de uma burrice monumental.
Se FAB escolheu o Gripen baseada nos próprios critérios que o governo defende, basicamente o bom custo/benefício evitando disperdício de dinheiro público, que acatem o que a FAB quer e deixem-na com a responsabilidade pela escolha e pronto.
Antonio M. Apesar da parte política envolvida no assunto, concordo que quem conhece de caças e quem vai operá-los é a Aeronáutica e isso tem um grande peso. Conhecem como ninguém o quanto custa mantê-los voando, e a necessidade imprescindível de manter os caçadores muito bem treinados… Sabem também, na pele, o quanto se sofre com o contingenciamento de verbas… Sabem que no passado já sofremos muito por embargos americanos ao acesso a tecnologias e até mesmo nossas vendas externas, só porque nossos produtos continham componentes deles. Não que os franceses sejam santos… Por isso sou a favor de se… Read more »
Será ???
Que a mãe Dina Americana é melhor que a mãe Dina Francesa ???
Em relação aos Americanos, eu já havia dito em um post anteriormente, que eles “Abririam a caixa de Ferramentas” perto do fim (Assim espero), e pelo visto, ai estão.
Dois meses?
Sai antes.
ernaniborges disse: 25 de abril de 2012 às 20:52 Leia mais (Read More): Decisão sobre compra de caças no Brasil deve sair em 2 meses, dizem EUA | Poder Aéreo – Informação e Discussão sobre Aviação Militar e Civil Caro ernaniborges, sofremos embargos sim mas os motivos e o contexto eram outros e veja a FAB de hoje em dia, se não fossem os equipamentos americanos e israelenses, não teriamos FAB praticamente, pelo menos no que se efeea a aviação de caça/ataque. Se o Brasil quer melhorar em termos diplomáticos, precisa parar de “querer ser amigo de todo mundo” e… Read more »
ernaniborges disse: 25 de abril de 2012 às 20:52 Prezado, – Também sofremos ameaças dos franceses: Guerra da Lagosta; – Também sofremos embargos dos franceses: Mirage III EBr; – Também sofremos espionagem e sabotagem francesa: bóias em Alcântara e explosão do VLS; – Também sofremos com barreiras a produtos nacionais: seguidos e profundos entraves franceses aos produtos agrícolas (os verdadeiros responsáveis pelo nosso superávit comercial) brasileiros na OMC. De maneira que se o caso é esse, não entendo sua birra com “usamericanu”. Os franceses fazem a mesmíssima coisa, se não pior. A diferença é que os EUA estão, pela primeira… Read more »
Dos EUA não apenas derivam quase todo o armamento pesado de nossas FFAAs desde a SGM, como boa parte dele ainda está em uso. Só para citar, por alto:
– F-5 EM;
– A-4;
– C-130;
– UH-1;
– UH-60;
– M-113;
– M-60;
– Super Tucano (cerca de 70%);
A França?
– Opalão;
– E$C-725 (lixo de 60 milhões de dólares).
Vai pensando nisso…
a explosão do VLS foi obra dos franceses?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!? Essa é boa. Não foi obra do contingenciamento de verbas extremo ditado pelos 8 anos de governo do FHC não. Sei. Conta uma de papagaio agora vai.
Caro Marcelo,
O VLS e as pessoas que morreram naquele trágico acidente foram vítimas do contingenciamento de verbas independentemente do governo. Ciência nunca fo algo que estivesse no topo das prioridades nacionais.
E eu não acredito em bruxas, “pero que las hay, las hay” (http://www.aereo.jor.br/2009/04/28/segundo-abin-franceses-espionaram-cla/)
Obrigado Poggio.
Caro Vader, você esqueceu do principal armamento francês hoje em uso pelas FFAAs:
A RAINHA DO HANGAR!!!!!!! Mirage 2000 C.
Caro Vader
Quando eu disse que “… não que os franceses sejam santos…” estava incluindo-os no rol dos sonegadores de tecnologia.
Por mim, a exemplo do que a EMBRAER está fazendo com o cargueiro KC-390, faria também para construir um caça. Mas infelizmente, enquanto nossos palacianos cantavam e dançavam, o mundo girava…
Agora não temos tempo para mais delongas.
É investir nos americanos, nos franceses, nos suecos ou em todos.